sábado, 31 de março de 2012 | Autor:

 A codificação das regras gerais de execução

Uma das mais notáveis contribuições históricas da nossa sistematização foi o advento das regras gerais, as quais não são encontradas em nenhum outro tipo de Yôga… a menos que venham a ser incorporadas a partir de agora, por influência do SwáSthya Yôga. Já temos testemunhado exemplos dessa tendência em aulas e textos de vários tipos de Yôga em diferentes países, após o contacto com o SwáSthya.

É fácil constatar que as regras e demais características do nosso mé­todo não eram conhecidas nem utilizadas anteriormente: basta consul­tar os livros das várias modalidades de Yôga publicados antes da codi­ficação do SwáSthya. Em nenhum deles, vai ser encontrada referência alguma às regras gerais de execução.

Por outro lado, podemos demonstrar que as regras gerais constituíram apenas uma descoberta e não uma adaptação, pois sempre estiveram presentes subjacentemente. Tome para exemplo algumas técnicas quaisquer, tais como uma anteflexão (paschimôttanásana), uma retro­flexão (bhujangásana) e uma lateroflexão (trikônásana), e execute-as de acordo com as regras do SwáSthya Yôga. Depois consulte um livro de Hatha Yôga e faça as mesmas posições seguindo suas extensas des­crições para cada técnica. Você vai se surpreender: as execuções serão equivalentes em mais de 90% dos casos. Portanto, existe um padrão de comportamento. Esse padrão foi identificado por nós e sintetizado na forma de regras gerais.

Tal fato passou despercebido a tantas gerações de Mestres do mundo inteiro durante milhares de anos e foi descoberto somente na entrada do terceiro milênio da Era Cristã, da mesma forma como a lei da gravidade passou sem ser registrada pelos grandes sábios e físicos da Grécia, Índia, China, Egito e do mundo todo, só vindo a ser descoberta bem recentemente por Newton. Assim como Newton não inventou a gravidade, também não inventamos as regras gerais de execução. Elas sempre estiveram lá, mas ninguém notou.

No SwáSthya Yôga, as regras ajudam bastante, simplificando a aprendizagem e acelerando a evolução do praticante. Ao instrutor, além disso, poupa um tempo precioso, habitualmente gasto com descrições e instruções desnecessárias.

 

SwáSthya é o único Yôga no mundo que possui regras gerais

SwáSthya é o único Yôga no mundo que possui regras gerais, ou seja, é o único que oferece auto-suficiência ao prati­cante. Num outro tipo de Yôga o instrutor tem que ensinar ao execu­tante técnica por técnica: como respirar, quanto tempo permanecer, quantas vezes repetir, onde localizar a consciência etc. Se esse ins­trutor ensinar dez técnicas, seu aluno não saberá fazer uma décima-primeira. Entretanto, se utilizasse as regras gerais, o praticante teria a vantagem de não ficar atrelado ao instrutor e nem dependente dele. Se precisasse seguir sozinho, poderia continuar se aprimorando, pois, tendo apren­dido apenas dez técnicas com as regras gerais, poderia desenvolver outras cem ou mil e prosseguir evoluindo sempre. As regras gerais conferem autonomia e liberdade ao sádhaka. As regras gerais são outra contribuição da sistematização do Yôga Antigo (SwáSthya Yôga). Se você vir alguém usando regras gerais, pode ter certeza de que travou algum tipo de contato com o nosso método, mesmo que o negue. Esta declaração será demonstrada no próximo capítulo.

 

Regras gerais

Conforme já vimos, uma das principais características do SwáSthya Yôga são as regras gerais de execução, justamente por constituírem o alicerce da auto-suficiência (swáSthya).

Outros tipos de Yôga não possuem regras gerais. Por isso, precisam despender muitas páginas dos livros ou desperdiçar muito tempo das classes, descrevendo a execução dos ásanas, um por um. Chega a ser anedótica a repetição letárgica que constitui estribilho de alguns ensinantes – “inspire, expire… inspire, expire… inspire, expire…” – ad nauseam, com o quê, muitas horas de instruções acabam sendo roubadas ao praticante que pagou por uma orientação menos prescindível e mais técnica do que essa simploriedade.

