terça-feira, 14 de abril de 2009 | Autor:

O Gabs passou ontem pelo aeroporto de Heathrow, em Londres, e encontrou lá o nosso aluno Lelo. Imagine a alegria de encontrar um aluno da Sede Central naquele imenso aeroporto, no mesmo dia, na mesma hora. Não bastasse essa sincronicidade, hoje Gabs e Vivi encontraram na rua, em Paris, o Thiago Massi, nosso filiado de Barcelona. No ano passado Fée e eu encontramos no aeroporto de Paris o marido da nossa instrutora Clarice (ex-Bélgica, atual Polônia), que estava na mesma sala de embarque para viajar a Warsaw  (Varsóvia) praticamente no mesmo horário.

Mas engraçado mesmo, foi uma gracinha que o anjo gregário me aprontou há vários anos. Vindo da Índia, troquei de avião em Londres. Entrei na minha aeronave da British Airways que tinha mais de 300 lugares. Então, vejo lá longe, procurando seu assento, um ensinante leigo da yóga que se declara publicamente contra nós e dizia coisas muito chulas, daquelas que nenhuma pessoa educada sequer pensaria sem morrer de vergonha. “Só falta ele se sentar ao meu lado”, pensei. E ele vindo. Até que chegou ao meu lado e, sem ver quem era, pediu licença para entrar. Levantei-me para dar passagem. Quando ele me viu, olhos nos olhos, a um palmo do seu nariz, levou um susto tão grande que estremeceu de forma indisfarçável, titubeou, deu um passo atrás como que ia desistir de entrar. Mas então eu o tranquilizei: “É o karma, companheiro! Entre.” Ele, então, entrou, sentou-se e passou a viagem toda  de onze horas, cobrindo a cabeça com o cobertor. Foi hilariante.

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sábado, 21 de fevereiro de 2009 | Autor:

Dois sequestros no Oriente

Com tantos anos de viagens à Índia, era inevitável que alguns contratempos ocorressem vez por outra. Os mais inconvenientes foram sequestros dos aviões em que eu viajava.

No Irã

Em 1980, ocorreu a invasão da Embaixada Estadunidense no Irã e fizeram vários reféns que ficaram presos até 1981. Nesse ano, quando eu viajava novamente para a Índia, nosso avião desceu para abastecer na capital iraniana, Teerã, e as autoridades locais não permitiram mais que a aeronave decolasse.

Também não permitiram que os passageiros desembarcassem. Fazia um calor de quarenta graus. Os pilotos não tinham autorização para ligar as turbinas que acionariam o ar condicionado, o que tornou o calor insuportável. A água potável a bordo, acabou! Eu bendisse, mais uma vez, o fato de ter um excelente controle da sede. Os banheiros foram ficando cada vez mais emporcalhados, pois o uso do sanitário químico é previsto para um determinado número de utilizações, o qual foi superado cem vezes, pelo tempo e pelo medo que os passageiros sentiam. O mau cheiro na cabine era indescritível. As mulheres choravam, os homens tinham chiliques, pessoas passavam mal…

Não havia informações. Só sabíamos que as autoridades francesas estavam negociando por meios diplomáticos a nossa libertação. Hoje, imagino que foi uma sorte ter viajado pela Air France. Se tivesse sido pela Pan American, a situação teria sido bem pior.

De vez em quando uns militares passavam mandando que mostrássemos os passaportes. Nunca na minha vida gostei tanto de ser brasileiro. Eles foram bem rudes com os europeus e agrediram fisicamente os estadunidenses. Mas quando viram o meu passaporte – pasme! – foram muito cordiais, sorriram para mim e mencionaram o Pelé!

Lá ficamos por uma eternidade (o tempo não é distorcido pela emoção?). Finalmente, as negociações do Governo Francês deram certo e Teerã autorizou que o nosso avião levantasse voo. Pensei cá comigo: “Que ideia de jerico sair do conforto da minha casa e viajar para o Oriente! Nunca mais irei à Índia!” Mas, depois dessa experiência, voltei a fazer a mesma viagem por mais dezenove anos…

No Paquistão

Tempos depois, sobrevoando o Paquistão, passamos por um estresse ainda maior. Dois caças da Força Aérea Paquistanesa emparelharam com o nosso avião. Desta vez, era Pan American! Dispararam alguns tiros de advertência com seus canhões (víamos os projéteis traçantes passando rentes à fuselagem da nossa aeronave) e obrigaram o piloto a descer em Karachi.

Assim que aterrissamos, um pelotão armado invadiu a cabine de passageiros, recolheu os passaportes de todos, mandou que desembarcassem e entrassem nos caminhões do exército que estavam à nossa espera. Nesses veículos fomos conduzidos a uns alojamentos. Como era noite e estava muito escuro, não sei ao certo se eram instalações militares, se eram cárceres ou se eram quartos de algum hotel de duas estrelas abaixo de zero. Pedidos de informações ou de esclarecimentos eram respondidos com a coronha dos fuzis, como você já deve ter visto no cinema.

Trancaram-nos e nos deixaram lá a noite toda, sem alimento, sem água, sem comunicação uns com os outros. Eu dormi a noite toda, mas teve gente que não pregou o olho. Na manhã seguinte, fomos escoltados de volta para o avião, decolamos e fomos felizes para sempre!

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