Civilidade, o que é isso?
O que vem a ser “civilidade”? O Dicionário Houaiss nos diz que é “um conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração, boas maneiras, cortesia.” Como sinônimo nos oferece a palavra “delicadeza”.
Eu tiraria formalidades e colocaria atitudes, já que a civilidade precisa ser tão legitimamente incorporada que não deve depender de formalidades. Defendo que a civilidade é autêntica quando exercida até com seus amigos íntimos, com seus familiares e com seu parceiro afetivo.
Cordialidade
Cordialidade provém do latim cordis, coração. É algo que fazemos de coração, com afeto, com amor. Expressar cordialidade como um estilo de vida, além de ser uma postura linda perante a vida, perante o mundo, faz bem a nós mesmos. No passado, havia inclusive remédios que eram denominados cordiais, porque faziam bem ao coração.
De fato, você fica com uma sensação de coração mais leve quando manifesta uma atitude bonita, amável, seja lá com quem for. Isso nos demonstra que o maior beneficiado não é o outro que foi alvo da nossa gentileza e sim nós mesmos, em primeiro lugar.
A civilidade abre portas, facilita os trâmites sociais, culturais e até mesmo os burocráticos. Um aluno cordial cativa seus professores que facilitarão sua vida escolar. Um funcionário gentil azeita as relações com clientes, com colegas e com superiores. Um cliente simpático consegue mais boa vontade e, às vezes, até um desconto por parte do vendedor. Um vendedor atencioso vende mais, ganha mais dinheiro. Um morador simpático consegue exceções maravilhosas do porteiro do seu prédio.
A civilidade, a cordialidade são muito fáceis quando o outro já está sendo amável. Mas, e quando o outro está sendo grosseiro e agressivo? Bem, aí é preciso que sua civilidade seja muito autêntica e que você tenha assumido o compromisso perante si próprio de ser cordial em qualquer situação, com qualquer pessoa, haja o que houver.
Certa vez, a vizinha apresentou uma reclamação por escrito contra uma instrutora do nosso Método que morava no apartamento de cima. Reclamava que a moradora de cima chegava tarde, andava de salto alto e ouvia música muito alta. Fora uma reclamação injusta. Na época, Virgínia nem usava salto alto. E sempre foi uma jovem suave, de modos sutis. O impulso da indignação era escrever uma carta veemente que rebatesse as reclamações daquela senhora. A vontade de qualquer pessoa seria a de lhe dizer umas verdades e criar um confronto. Mas, como Virgínia é instrutora do Método DeRose, orientei-a a escrever esta carta:
“Prezada Sra. Rosa Maria.
Fiquei ciente de que, involuntariamente, perturbei o seu sossego. Peço que me desculpe, pois tenho plena consciência de que a minha liberdade termina onde começa a do meu vizinho. Lamentavelmente, as paredes e lajes do nosso prédio são muito finas e o mínimo ruído produzido num apartamento perturba os que estão em baixo e em volta.
Procuro ouvir minhas músicas em volume baixo e sempre que posso caminho descalça quando estou em casa. Mesmo assim, soube que o som tem atrapalhado o seu descanso.
Já providenciei um tapete para ver se assim os ruídos do meu apartamento não reverberam mais no seu e vou tentar escutar minhas músicas ainda mais baixo. Caso essas medidas não sejam suficientes, por favor, me informe para que eu veja que outros cuidados preciso adotar para não incomodá-la.
Quanto a chegar tarde em casa, eu preciso trabalhar até tarde e como não tenho computador em casa preciso usar o do escritório da Universidade onde trabalho, a fim de que na manhã seguinte minhas tarefas estejam em dia. Mas procurarei entrar em casa o mais silenciosamente possível.
Obrigada pela sua compreensão.
Virgínia Barbosa
Apartamento 75
Tel. xxxx-xxxx”
Como resultado dessa cartinha, a moradora retirou a queixa contra a vizinha, elogiou-a perante todos os condôminos e até eu recebi elogios por nossa instrutora ser tão educada.
