quarta-feira, 10 de novembro de 2010 | Autor:

Oi Mestre, passo pra deixar o registrado o cardápio que o Sri (ops Sir!) Paul McCartney teve ao se hospedar no Sheraton aqui em Porto Alegre. Que belo exemplo de comida bonita e saborosa!

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Rafael Anschau

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Lamento decepcionar a chef que elaborou o cardápio do Paul McCartney, mas ele está estereotipado e os nossos são bem mais sofisticados. Por exemplo, jamais usaríamos soja. Isso é coisa de vegetariano de boutique. O verdadeiro vegetariano não utiliza soja, nem tofú, nem shoyu. Nossos pratos são bem elaborados, muito condimentados com uma constelação de especiarias, a maior parte é de forno e o paladar é superlativo. Eu não teria aprovado para nós o cardápio do Paul. E aos nossos companheiros, fica a exortação para que sejam mais exigentes com relação à gastronomia. Recentemente fui jantar com uns instrutores do Método e o cardápio estava bem pobre de espírito. Não é aquilo que nós comemos. Acho que o nosso pessoal precisa fazer estágio na Sede Central para passar pelo aprendizado de excelência culinária. Ou sair mais comigo para almoçar em qualquer tipo de restaurante, lanchonete ou até churrascaria. Aí vão descobrir quanta comiga deliciosa sem carnes existe no “mundo real”.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009 | Autor:

Comida ruim não é vegetarianismo: é desinformação

Vamos parar com a mania de fazer comida ruim e marrom só para dizer que é saudável. Vou repetir aqui, pois parece que ninguém escuta: comida vegetariana não tem nada a ver com tofu, algas, shoyu, missô. Nem mesmo com açúcar mascavo ou cereal integral. É claro que o cereal integral é melhor do que o refinado. Mas isso não tem nada a ver com comer carne ou não. As pessoas tendem a misturar as coisas. É uma pena.

O pior é que muitos instrutores de Yôga vegetarianos alimentam a confusão ao ensinar, até mesmo em seus livros, receitas preconceituosas, que sucumbem à nefanda moda naturéba.

Certa vez, eu estava dando um curso de formação de instrutores de Yôga na Universidade Federal de Santa Catarina e a aula que precedia o almoço era justamente sobre alimentação vegetariana. Desdobrei-me para fazer uma turma de 120 alunos aspirantes à profissão convencerem-se de que o nosso sistema alimentar não tinha nada a ver com a macrobiótica, nem com a alimentação natural; que a nossa era colorida, aromática, saborosa. Terminada a aula, os alunos saíram para almoçar. Havia um stand da Wanda, instrutora que havia pedido permissão para vender lanches, sanduíches, salgadinhos e doces à saída dos alunos a fim de facilitar a vida deles, pois poderiam comer ali mesmo enquanto não recomeçavam as aulas do período da tarde. Quando saí da sala de classe, deparei-me com todos aqueles estudantes comendo salgados marrons, doces marrons, pães marrons, tudo no mais perfeito look macrobiótico – linha que a instrutora que vendia os alimentos jurava já não seguir mais.

Você consegue imaginar a minha reação? Com que cara eu iria enfrentar aqueles 120 alunos que me ouviram dizer uma coisa e na prática constataram outra? “Então é essa comida marrom intragável que o Mestre diz que é deliciosa, colorida e aromática?”

Obviamente, na volta do almoço a aula foi sobre a falta de sinapses nos neurônios dos instrutores de Yôga, falta de receptividade ao ensinamento tradicional do Yôga, falta de fidelidade ao que o ministrante acabara de transmitir e falta de cultura. Sim, falta de cultura, pois ensinavam Yôga e não tinham a mínima idéia do que se come no Yôga.

Mas, afinal, qual é a alimentação vegetariana autêntica? Cada qual afirmará que é a sua vertente. E existem muitas! No entanto, noves fora, isto é, egos fora, a pergunta que não quer calar é: Qual é a alimentação vegetariana mesmo?

Simples. De onde veio o Yôga? Da Índia. Qual é o único país vegetariano do mundo? A Índia. Há quanto tempo eles praticam isso? Há milênios, não é modismo, não! Então, meus amados, não há dúvida. A alimentação vegetariana por excelência (o sistema adotado pelo Yôga) é o da Índia.

Quer saber como é a comida da Índia? Ela não tem os pratos de carne de cordeiro nem de frango que se encontram nos restaurantes indianos ocidentais. Noventa e nove por cento da população indiana é lacto-vegetariana – de fato – e os pratos são incrivelmente condimentados. Fabulosamente condimentados por uma constelação de especiarias. Não é de se estranhar, afinal, como aprendemos na escola, a Companhia das Índias Orientais enriqueceu muita gente comercializando as tais especiarias vindas de lá. A índia é o país das especiarias. Consequentemente, é a gastronomia mais saborosa do planeta! Essa é a nossa alimentação, apenas moderando um pouco nos temperos porque os ocidentais não aguentam tanta ardência.

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