sexta-feira, 31 de agosto de 2012 | Autor:

Não adianta praticar Yôga,
meditação, mantras,
se você não souber se relacionar bem
com as outras pessoas.

Considero requisito principal a capacidade de boas relações humanas e não quero como aluno, nem como supervisionado, nem como assistente, nem mesmo como amigo, alguém que não saiba se relacionar bem com os demais.

Nós temos uma prioridade no nosso esforço (tapah) pelo aprimoramento: é o cultivo das boas relações entre os seres humanos. Sem compreensão, não existe Yôga. Não se admite que praticantes ou instrutores de Yôga não consigam superar uma emoção para evitar desentendimento com alguém. Por isso, as Federações incluíram este item na sua avaliação e não aprovam os candidatos que tenham dificuldade em se relacionar bem com todo o mundo.

Não adianta nada fazer lindos exercícios, meditar e portar o ÔM se você responde a uma cara feia com outra cara feia. Ou se você sente inveja de outro colega. Ou se você se ofende com alguém. É uma vergonha para todos nós quando chega ao nosso conhecimento que um yôgin se desentendeu com quem quer que seja, ou que se melindrou com outrem.

Com o pretexto da franqueza ou da autenticidade muita gente faz grosserias, o que magoa quem está envolvido no mal-entendido e também quem não está. Amizades promissoras são rompidas para sempre. Fecundas carreiras profissionais são destruídas. Enormes prejuízos morais e financeiros são contabilizados por causa de uma palavra ou fisionomia que poderia ter sido perfeitamente evitada.

Não estamos recomendando o fingimento nem a hipocrisia, mas sim a educação e a elegância. Emoções pesadas sujam mais o organismo do que fumar, beber e comer animais defuntos. Não adianta praticar Yôga, meditação, mantras, se você não souber se relacionar bem com as outras pessoas.
Lapide o seu ego, eduque o seu emocional, reprograme a sua mente. Nós não somos pessoas vulgares e toscas, que habitualmente respondem com crueza a qualquer atitude que não as agrade, gerando, com isso, um mal-entendido atrás do outro.

Quando faço estes apelos, sempre, quem os lê acha que não é consigo, que escrevi para outra pessoa, afinal, suas reações agressivas não terão sido culpa sua: foram, todas as vezes, meras reações de legítima defesa contra as ofensas perpetradas por terceiros! Se você pensa assim, aceite minhas condolências. Você sofre de egotite aguda.

Há um método seguro para saber se a culpa é dos outros ou não. Se você se indispõe com, no máximo, uma pessoa a cada dez anos, fique tranquilo. É bem possível que o mal-estar não tenha sido responsabilidade sua. Mas se você frequentemente precisa se defender com veemência de ações cometidas pelos seus alunos, colegas, amigos, funcionários, prestadores de serviços ou desconhecidos, então você precisa fazer terapia.

As pessoas, em qualquer profissão, tendem a tornar-se difíceis, grosseiras, autoritárias, sempre que progridem na vida ou sempre que são promovidas em seus cargos. No entanto, chegar no topo não é difícil: o difícil é ficar lá. Um verdadeiro líder não é autoritário nem antipático. Se o for, não ficará lá em cima por muito tempo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012 | Autor:

Estou ciente de que muita gente no nosso meio precisa se pavonear por uma questão de vaidade pessoal. Gostaria que o prezado amigo compreendesse qual é a minha posição perante títulos e condecorações.

Durante cinquenta anos trabalhei com Yôga. Foram cinquenta anos pugnando pelo reconhecimento e respeito à nossa profissão. Luta inglória, uma vez que do outro lado está a mídia internacional divulgando sistematicamente uma imagem distorcida e fantasiosa sobre o tema.

Desde 1978 tentei a regulamentação da nossa profissão. A de peão de boiadeiro foi regulamentada, mas a nossa foi rejeitada. Desde 1970 vários colegas tentaram fundar uma faculdade de Yôga. Nenhum deles conseguiu que o MEC aprovasse seus projetos. Nesse meio tempo, foram aprovadas faculdades de cabeleireiro e de mais uma porção de profissões humildes. Conclusão: por não ser levada a sério pela Imprensa, nossa profissão, apesar de ser uma filosofia e exigir muito estudo, é situada preconceituosamente abaixo da de cabeleireiro e da de peão de boiadeiro, embora estes sejam respeitáveis ofícios.