Sem as regras gerais o praticante aprenderá apenas aquilo que seu instrutor lhe ensinar e nada mais. Se o instrutor ensinar dez ásanas e disser como respirar em cada um deles, quanto tempo permanecer, quantas vezes repetir, onde localizar a consciência etc. e, depois disso, instrutor e praticante não puderem mais seguir juntos, o praticante só saberá executar aquelas dez técnicas que lhe foram ensinadas.

Com as regras gerais, nas mesmas circunstâncias, o praticante saberá executar praticamente todos os ásanas e poderá seguir aperfeiçoando-se indefinidamente, mesmo sem ter o instrutor ao seu lado. Por isso, temos discípulos que nunca nos conheceram pessoalmente por residirem em países distantes e, apesar disso, graças às regras gerais, tornaram-se exímios executantes, verdadeiros artistas corporais.

Quando alguém declarar que é instrutor de SwáSthya Yôga e não aplicar as regras gerais ou, até mesmo, ensinar algo que esteja em desacordo com elas, o leitor pode ter a certeza de que das duas, uma: ou não é instrutor formado, ou trata-se de um indiscípulo, um indisciplinado que, embora saiba o certo, arroga-se o direito de adulterar a sistematização do método.

As regras atualmente codificadas são:

  1. Regras de respiração coordenada
  2. Regras de permanência no ásana
  3. Regras de repetição
  4. Regras de localização da consciência
  5. Regras de mentalização
  6. Regras de ângulo didático
  7. Regras de compensação
  8. Regra de segurança

O objetivo das regras é facilitar a vida do praticante. Portanto, não se preocupe em decorar regras. Simplesmente, vá lendo e executando ao mesmo tempo para entender e incorporar. Depois que automatizar a execução não se preocupe mais com isso. As quatro primeiras regras são suficientes para o iniciante. Se achar que está ficando confuso, deixe as outras quatro para estudar mais tarde.

 

1. Regras de respiração coordenada

Como respirar durante a execução dos ásanas?

Existem sete regras de respiração, porém, a primeira delas praticamente engloba as demais e quase não tem exceções. Assim sendo, memorizemo-la prioritariamente.

Primeira regra de respiração:

Movimentos para cima são feitos com inspiração; para baixo com expiração.

As outras regras são:

Flexões para frente e para os lados são feitas com expiração; para trás com inspiração, exceto as de pé.

Ao torcer uma esponja molhada a água sai: ao torcer o tórax, cujos pulmões são como uma esponja de ar, o ar sai.

Ásanas em decúbito frontal são feitos com inspiração.

Posições musculares são feitas com os pulmões cheios.

Ásanas de longa permanência, ou em que o tronco esteja ereto, têm respiração normal.

Em caso de dúvida ou de mal estar, pratique todos os ásanas com os pulmões vazios.

2. Regras de permanência no ásana

Quanto tempo permanecer na posição?

Há um tempo de permanência para demonstração, um para prática em grupo conduzida por instrutor e um para o treinamento individual em casa.

Regras de permanência circunstancial:

A permanência de demonstração é de um segundo no ponto culminante do ásana, uma pausa antes de seguir adiante com a próxima passagem da coreografia.

A permanência de prática em grupo, conduzida por instrutor, é o tempo que ele determinar.

A permanência no treinamento individual obedece às duas regras que se seguem.

Regra de permanência para iniciantes com até 5 anos de prática – respiração retida:

Enquanto puder reter a respiração*, permaneça. Precisando respirar, desfaça.

*Essa retenção pode ser com ar ou sem ar, dependendo do ásana. Consulte a Regra de Respiração.

Regra de permanência para veteranos saudáveis com mais de 5 anos de prática respiração livre:

Permaneça no ásana, respirando livremente, o tempo que o bom-senso e o conforto permitirem. Antes que cesse o conforto, desfaça a posição.

Regra de Um Segundo Por Dia:

Comece permanecendo apenas um segundo no primeiro dia, dois segundos no segundo dia, três segundos no terceiro, quatro no quarto e assim sucessivamente. Dessa forma, quando completar um ano você estará permanecendo cerca de 365 segundos.

A norma acima baseia-se no ditado que nos ensina um princípio muito simples. Se levantarmos todos os dias um bezerro, dentro de algum tempo estaremos conseguindo levantar um touro (pois o bezerro vai crescendo gradualmente e, com ele, a nossa força vai-se adaptando ao seu aumento de peso).

Não obstante, tal procedimento só funciona e só é seguro se o praticante for disciplinado e sistemático, não falhando um dia sequer. Caso precise interromper um ou mais dias, deve regredir em sua permanência o número de segundos equivalente aproximadamente ao de dias durante os quais ficou parado.

