O livro ensina muitas técnicas interessantes de Yôga em dupla para o instrutor ensinar em aula e para o aluno pôr em prática em casa com seus amigos ou familiares. Está muito bom. Gustavo está no SwáSthya desde criança. É sobrinho da Profa. Dora Santos e orgulho de todos nós. Tornou-se instrutor há quase vinte anos e hoje, ainda garotão, já é docente e dá cursos inclusive na Europa. Parabéns, Marson!
Quanto você pagaria por mais um dia de vida? Hoje, provavelmente, não pagaria nada, pois acredita que está longe daquele momento fatídico. No entanto, imagine que o tempo passou e que você está na hora da verdade. Por motivo de acidente ou doença, é informado de que este é o seu último dia de vida. E que alguém lhe conseguisse mais um dia. Quanto você lhe pagaria para viver mais 24 horas?
Certamente, você lhe pagaria tudo o que tem por um dia a mais de vida. Pense, agora, quanto vale um ano a mais de vida? Quanto valem dez anos a mais? Pois isso é o mínimo que o SwáSthya Yôga lhe proporcionará, desde que você se dedique com disciplina, pratique metodicamente e incorpore os preceitos deste sistema. Quanto vale, então, em termos de investimento de tempo, de dinheiro ou de dedicação o estudo da Nossa Cultura?
No dia em que decidiu praticar o Método DeRose você deu uma grande guinada no seu karma. No dia em que leu o primeiro livro da nossa filosofia começou a consolidar essa mudança de destino. Quando alterou os seus hábitos, substituindo-os por outros mais saudáveis, conforme ensina esta corrente, você contabilizou mais dez, vinte ou trinta anos de vida. Ao travar contato pessoal com uma escola da nossa linhagem, passou a cultivar qualidade de vida naqueles 10, 20 ou 30 anos que está incrementando à sua existência.
O que você precisa, a partir de então, é de estabilidade nessa decisão. Precisa ter persistência, disciplina e permanecer nesta reeducação comportamental. Quanta gente há que está numa boa casa, num bom trabalho, numa boa relação afetiva e resolve mudar só “para variar”? Há quem pare de praticar a Cultura que propomos para fazer outra coisa, ou por ter-se mudado de residência e estar morando longe de uma boa escola, por motivos de família ou por falta de tempo.
Na verdade, nenhuma dessas desculpas justifica a interrupção, até porque você pode continuar praticando através de livros, CDs e DVDs. A razão verdadeira é a instabilidade, é não conseguir se dedicar a alguma atividade por mais tempo. Quanta coisa você já começou e não continuou, não é mesmo? Pois o SwáSthya merece uma atenção especial. Merece que você invista nele. Merece prioridade. Aplicando prioridade ao Yôga Antigo, você verá que há tempo, sim senhor, para ele em seu dia-a-dia. É só colocá-lo em primeiro lugar na sua agenda. Depois, preencha os demais compromissos no tempo que sobrar. E não o contrário.
Com o que aprendeu no Tratado de Yôga e com a sua prática regular do nosso sistema, você vai perceber câmbios radicais no seu destino, vai tornar-se o comandante dessa nave que é a sua vida. Em pouco tempo, estará interferindo positivamente em todos os eventos da saúde, da família, do amor, das finanças, mesmo aqueles que pareciam não depender de você. Tudo o que precisa é manter ritmo e estabilidade na dedicação à filosofia que preconizamos.
Eu estava me preparando para contar qual havia sido a decisão, ir de vez para a Europa ou permanecer no Brasil. Mas contar isso a você é difícil para mim. Então, estava demorando para dar a notícia. Imagine, viver longe dos meus amigos e visitar o país apenas duas vezes por ano para dar somente uns dois ou três cursos de cada vez, no lugar de dois cursos cada fim de semana pelo ano todo… Mas, em compensação, valorizaríamos mais cada curso, cada minuto em que pudéssemos estar próximos. É claro que nunca mais seríamos tão próximos, pois não daria tempo de estarmos tão juntos, assim, ao alcance da mão, o abraço apertado, os olhos nos olhos, o ósculo de amizade. Mas, por outro lado, quantas vezes você me abraça POR ANO? Não iríamos poder nos ver todas as semanas… mas a maioria tem compromissos e não pode mesmo vir uma vez por semana às minhas aulas. Não iríamos poder sair sempre para almoçar… mas nós não temos mesmo ido almoçar praticamente nunca. Na verdade, tenho ido mais vezes por ano e tenho dado mais cursos na Europa do que em Minas Gerais, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Cuiabá, São José dos Campos, Rio Claro, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Rio Grande, Pelotas, Londrina, Blumenau, Joinville e tantas outras cidades do nosso país.