Temos profissionais extremamente cultos, sérios e que ocupam posições destacadas na sociedade. Não obstante, se qualquer um de nós for apresentado como Instrutor de Yôga, o que se passa imediatamente pela cabeça do interlocutor é que sejamos diferentes, fora da realidade. Talvez, circenses ou curandeiros. Uns iludidos… ou que tenhamos a intenção de iludir. Ou, ainda, que possamos resolver, num passe de mágica, as mazelas do trivial diário. Na sequência, alguém nos pergunta se ficamos de cabeça para baixo ou qual é o nosso nome verdadeiro. Disparates aviltantes!

Por isso, meu amigo, por uma contingência da profissão, no nosso caso é determinante que contemos com o beneplácito da sociedade na forma de títulos e condecorações. Elas não são incorporadas como artifício para insuflação do ego desta persona e sim para implementar reconhecimento à nossa nobre profissão por parte dos poderes constituídos: Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal, Forças Armadas, ONU, OAB, API, entidades culturais, filantrópicas, heráldicas e nobiliárquicas.

Dessa forma, esperamos que os pais dos nossos alunos concedam a eles mais apoio e compreensão quando seus filhos lhes comuniquem que desejam praticar Yôga e, quem sabe, seguir a nossa carreira. Uma carreira que tem mantido dezenas de milhares de jovens longe das drogas, do álcool e do fumo. Se para nada mais servisse a nossa filosofia, somente por isto já seria justificável o respaldo da sociedade brasileira e da Imprensa, bem como o apoio dos pais.

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É interessante observar como na cultura brasileira não ligamos muito para os reconhecimentos públicos, e aqui nos EUA, esses títulos são de extrema importância. Para fixar nossa residência aqui a primeira coisa que o advogado nos pediu: quais são os títulos, prêmios, publicações e reconhecimentos públicos que vocês tem. Acredito que todos nós como instrutores devemos seguir seu exemplo e ir construindo uma carreira sólida com a devida documentação e registros. Obrigada Mestre, por estar sempre à frente, nos mostrando o caminho, mesmo que muitas vezes não tenhamos idéia da dimensão e da urgência disso.
Um beijo, com saudades,
Marisol Espinosa – NYC

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Bom dia Mestre.

Sobre a concepção que as pessoas em geral têm sobre os instrutores e instrutoras de Yôga, tenho uma história que aconteceu comigo alguns meses atrás.

Um dia, estava iniciando uma aula em uma renomada rede de academias em São Paulo. Naquela aula, tinha umas 15 pessoas e apenas uma aluna nova. Terminada a aula e, depois de conversar um pouco com os alunos, fui embora. Saindo da academia, encontrei esta aluna nova na recepção da academia. Quando parei junto a ela, ela me olhou de cima a baixo umas 3 vezes e sem conseguir se conter exclamou: “nossa professor, você não parece instrutor de Yôga!, está tão chique…”

Nesse momento, compreendi instantaneamente como deveria ser um instrutor de Yôga na fantasia dela e da maioria das pessoas. Então, respondi imediatamente “muito obrigado fulana! Foi o melhor elogio que recebi nos últimos anos!”. Eu estava vestido com uma calça jeans, tênis, camisa e paletó, ou seja, estava vestido de gente! Deduzindo, instrutor de Yôga, não é gente.

Então, te agradeço sinceramente por propor esta “nova” forma de nos mostrarmos para o mundo. Sem utilizar palavras que estejam contaminadas pela desinformação disseminada por aqueles que não estão preocupados em trazer informações serias e verídicas, mas sim em vender jornais e revistas, dizendo o que todos querem ouvir.

E, da mesma forma que aquele ditado da filosofia hindu ensina “Se o chão tem espinhos, não queira cobrir o solo com couro. Cubra seus pés com calçados e caminhe sobre os espinhos sem ser incomodado com eles”. Nós mesmos estamos aplicando este principio a fim de sermos compreendidos, ouvidos, respeitados e reconhecidos.

Mais uma vez, obrigado!

Beijos deste amigo e discípulo

Instrutor Federico Giordano

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Bom dia Mestre!

Adorei este texto, obrigada! Mesmo tendo apenas 15 anos dentro da nossa família já presenciei as mais variadas situações.

Orgulho-me de ter tido sempre como profissão apenas a nossa, pois saí do colégio direto para a nossa formação. E quando alguém me perguntava se estava estudando, fazendo faculdade, eu respondia que sim, que estudava na Universidade de Yôga. Então eu recebia aquela cara decepção misto de ironia, às vezes até acompanhada do comentário “ah, ta, mas faculdade mesmo você não faz?”.