No mesmo prédio, uma vizinha reclamou da moradora ao lado que, por acaso era outra instrutora da nossa Cultura. A reclamação era absurda, pois aludia a barulho que faziam as amigas recebidas altas horas da noite pela Mariana. Acontece que a Mariana não recebia ninguém na sua casa, nem de noite, nem de dia, pois trabalhava muito o dia todo e à noite chegava e caía na cama, de cansada, e dormia.
Mais uma oportunidade de alimentar conflitos ou de cultivar as boas relações humanas. Aconselhei Mariana que escreveu a seguinte carta:
“Estimada vizinha Vivian.
Acabo de receber o seu e-mail que foi enviado ao síndico, sobre alguns probleminhas que estão ocorrendo no nosso andar.
Lamento que ao abrir a porta eu tenha feito muito barulho. Não percebi, mas é possível que assim tenha sido por falta de cuidado da minha parte. Vou prestar mais atenção das próximas vezes.
Sobre eu chegar de madrugada com uma amiga falando alto, isso pode ter ocorrido no máximo uma vez, há muito tempo. Moro sozinha e não recebo amigos ou amigas em casa, pelo simples motivo de que trabalho na escola até tarde e não me sobra tempo para atividades sociais em minha residência. Imagino que possa ter sido outra pessoa e sugiro que, para tirarmos a dúvida, da próxima vez que isso ocorrer, a prezada vizinha observe pelo olho mágico ou mesmo abra a porta para flagrar quem está entrando com a amiga de madrugada, falando alto.
De qualquer forma, estou ao seu inteiro dispor para conversarmos e buscarmos juntas as soluções que satisfaçam a todos nós que precisamos compartilhar um espaço tão pequeno.
Cordialmente,
Mariana Rodrigues”
Mas o prédio é mesmo problemático. A vítima seguinte fui eu mesmo, com reclamações descabidas sobre a minha cadela Jaya que é extremamente educada. Argumentava o síndico que alguns condôminos reclamaram por que ela estava solta e eles tinham medo. E porque cachorro tem que descer pelo elevador de serviço e sair pela garagem. E que nossos cães (dos moradores que tinham cachorros) não poderiam circular nem brincar nas áreas comuns do térreo. E mais uma porção de implicâncias. Agora era a minha vez de escrever uma cartinha de acordo com os nossos princípios de cordialidade e conciliação. Enviei esta carta a todos os moradores:
“Estimado Vizinho.
Sou o proprietário do apartamento 71. Recentemente, nosso Síndico teve uma amável conversa comigo a respeito da minha cachorrinha Jaya (que de cachorrinha só tem o carinho que sinto por ela, pois é meio grandalhona) e do Fred, o labrador preto de propriedade da moradora Sra. Regina.
O síndico me informou que, às vezes, eles correm e sujam o chão com as patas cheias de terra e que alguns moradores têm medo deles, não por ser bravos – pois eles são bem mansos e queridos – mas pelo seu tamanho, uma vez que poderiam trombar com algum condômino mais idoso. Ele está com a razão.
Por isso, por uma questão de civilidade e boa vizinhança, quero encontrar uma solução que o deixe satisfeito e que agrade aos demais moradores sem, com isso, prejudicar os que tem cães.
Como parte da solução, propus instalar, por minha conta, uma cerca que proteja o canteiro de flores para que elas não sejam pisoteadas pelos nossos amiguinhos de quatro patas.
Propus, também, que a parte de trás, que dá para a Av. Rebouças, seja isolada e que nossos cães possam se exercitar e brincar sem perturbar os demais moradores.
Caso o estimado Vizinho tenha alguma opinião ou sugestão a respeito, eu agradeceria se tivesse a bondade de me escrever ou contactar, para que pudéssemos avaliar e ponderar uma solução adequada.
Com toda a boa vontade do
DeRose”
Bem, nem sempre a gentileza funciona. Nesse caso, não adiantou nada quanto aos cães. Mas tenho a certeza de que contribuiu bastante para a nossa boa imagem junto aos vizinhos. E isso é sempre muito importante.
