segunda-feira, 12 de janeiro de 2009 | Autor:

Sei que é suposto não ser correto chamar “América” aos Estados Unidos. Na escola te ensinam que chamar de “América” aos Estados Unidos é ofensivo a todos os outros países da América do Norte, América Central e América do Sul porque então, onde ficam todos esses países?

Porém, estou pouco ligando se a Venezuela ou qualquer outro país se ofende. Somos os estados que decidiram unir-se para ser o melhor país do mundo e somos o único ao qual ocorreu incluir “América” em seu nome. O Brasil não se chama “Brasil da América”. Assim, temos todo o direito a chamar-nos “América” […].

Andy Warhol, America, New York, Harper & Row Publisher, 1985, p.8.

Eu admiro muito os Estados Unidos. Seu valor é indiscutível. No entanto, não posso concordar com o meu amigo Warhol. Chamar de americanos os que vivem em apenas um dos países do continente americano seria equivalente aos alemães se declararem europeus. Os outros ficariam com o privilégio de ser franceses, ingleses, italianos, espanhóis, portugueses. Mas “europeus somos nós, os alemães”. E por pouco isso não acontece, em 1945. Se o resto do mundo não se erguesse contra a águia predadora do III Reich, todos os países europeus estariam falando alemão. Mas, então, como denominaríamos os que nascem nos Estados Unidos? Ora, estadunidenses. É como consta nos nossos dicionários e é como muitos países se referem aos naturais dos Estados Unidos. Mas como seria isso em inglês? USman, UnitedStatesman. É até mais bonito.

domingo, 7 de dezembro de 2008 | Autor:

Fiquei bem feliz pelo telefonema que recebi do jornalista Arthur Veríssimo, da revista Trip. Ele se mostrou contente pelo pronunciamento que fizemos a respeito do caso Cristóvão de Oliveira. De fato, quando alguém ataca, todos querem atacar. Talvez tenham medo de que, se não se juntarem aos agressores, sejam injuriados também. Isso é muito feio! Isso é covardia! Creio que fui o único profissional da área de Yôga a emitir um parecer pedindo ponderação. Registre-se que não conheço o professor Cristóvão e que não trabalhamos com a mesma modalidade. A questão é que, em princípio, se não pudermos defender, pelo menos que nos abstenhamos de condenar, no mínimo, enquanto não dispusermos de provas irrefutáveis e enquanto não tivermos ouvido o acusado. Este é um princípio primário do Direito e da Justiça. Exorto a que toda a população considere a possibilidade de adotar este comportamento para evitar que nossa sociedade do Terceiro Milênio tome atitudes dignas de uma Santa Inquisição medieval, em que bastava a acusação vazia de um desafeto invejoso e o acusado tinha sua reputação e sua vida destruídas, sem direito de defesa. Era torturado e acabava confessando o que nem sequer havia cometido, pois todo ser humano tem um limite à tortura, seja ela física ou psicológica.
Escrevi uma máxima que faz parte do meu próximo livro “Pensamentos” e que declara: No passado queimavam os hereges com lenha. Hoje, queimam-nos com jornais!
Note que o termo herético provém do grego haireticós, “aquele que escolhe”. Isso é muito significativo, pois indica que as pessoas repudiam os que insistem em desfrutar do direito à liberdade de escolha. Não querem que escolhamos. Querem que baixemos a cabeça. Contudo, isso é muito difícil para aqueles que pensam como Giordano Bruno, mártir da liberdade de pensamento.