Com estes pensamentos, me emocionei e comecei a rememorar uma das nossas mais lindas características, o sentimento gregário. Fui lá no Tratado de Yôga e li o texto abaixo:
“Sentimento gregário é a energia que nos mobiliza para participar de todos os cursos, eventos, reuniões, viagens e festas do SwáSthya Yôga, pois isso nos dá prazer. Sentimento gregário é o sentimento de gratidão que eclode no nosso peito pelo privilégio de estar juntos e participando de tudo ao lado de pessoas tão especiais. É o poder invisível que nos confere sucesso em tudo o que fizermos, graças ao apoio que os colegas nos ofertam com a maior boa vontade. Sentimento gregário é a satisfação incontida com a qual compartilhamos nossas descobertas e dicas para o aprimoramento técnico, pedagógico, filosófico, ético etc. Sentimento gregário é o que induz cada um de nós a perceber, bem no âmago da nossa alma, que fazer tudo isso, participar de tudo isso, não é uma obrigação, mas uma satisfação.”
……..
Nesse meio tempo, Priscila Ramos me deu uma ajudinha e escreveu dez motivos para ir e outros dez para ficar. Assim sendo, transcrevo os motivos citados pela Pri para eu ir viver em países nos quais o Método DeRose está sendo tão valorizado e crescendo muito.
“10 Motivos para ficar na Europa
1. Boire du chocolat chaud et manger du pain au chocolat et des croissants parisiènnes
2. Faire des promenades les samedis dans la Saint-Germain
3. Portugal, Rome, Londres et Barcelona sont très proches
4. L’hospitalité portugaise
5. Librairies et cafés tout les places
6. La liberté individuelle de faire ce qui tu veux (je pense que c’est plus respecté en Europe)
7. La possibilité de connaître des different pays, cultures e personnes
8. La culinaire française et italien
9. La musique et les films françaises
10. C’est très très chic vivre lá-bas!”
Obrigado, Pri, por expor tão bem os motivos que poderiam me mover a dar um passo tão importante.
Bem, já escrevi demais. Tenho, a seguir, uma sucessão de reuniões. Depois continuo para lhe contar o desfecho.
Em www.research-live.com de 09 may, in 60 second soapbox, tive a felicidade de encontrar uma bela declaração do executivo Fabio Martins: “Quality of life. I practise SwáSthya Yôga and it has allowed me to appreciate what quality really is. Quality is about drawing satisfaction, being healthy, knowing yourself and achieving your dreams, SwáSthya Yôga has allowed me to discover and practise this.”
Pois é, Fabio. Seu texto me fez recordar que há mais de vinte anos nós usávamos camisetas com a inscrição: “Yôga: the best for your Self“, fazendo um trocadilho entre yourself e seu próprio Self, o Púrusha, a Mônada.
Quanto ao carro elétrico Tesla, há tempos também venho sonhando com um.
Fiquei bem feliz pela menção. Mais feliz ainda porque a Research ilustrou a matéria com a foto de um homem, o que quebra alguns estereótipos.
Em primeiro lugar, agradeço de coração o incentivo que todos estão me enviando para não desacelerar. É claro que isso ajuda e por certo que todos os que estão acessando o blog são muito importantes. É evidente que estou satisfeito com a estimativa que atribuiu o número de mais de dois milhões de leitores dos meus posts. Mas vou reproduzir abaixo alguns textos já postados anteriormente para que você compreenda a que me refiro.
Primeiro texto:
“Encontrei-me hoje com um Diretor e ele não sabia deste blog. Perguntei se não havia recebido o informativo semanal que eu envio a todos os instrutores, diretamente para o seu e-mail, um deles informando sobre o blog. Ele declarou que nunca recebeu nenhum informativo! Fiquei mal. Muito entristecido mesmo. Como é possível:
1) Que um Diretor de escola da nossa rede não saiba do blog?
2) Que um instrutor não esteja recebendo nenhum informativo e não se importe com isso?
Portanto, peço, mais uma vez, que se você for instrutor INFORME A TODOS OS SEUS MONITORADOS E MONITORES, DIRETORES DE ESCOLA E EQUIPES sobre a existência do blog e sobre a importância de receber meus informativos semanais! Não tem custo algum, já está incluído na supervisão!
Se você for aluno, INFORME AO SEU INSTRUTOR E AO SEU DIRETOR que o blog existe, que é importante participar do blog e que os informativos farão dele um instrutor melhor, mais atualizado, mais bem informado e que se ele receber E LER os informativos, prestará um serviço melhor a você que é seu aluno!
