Sim, isto é uma dica para ganhar dinheiro. Há um ditado carioca que reza: “Se malandro fosse inteligente, seria honesto só de malandragem”. Claro! Quem vive de trambiques tem a ilusão de que está levando vantagem por estar roubando de alguém. Mas, na verdade, se investisse todo aquele trabalho e toda aquela criatividade em um trabalho honesto, com o tempo, iria amealhar fortuna.
Um dia, eu estava em um borracheiro esperando pela troca de um pneu do meu carro e o dono da borracharia veio conversar comigo. Os paulistas são assim. Queridos, simpáticos, desconhecidos conversam com você em qualquer lugar com uma intimidade que dá a impressão de que sempre nos conheceram. E ele me contou que havia comprado um carro, mas que o vendedor era um trapaceiro e que havia instalado uns gatilhos só para enganar o comprador. Uma semana depois, estourou tudo. Então, ele me disse:
– O senhor já notou que esses vigaristas, que vivem aplicando golpes, estão sempre sem dinheiro e devendo aos outros? Estão sempre numa pior.
É verdade.
Tudo o que é proibido ganha interesse. Ação e reação. Ao criar um clima de restrição você pode estar valorizando uma situação, além daquilo que tal circunstância merecia.
Implicar com uma pessoa pode gerar o que chamamos de “fantasma”. Muitos maridos e esposas criam fantasmas. Depois, ficam sendo assombrados por ele!
Os fantasmas são pessoas que não despertariam maiores atenções, mas ao ganhar relevo no emocional da parte enciumada, impregna-se no cérebro do parceiro e atiça seus hormônios. Pronto: está criado um fantasma!
Ainda que nunca chegue às vias de fato, o fantasma estará sempre rondando na mente dos dois cônjuges. Um, porque teme que o fantasma tome o seu lugar; outro, porque fantasia que tal pessoa deve ser melhor do que o é na realidade, afinal, não a conheceu de fato.
Agora o cônjuge inseguro criou uma ameaça real. E, ainda que nunca se concretize um contato, na imaginação do parceiro aquela pessoa sempre voltará a assombrar. Como nunca houve uma relação, ou a relação não chegou a ser “gasta” pelo atrito da convivência, aquela pessoa passa a ser um ícone de perfeição. Se o parceiro ou parceira nunca chegou ao contato físico, a imaginação vai pintar essa pessoa como muito melhor do que o quanto ela é na realidade.
Acontece que não existe ninguém perfeito. Ao longe, ninguém tem espinhas. Se ocorrer uma aproximação, a probabilidade é a de que, desgastado o entusiasmo inicial, o pivô do desejo se desvaneça no ar, como qualquer fantasma de respeito o faria.
Desde o início, estabeleça gestos e sons de aprovação ou de reprovação. Sempre que o cãozinho acertar alguma coisa, faça o mesmo som e dê-lhe uma recompensa de carinho, palavras, tom de voz e… petiscos! Quando ele errar, ignore. Isso funciona mais do que repreendê-lo, pois a repreensão pode se transformar em uma recompensa, já que ele ganhou a sua atenção, mesmo que seja na forma de bronca.
No entanto, às vezes, será necessário avisar que determinada coisa não é para ser feita, como, por exemplo, ir atravessando a rua na frente dos carros. Então, ajuda muito criar alguns sinais sonoros e gestos, pois é possível que a sua voz não seja ouvida à distância, ou em lugares muito ruidosos.
Aplicamos três sons diferentes para a Jaya. Dizemos “shh-shh”, quando se trata de uma restrição simples e descontraída, especialmente de algo que ela ainda pretende fazer. “Ei!”, quando queremos que ela perceba que está fazendo ou em vias de fazer algo que sabe que não deve. E reservamos o “não!” para usar economicamente em situações mais drásticas.
Cuidado com o uso indevido de crase que atualmente se converteu numa endemia nacional. Escrever “Portões 14 à 25” é um absurdo que só poderia ser encontrado num aviso de aeroporto de quarto mundo (já não está mais escrito assim: foi corrigido depois que este autor enviou uma cartinha à Infraero). Crase jamais ocorre se a palavra seguinte for masculina. Mesmo se for feminina, utilize-a com cuidado. Só pode ser aplicada se a palavra a que se refere, convertida ao gênero masculino, impuser o uso de ao (à é o feminino de ao). Ou se em espanhol se traduzir por a la.
A abreviação de professor é Prof. (Profo. seria para professoro!). Já viu alguém usar a abreviação Dro.?
“Fuja” do uso de “aspas” como o “diabo da cruz”. Denota pouco domínio da “língua” escrita e é “cafona”. Além do mais em alguns casos pode ser insultuoso como é o caso do sarcástico “bispo” Macedo, que a imprensa costumava usar para deixar claro que não reconhecia seu título de bispo. Já imaginou o que penso quando alguém escreve “De Rose”? Tal pessoa estaria insinuando que esse não é o meu nome verdadeiro? Que indelicadeza!
Recomendamos que todo professor, engenheiro, médico, jornalista, locutor de TV e político faça urgentemente um curso de português. Um começo excelente é estudar os livros de Luiz Antonio Sacconi e os de Pasquale Cipro Neto, assim como o livro Saber escrever saber falar, de Edite Estrela, Maria Almira Soares e Maria José Leitão.