Tendo me graduado no colégio mais bem conceituado (e difícil!) do meu país – daqueles que quando se menciona o nome já todos arregalam os olhos e ficam bem impressionados com você – imagina como essa reação das pessoas me revoltava internamente! Nem adiantava explicar o quanto eu estava estudando e me esforçando, fazendo exame todos os anos para me aprimorar. Na cabeça deles a ideia já estava feita, fechada e carimbada.

Obrigada pelas tuas orientações e ensinamentos; por sempre ter a visão lá na frente, mesmo além dos nossos entendimentos às vezes. Obrigada por ter retirado a palavra mágica! Tenho certeza que agora iremos crescer ainda muito mais e com base mais sólida.

Beijinhos com carinho e bom dia

Mel
Copacabana – RJ

quarta-feira, 29 de agosto de 2012 | Autor:

Conheço a PM de perto. Conheço os homens e mulheres que arriscam suas vidas todos os dias pela nossa segurança. São pessoas de boa índole e boa formação. São pessoas boas.

Se há alguém que poderia sentir ressentimentos pelos inconvenientes ocorridos na minha juventude, durante a ditadura, seria eu. No entanto, se algo de negativo ocorreu naquela época, aquilo acabou, passou. Os que estão aqui hoje estavam nascendo em 1964, 1970, 1980. Constituem uma nova geração, esforçada, honesta, que trabalha com boas intenções.

Quem está de fora, seja lá do que for, tende a julgar os outros depressa demais e a estereotipar. Creio que a população deveria conhecer melhor os seres humanos que fizeram opção pela carreira de policial militar, uma carreira de heróis, mal remunerada, com risco constante da própria vida. É impressionante a quantidade de ações que a PM promove em benefício da população, ações filantrópicas e de assistência social.

Lembremo-nos de que os Bombeiros de São Paulo, que nos salvam em acidentes e tragédias, são da Polícia Militar.

A PM Ambiental protege os animais silvestres e as nossas florestas. A Defesa Civil, que socorre a população em casos de inundações, desabamentos e outras calamidades, também é da PM.

Temos muito é que agradecer aos homens e mulheres que formam essa honrada corporação.

 

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Olá Mestre, com relação a este tema, tenho um relato bem ilustrativo.

Em meados da década de oitenta, em uma das muitas vezes em que junto com minha família de sangue, cumpríamos o trajeto quinzenal de 500 km entre Campina da Lagoa e Curitiba. Como já era previsto, devido ao péssimo estado das rodovias, ficamos na estrada devido a um segundo pneu furado.

Com a Belina sempre cheia quase tocando no chão, devido a família enorme, estávamos sempre alertas para o evento fatídico, mas desta vez foi um pouco diferente, ao invés de um, foram dois pneus que se romperam.

Neste segundo, estávamos a pouco mais de 100 Km de Curitiba, mas mesmo assim, em lugar ermo, sem borracharia, nem rica alma para nos ajudar. Madrugada adentro, o mato e as estrelas como companhia, logo nos sentimos em posição bastante vulnerável ( irmãos menores, mãe cansada, carro, bagagens, lugar desconhecido ). O jeito era esperar alguém parar, mas nada acontecia e aquele momento em que o desespero começava a tomar conta.

Após alguns minutos eternos, finalmente parou um veículo, um opala antigo com 2 policiais militares. Ao invés de aplicar-nos alguma multa ou darem alguma informação ou apoio moral, compreenderam a problemática e tomaram a iniciativa de levar eu e meu pai até alguma borracharia aberta.

O carro de polícia andava a 160 Km por hora, e oque no início pra mim era apenas uma grande aventura, logo adquiria um status de heroísmo pois não imaginávamos que não havia posto nem borracharia por muitos quilômetros de distância.

O rádio do comando chamava sem parar, diversos casos para eles resolverem, uma tensão impressionante, mas de alguma forma nos sentíamos seguros e cada vez mais gratos.

Só encontramos uma borracharia aberta quase na região metropolitana de Curitiba, eles fizeram questão de permanecerem conosco durante o serviço e acredito que sem sua presença o mesmo não seria tão eficiente e talvez minha mãe e os outros irmãos amanheceriam na estrada.

Mesmo após o conserto e a insistência de meu pai para que chamassem um táxi que já estava tudo ótimo, optaram por nos retornar pessoalmente até o veículo na estrada.