Esta regra pode ser aplicada juntamente com a de permanência para iniciantes desde a contagem inicial até a de uns 60 segundos aproximadamente. E pode ser acoplada à regra de permanência para veteranos a partir desse limite.

É claro que você deve privilegiar o bom-senso e, como sempre, jamais cometer exageros. Por isso mesmo, vai observar que conseguir o progresso diário de um segundo será muito mais fácil em um ásana como o paschimôttana e muito mais difícil em outro como o mayúra. Não tem importância. Você pode estacionar por algumas semanas ou até meses sem adicionar outro segundo em um determinado ásana mais difícil e, enquanto isso, seguir ampliando a permanência noutros mais fáceis.

De qualquer forma, a regra de um segundo por dia constitui, por si só, um dispositivo de segurança que em certa medida refreia o ímpeto de progredir aos saltos. Afinal, havemos de convir que adicionar apenas um segundo por dia é bastante metabolizável para uma pessoa que esteja bem de saúde, no trato da maior parte dos ásanas. Não é com espasmos de dedicação que você vai conseguir uma boa performance e sim com a regularidade, disciplina e lucidez.

Uma advertência especial deve ser feita com relação aos praticantes avançados que gostam de dormir num ásana para explorar os efeitos de uma permanência maior, especialmente para aumentar a flexibilidade: algumas posições poderão oferecer riscos de lesão em articulações devido a exagero na permanência. Em casos extremos, podem ocorrer problemas graves como é o caso do californiano que executou supta vajrásana com os braços sob a região lombar e deixou-se adormecer na posição. Ao despertar, estava com as pernas e os braços imobilizados por falta de circulação e não pôde sair dali. Foi encontrado morto, depois de vários dias de agonia. Um instrutor que conheci de perto e que era meio limitado intelectualmente adormeceu no mahá upavishta kônásana, também conhecido como mahá kúrmásana, e quase foi pelo mesmo caminho!

Portanto, evite aventurar-se no Yôga sem um instrutor formado que tenha seu Certificado revalidado. Praticar em casa é recomendável, sim, desde que sejam obedecidas as instruções de um Mestre competente. A disciplina e a humildade do discípulo para acatar a hierarquia são fatores de segurança e constituem a única via garantida de progresso.

3. Regras de repetição

Quantas vezes repetir o ásana?

A regra básica da repetição é:

Permanência máxima, repetição mínima.

A repetição praticamente não existia no Yôga mais antigo. O homem primitivo observava os animais e os imitava. Você jamais verá um tigre executando “um, dois, um dois”, nem se aquecendo antes de caçar, ou repetindo exercícios até estressar a musculatura. Se você não dispõe de um tigre observe o seu gato doméstico. Há três coisas que ele não faz: não repete, não se aquece e não executa voluntariamente coisa alguma até estressar a musculatura, pois isso produz desconforto e é compreensível que qualquer animal irracional evite o desconforto. Só o Homo sapiens é diferente, afinal, ele é mais inteligente…

Como é que o seu gato faz? Ele flexiona a coluna com força e intensidade, sob uma permanência determinada. Então, estende bem as patas dianteiras, tensionando bastante, e assim permanece por um período de tempo. Depois as traseiras, e pronto! Terminou uma agradável prática de SwáSthya Yôga para gatos. Se funciona? Experimente colocar um cão perto dele. Sem aquecimento muscular algum, o felino vai lhe mostrar o que é estar em forma, dará um show de reflexos, de agilidade, de coordenação motora. Isso é estar em forma. Essa boa forma é o que o SwáSthya, o Yôga Antigo, proporciona aos seus praticantes.

A tendência de repetir os ásanas três vezes, cinco vezes ou até 25 vezes é apócrifa, moderna e foi absorvida de outras modalidades forasteiras, como a própria ginástica ocidental. Isso mesmo. Que ironia! Muita coisa que hoje você importa da Índia como Yôga legítimo, os indianos absorveram dos ingleses nos últimos séculos de colonização britânica! Leia o livro ou assista ao filme Passagem para a Índia e compreenderá melhor esse fenômeno de aculturação que tanto desvirtuou o Yôga nos últimos tempos e o embaralhou com coisas que não têm nada a ver com a nossa filosofia de autoconhecimento.

