quarta-feira, 5 de outubro de 2016 | Autor:

A respeito da relação entre o conteúdo e a forma, podemos acrescentar que até pode-se encontrar um produto de qualidade inferior dentro de uma embalagem bonita, enganosa. Mas dificilmente se encontrará um produto bom em uma embalagem inferior. O produto bom utilizará uma embalagem discreta, elegante, com cores e formas de bom gosto e elaborada com material de boa procedência. Assim são também os seres humanos.
Manifestações exteriores, como o nível da linguagem, a decoração das nossas casas, o cuidado com os impressos, a aparência pessoal são apenas uma questão de respeito, consideração e carinho para com as pessoas que venham a travar contato conosco.
Portanto, aí vai uma recomendação aos que não ligam muito para sua aparência física: mande instalar vários espelhos grandes em diversos pontos da sua casa e habitue-se a prestar atenção aos detalhes de todas as coisas: sua caligrafia, o papel que escolheu para escrever um lembrete, a forma como recolocou algo em uma gaveta, a maneira de sentar-se ou de segurar um objeto. Preste atenção. Importe-se com os detalhes!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016 | Autor:

Um discípulo leal e educado não faz misturança. Caso dedique-se a uma linha filosófica, deve fazê-lo de corpo e alma, como o faria se estudasse piano ou ballet clássico. Da mesma forma, como naquelas outras artes, o discípulo só deve ter um Mestre. Frequentar cursos e eventos de outras correntes supostamente similares sem o conhecimento do seu preceptor ou ler livros menos recomendáveis, ou conflitantes, são atitudes consideradas como deselegância e grosseria. Um aluno de Karatê que frequente outra escola dessa arte e aprenda também de outro Mestre, pode ser expulso da sua própria – isso se não for “convidado” para uma luta disciplinadora com o seu Sensei! Isto não se aplica apenas às disciplinas orientais ou iniciáticas.
Estou ciente de que o leigo eventualmente poderá encontrar alguma dificuldade para metabolizar este conceito ético, pois em sua sede quase incontrolável de conhecimentos, interpretará a etiqueta como restrição à sua liberdade. Mas, quando se compromete matrimonialmente com uma só pessoa, você também sente que isso é uma violência à sua liberdade de continuar namorando com quem desejar?
A solução seria não se comprometer com nenhum Mestre de Ballet, nem de Karatê, nem de Yôga; ou seja, não se declarar discípulo de ninguém, e seguir brincando com as coisas sérias até amadurecer. Aí, no devido tempo, com toda a liberdade, poderá tomar uma decisão consciente e voluntária.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016 | Autor:

O que você não deve fazer é partir para a briga, ou insultar, ou prejudicar a quem quer que seja. Das pessoas que trabalharam comigo e que eu precisei afastar, quase todas continuam minhas amigas. A maior parte das minhas ex-esposas continua mantendo boas relações comigo. As “pessoas com quem não consegui preservar o distanciamento cordial e que hoje não gostam de mim, considero que, com essas, fracassei. Felizmente, foram poucas.
Isso de “ter que conversar” só funciona quando as pessoas são de fato amigas ou muito inteligentes, o que não constitui a média da humanidade! Nem com marido e mulher essa coisa de sentar para conversar funciona muito bem. Cada qual fica na defensiva e sai briga. Isso só funciona para os terapeutas, que faturam com o diálogo. É muito melhor adotar a tática da gentileza e do carinho quando não for o caso da necessidade de afastamento. E, quando for o caso, utilize a tática da cordialidade distante. Evite a convivência, evite discutir, mas preserve o bom relacionamento, fale bem da pessoa em questão, interrompa o fluxo de alguma fofoca que surja, envie cartões de Natal, aniversário, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Professor, indique clientes (se for colega) e cumprimente gentilmente quando se encontrarem. Isso não é hipocrisia. É diplomacia!

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terça-feira, 30 de agosto de 2016 | Autor:

Definitivamente, este é um livro de etiqueta que pode ser aplicada, descontraidamente, por pessoas de todas as idades e em qualquer ambiente. Estou certo de que os leitores experientes em boas maneiras hão de aprender muita coisa interessante para incorporar à sua politesse.