Após quase duas horas de dedicação exclusiva, não pediram nada. Não havia palavra para agradecermos. Meu pai fez questão de anotar os seus nomes. Posteriormente mandou presentes e fez um boa recomendação de seu trabalho ao batalhão.

Fiquei com a lembrança daqueles profissionais durante dias, queria ser policial durante o resto da minha infância e ainda hoje 25 anos depois, fico comovido ao lembrar.

É claro que existem problemas pontuais, mas por estas e outras que desde cedo tenho plena convicção de que é a bravura, heroísmo e disposição que levam muitos brasileiros a esta profissão.

Vale lembrar que é muito importante dirigir a palavra chamando-os de policiais e não “guardas”.

Grato pela oportunidade e grande abraço,

Rafael Schoenfelder
Curitiba Pr

segunda-feira, 27 de agosto de 2012 | Autor:


 

O meu amigo Gustavo Cintra do Prado, secretário de Sua Alteza, o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, morreu. Era quase vinte anos mais novo que eu. Na sexta-feira estava feliz em uma festa do Exército Brasileiro e no sábado, faleceu. Isso nos faz pensar sobre a volatilidade da vida.

Uma semana antes, Gustavo havia me visitado e trocamos boas risadas. Seria a última visita. Poderia não ter sido. Naquele dia, Gustavo me telefonara dizendo que adoraria tomar um chai na minha casa e se não poderíamos marcar um dia. E eu lhe disse: venha logo! Eu tenho esse sentido de urgência, de não deixar nada para amanhã. Ele veio logo e essa seria a última vez. Isso nos faz refletir.

Eu poderia ter adiado a visita. E me arrependeria para sempre.

Eu poderia não ter trocado risadas, mas, ao contrário, poderia ter sido azedo com o meu amigo. E me arrependeria para sempre.

Não quero que você se arrependa para sempre.

Não quero que você se arrependa para sempre por não ter feito feliz o seu amigo ou a pessoa a quem você ama.

Não quero que você precise carregar o fardo de um remorso por ter sido intransigente, impedindo seu ente querido de ser feliz e ele ou ela ter vindo a falecer… sem realizar seus últimos desejos.

Minha mãe velhinha (tinha mais de sessenta) me confidenciou que adoraria ir a um concerto. Ela havia sido violinista e adorava música. Mas não tinha quem a levasse. Eu a levei para assistir a apresentação de uma orquestra sinfônica. Pouco depois, minha mãe caiu doente e nunca mais teria oportunidade de assistir a outro concerto. Se eu tivesse sido ocupado demais para levá-la ou se fosse egoísta pensando só nas minhas conveniências, talvez hoje carregasse o sentimento de culpa de não ter permitido que minha mãe desfrutasse daquele derradeiro prazer.

Minha amiga Renata Sena, mais de dez anos mais nova que eu, partiu para o Oriente Eterno. Um dia antes, em Paris, conversamos, tomamos chá, rimos e caminhamos de mãos dadas. Um dia depois, viajando para Lisboa, ela entrou em coma e veio a falecer. Meu coração ficou tranquilo. Tivemos uma despedida feliz. Mas se eu tivesse reclamado, brigado, se eu a tivesse feito chorar no seu último dia (nunca sabemos quando será o nosso último dia ou o último dia de um amigo), hoje carregaria um remorso de peso insuportável.

Quando você quiser enviar uma carta, dar um presente, fazer uma declaração de amizade ou de amor, dar um abraço apertado, um beijo, uma palavra de afeto, conceder um prazer, fazer uma concessão, faça-o logo, faça-o hoje, faça-o agora, pois não sabemos como será o próximo dia ou o momento seguinte.

Faça feliz a pessoa que você ama.

Seu amigo, DeRose

“… Bésame,
bésame mucho,
como si fuera esta noche la última vez.”

De Consuelo Velázquez.

(Cantada de Frank Sinatra a Elvis Presley,
de Edith Piaf aos Beatles.)

domingo, 26 de agosto de 2012 | Autor:

Nesta segunda-feira, dia 27 de agosto, às 19h 30, na Livraria da Vila do Shopping JK, em São Paulo, faremos uma palestra sobre educação de cães – com a ilustre presença da minha amiga Jaya, a mimadíssima e educadíssima weimaraner vegetariana.

A parte artística será uma coreografia do Método DeRose de Alta Performance para atletas, com um desempenho muscular que parece contrariar as leis da anatomia, fisiologia e cinesiologia.