Estava com 16 anos de idade quando comecei a dar classes de Yôga. Isso foi bom, pois, dessa forma, nunca usei drogas, nunca fumei e nunca tomei bebida alcoólica como os demais jovens. Por outro lado, nem imaginava a encrenca em que estava me metendo. Encontrávamo-nos em meados do século passado! As pessoas não tinham cultura e, consequentemente, não sabiam o que era o Yôga (bem… não sabem, até hoje). Minha mãe, muito católica, pensava tratar-se de alguma religião ou seita; e o meu pai não se convencia de que era uma profissão bem remunerada, digna e promissora – melhor que a dele!
Não era só isso. Por aquela época, todos achavam que para ser um professor deste sistema era preciso ter cabelos brancos e eu era um simples adolescente. Comecei mal. Sem idade, sem padrinho e sem dinheiro eu estava dando o primeiro passo para que as pessoas não acreditassem em mim.
Contudo, o impulso para dedicar-me de corpo e alma a este life style era mais forte que eu. O Yôga fervilhava em minhas veias. Quando lia nos livros algum conceito, aquilo me era tão familiar que parecia não estar sendo assimilado pela primeira vez e sim apenas recordado. Quando aprendia algum termo sânscrito, ele me era perfeitamente íntimo, a pronúncia fluía como se fosse a minha própria língua e bastava lê-lo ou escutá-lo uma única vez para não o esquecer nunca mais. Quando executava alguma nova técnica, sentia uma facilidade tão grande que era como se sempre a tivesse praticado. Isso, para não mencionar os tantos procedimentos, conceitos e termos que eu já havia intuído antes de ler o primeiro livro desta filosofia indiana e que foram confirmados nos estudos posteriores.
Assim, superei todos os obstáculos e prossegui dedicando-me à minha grande vocação. Na época, eu era estudante, mas dava um jeito e só estudava os livros deste maravilhoso sistema durante o período escolar. Fora dele, lia mais ainda e praticava o tempo todo. Um dia, recebi o convite para começar a dar classes gratuitamente numa ordem filosófica. Isso desencadeou meu pendor natural. Aí, começou um novo tipo de problemas, bem maiores do que os que eu enfrentava em casa, com a incompreensão dos pais.
Os praticantes, naquele tempo, eram pessoas de mais de cinquenta anos de idade. Eu, com dezesseis, certamente não convencia muita gente. Alguns ficavam cativados pela profundidade das técnicas que eu ensinava e pela seriedade que sempre marcou minhas atitudes. Esses extrapolavam a meu favor, declarando que eu devia ser a reencarnação de algum monge hindu. Mas constituíam uma minoria. Os outros diziam que esperavam um professor mais velho e me aplicavam interrogatórios para Gestapo nenhuma botar defeito – sobre que vertente era aquela, sobre as minhas fontes, se eu tinha ido à Índia, se eu me lembrava das vidas passadas et reliqua.
Com isso, fui logo ganhando mansos admiradores por um lado e ferozes críticos por outro. Os admiradores declaravam que um jovem daquela idade já saber tanto era sinal inequívoco de que não estava começando tal caminhada pela primeira vez nesta encarnação. Afirmavam que o fato de eu não estar levando uma vida leviana, não fumar, não beber e não me entregar às loucuras normais da idade, mas ser tão austero era, no mínimo, elogiável.
O outro time censurava com um azedume cujo motivo eu não compreendia. Dizia que eu era muito jovem e que deveria estar aprendendo e não ensinando naquela idade. Que eu estava sendo muito orgulhoso ao posar de professor. Quem eu pensava que era?
Nessa pouca idade já comecei a observar que os que defendem fazem-no sem agressividade e não aparecem, mas os que atacam, agem com virulência e todos os escutam.
No entanto, ainda tinha alguns anos de estudo escolar pela frente e, depois, o serviço militar que eu queria prestar. Então, não dei muita importância às críticas. Prossegui lendo e praticando o máximo de tempo, até que cheguei à programação diária de 7 horas de leituras, 7 horas de prática e 7 horas de sono. As outras três horas diárias para completar 24 h eram para as refeições. Isso, naquela idade, teve um efeito bombástico na minha aceleração evolutiva. Em pouco tempo, eu estava experimentando estados de consciência expandida e dos 16 aos 18 já havia escrito vários livros. Infelizmente, não tinham nenhum interesse para o público, a não ser um deles que mais tarde, no final da década de 1960, foi ampliado e publicado com o título Prontuário de SwáSthya Yôga, o qual posteriormente virou o Tratado de Yôga. Ah! E um outro que só chegou a ser publicado mais de quarenta anos depois, em 2005, com o título Sútras – Máximas de lucidez e êxtase.
Não precisa cultivar inimizades. Elas nascem sozinhas, como fungos. Mas, afinal, os fungos são úteis. Olha a penicilina!
Alguns fungos são venenosos. Mas o veneno da jararaca, por exemplo, é usado para tratamento de hipertensão, no medicamento Captopril. Salva muitas vidas.
Se eu não tivesse sido impiedosamente atacado a vida inteira, não teria me tornado o mais bem sucedido profissional da minha área, não teria escrito o mais completo Tratado, não teria expandido meu Método para tantos países da Europa e das três Américas.
Há gente que nunca aprende, mas esses vão-se queimando na consideração de todos os amigos. Precisam estar o tempo todo mudando de grupo, sem formar nenhuma amizade sólida. E, quando precisarem de um amigo sincero, não encontrarão nenhum que lhe estenda a mão.