domingo, 16 de setembro de 2012 | Autor:
 

Enviado por Pedro Gabriel:

 

Mestre,

Recebi este texto através do correio eletrônico. Me lembrou uma frase que vi riscada no muro de um dos prédios mais nobres da cidade de Santos. Na época, ainda não tinhamos nenhuma escola da Rede DeRose.

“Não adianta praticar ióga e não cumprimentar o porteiro!”

O texto que segue abaixo, trata-se de uma tese de mestrado em psicologia, apresentada na USP.

‘O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE’

Título: ‘Fingi ser gari por 1 mês e vivi como um ser invisível’

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da
‘invisibilidade pública’. Ele comprovou que, em geral, as pessoas
enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado
sob esse critério, vira mera sombra social.

Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são ‘seres invisíveis, sem nome’.

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’, ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

‘Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência’, explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.
‘Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão’, diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, algunsse aproximavam para ensinar o serviço.

Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro.

Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:

‘E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?’ E eu bebi.

Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central.

Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu.

Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de um mês trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando – professor meu – até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.

Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.

Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma ‘COISA’.

“Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!”

terça-feira, 13 de abril de 2010 | Autor:

Se eu soubesse que ser um Mestre velhinho seria tão bom, eu teria envelhecido antes. São literalmente dezenas de milhares de pessoas em uma porção de países da Europa e Américas a reconhecer o nosso trabalho, a convidar-me para dar cursos em seus países e a me incentivar a me mudar para lá. Nunca tive tantas publicações de livros, nunca dei tantas entrevistas em tantos lugares, nunca falei tantas línguas e nunca viajei tanto. Nunca tive tanta qualidade de vida, nunca minha saúde esteve tão boa. Nunca tanta gente travou contato direto comigo quanto agora, graças ao blog e, consequentemente, nunca tanta gente repensou as opiniões que tinha sobre o nosso trabalho. Este é o melhor momento da minha vida e parece que vai continuar melhorando.

A quem creditar tudo isso? Pensei em creditar todos esses resultados a uma porção de gente que me ajuda, mas – sinceramente – os verdadeiros causadores de tudo isso são os que nos atacam pois, por um lado, colocam nosso nome em evidência; por outro, geram indignação contra eles e a nosso favor, pois ninguém simpatiza com quem ataca, persegue, insulta, difama (em compensação, todos simpatizam com a parte que é agredida); e, finalmente, as atitudes dos agressores nos mantiveram alertas para melhorar, polir, trabalhar e realizar cada vez mais e melhor. Graças a eles, nosso trabalho se tornou relevante, sólido e de enorme visibilidade.

Certa vez, eu li em um livro sobre sucesso profissional uma frase assim: “Para vencer na vida e ter um nome forte, você precisa de inimigos. Se não os tiver, arranje alguns.”

Assim sendo, agradeço de verdade a todos quantos nos estimularam com o seu afeto e aos que nos estimularam com o seu desamor. A uns e a outros, peço que continuem, por favor.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 | Autor:
  

Lu Fandinho

Oi Mestre, tudo bem? Quero te pedir uma gentileza. Domingo acontecerá a Marcha pela Paz e não Violência, que depois de ter passado por 82 países, vai passar por São Paulo e terminará na Argentina. Sabendo que seu blog tem grande visibilidade e como sempre, antenado em tudo o que acontece de bom, peço a divulgação.
Trabalho na organização e é um momento importante para todos. Obrigado amigo querido de sempre. Grande Beijo.
http://www.marchamundial.org.br

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