Olá Mestre, estou escrevendo para divulgar uma petição muito importante que precisa de muito apoio e precisa com urgência. A petição contra o desmatamento da floresta Amazônica organizada pelo Greenpeace. Uma lei popular precisa de 1,4 milhão de assinaturas de eleitores para ser aceita pelo Congresso. É o primeiro obstáculo de um tortuoso caminho político, que parece feito para evitar que a voz do povo chegue aos círculos do poder em Brasília. Mas já foram coletadas quase 400.000 assinaturas e com a participação e divulgação de todos nós conseguiremos mudar o futuro da Amazônia. Beijos, |
Enviado por Camila Grinsztejn:
Li esta crônica da jornalista Martha Medeiros, colunista do Jornal O Globo aqui do Rio de Janeiro que me lembrou muito o livro “Método de Boas Maneiras”. Espero que goste.
Não canse quem te quer bem – Martha Medeiros
“Foi durante o programa Saia Justa que a atriz Camila Morgado, discutindo sobre a chatice dos outros (e a nossa própria), lançou a frase: “Não canse quem te quer bem”. Diz ela que ouviu isso em algum lugar, mas enquanto não consegue lembrar a fonte, dou a ela a posse provisória desse achado.
Não canse quem te quer bem. Ah, se conseguíssemos manter sob controle nosso ímpeto de apoquentar. Mas não. Uns mais, outros menos, todos passam do limite na arte de encher os tubos. Ou contando uma história que não acaba nunca, ou pior: contando uma história que não acaba nunca cujos protagonistas ninguém jamais ouviu falar. Deveria ser crime inafiançável ficar contando longos casos sobre gente que não conhecemos e por quem não temos o menor interesse. Se for história de doença, então, cadeira elétrica.
Não canse quem te quer bem. Evite repetir sempre a mesma queixa. Desabafar com amigos, ok. Pedir conselho, ok também, é uma demonstração de carinho e confiança. Agora, ficar anos alugando os ouvidos alheios com as mesmas reclamações, dá licença. Troque o disco. Seus amigos gostam tanto de você, merecem saber que você é capaz de diversificar suas lamúrias.
Não canse quem te quer bem. Garçons foram treinados para te querer bem. Então não peça para trocar todos os ingredientes do risoto que você solicitou – escolha uma pizza e fim.
Seu namorado te quer muito bem. Não o obrigue a esperar pelos 20 vestidos que você vai experimentar antes de sair – pense antes no que vai usar. E discutir a relação, só uma vez por ano, se não houver outra saída.
Sua namorada também te quer muito bem. Não a amole pedindo para ela explicar de onde conhece aquele rapaz que cumprimentou na saída do cinema. Ciúme toda hora, por qualquer bobagem, é esgotante.
Não canse quem te quer bem. Não peça dinheiro emprestado pra quem vai ficar constrangido em negar. Não exija uma dedicatória especial só porque você é parente do autor do livro. E não exagere ao mostrar fotografias. Se o local que você visitou é realmente incrível, mostre três, quatro no máximo. Na verdade, fotografia a gente só mostra pra mãe e para aqueles que também aparecem na foto.
Não canse quem te quer bem. Não faça seus filhos demonstrarem dotes artísticos (cantar, dançar, tocar violão) na frente das visitas. Por amor a eles e pelas visitas.
Implicâncias quase sempre são demonstrações de afeto. Você não implica com quem te esnoba, apenas com quem possui laços fraternos. Se um amigo é barrigudo, será sobre a barriga dele que faremos piada. Se temos uma amiga que sempre chega atrasada, o atraso dela será brindado com sarcasmo. Se nosso filho é cabeludo, “quando é que tu vai cortar esse cabelo, garoto?” será a pergunta que faremos de segunda a domingo. Implicar é uma maneira de confirmar a intimidade. Mas os íntimos poderiam se elogiar, pra variar.
Não canse quem te quer bem. Se não consegue resistir a dar uma chateada, seja mala com pessoas que não te conhecem. Só esses poderão se afastar, cortar o assunto, te dar um chega pra lá. Quem te quer bem vai te ouvir até o fim e ainda vai fazer de conta que está se divertindo. Coitado. Prive-o desse infortúnio. Ele não tem culpa de gostar de você.”
