Tá louco? Em 1984, eu tinha um curso marcado em Caxias do Sul, RS, organizado por uma instrutora chamada Lourdes. Saí da minha casa, tomei o avião até Porto Alegre e de lá iria de ônibus até Caxias.
Acontece que chegando a Porto Alegre, adoeci seriamente. Telefonei à organizadora do curso e informei que estava doente e que não poderia dar o curso. A resposta foi:
– DeRose, tu tem que vim (sic).
– Lourdes, acho que você não entendeu. Eu estou doente. Não posso prosseguir viagem.
– Mas DeRose, eu divulguei por toda a cidade. Minhas alunas estão te esperando. Como é que vai ficar a minha situação? Tu tem que vim.
Naquela época, o organizador não efetuava nenhum pagamento adiantado, portanto o único prejuízo seria o meu, que já havia pago as passagens do Rio até Porto Alegre. Não fui dar o curso.
Como retaliação, Lourdes e mais um instrutor de Caxias desligaram-se da Uni-Yôga, desligaram-se da Supervisão e ficaram mais de dez anos sem me dirigir a palavra. Isso foi em 1984 e me magoou profundamente, pois me mostrou que não tenho o direito de ficar doente. Por esse motivo, todas as vezes em que adoeci, algumas com gravidade, fui dar aulas assim mesmo. E quando sofri o acidente no Aikidô que me pôs numa cadeira de rodas em 13 de janeiro de 1999, tínhamos uma viagem à Índia com vários instrutores marcada para o dia 22 de janeiro desse ano. Nem pensar em desmarcar! Enfrentei a viagem mesmo em meio à dores lancinantes.
Isso tudo foi bom, pois aprendi que é possível honrar os compromissos mesmo em meio às piores circunstâncias. Isso me ajudou a crescer e vencer na vida. Espero que também sirva de exemplo para que você não fique sentindo pena de si mesmo nem use as ocorrências da vida como pretexto para não cumprir seus compromissos.