Tudo o que é proibido ganha interesse. Ação e reação. Ao criar um clima de restrição você pode estar valorizando uma situação, além daquilo que tal circunstância merecia.
Implicar com uma pessoa pode gerar o que chamamos de “fantasma”. Muitos maridos e esposas criam fantasmas. Depois, ficam sendo assombrados por ele!
Os fantasmas são pessoas que não despertariam maiores atenções, mas ao ganhar relevo no emocional da parte enciumada, impregna-se no cérebro do parceiro e atiça seus hormônios. Pronto: está criado um fantasma!
Ainda que nunca chegue às vias de fato, o fantasma estará sempre rondando na mente dos dois cônjuges. Um, porque teme que o fantasma tome o seu lugar; outro, porque fantasia que tal pessoa deve ser melhor do que o é na realidade, afinal, não a conheceu de fato.
Agora o cônjuge inseguro criou uma ameaça real. E, ainda que nunca se concretize um contato, na imaginação do parceiro aquela pessoa sempre voltará a assombrar. Como nunca houve uma relação, ou a relação não chegou a ser “gasta” pelo atrito da convivência, aquela pessoa passa a ser um ícone de perfeição. Se o parceiro ou parceira nunca chegou ao contato físico, a imaginação vai pintar essa pessoa como muito melhor do que o quanto ela é na realidade.
Acontece que não existe ninguém perfeito. Ao longe, ninguém tem espinhas. Se ocorrer uma aproximação, a probabilidade é a de que, desgastado o entusiasmo inicial, o pivô do desejo se desvaneça no ar, como qualquer fantasma de respeito o faria.
Há gente que nunca aprende, mas esses vão-se queimando na consideração de todos os amigos. Precisam estar o tempo todo mudando de grupo, sem formar nenhuma amizade sólida. E, quando precisarem de um amigo sincero, não encontrarão nenhum que lhe estenda a mão.
O ideal seria: teve a primeira briga, está na hora de terminar. Ou, se quiser preservar o atual relacionamento, então não brigue. Solucione as divergências sem confronto. É muito simples resolver uma situação potencialmente explosiva. Basta mudar o ponto de vista. Ao invés de partir para a agressão ou cara feia, parta para o carinho, palavras de amor, um chamego e pronto. Ambos relaxam e tem início um círculo de retribuições positivas. Se for mesmo necessário conversar sobre a questão, deixe para mais tarde, quando os ânimos já tiverem se acalmado.
Esposa ou marido costumam ter prazo de validade. Ex-mulher e ex-marido são para o resto da vida. Este é o espírito da nossa política de boa vizinhança com projeção no futuro. Vamos explicar.
O ideal para todos nós seria que quando tivéssemos uma relação afetiva, a cada palavra, a cada flor, carinho ou carta de amor, deveríamos estar o tempo todo considerando: “o que esta pessoa querida vai pensar se algum dia não estivermos mais juntos neste status de casal?”
Querer consertar a sua imagem ou o seu afeto “depois que o relacionamento azedar, certamente, não dará mais tempo.
Então, desde agora vamos investir cada vez mais naqueles que podem se tornar nossos futuros “ex” (ex-namorados, ex-cônjuges, ex-amigos, ex-clientes) enquanto eles ainda estão dentro, para que o respeito e o carinho sejam preservados para sempre.
Parece-nos que o componente mais dramático do relacionamento afetivo é o cerceamento da liberdade. Não é à toa que o termo “esposa” em espanhol significa algemas. Contudo, não é só o homem que se sente algemado pelo enlace afetivo. A mulher é até mais vitimada pelas convenções sociais, afinal, vivemos numa sociedade patriarcal, que se caracteriza pela restrição da liberdade.
É preciso que preservemos a liberdade, o nosso bem mais precioso. Entretanto, parece estar implícito que para nos relacionarmos afetivamente com alguém, precisaremos abrir mão da nossa liberdade. Isso não está certo.