Beijos e saudades,
Camila Grinsztejn
Unidade Copacabana RJ
É preciso que os nossos irmãos lusitanos sintam a seriedade da situação na Europa e reajam com muita fibra, aquela fibra que lhes é característica, a mesma que lhes permitiu enfrentar os mares e constituir um império que abarcou Américas, África, Índia e China.
Os jovens precisam “tomar os freios nos dentes” e tratar de trabalhar muito, ganhar mais, constituir patrimônio. Nada de parar para descansar. Isso é coisa de gente pouco motivada, coisa de gente com vocação para fracassado. Para descansar, teremos toda a eternidade. Enquanto estamos aqui e tivermos saúde, há que trabalhar o dia inteiro, desde cedo pela manhã até tarde da noite. Há que trabalhar sábados e domingos, porque quem inventou que precisava descansar era empregado. Eu estou com quase setenta anos e trabalho todos os fins-de-semana do ano. E registre-se que eu não preciso. Poderia me aposentar e ir viver muito bem no Caribe. Mas não faço isso porque sou motivado e gosto do meu trabalho.
Para nós que atuamos em muitos países, o sucesso é mais fácil, pois podemos viajar e gerar produtos em um país onde seja mais conveniente e fornecê-los noutro que nos compense melhor. Os Diretores Docentes podem viajar para as nações que estejam em melhores momentos a fim de ministrar cursos e retornar para os seus respectivos países com capital de giro. Os demais Formadores de Formadores devem viajar para enriquecer seu acervo de conhecimentos profissionais e para ampliar seu network, os quais se transformam em divisas. Com centenas de Empreendedores do Método DeRose viajando muito, todos podem se ajudar mutuamente. A união faz a força. A união fez de nós o que somos, fará de nós o que nem imaginamos.
Nós, latinoamericanos, somos pós-graduados em crises. Passamos por crises muito mais desesperadoras, com até 80% de inflação ao mês, com ditaduras e torturas, com pobreza endêmica e falta de autoestima. Aprendemos a lidar com isso. E a fórmula foi muito bem expressa em duas propagandas do governo da nação paulista na década de 1970. Em uma delas, a foto de um hippie fazendo o seu gesto emblemático de paz e amor, só que com tres dedos, como um trishúla mudrá, e os dizeres: “Paz, amor e trabalho, bicho”. E uma outra, em dialeto popular, que instigava, bem ao estilo paulista: “Com trabalho, nóis pega a inflação lá na curva.”
Olá Mestre!
Mais um ano se passou, e que alegria poder dizer com convicção que não se tratou de apenas mais um ano. Um ano bom para o Brasil e ótimo para o Método DeRose.
Em 2009 me formei instrutor e parece que já faz décadas, tamanha a intensidade das mudanças que se operam na minha vida. Nunca trabalhei tanto, nunca aprendi tanto e nunca conheci tantas pessoas legais, de bem com a vida como nestes poucos meses de formado.
Nunca ganhei tão bem, nem viajei tanto! Deixo no meu caminho pessoas felizes, e eu mesmo me torno a cada dia portador de uma felicidade sincera e contagiante. Finalmente, estou trabalhando em algo de que gosto, mas mais do que isso num ambiente de trabalho incrível, rodeado de pessoas fantásticas. E para completar ainda caminhando paralelamente a meus propósitos individuais de vida.
Agradeço de coração à equipe de instrutores do Alto da XV, em especial ao Prof. Rogério Brant, e ao meu monitor Alexandre Meireles. E um abraço especial a você meu Mestre querido.
Sem você nada disso seria possível. Que neste ano vindouro minhas ações possam honrar o nome que portamos nas nossas insígnias e medalhas, o DeRose que está na ponta das nossas línguas e no fundo do nosso coração.
[ … ]
Beijos.
Felipe Lengert – Unidade Alto da XV – Curitiba, Brasil
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Felipe Lengert hoje atua em São Paulo.
Oi, Mestre DeRose!
Parabéns pelo excelente texto! Obrigado, Sidney Batista Filho |