quinta-feira, 9 de setembro de 2010 | Autor:

Uma Viagem Aos Himalayas

Extraído do nosso livro Quando é Preciso Ser Forte.

 

Este artigo foi escrito durante a primeira
de 24 anos de viagens à Índia,
 num alvorecer muito especial.

 

“1975. Pela primeira vez na vida, estou fora do meu país. Estou sozinho na Índia. E sozinho subi às montanhas para sentir a neve e ficar um pouco comigo mesmo, avaliando as experiências vividas neste país meio mágico.

É um silêncio impressionante. Tudo branco. Rapidamente entrei em meditação e nunca antes tinha ido tão fundo. Houve um momento em que meus olhos e aquilo que eles enxergavam, tornaram-se uma só coisa. A tênue luminescência da tarde que se extinguia, tornou-se um oceano de luz indescritível. Eu não era mais eu; nem estava mais confinado a este corpo, a este lugar ou a este tempo. Percebia, num clarão, o pulsar das moléculas e o palpitar das galáxias. Percebia, de uma forma libertadora, a minha própria pequenez e, ao mesmo tempo, a incomensurável grandeza do Ser Humano. Compreendia, de uma forma impossível de descrever, que toda a matéria é ilusória como ilusória é a vida e a própria morte. E entendi que não poderia haver outra razão para o nascimento, senão a da aquisição deste bem-aventurado estado de consciência.

Eu estava dissolvido na Luz e eu era Luz, Luz que estava dissolvida no Som e que era Som, e eu oscilava etéreo nos acordes do Universo. Não estava no mundo exterior nem no mundo interior. Era como se existisse um outro que extrapolasse a dualidade do “dentro e fora”, do “eu e não-eu”, do “ser e não-ser”, para , afinal, fundir o tamás e o rajás na definitiva dimensão de sattwa.

Permaneci algumas horas assim. Quando, desafortunadamente, retornei à consciência limitada das formas, já era noite e eu estava banhado em lágrimas que congelavam meu rosto. Lembrei-me de que tinha um corpo e notei que estava no meio da neve, à noite, sem comida, sem lanterna, sem bússola… Olhei em volta mas não enxerguei nada. A escuridão era total. Mesmo que não o fosse, minhas pegadas haviam sido cobertas pelo gelo que se acumulou à minha volta. Achei que ia morrer nessa noite.

Várias vezes questionei-me sobre esse momento e quis saber como é que eu reagiria. Pois foi uma sensação de imensa paz, como se houvesse terminado uma tarefa assaz árdua. Foi descontração, leveza e um sorriso. Recostei-me para sentir a sonolência do frio que apaga a chama da vida. E fiquei esperando pelo último compromisso, do qual ninguém escapa. Foi quando surgiram imagens na minha mente, recordando minha infância, desde fatos que eu já não lembrava mais, até os últimos dias na Índia, nos quais aprendera tanta coisa boa. Gostei de rever aquilo tudo: deu um saldo positivo. Só que… a missão não tinha sido cumprida. Tudo aquilo tinha sido só a preparação para algo maior que deveria ser feito por mim e começando pelo Brasil. Vi, em detalhes, tudo o que deveria fazer ao voltar ao meu país.

Então decidi viver. Resolvi caminhar. Mas o meu corpo, habituado a temperaturas tropicais, não se movia mais. Mentalizei a cor vermelha e fiz bhástrika. Melhorou bastante. Senti o coração bater forte, a adrenalina no sangue e consegui caminhar. Porém, de que adiantaria caminhar na neve, no escuro. Lembrei-me de que Theos Bernard tinha sido morto naquelas mesmas montanhas. E surpreendi-me por estar me preocupando com isso depois das vivências a que tinha sido submetido! Cheguei à conclusão de que era preciso viver. Que a vida é uma dádiva sagrada e que eu tinha algo a realizar na Terra.

Concentrei-me em Shiva e estabeleci que se isso não fosse uma ilusão minha, se de fato fosse importante a realização dessa missão, eu intuísse o caminho.

Segui na direção intuída e não foi preciso caminhar muito tempo. Percebi uma luzinha. Era a caverna de um saddhu que só falava um dialeto incompreensível. Ele me serviu uma bebida muito quente que sorvi com avidez. Não sei o que era. Não tinha álcool mas era muito forte como se contivesse gengibre e outras especiarias. A bebida e o fogo aceso fizeram a minha cama e deixei-me adormecer imediatamente.

Fui acordado pelo milagre da vida que fazia renascer a luz, à medida que os raios de um sol gelado rasgavam as nuvens em minha direção.

Olhei em volta. Não havia ninguém, não havia caverna. Teria sido tudo um sonho, afinal, muito bonito?!” Leia mais »

terça-feira, 13 de julho de 2010 | Autor:

Mas como é na Índia?

