quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | Autor:

Não leio jornais. Contudo, às vezes me cai nas mãos uma manchete e acabo lendo a matéria. Na virada do ano, encontrei no jornal O Globo, caderno de economia, a informação de que “BOVESPA sobe 142% em dólar e lidera ganhos no mundo. Real tem a maior alta global: 33,91%“.

Em comparação com a BOVESPA (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) que brilhou com seus 142%, o índice Down Jones ficou com modestos 20,06%!

Depois, li no box que em comparação com a valorização do real de 33,91%, a libra teve a valorização de 10,08% e o euro apenas 2,61%, sempre, todas elas, em relação ao dólar estadounidense.

Em 2001, o economista Jim O’Neill criou a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) para designar o grupo de países que deveria ganhar força na economia. De fato, em 2009 esses quatro países ocuparam as primeiras quatro posições no ranking de desempenho das bolsas de todo o mundo. Em primeiro lugar o Brasil com 142,70%, em segundo a Rússia com 126,51%, em terceiro a China com 115,78% e em quarto a Índia com 97,02%. Quase que na mesma ordem da sigla! Esse O’Neill é um profeta.

Não percamos nos labirintos da memória o fato inédito de que em 2009 o Brasil ofereceu alguns bilhões de dólares emprestados ao FMI. Que eu saiba, foi a primeira vez na História em que os papéis se inverteram e o Brasil não precisou pedir emprestado ao Fundo Monetário Internacional e sim esnobou o FMI, oferecendo-lhe um empréstimo.

Esperemos que esses fatos não sejam fruto de especulações e manobras que estão fora do alcance da compreensão dos simples mortais. E que o país saiba utilizar inteligentemente esses recursos para promover o crescimento sustentável da economia, tanto a nossa quanto – por reverberação – a dos nossos parceiros e hermanos da América Maior (a Améria Latina).

Adendo: Outra informação auspiciosa é a de que o Brasil (com 200 milhões de habitantes) teve 3,1 milhões de graduados em suas universidades no mesmo ano em que a Índia (com mais de 1 bilhão de habitantes) teve os mesmos 3,1 milhões de graduados e a China (com 1,35 bilhão de habitantes) teve apenas 3,3 milhões de graduados acadêmicos. Para complementar estes dados, leia o post Você sabia?, neste blog.

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domingo, 1 de fevereiro de 2009 | Autor:

Um trecho do capítulo Curso de leitura, do meu livro Tratado de Yôga:

Há livros que misturam tudo o que é oriental e fazem uma salada de Índia, Tibet, Nepal, Egito, China e Japão, baralhando Hinduísmo, Budismo, Taoísmo, Xintoísmo, Sufismo, Xamanismo, Zen e o que mais o autor tiver lido. É que os ocidentais sucumbem ingenuamente à síndrome da ilusão de perspectiva, segundo a qual “Oriente” é um lugar muito distante, lá onde as paralelas se encontram. Então, julgam que todas as filosofias orientais conduzem ao mesmo lugar. Além disso, o escritor ocidental acha que constitui demonstração de cultura encontrar pontos de convergência entre as múltiplas correntes. Com isso, o leitor adquire um livro de Yôga, porque queria Yôga, e acaba levando para casa uma série de outras coisas que não queria e só servem para encher as páginas que o conhecimento limitado do autor ia deixar em branco, caso se ativesse ao assunto proposto. Há um livro que pretende dissertar sobre mudrás do Hinduísmo e, inadvertidamente, a obra passa a miscelanear mudrás de outros sistemas e países. Tal procedimento induz o estudante ao erro de introduzir mudrás alienígenas numa prática ortodoxa de Yôga, achando que está agindo corretamente. Estou farto de corrigir alunos de Yôga que sentam-se para meditar e põem as mãos em mudrá do Zen! Isso é uma gafe equivalente a executar um katí de Kung-Fu numa aula de Karatê ou sair dançando tango numa aula de ballet clássico. Misturar, além de não ser procedimento sério, pode produzir consequências imprevisíveis.