Vou dormir arrasado com essa história…”
Segundo texto:
“Hoje à noite fui jantar com uma querida Diretora e seus alunos. Cerca de vinte alunos compareceram. No meio do jantar, perguntei se estavam visitando nosso blog. Para minha decepção, NENHUM deles nem sequer sabia do blog. É claro que a Diretora se justificou declarando que enviara e-mails a todos os alunos, informando. Acredito que realmente tenha mandado os e-mails, mas não podemos esquecer o Axioma Número Nove (temporário): ‘E-mail não funciona.’ Se não há um incentivo direto e pessoal do instrutor ao aluno e se tal incentivo não é renovado com alguma frequência, não adianta. O que restou foi uma perplexidade!”
Terceiro texto:
“Visitei uma escola pela qual tenho muito carinho. Ocorria uma comemoração e havia muitos alunos e instrutores de outras unidades. Um bom número de pessoas a quem eu perguntava se estavam acessando o blog me declaravam que não. ‘Não, Mestre, eu não sou blogueiro.’ ‘Sim, eu entrei uma vez.’ ‘É… estou em falta…’ Não, querido, não está em falta com ninguém, porque isto não se deve fazer por obrigação. O que fica é a sensação de que tenho mais gente de fora do que de dentro interessada no que eu tenho a dizer. Por exemplo, em Portugal, o único livro de SwáSthya Yôga, além dos meus, foi publicado por um instrutor que não é da Uni-Yôga! Parece que os de fora valorizam mais.”
Quarto texto, em resposta a um comentário:
“Sabe o que é Julia? Alguns fazem bastante, mas outros não fazem nada. Nós pensamos que todos estão acompanhando porque nós estamos e aqueles à nossa volta também estão. Mas é chocante como a informação às vezes bate e pára. Os organizadores do sádhana do dia 14 de fevereiro receberam um pedido de informações de um querido instrutor, desejando saber algo que já havia sido informado a todos os Diretores. Pensamos cá com nossos botões: será que nossas informações chegam no Diretor e páram ali? Não chegam nem aos instrutores? Quanto mais aos alunos! Pois é, mas fazer o quê? O ser humano é assim mesmo. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Mas obrigado do fundo da alma pelo seu apoio.”
É por isso que eu constato, feliz por um lado, triste por outro: mais de dois milhões de pessoas têm acesso aos textos que eu posto aqui no blog, graças à replicação afetuosa através de centenas de links. No entanto, estou cada vez mais convencido de que muitos instrutores e alunos estão ausentes nessa estimativa de mais de dois milhões de leitores.
Certo dia, em uma aula, eu disse que os desamigos são muito mais fiéis do que os discípulos, pois os desamigos leem tudo o que eu escrevo e assistem a todas as minhas aulas gravadas para tentar encontrar alguma coisa que possam usar contra mim. Já os instrutores e alunos não demonstram a mesma disposição de ler e de assistir tudo e com tão dedicada atenção. Portanto, é bem possível que os perenizadores da Obra sejam os que antes se posicionavam como antipatizantes. De tanto ler tudo o que escrevo e de tanto assistir a tudo o que eu gravo, acabam se tornando fiéis defensores e divulgadores. Há dezenas de casos assim que vieram me relatar que antes foram desamigos e hoje são meus paladinos.
Obrigado aos que me acompanham diariamente aqui no blog e duas vezes obrigado aos que, além disso, divulgam-no.
Em fofoca não se deve acreditar, nem nas mais ingênuas. Jamais encorajá-las. Lembre-se de que o fofoqueiro é um pombo-correio que leva e traz. O que ele estiver fofocando sobre o Beltrano ausente, provavelmente fofocará a seu respeito assim que você virar as costas. Corte habilmente o assunto ou retire-se sem muito alarde. A ideia é a de não deixá-lo completar a frase e fazê-lo sentir-se constrangido com a atitude. A menos que o futriqueiro já tenha conseguido concluir a agressão a alguém ou alguma coisa que você preze. Nesse caso, a honra e a ética mandam que você o defenda bravamente, mas sempre com elegância e compostura.
Lembre-se do axioma no. 1 do Swásthya Yôga: não acredite. Esse é o nosso primeiro dispositivo para neutralizar fofocas.
O dispositivo no 2 é não passar adiante nenhuma observação que mencione o nome de alguém. Se o comentário tiver nome, morre ali.
O dispositivo no 3 é o acordo tácito entre nós de que quando alguém tiver algo a comentar, não mandará recado, mas sim falará diretamente com a pessoa interessada.
O dispositivo no 4 é a confiança e a certeza de que nosso amigo ou companheiro está cumprindo o dispositivo número 3, acima.