Se você estudou atentamente os capítulos anteriores já percebeu que nossa proposta é resgatar o Yôga Antigo, por ser mais autêntico que as versões modernas, simplificadas e adaptadas para consumo, mesmo na Índia. Pois bem, para professar um Yôga que seja comprometido com a seriedade e legitimidade, não faça repetições, a não ser excep­cionalmente. Não faça “molinha”, embalançando os joelhos para cima e para baixo na intenção de melhorar a flexibilidade. O reflexo de contração no fuso muscular, gerado pela repetição, tornará esse pro­cedimento menos eficaz do que permanecer no ponto de flexão máxima e aí relaxar todos os músculos que puder. Depois, sem desfazer, procure ir mais além e assim sucessivamente, até achar que está na hora de terminar o ásana, conforme a regra de permanência.

A repetição existe, mas é exceção. A regra é não repetir.

Então, que visual tem uma prática de SwáSthya, o Yôga Antigo? Jamais poderá ter a aparência de uma aula de ginástica, nem mesmo de Hatha Yôga, com as pessoas executando exercícios estanques, repetidos. Uma prática de SwáSthya Yôga, ainda que executada em casa ou numa sala de classe, terá o formato de uma coreografia, com ásanas não repetitivos e tecnicamente encadeados uns aos outros por meio das passagens. Estas são movimentos de ligação elaborados pelo próprio praticante ou sugeridos pelo instrutor que comandar a sessão.

A prática de Yôga Antigo (SwáSthya Yôga) lembra um katá de Karatê, lembra um katí de Kung-Fu, lembra uma coreografia de Mikhail Barishnikov. A dos homens é fortemente viril, a das mulheres graciosamente feminina. Para compreender a beleza, a força e a técnica desse conceito, só assistindo às nossas coreografias ao vivo ou em vídeo. Para assisti-las, procure SwáSthya Yôga no Youtube ou no site www.Uni-Yoga.org.

4. Regras de localização da consciência

Onde localizar a consciência?

Este segmento possui dois módulos: localização da consciência e mentalização.

A localização da consciência consiste em prestar atenção a uma deter­minada área do corpo. Um órgão ou grupo de órgãos, um músculo ou grupo muscular, uma articulação, um chakra etc.

Regra de localização da consciência:

Localize a sua consciência na região mais solicitada pelo ásana.

Como é que se faz isso? Muito simples. Qualquer ásana sempre solicita a nossa atenção naturalmente para uma ou outra parte do nosso corpo. Basta ceder à solicitação natural e pensar nessa parte. Por exemplo: durante a execução de um trikônásana, flexão lateral em pé, um praticante com escoliose poderá sentir a sua atenção solicitada para a coluna, pois ela está sendo trabalhada; no entanto, executando a mesma técnica, outro praticante que tenha excesso de gordura sentirá a solicitação no cinturão adiposo. Cada qual deverá levar a atenção, a consciência, para a respectiva região e cada qual receberá uma concentração maior de efeitos nessa parte do corpo que está mais carente de cuidados.

Quando você localiza a consciência numa região do seu corpo, direciona para lá um jorro de energia vital. Essa energia é denominada prána. Ela eleva a temperatura da região na qual você concentra sua atenção, estimula hiperemia, um maior afluxo de sangue e, com isso, contribui notavelmente para a regeneração de tecidos, a vitalização de órgãos e músculos, a eliminação de potenciais enfermidades, estimula chakras e aumenta a flexibilidade. Não é preciso mentalizar nada. Apenas localizar a consciência na região.

Teste nº 1: como demonstrar que o fenômeno fisiológico ocorre realmente? Simples. Sente-se em qualquer ásana de meditação. Mas não medite. Coloque as mãos na mesma altura. Podem ficar no chão ou sobre os joelhos. Passe, então, a concentrar-se sobre a sua mão direita. Não mentalize nada em especial. Apenas localize a consciência e repita mentalmente: “mão direita, minha mão direita, tenho uma mão direita, minha mão direita tem músculos, minha mão direita tem ossos, minha mão direita tem veias e artérias, sinto o tato da minha mão direita, sinto a temperatura da minha mão direita” etc.

O objetivo disso é evitar que a sua mente se disperse. Você precisa permanecer concentrado na sua mão direita. Um praticante de Yôga mais experiente não precisa verbalizar nada. Mantenha o exercício de localização da consciência durante 5 minutos. Durante esse tempo, sinta de fato as veias e artérias, músculos e pele da sua mão direita.

