Algumas pessoas acham que, para ter autoridade, é preciso ser autoritário. Nada mais equivocado. A mãe que vive gritando com o filho, castigando e se descabelando, não tem nenhuma autoridade. O filho pode até ter medo dela, mas respeito, não tem. Se puder, desobedece por trás e mesmo pela frente. O chefe que vive reclamando e dando broncas, só consegue angariar a antipatia de todos, inclusive daqueles que não foram suas vítimas… por enquanto! Só consegue deseducar a todos e fabricar uma porção de sem-vergonhas que vão dar risada pelas suas costas. Nunca ninguém perdeu nada por ser cordial, simpático e por ajudar seus comandados. Ser afetuoso não compromete o respeito. Muito pelo contrário. Isso não quer dizer que o líder vai deixar que as pessoas façam o que quiserem. Isso não é ser querido. É ser banana. Mas como agir quando um membro de equipe – seja ele empregado ou parceiro – desacata a sua autoridade? Na década de 1980, existia um restaurante na Av. Angélica, em São Paulo, chamado Restaurante da Tia Lúcia. A proprietária era uma suíça-alemã. Um dia, eu estava sentado à última mesa, já perto da cozinha, e escutei a Tia Lúcia passando uma reprimenda em um garçom. Nunca mais me esqueci daquela lição de liderança. Ela disse, com uma voz muito carinhosa: – Meu filho, eu já lhe disse para não fazer isso. Mas você repetiu. Tia Lúcia gosta muito de você, meu filho. Mas se você repetir isso mais uma vez, Tia Lúcia vai pôr você no olho da rua. Você entendeu, meu filho? Ela não levantou a voz, não ofendeu, não humilhou. Falou como se estivesse se dirigindo a um filho querido. Se funcionou? Talvez sim. Talvez não. Mas ela manteve a elegância. E, certamente, dormiu com a consciência tranquila. O jovem, por sua vez, compreendeu e não teve dúvidas sobre quem é que mandava ali. Se errou de novo, perdeu o emprego, mas a atitude da Tia Lúcia foi irrepreensível. Carisma e carinho começam com o mesmo radical.
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