quinta-feira, 25 de agosto de 2016 | Autor:

Desde criança um fato sempre me despertou a atenção. Como é que conseguimos reconhecer o padrão cultural de uma pessoa apenas olhando para ela? O que será que a distingue das demais, a ponto de, simplesmente pelo olhar, chegarmos a saber aproximadamente até que vocabulário ela usa para falar, que lugares ela frequenta, que bebidas ela toma?
O leitor estará tentado a me esclarecer que é devido à roupa, calçados e trato dos cabelos. Mas não é só isso. Passei minha juventude na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, um lugar muito democrático, no qual tomavam sol, banhavam-se, jogavam vôlei e surfavam tanto a classe média quanto os dois extremos sociais: os abastados moradores dos metros quadrados mais caros do país e os moradores de comunidades carentes. Na praia, especialmente no Brasil, usa-se muito pouca roupa. E, apesar disso, é impressionante como olhando três jovens da mesma etnia, vestidos só de calção de banho e com os cabelos em desalinho, molhados do mar, você consegue identificar: este é classe média, aquele é classe AA e este outro é humilde.
Então, há algo mais, além de roupa, calçados e cabelos tratados. Há compostura, expressão corporal, linguagem gestual, expressão fisionômica. Numa palavra: atitude.
Quando uma pessoa pensa e sente, isso influencia sua atitude. A cultura, educação e todas as circunstâncias vivenciadas incorporam-se inexoravelmente ao seu patrimônio corporal. Não dá para enganar. Se você é arquiteto, dificilmente conseguirá fazer-se passar por pedreiro e vice-versa.

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