Depois, abra os olhos e compare as duas mãos. Aquela na qual se concentrou vai estar mais avermelhada de sangue. Em seguida, toque com uma palma na outra para sentir a temperatura. A direita vai estar mais quente. Procure fazer esse teste com um grupo de amigos e verá que interessante. Em média, sessenta a setenta por cento das pessoas leigas já na primeira tentativa conseguem resultados excelentes (assombrosos, para eles!). Os fracassos devem-se unicamente à falta de concentração e à dispersão mental.

O que se depreende daí?

  1. Que se desejar exercer uma função curativa sobre um órgão, poderá dar-lhe um banho de energia térmica e concentração sanguínea, como a que o corpo costuma providenciar em casos agudos na forma que conhecemos pelo nome de inflamação. Só que neste caso seria uma inflamação voluntária e controlada pela sua vontade!
  2. Que se desejar que uma articulação ceda ou um músculo se alongue, poderá aplicar essa mesma forma de calor interno, bem mais eficiente que o aquecimento de fora para dentro.
  3. Que se você estiver com uma dor, poderá atenuá-la, conduzindo a localização da consciência para outro lugar.
  4. Que se sofrer um acidente, poderá aplicar o procedimento do item 3 (acima) para reduzir a hemorragia, produzindo uma isquemia na região afetada.

5. Regras de mentalização

O que mentalizar?

A mentalização é “ação mental” (chaittanya, de chitta) e consiste em aplicar imagens, cores e/ou sons na região onde você localiza a consciência.

Regra de mentalização exotérica: imagens e verbalização positiva.

Visualize imagens claras e ricas de detalhes daquilo que você quer ver realizado.

Aplique a cromoenergética: cor azul celeste é sedativa. Cor alaranjada é estimulante. O verde claro associa-se aos arquétipos primitivos da floresta e induz à saúde generalizada. Dourado contribui para desenvolvimento interior. Violeta auxilia a queimar etapas e superar karmas.

Teste nº 2: repita a experiência da localização da consciência, agora com mentalização: visualize sua mão direita envolta e penetrada por luz alaranjada, quase vermelha; imagine os vasos sanguíneos dilatando-se e o sangue chegando, cada vez mais intensamente, para concentrar-se na sua mão direita. Persista na mentalização por uns cinco minutos. É importante manter a concentração.

Você verá que o efeito é extraordinariamente mais forte. Importante: não faça este exercício de mentalização antes de experienciar o da simples localização da consciência a fim de poder avaliar o efeito de cada um separadamente.

Além disso, a mentalização também atua fora da circunscrição do seu corpo físico. Você pode mentalizar algo que queira ver realizado numa conjuntura exterior, como uma viagem, uma relação afetiva, um trabalho, uma alteração positiva de prosperidade, uma cura de pessoa amiga etc.

Teste nº 3: para certificar-se e convencer-se do quanto a sua mente tem poder sobre circunstâncias e objetos exteriores, coloque algumas sementes de feijão sobre algodão úmido em dois pratos. Cada prato com a mesma quantidade de algodão, de água e de sementes. Os dois devem receber a mesma cota de ar e de luz. Todos os dias pela manhã e à noite, dirija-se a um grupo de sementes, sempre o mesmo, e mentalize que está crescendo. Se achar que ajuda a concentrar-se, pode verbalizar sua mentalização dizendo-lhe que cresça. O conteúdo do outro prato deve ser simplesmente ignorado. No final de uma semana, compare as duas porções de sementes. Em noventa por cento dos casos, aquela que você mentalizou para crescer estará notavelmente mais desenvolvida que a outra.

Se você tem todo esse poder sobre uma planta que, ainda por cima, está do lado de fora do seu corpo, imagine o domínio que tem, e não sabe, sobre os seus órgãos, nervos, glândulas, músculos. Domínio para somatizar enfermidades e igualmente para neutralizá-las!

Agora considere: se você tem toda essa força hoje, na qualidade de iniciante no SwáSthya Yôga, quantas aptidões e faculdades fascinantes, utilíssimas, você desenvolverá se for dedicado e persistente! Que isto sirva de estímulo à sua prática regular.

Regra de mentalização esotérica: yantras e mantras.