Compareça e divulgue. Convide os amigos e familiares. Coloque nas redes sociais.

Obrigado pelo apoio.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012 | Autor:
Olá Mestre!

Foi publicado um estudo cientifico nesta quarta, evidenciando que as bebidas alcoólicas podem causar câncer.

Segue o link: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2012/08/22/pesquisa-mostra-que-alcool-aumenta-risco-de-cancer.htm#comentarios

Grande abraço,

Fábio Oliveira

quinta-feira, 23 de agosto de 2012 | Autor:

(Para Alessandro e Thiago)

Um jovem escritor brasileiro que vive no exterior veio ao Brasil e passou algumas horas descontraídas com o nosso pessoal de Curitiba. Ele não sabia que se tratava de gente do SwáSthya, alunos e instrutores. Melhor assim, pois dessa forma estava receptivo à experiência de conviver com a nossa egrégora, sem idéias pré-concebidas. O que se segue é o texto que ele escreveu sob o título acima:

“É bom estar no meio de pessoas que não se importam com política. Nem com os rumos da literatura contemporânea. É bom estar no meio de pessoas que riem de si e dos outros sem perversidade. Que não julgam. É bom estar no meio de pessoas.

Passei em Curitiba uma agradabilíssima noite com amigos. Tudo bem que eu sabia o nome de apenas dois ou três. Mas eram, vá lá, amigos. Porque me senti completamente à vontade, como há anos não me sentia, para ser eu mesmo. E quem sou eu? Esta é uma pergunta que me faço com espantosa e deprimente freqüência. Eu sou aquele que estava ali, em pé na bancada, comendo um pedaço de pão com muita manteiga. Prazer.

Foram cinco horas de nenhuma conversa séria. Nenhuma teoria da conspiração, nenhuma reclamação, nenhum medo. Éramos, novamente, crianças num jardim de infância – e isso era bom! Voltando para casa percebi que passamos cinco horas – cinco horas! – fazendo trocadilhos imbecis dignos da Praça É Nossa. Ríamos, ríamos muito. Éramos cretina e deliciosamente felizes.

Você pode pensar que estávamos bêbados. Mas… não! Não havia uma só gota de álcool na festa. Estávamos mesmo embriagados pela sensação inequívoca de estarmos juntos. Éramos todos da mesma geração, tínhamos vivido mais ou menos a mesma coisa. Buscávamos coisas bem diversas, é verdade.  Mas o tempo nos unia. Sempre vi o Zeitgeist como um monstro. Descobri, nesta noite, que ele pode ser também um fantasminha camarada.

Sinto confessar, mas me falta a convivência com pessoas cujo único objetivo na vida é esta felicidade pequena e adorável. Uma felicidade que não busca se explicar com referências poéticas ou filosóficas. Uma felicidade que simplesmente é. Não éramos pessoas idiotas naquela casa. Cada qual, eu podia perceber, sabia-se dono de uma existência única, marcada por opiniões também únicas. Eram todas admiráveis por sua individualidade. Eram todas louváveis porque não procuravam o prazer pelo massacre do diverso.

Naquela noite, fui feliz. Falei o que pensava sem medo do julgamento. Melhor: muitas vezes falei o que nem pensava. Ninguém levantou a voz. Ninguém fez cara feia. Ninguém engoliu uma opinião por medo. Ninguém emitiu sua opinião para se provar inteligente.

Saí para a noite no meu passo mais alegre. Dou uns pulinhos quando estou assim. A noite estava fria, mesmo sendo novembro. O caminho para casa pareceu seguro demais e aconchegante demais. Deitei na cama. Era aniversário do meu amigo Alessandro. Desnecessário dizer, porém, que o melhor presente quem ganhou fui eu.”

Paulo Polzonoff Jr.

Polzonoff.com.br

Pois é, meu caro Polzonoff. Vocês estavam inebriados, sim, mas não de álcool ou drogas. Estavam inebriados da nossa felicidade intrínseca, da nossa intoxicação de oxigênio que hiperventila nossas almas a cada minuto de vida que vivemos e bendizemos. Somos felizes e é só isso.

Essa sensação benfazeja que desopilou sua mente é o cerne da Nossa Cultura. Espero que os que estão dentro dela, vivenciando-a no seu dia-a-dia e sendo felizes o tempo todo, continuem valorizando esse estado de ser que nos proporcionou a mesma sensação de descoberta, alegria e liberdade quando a encontramos pela primeira vez.

DeRose

DeRose.org.br