domingo, 15 de janeiro de 2017 | Autor:

Talvez isso seja a explicação de tudo. Quando criança, minha mãe superprotegeu seu primeiro rebento. Eu era filho único, fragilizado pela redoma de proteção: não podia andar descalço, sem camisa, nem tomar sorvete, muito menos ir à praia ou brincar com outros meninos. Nunca soltei pipa, nunca brinquei de bola de gude, nem joguei futebol, nem qualquer outra brincadeira de moleque. Embora tivesse uma vida familiar feliz e plena de carinho, esse isolamento das demais crianças me induzia a uma vida reclusa. Com isso, eu passava horas e mais horas, durante anos, trancado no meu quarto de menino, desenhando, ouvindo música, lendo, escrevendo e explorando o meu mundo interior, já que o exterior me era inacessível. Era um quase-autista.
Hoje, sabe-se que alguns autistas estabelecem conexões, ainda não muito bem compreendidas, com alguma dimensão do conhecimento humano. Isso gerou o conceito do autista savant. Em francês, savant significa sábio. É uma deficiência mental, mas que, de alguma maneira, permite ao autista acessar conhecimentos que as pessoas normais não conseguem.


Categoria: Ser Forte

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