Estes símbolos e sons só são transmitidos mediante iniciação. Se pudessem constar de livros, não mereceriam mais tal classificação e cairiam no anacronismo de denominar “esotérico” algo que não é mais absolutamente reservado e está ao alcance de qualquer um, digno ou não, que vá fazer bom ou mau uso do conhecimento.


6. Regras de ângulo didático

Demonstrar de frente, de lado ou a 45o
em relação ao observador?

Sempre que você for praticar para que o seu instrutor o avalie e corrija; sempre que for proceder a demonstrações públicas para que os leigos percebam que Yôga não é nada daquilo que eles imaginavam, ou sempre que você for conduzir uma prática, orientando outras pessoas, lembre-se de que não deve demonstrar os ásanas aleatoriamente. Há uma norma para tornar o ásana mais estético e mais didático, seja ao vivo, em fotografia ou em vídeo.

As regras de ângulo didático (posicionamento do corpo em relação ao observador) são:

Posições de flexão para frente, para trás e de torção são demons­tradas de lado. As de flexão lateral são demonstradas de frente.

Jamais dar as costas ou as solas dos pés na direção do observador.

As posições que estão fora destas categorias são estudadas uma a uma.

Em caso de dúvida ou de ásanas que passam de uma categoria para outra, os ásanas podem, excepcionalmente, ser feitos a 45 graus.

7. Regras de compensação

É preciso executar para os dois lados? Mesmo na coreografia?

Não se esqueça de que a compensação é fundamental para que os ásanas só proporcionem resultados positivos e jamais comprometam sua coluna ou a sua saúde em geral.

Regras de compensação na prática regular:

Sempre que fizer um ásana de anteflexão, compense com um de retroflexão, e vice-versa; sempre que executar uma flexão para a esquerda, compense com uma para a direita, e vice-versa; idem para as torções e assim sucessivamente.

No caso de séries longas, pode ser recomendável reduzir a proporção de retroflexões.

Regras de compensação na coreografia:

Assim que executar o ásana para um lado, faça para o outro lado um ásana equivalente que o compense.

Apesar disso, quando terminar, repita toda a coreografia para o outro lado.

No que concerne às coreografias, os ásanas devem ser feitos para um só lado. Consequentemente, o cuidado com a compensação deve ser redobrado com a observação desta última regra.

8. Regra geral de segurança

Como saber quando estou forçando demais
ou fazendo algo errado?

É muito simples: basta ler com atenção as recomendações que têm sido feitas insistentemente neste livro e observar a próxima norma.

Regra de segurança:

Esforce-se sem forçar. Qualquer desconforto, dor, aceleração cardíaca ou transpiração em excesso são avisos do nosso organismo para que sejamos mais moderados. Estes ásanas não devem cansar e sim recarregar nossas baterias.

Para complementar esta regra, leia atentamente as normas do capítulo Agora vamos juntar tudo e praticar?.

Nossa Garantia de Fábrica é de 5000 anos

A grande proteção que o Yôga Antigo (SwáSthya) proporciona ao praticante é a sucessão de filtros de defesa, uns após outros, de forma que, para alguém conseguir a proeza de dar-se mal, é preciso que seja mesmo um virtuose da inconsequência.

Fator Cumulativo

Um interessante fator de proteção no nosso Yôga é que a técnica mais poderosa, capaz de potencializar fortes efeitos, resulta quase nula se não for repetida sistematicamente. Há que se aplicar repetição e ritmo, numa palavra, disciplina! Ora, um indisciplinado dificilmente consegui­ria manter um programa metódico para a repetição do erro. Contudo, se ele o fizer, esbarra noutra rede protetora.

Fator Associativo

As técnicas precisam ser dinamizadas umas pelas outras. Mesmo uma prática poderosa, repetida sistematicamente, ainda assim será moderada nos seus resultados se não for associada a outras técnicas.

Por exemplo: um ásana extremamente eficaz para despertar a kundaliní, não produzirá grandes consequências se for executado de forma estanque. Um poderoso pránáyáma para ativar os chakras, tampouco terá êxito se praticado isoladamente. Mesmo que se os execute um depois do outro, não adianta grande coisa.