Mas, como usufruir da nossa liberdade sem magoar o outro? Como conceder liberdade ao outro sem nos violentarmos? É isso que vamos descobrir durante o desenrolar do livro “Método para um Bom Relacionamento Afetivo”.
Ficou célebre o casamento que o filósofo Sartre mantinha com sua esposa Simone de Bauvoir, mulher notável, escritora de uma inteligência raríssima. Para a época, década de 1950, foi um escândalo. Só não teve consequências nefastas porque não apenas viviam em Paris, como também ambos eram intelectuais – casta à qual concedem-se exceções.
Embora casados e fiéis, moravam separadamente, cada qual na sua casa. Fiéis eles eram, mas usufruíam da óbvia liberdade que o fato de viver em sua própria casa proporciona. Portanto, fiéis de acordo com o conceito de fidelidade que exponho aqui. Foi um casamento bem sucedido e que serviu de inspiração para muita gente.
Muita gente chegou à conclusão de que se as pessoas encasquetas-sem que queriam casar-se, deveriam, pelo menos, morar separadamente, cada um dono do seu próprio nariz, da sua geladeira, da sua televisão, do seu banheiro e da sua cozinha. Um dia, ela dorme na casa dele. Outro dia, ele dorme na casa dela. Num terceiro dia, se acharem por bem, dorme cada qual sozinho, ou com quem quiser. Se ocorrer um estresse emocional, há sempre a possibilidade de cada um ir para seu próprio lar.
Já imaginou estar no meio de uma briga de casal, aquele drama que não termina, e você não poder dizer: “Querido, vá para a sua casa. Agora eu quero ficar sozinha” ou vice-versa, porque a casa é dos dois e ambos têm o mesmo direito de estar ali? É por isso que mais casais do que você supõe partem para a agressão física como forma de extravasar o instinto territorial, sem o quê tal energia poderia resultar ainda mais perigosa.
O casal novo anseia por poder morar na mesma casa. Logo em seguida, começa a perceber que não foi uma boa ideia.
Se a decisão de morar cada um na sua casa não foi tomada antes, agora que já moram juntos, separar pode ter uma conotação de rompimento. Não obstante, com carinho e compreensão talvez consigam esse afastamento físico sem caracterizar uma ruptura.
Quando decidiram separar-se, eles se amavam e se respeitavam. Só que aí entra a máquina jurídica. Cada qual contrata seu respectivo advogado e a partir de então começa um processo litigioso (o litigioso é mais lucrativo para o Sistema do que o divórcio amigável). Ambos são induzidos a se agredir e, durante um período, tornam-se inimigos, manifestando profundo ressentimento recíproco.
Contudo, existem alternativas. O Pacto Ante-Nupcial firmado antes do enlace, estabelece condições particulares que interessam ao casal, independentemente das praxes da lei. Atualmente, com o novo Código Civil Brasileiro, temos uma opção ainda melhor. Trata-se do Contrato de União Estável. Ele sempre existiu, mas agora está mais institucionalizado.
No lugar de um casamento convencional, com cartório e Juiz de Paz, burocracia e certidão de casamento, o casal contrata um advogado especializado em área de Família e redige um Contrato de União Estável com as condições que convierem a ambos. No dia em que quiserem se separar, basta rescindir o contrato, observando as cláusulas previstas para esse momento. Pronto! Simples e seguro.
Esse Contrato de União Estável tem todas as vantagens do casamento convencional e nenhum dos inconvenientes. Inclusive, é recomendável fazer o dito documento sempre que um simples namoro já tiver comemorado algum tempo de estabilidade, mesmo que os pombinhos morem em casas separadas.
Se não fizerem o Contrato de União Estável, em dois anos de namoro descomprometido qualquer um dos dois pode requerer reconhecimento legal de todos os direitos conjugais. O rapaz pode declarar que está desempregado, ou que ganha mal para se sustentar e a namorada vai ter que pagar a ele uma pensão!