Neste Método de Boas Maneiras nós vamos abordar questões de comportamento tão necessárias para toda a gente e tão pouco cultivadas nos nossos dias. Contudo, trataremos especialmente da atitude social de pessoas que se identificam com um life style que chamaremos de “clean”.
Uma questão crucial, quando tratamos de bons modos, é que se você não sente a necessidade de se refinar, a leitura será infrutífera. Lerá, dará boas risadas com alguns temas, mas não incorporará o aconselhamento à sua vida. Será refratário. Por que isso?
A explicação é simples: todos estamos acostumados ao meio cultural em que nascemos e crescemos. Aprendemos a gostar daquelas coisas que caracterizam nossa “casta”. Noto que há gente à minha volta que não dá a mínima para o refinamento comportamental. Falar com essas pessoas sobre etiqueta é pregar no deserto. É como se tais amigos e colegas pensassem: “Ah! Que pernóstico! Por que não posso segurar o garfo como todos os meus parentes e amigos? Por que não devo falar como falam todos os do meu bairro? Por que não posso rir alto, andar de chinelos e eructar à vontade? Isso de etiqueta é muito chato e não entendo para quê.”
O bom deste livro é que mesmo para esses a leitura divertirá e ilustrará bastante. Então, aproveitemos todos!

Clique na capa do livro para ir à loja da Amazon. Este livro está disponível para Kindle e outras plataformas.

Método de Boas Maneiras

 

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quinta-feira, 25 de agosto de 2016 | Autor:

Desde criança um fato sempre me despertou a atenção. Como é que conseguimos reconhecer o padrão cultural de uma pessoa apenas olhando para ela? O que será que a distingue das demais, a ponto de, simplesmente pelo olhar, chegarmos a saber aproximadamente até que vocabulário ela usa para falar, que lugares ela frequenta, que bebidas ela toma?
O leitor estará tentado a me esclarecer que é devido à roupa, calçados e trato dos cabelos. Mas não é só isso. Passei minha juventude na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, um lugar muito democrático, no qual tomavam sol, banhavam-se, jogavam vôlei e surfavam tanto a classe média quanto os dois extremos sociais: os abastados moradores dos metros quadrados mais caros do país e os moradores de comunidades carentes. Na praia, especialmente no Brasil, usa-se muito pouca roupa. E, apesar disso, é impressionante como olhando três jovens da mesma etnia, vestidos só de calção de banho e com os cabelos em desalinho, molhados do mar, você consegue identificar: este é classe média, aquele é classe AA e este outro é humilde.
Então, há algo mais, além de roupa, calçados e cabelos tratados. Há compostura, expressão corporal, linguagem gestual, expressão fisionômica. Numa palavra: atitude.
Quando uma pessoa pensa e sente, isso influencia sua atitude. A cultura, educação e todas as circunstâncias vivenciadas incorporam-se inexoravelmente ao seu patrimônio corporal. Não dá para enganar. Se você é arquiteto, dificilmente conseguirá fazer-se passar por pedreiro e vice-versa.

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terça-feira, 2 de agosto de 2016 | Autor:

Cada um com a sua mania. Eu não me importo que comam no carro ou que entrem com os pés sujos de lama ou de areia. Não ligo mesmo. Em compensação, algumas coisas me incomodam.
Há duas atitudes que me lembram o ato de varrer os detritos para baixo do tapete. O problema, é que o “tapete”, no caso, é o meu automóvel:
1ª. Não coloque nada nas bolsas situadas atrás dos assentos da frente, pois se o dono do veículo não colocou lá, é porque não é para ser colocado. Além do mais, se o motorista não guardou nada ali, normalmente não vai atinar para a possibilidade de haver algo lá dentro. Quando vou vender meus carros sempre descubro, dentro dessas bolsas, várias coisas perdidas, algumas que me fizeram falta. Nessa hora, quero estrangular o engraçadinho que as escondeu ali.
2ª Não coloque coisa alguma no espaço atrás do encosto de cabeça do assento traseiro, perto do para-brisa de trás. Para o carona é fácil pôr o braço para trás e jogar lá qualquer coisa que estivesse sobre o banco. Mas para o motorista, isso exige que ele saia do veículo e se esgueire desconfortavelmente lá para trás, a fim de alcançar o objeto e devolvê-lo para o lugar em que queria que ele estivesse. Além disso, é frequente que aconteça o mesmo inconveniente das já citadas bolsas de trás dos encostos dianteiros: várias coisas ficam lá perdidas por um bom tempo, porque se o dono do carro não colocou e não tem o costume de colocar nada lá atrás, não vai se lembrar de vasculhar aquele espaço para conferir que ninguém atirou coisa alguma lá para trás. Recentemente, fui com dois colegas a uma solenidade militar. Estava muito frio, então, levei duas boinas, uma para mim e outra para um dos dois que eventualmente, estivesse com frio. Acabamos não usando nenhuma. Mais tarde, só encontrei uma das duas. A outra tinha sumido. Mas eu sabia que o meu colega não iria surrupiá-la. Cheguei a enviar mensagem consultando um dos dois caronas. Ele também não tinha ideia de onde a boina poderia estar. Muito depois, encontrei-a: estava escondida no espaço atrás do encosto de cabeça dos passageiros.
E mais duas coisinhas.
Não deixe seu lixo ou seus objetos descartados dentro do carro. Eu sempre encontro garrafas de água mineral (com e sem água), papéis amassados, tíquetes, lencinhos de papel (limpos e usados), copinhos plásticos de alguém que tomou café e os deixou por ali etc. Incomoda-me, porque aí eu tenho que fazer o papel da faxineira, recolhendo e carregando suas tralhas para o lixo. Se eu não o fizer, o próximo que entrar no veículo vai achar que o porcalhão sou eu.
Uma péssima mania é abrir a janela traseira, sair do carro e deixá-la totalmente aberta ou com uma fresta, duas situações essas nas quais o motorista não percebe que o vidro ficou descerrado. Eu sempre encontrava meu carro com o vidro traseiro aberto ou semiaberto, com o risco de que algum gatuno enfiasse por ali um arame a abrisse o veículo. Há uns vinte anos, eu tinha um Renault, cujo vidro traseiro era acionado manualmente. Um dia, dei carona a um querido amigo e, depois, fui lavar o carro! Quando o lava-a-jato esguichou a água sob pressão tomei um banho e o carro ficou inundado de água com sabão. Assim que consegui sair dali e me enxugar, a primeira coisa que fiz foi fechar o bendito vidro e arrancar as maçanetas dos dois lados. Pronto! Ninguém mais deixaria o vidro aberto! É por isso que hoje você não consegue abrir as janelas traseiras dos meus carros.

terça-feira, 26 de julho de 2016 | Autor:

Onde há sutileza, em geral, há boa educação. Sutileza tem a ver com polimento, refinamento.
Sutileza na maneira de segurar uma xícara, um copo, um garfo. Sutileza na forma de sentar-se no sofá sem se atirar nele ou de se virar na cama sem disturbar o parceiro que lá está. Sutileza na maneira de tocar pessoas e objetos. Sutileza na forma de fechar o porta-malas do automóvel de um amigo. Sutileza na hora de repor as coisas exatamente no lugar de onde as tiramos, na casa dos outros, por mais íntimos que sejamos. Sutileza na hora de selecionar as amizades e as pessoas com quem vamos envolver-nos afetivamente. Sutileza na maneira de reclamar ou na forma de dizer uma verdade.
Não há nada mais agradável que poder dizer a alguém:
– Não sei se eu gostaria disso.
E o outro compreender que você não quer isso de maneira nenhuma, não insistir e não perguntar por quê. Já imaginou se, para obter esse resultado, você precisasse “dizer:
– Olha aqui, meu amigo. Eu não estou a fim, está me entendendo? Pare de insistir.
E, pior, se o espécimen de Homo sapiens não compreendesse palavras e você precisasse apelar para a força física a fim de ser respeitado! Por exemplo, tendo que trancar à chave um aposento para que o humanóide entendesse que não é para entrar! Certa vez, tive uma secretária que não respeitava a porta fechada da minha sala. Tinha que estar chaveada ou ela irromperia pela minha intimidade adentro.
Creio que pela comparação com os opostos o conceito de sutileza e seu valor ficam mais claros, não é?

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