Mas se, sentado em siddhásana, com o calcanhar correto pressionando o múládhára, o yôgin executar um mudrá para elevação da naja ígnea, associar ao mesmo tempo com um pránáyáma que injete comburente nesse padma, combinar isso tudo com um bandha para impulsionar a kundaliní, simultaneamente aplicar o mantra adequado para acordá-la e a mentalização iniciática para conduzi-la pelo canal devido, associando tudo isso ao mesmo tempo, você vai ter uma prática que é uma bomba nuclear capaz de despertar o poder interior até ao lótus das mil pétalas…

Não obstante, feito uma só vez esse potente procedimento resultará inócuo. Vai ser preciso repeti-lo e repeti-lo muitas vezes até que ocorra o efeito cumulativo. Voltamos, então, para o fator de proteção anterior. Sucede, portanto, um círculo virtuoso em que um fator depende do outro, reciprocamente.

Dessa forma, se o aprendiz de feiticeiro realizar um sádhana errado, que por acaso resulte extremamente pernicioso, ele estará protegido ainda por um bom tempo, pois a coisa toda só começará a ficar nociva pouco a pouco. Então, o imprudente terá a chance de interromper a prática antes que ela lhe derreta os neurônios.

Fator Supervisão

No Yôga Antigo, só está autorizado moralmente a lecionar quem tiver um Supervisor, ou seja, um Mestre antigo, experiente, que aceite for­malmente proporcionar sua valiosa orientação ao instrutor mais novo. Pode estar lecionando há 30 anos. Ainda assim será mais novo do que o seu Mestre, que leciona há 50, sabe menos que ele e tem muito o que aprender se não for petulante.

Dess’arte, se o seu instrutor tiver uma dúvida, consultará o respectivo Supervisor; este, consultará o seu Mestre; e assim por diante, até che­gar no mais antigo e experiente Preceptor vivo!

Graças a essa malha protetora, quem aprende Yôga com um instrutor que tenha Supervisor, não possui apenas um Mestre: na verdade, conta com dezenas de Mestres e com as maiores autoridades para transmitir o seu saber e a sua força, que vão se precipitando em efeito cascata de Mestre a discípulo até chegar no aluno iniciante, o último e precioso elo da corrente.

Por esse motivo, confirme se o seu instrutor está integrado ao milenar sistema de Supervisão. Basta perguntar: “quem é o seu Supervisor?” Se disser que não tem, procure outro instrutor menos arrogante. Se disser que tem, procure confirmação, não apenas através de documen­tos, já que pessoas mal-intencionadas podem forjá-los, mas consul­tando o próprio Mestre que foi citado como Supervisor. Lembre-se da máxima: Mestre que não é leal ao seu próprio Mestre, o que não faria com seus discípulos?

Se este cuidado não fosse imprescindível não o mencionaríamos.

Fator Hierarquia[1]

A ascendência hierárquica é o suporte do Fator Supervisão[2]. O SwáSthya Yôga, manteve-se sempre numa evolução estável e em harmonia interna graças a dois conceitos que se equilibram como forças antagonistas e complementares:

O primeiro é o de que todos os seres humanos são intrinsecamente iguais, dignos de todo o amor e consideração.

O segundo é o de que, embora sejamos todos esotericamente iguais, exotericamente cada um é distinto de todos os demais e situa-se numa escala ascendente de progresso, que depende de um coquetel com diversas variáveis: esforço pessoal, conhecimento adquirido, autodis­ciplina exercida, experiência de vida e tempo de amadurecimento. Cada qual vai ocupar a posição hierárquica que esses componentes externos permitirem.

Os companheiros tratam os mais antigos e os que detêm graus mais elevados, com respeito e carinho sempre proporcionais à diferença entre ambos. Isso se chama hierarquia.

Dos que estão em níveis superiores, observa-se a nobreza da reciprocidade em termos de afeto e de respeito humano. Jamais a hierarquia foi pretexto para abusos ou para justificar um tratamento ríspido com os mais novos e com os que não ocupam cargos de maior responsabilidade. O carinho sempre foi a maneira característica do swáSthya yôgin relacionar-se com quem quer que seja.

Assim, se um Mestre mais graduado transmitir um ensinamento, nenhum instrutor mais novo ou menos graduado o questionará nem desacatará. Se tiver opinião discrepante, jamais ela será manifestada publicamente. Nesse caso, irá consultar o mais graduado e, tendo razão, haverá contribuído para o crescimento de todos, sem gerar indisciplinas nem colocar em risco a estrutura de respeito aos Ancestrais.



[1] Sobre hierarquia,consulte o livro Programa do Curso Básico.

[2] Sobre supervisão,consulte o livro Programa do Curso Básico.

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