O dispositivo no 5 é o exercício usado na antiguidade e que chegou aos nossos tempos com o nome de telefone sem fio, o qual consiste em formar-se um círculo de pessoas e passar uma frase à primeira, para que ela passe adiante e assim sucessivamente até que chegue ao último do círculo. As distorções são tão grandes e absurdas que nos fazem compreender como surgem os falsos rumores. E, ao mesmo tempo, vacinam as pessoas mais inteligentes para que não acreditem no que ouvirem, seja lá de quem vier a notícia, até das pessoas mais críveis.
Para ilustrar, vou-lhe contar uma história que me foi transmitida como fato real. Na Companhia do Quartel General da Primeira Região Militar, no Rio de Janeiro, o capitão teria se dirigido ao tenente e dito:
— Amanhã haverá eclipse do Sol, o que não acontece todos os dias. Mande formar a companhia às 7 horas, em uniforme de instrução. Poderão, assim, todos, observar o fenômeno e na ocasião darei as explicações. Se chover, nada se poderá ver, e os homens formarão no alojamento, para a chamada.
O tenente ao sargento:
— Por ordem do capitão, haverá eclipse do Sol amanhã. O capitão dará as explicações às 7 horas, com uniforme de instrução, o que não acontece todos os dias. Se chover não haverá chamada lá fora e o eclipse será no alojamento.
O sargento ao cabo:
— Amanhã, às 7 horas, o capitão vai fazer um eclipse do Sol com uniforme de passeio. O capitão dará no alojamento as explicações, se não chover, o que não acontece todos os dias.
O cabo aos soldados:
— Amanhã, às 7 horas, o capitão vai fazer um eclipse do Sol com uniforme de passeio e dará as explicações. Vocês deverão entrar formados no alojamento, o que não acontece todos os dias. Caso chova não haverá chamada.
Entre os soldados:
— O cabo disse que amanhã o Sol, em uniforme de passeio vai fazer eclipse para o capitão, que lhe pedirá explicações. A coisa é capaz de dar uma encrenca dessas que acontecem todos os dias. Deus queira que chova.
Portanto, se você ouviu dizer algo, através de terceiros, não perca o seu tempo acreditando em bobagens.
Por outro lado, a fofoca é uma energia poderosa que pode ser canalizada para fins construtivos. Aprendemos nas artes marciais do Oriente a aproveitar a força do oponente para levá-lo ao chão. Com a fofoca é a mesma coisa. Ao longo dos anos, tenho sido muito beneficiado pelos desamigos, pois cada vez que falam o que quer que seja a meu respeito estão, sem saber, me proporcionando uma grande visibilidade. A partir daí, é uma questão de aplicar meu know-how de meio século de profissão lidando com isso para converter a energia do adversário a meu favor. E, pelos resultados, parece que tem funcionado!
O que é pior: ser infeliz ou estar convencido disso?
DeRose
Quando comecei a lecionar Yôga, era muito jovem e o caldo de cultura onde o Yôga fermentava era de pessoas espiritualistas, idosas e preconceituosas. Enquanto não conquistei o reconhecimento fora do país e enquanto não fui à Índia durante mais de 20 anos consecutivos, a comunidade relutou em acatar a sistematização do SwáSthya Yôga.
Isso foi extremamente útil, pois descobri que quanto mais me pressionavam, mais força eclodia para reagir e mais realizações afloravam. Desfrutava até de um certo estímulo ao vencer os obstáculos que eram impostos pelos instrutores de yóga mais velhos. Por outro lado, nos períodos em que estava tudo bem, acomodava-me. Se esse período de bonança se prolongava, sentia alguma nostalgia.
Comecei a observar as outras pessoas e notei que a maioria reage da mesma forma. Então elaborei a teoria da Síndrome da Felicidade, a qual contribuiu bastante para que pudesse ajudar aos demais em seus conflitos existenciais, conjugais, etc.
A teoria baseia-se no fato de que o ser humano é um animal em transição evolutiva e que, nos seus milhões de anos de evolução, somente há uns míseros dez mil anos começou a construir aquilo que viria a ser a civilização. E só nos últimos séculos, sentiu o gosto amargo das restrições impostas como tributo dessa aventura.
Como animais, temos nossos instintos de luta, os quais compreendem dispositivos de incentivo e recompensa pela sensação emocional e mesmo fisiológica de satisfação cada vez que vencemos, quer pela luta, quer pela fuga (a fuga também é uma forma de vitória, já que o animal conseguiu vencer na corrida ou na estratégia de fuga; e seu predador foi derrotado, uma vez que não o conseguiu alcançar).