Eu viajei para a Índia durante 24 anos. Frequentei vários tipos de estabelecimentos, desde as escolas até os mosteiros, dos mais sérios aos que já estavam contaminados pelo consumismo ocidental – e percebi as diferenças. Mas, em todos eles, ocorria um mesmo fenômeno. Os alunos indianos entravam na sala de aula com cara normal e roupa normal, muitas vezes praticando de calça e camisa. Os ocidentais, no entanto, pareciam um bando de alucinados que se destacavam dos hindus por serem os únicos a estar vestidos com “roupa indiana”, isto é, o equivalente àquelas camisas hipercoloridas e cheias de flores que os turistas estrangeiros usam no Brasil por acharem que aqui é assim que o povo se veste. Será que não percebem que nenhum brasileiro está portando aquelas camisas espalhafatosas, ou que nenhum indiano está vestindo a tal de “roupa indiana” (especialmente as famosas “saias indianas”, que nenhuma indiana veste)?

Durante a aula de Yôga, os hindus preservam a fisionomia de pessoas perfeitamente normais, sorriem, interagem com os colegas e com o instrutor, às vezes até fazem gracejos. Os ocidentais, pelo contrário, mantêm-se muito taciturnos, com cara de santo cristão e, às vezes, babam um pouco.

Frequentemente os instrutores que levei em minhas viagens, para conhecer o verdadeiro Yôga da Índia, observaram:

– DeRose, você já percebeu que os ocidentais ficam com cara de malucos quando entram numa sala de Yôga e que os indianos são como nós do SwáSthya e preservam a cara normal?

Pois é. Aí está o x da questão. O ocidental vai à Índia, olha, mas não vê. Ouve, mas não escuta. Tanto que volta falando “ióga”, embora todos lá pronunciem Yôga, com ô fechado. É uma questão de paradigma. O ocidental enfurnou no bestunto que Yôga deveria ser de uma determinada forma. Depois ele viaja para a Índia e não consegue perceber que lá é diferente do clima cristianizado, naturéba e alternativoide que grassa no Ocidente.

Uma das fantasias é que na Índia – e nas escolas de Yôga desse país – só se coma pão integral, arroz integral, açúcar mascavo e outros modismos ocidentais. Só que não é assim. Nas escolas de Yôga come-se muito bem, desfruta-se uma comida deliciosa (obviamente vegetariana!), bem temperada e, fora isso, normal. Certa vez, uma pessoa que estava no nosso grupo pediu arroz integral ao garçom do restaurante em Nova Delhi. O empregado trouxe arroz branco. A brasileira mandou voltar e instruiu-o com mais ênfase:

– Olha, meu filho, eu quero arroz integral, compreendeu? Arroz in-te-gral!

O coitado voltou com outra porção de arroz branco. Percebendo que não agradara, explicou:

– Mas o arroz está inteirinho, Madame. Eu mesmo ajudei o cozinheiro a catar só os grãos que não estavam quebrados.

Hoje já há alguns estabelecimentos com opções integrais para atender a turistas, assim como já existem escolas de Yôga para satisfazer os devaneios dos que pagam bem para que lhes vendam o que eles querem comprar, ou seja, aquilo que o ocidental pensa que o Yôga é.

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terça-feira, 13 de julho de 2010 | Autor:
terça-feira, 13 de julho de 2010 | Autor:

Para vencer, os predadores separam a presa
dos demais membros do grupo.
Não deixe que os predadores afastem você
da segurança do poder gregário.

 

Este vídeo foi enviado pelo colega Lucas De Nardi, de Porto Alegre.

httpv://www.youtube.com/watch?v=LU8DDYz68kM

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sexta-feira, 9 de julho de 2010 | Autor:

Somos uma família: há irmãos, primos, tios, padrinhos e até um avô! Os irmãos são os brothers, que estão sempre juntos. Os primos são os que pertencem à mesma família, mas não convivem tão próximos – há até os que não se conhecem! Os tios são os que detêm mais experiência de vida, são mais velhos. Os padrinhos são aqueles que arriscam sua reputação para avalizar os méritos de seus afilhados, para que possam tornar-se credenciados. E o avô sou eu, mais velho que todos os demais! Leia mais »

sexta-feira, 9 de julho de 2010 | Autor:

Eu espero que em algum momento este blog seja uma ferramenta de comunicação entre os colegas. Veja que coisa mais interessante: ao invés de ser contato meramente do DeRose com todos e de todos com o DeRose (o que não deixa de ser limitante), que venha a ser um veículo de diálogo de todos com todos. Tenho a certeza de que então ele será muito mais dinâmico e abrangente. Leia mais »

quinta-feira, 8 de julho de 2010 | Autor:

Um homem ganancioso e outro invejoso encontraram um rei. O rei lhes disse: “Um de vocês dois pode me pedir alguma coisa e eu lhe darei, desde que possa dar o dobro ao outro”. O invejoso não quis ser o primeiro porque ficou com inveja do companheiro que receberia o dobro, e o ganancioso também não quis porque desejava tudo para ele. Finalmente, o ganancioso pressionou o invejoso para fazer o pedido. Aí o invejoso pediu ao rei para lhe furar um dos olhos.

Jewish Parable, de Salomon Schimmel.

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