Logo no primeiro dia de internato, houve uma competição para medir forças e estabelecer hierarquia entre os alunos. Era uma espécie de trote, The king of the hill, que consistia em conquistar o domínio de uma rocha, derrubando quem estivesse lá em cima e, depois, não deixando mais ninguém subir.
Como o Yôga me deu um bom preparo físico, fiquei numa posição muito especial: empatei com outro aluno, tão grande que seu apelido era Gigante. Logo após, por coincidência, vi-me envolvido numa esgrima verbal com um veterano para defender um calouro menor, de quem já estavam abusando demais. Eu não sabia, mas esse veterano era considerado o chefão por ali. Como o enfrentei bem, a gurizada não quis nem saber de fazer troça com o sistema hindu que eu adotara.
Nessa noite, o chefe de disciplina, Sr. Adalberto, chamou-me na frente de todos e me admoestou severamente.
– Aqui, não queremos galos de briga – disse ele –, mas como foi para defender o colega menor, desta vez você não vai ser punido.
Pelo contrário, recebi uma recompensa e tanto: passei a ser o cabeceira, que era quem tomava conta dos que se sentassem à sua mesa nas refeições e, mais tarde, tornei-me Auxiliar de Disciplina dos alunos do internato. Depois, seria nomeado pelo Prof. Barbosa também para o externato, ganhando com isso diversas vantagens, além da motivação e da autoafirmação tão importantes naquela idade: passei a poder ir às aulas sem uniforme e a ganhar meus estudos como bolsista em troca desse trabalho.
Este homem salvou a minha vida, tanto quanto a prática da filosofia que eu professava e professo. Percebendo que minha energia poderia me encaminhar para a rebeldia, chamou-me e disse: “Percebo que você tem muita liderança. Não quer me ajudar a manter a disciplina?” Com isso, ele ganhou um aliado e eu, adolescente questionador, enquadrei-me no bom caminho.
sábado, 3 de setembro de 2016 | Autor: DeRose
Categoria: Ser Forte
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