Numa situação de perigo, o instinto ordena lutar ou fugir. Quando acatamos essa necessidade psico-orgânica, o resultado na maior parte das vezes, é a saúde e a satisfação que se instala no estágio posterior.
Se não é possível fugir nem lutar, desencadeiam-se estados de stress que conduzem a um leque de distúrbios fisiológicos diversos. Isto tudo já foi exaustivamente estudado em laboratório e divulgado noutras obras.
O que introduzimos na teoria da Síndrome da Felicidade é a descoberta de um fenômeno quase inverso ao que foi descrito e que os pesquisadores ainda não situaram a contento. Trata-se daquela circunstância mais ou menos duradoura na qual não há necessidade de lutar nem de fugir porque está tudo bem. Bem demais, por tempo demais.
Isso geralmente acontece com maior incidência nos países de grande segurança social e numa proporção assustadora nas famílias mais abastadas.
O dispositivo de premiação com a sensação de vitória, sua consequente euforia e auto-valorização por ter vencido na luta ou na fuga, tal dispositivo em algumas pessoas não é acionado com a frequência necessária. Como consequência o animal sente falta – afinal é um mecanismo que existe para ser usado, mas não o está sendo – e, então, ele cai em depressão.
Se quisermos considerar o lado fisiológico do fenômeno, podemos atribuir a depressão à falta de um hormônio, ainda não descoberto cientificamente, que denominei endoestimulina, e que o organismo para de segregar se não precisa lutar nem fugir por um período mais ou menos longo, variável de uma pessoa para outra.
O cachorro doméstico entra em depressão, mas não sabe por quê. A dona do cãozinho também não sabe a causa da sua própria depressão, já que o processo é inconsciente, porém, seu cérebro, mais sofisticado do que o do cão, racionaliza, isto é, elabora uma justificativa e atribui sua profunda insatisfação a causas irrelevantes. Não adiantará satisfazer uma suposta carência, imaginariamente responsável pela insatisfação ou depressão: outra surgirá em seguida para lhe ocupar o lugar e permitir a continuidade da falsa justificativa. O exemplo acima poderia ser com pessoas de ambos os sexos e todas as idades, mas, para ocorrer, é preciso que a pessoa seja feliz.
Resumindo, quando o ser humano está tendo que lutar por alguma coisa não há espaço em sua mente para se sentir infeliz. Se ele não pode lutar nem fugir, primeiro sobrevêm reações violentas; depois, a apatia e a somatização de várias doenças. Mas se está tudo bem, bem demais, por tempo demais, o indivíduo começa a sentir infelicidade por falta do estímulo de perigo-luta-e-recompensa. Como isso ocorre em nível do inconsciente, a pessoa tenta justificar sua infelicidade, atribuindo-a a coisas que não teriam o mínimo efeito depressivo em alguém que estivesse lutando contra a adversidade.
Exemplos:
· Na Escandinávia, onde a população conta com uma das melhores estruturas de conforto, paz social, segurança pessoal e estabilidade econômica, é onde se verifica um dos maiores índices de depressão e suicídio no mundo. No Vietnam, onde as pessoas, durante a guerra, teriam boas razões para abdicar da vida, o índice de suicídios foi quase nulo.
· Os países mais civilizados que não teriam motivos para passeatas e agitações populares, pois nada há a reclamar dos seus governos, com alguma frequência realizam as mesmas manifestações, mas agora com outros pretextos, tais como a ecologia, o pacifismo ou a defesa dos direitos humanos na América do Sul.
· O movimento em defesa dos direitos da mulher surgiu justamente no país onde as mulheres tinham mais direitos e eram mesmo mais poderosas que os homens. Lá, onde tradicionalmente se reconhece a ascendência da esposa, justo lá, foi onde as mulheres reclamaram contra sua falta de liberdade e de igualdade. Já na Itália, Espanha, Portugal, América Latina, Ásia, países muçulmanos e outros onde a mulher poderia ter motivos na época para reclamar, em nenhum deles ela se sentiu tão violentamente prejudicada nos seus direitos.
Assim, sempre que algum aluno ou aluna vinha chorar as mágoas, explicava-lhe nossa teoria da Síndrome da Felicidade e concluía dizendo:
– Se você se sente infeliz sem razão, ou o atribui a essas razões tão pequenas, talvez seja porque você é feliz demais e não está conseguindo metabolizar sua felicidade. Algo como indigestão por excesso de felicidade. Pense nisso e pare de reclamar da vida. Procure algum ideal, arte, filantropia e comece a ter que lutar por isso. Nunca mais precisará tomar Prozac.