Extraído do livro “Yôga, Mitos e Verdades”, 1992.
Há dois tipos de discípulo leal: um que é leal às coisas que o Mestre preconiza; outro que é leal ao Mestre. O primeiro defende as ideias do Preceptor, mas não defende o próprio gerador das ideias. Pelos ensinamentos do Mestre é capaz de brigar com os outros e até com o próprio Mestre!
Elegeu o Mentor apenas pela constatação de que aquilo que ele propunha se enquadrava nas suas conveniências. No dia em que o Mestre disser alguma coisa com a qual não concorde, ao invés de adaptar-se e incorporar essa nova ótica, o aprendiz rejeitará o Mestre. Ele usa o Mestre enquanto útil, depois cospe fora.
O discípulo leal apenas aos ensinamentos do Mestre acaba tornando-se seu inimigo. Artrosa-se naquilo que o Mestre ensinara e não consegue evoluir junto com ele. Com o passar dos anos, o Mestre cresce, aperfeiçoa-se e vê o Universo cada vez com mais amplitude e mais clareza. Aí tal discípulo questiona que o Supervisor não está sendo coerente com seus próprios ensinamentos, que está traindo o que sempre pregou, que está enlouquecendo… e vira-lhe as costas, não raro difamando-o e instigando os outros discípulos a que também lhe façam oposição.