Acordei, escovei os dentes com creme dental de coco, tomei banho com sabonete de coco e xampu de coco. Penteei meu cabelo com gel de coco. Passei um desodorante de coco. Fiz barba com creme de barbear de coco. Passei na pele creme hidratante de coco. Tomei um desjejum de ovos fritos em óleo de coco e tomei café com leite de coco, adoçado com néctar de coco. Vesti minha camisa feita com fibra de coco e fui trabalhar. Chegando ao escritório as pessoas me inquiriam agressivamente: “Você não usa coco? Você tem que usar coco!” Depois de concordar timidamente e provar que até a minha camisa era de fibra de coco, sentei-me na minha baia para trabalhar. Comecei imprimindo uns relatórios em papel reciclado de fibra de coco. Escutei a colega na baia ao lado dizendo à outra: “A melhor coisa para candidíase é aplicar óleo de coco na pepequinha.” Por educação virei para o outro lado e escutei: “Minha filha, para cozinhar eu só uso gordura de coco.” Na saída, uma colega me ofereceu um umectante labial de gordura de coco para os meus lábios rachados.
Terminei o expediente e fui ver um biquíni para a minha namorada. Comprei um que o sutiã era formado por duas metades de coco. Dizem que está na moda. Passei em uma loja de cavalheiros e comprei para mim um chapéu coco, para ser mais bem aceito por todos. Fui para a happy hour, onde tomei um porre da aguardente de coco. Já mais prá lá do que prá cá, entrei num coco e fui para casa onde me esperava minha namorada. Ela me pediu para sair e tomar uma água de coco geladinha, e comprar creme de coco em pó para engrossar algumas receitas.
Chegou uma hora em que eu não aguentei mais. Agarrei um coco com raiva e espatifei o maldito contra o cimento da calçada. Vieram dois policiais da Força Nacional do Coco e me levaram preso por coquicídio. Foi então que eu acordei. Estava no ano de 2030 e era apenas um pesadelo no qual eu estava revivendo a ridícula modinha do coco do ano de 2018.