terça-feira, 20 de março de 2012 | Autor:

Karma coletivo e egrégora

Amigo de todo mundo não é amigo de ninguém.
Schopenhauer

Egrégora provém do grego egrégoroi e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade. Todos os agrupamentos humanos possuem suas egrégoras características: todas as empresas, clubes, religiões, famílias, partidos etc.

Egrégora é como um filho coletivo, produzido pela interação “genética” das diferentes pessoas envolvidas. Se não conhecermos o fenômeno, as egrégoras vão sendo criadas a esmo e os seus criadores tornam-se logo seus servos, já que são induzidos a pensar e agir sempre na direção dos vetores que caracterizaram a criação dessas entidades gregárias. Serão tanto mais escravos quanto menos conscientes estiverem do processo. Se conhecermos sua existência e as leis naturais que as regem, tornamo-nos senhores dessas forças colossais. Leia mais »

segunda-feira, 19 de março de 2012 | Autor:

Karma individual e karma coletivo

 

O karma individual é o denominador comum entre os diversos karmas coletivos que atuam sobre nós o tempo todo, desde antes de nascermos até depois de morrermos.

Os karmas coletivos nos são impostos por herança, em função da família à qual pertençamos[1], do local em que nascemos, nossa nação, cidade, bairro, etnia, religião etc. Ou por opção, como esporte, profissão, arte, política, filosofia e outros.

Quantos karmas coletivos atuam sobre nós? Um número indeterminado, porém, certamente, incomensurável. E, como eles atuam sobre nós? Leia mais »

segunda-feira, 12 de março de 2012 | Autor:

Quais são os chakras principais

O Yôga trabalha todos os chakras, mas confere mais atenção aos principais, que se encontram ao longo do eixo vertebral. Estes têm a ver não apenas com a saúde – pois distribuem a energia para os demais centros – como ainda são responsáveis pelo fenômeno de eclosão da kundaliní e sua constelação de poderes. Há um chakra para cada segmento, a saber:

região

chakra

coccígea

múládhára

sacra

swádhisthána

lombar

manipura

dorsal

anáhata

cervical

vishuddha

craniana/frontal

ájña

craniana/coronária

sahásrara

Também ao longo da coluna vertebral, há outros chakras além destes mais importantes. São chakras secundários, embora no mesmo eixo.

O ocidental sempre quer saber o porquê das coisas, o número exato de chakras e de pétalas de cada um, a cor de cada chakra, os poderes paranormais que estão relacionados com cada um deles, quantas nádís temos no corpo etc. Isso é uma perda de tempo, uma mera curiosidade que não leva a nada, até porque muitos desses dados variam de uma pessoa para outra e variam até num mesmo indivíduo conforme a época. O que você precisa é praticar. Somente a prática vai produzir um efeito concreto de desenvolvimento dos chakras[1]. Não obstante, algum conhecimento é sempre necessário, como cultura geral. O que devemos evitar é fascinar-nos com a teoria e menosprezar a prática.

Direção em que os chakras devem girar

Os chakras podem girar para a direita (movimento dextrógiro ou horário, denominado dakshinavártêna); ou para a esquerda (movimento sinistrógiro ou anti-horário, denominado vamavártêna).

sentido

força

efeito

horário

dextrógiro

dakshinavártêna

centrífuga

irradiação

anti-horário

sinistrógiro

vamavártêna

centrípeta

captação

Seja para a direita ou para a esquerda, todos os chakras devem girar num mesmo sentido, caso contrário o sistema entra em desequilíbrio neurológico, endócrino e psíquico, abrindo as portas a enfermidades dificilmente diagnosticáveis pela medicina. Há pessoas mal informadas divulgando que cada chakra deve girar num sentido. Não devem ser ouvidas. São leigos. Um bom exemplo são as rodas de um automóvel. Se cada roda girar numa direção, ele não vai a parte alguma, mas, seguramente, vai se danificar o veículo – no caso do ser humano, seu veículo corporal. No entanto, há bastante gente com essa síndrome, causada pela mescla de diferentes filosofias, religiões, sistemas, linhas, Mestres etc. Por esse motivo surgiu uma nova profissão: o alinhador de chakras!

Quando o movimento dos chakras é intensificado produz fenômenos, já que há mais energia envolvida. Tanto faz se o sentido é dakshinavártêna ou vamavártêna.

O movimento natural é o dextrógiro, com o qual todos nascemos, exceto nos casos em que, por questões genéticas, alguns indivíduos podem ter de nascença os chakras girando para a esquerda.

As pessoas que nascem com o movimento dos chakras para a direita, ao longo da vida podem inverter o sentido dos lótus, fazendo-os girar para a esquerda ao dedicar-se a determinadas práticas espirituais, tais como as de mediunidade; ou, também, podem corrigir o sentido, fazendo-o voltar ao dextrógiro com a prática de um Yôga legítimo.

Qual dos dois sentidos é o melhor

Depende do que se deseja. Em princípio, nenhum dos dois é superior ao outro. No Yôga, o ideal, aliás, o único possível, é o sentido horário. Caso se pratique desenvolvimento mediúnico, o sentido é anti-horário.

O sentido sinistrógiro dos chakras gera força centrípeta, portanto, de captação. Assim, favorece a mediunidade, a psicografia, a incorporação etc. A razão é simples. Na mediunidade convém ser uma antena captadora de sinais. Não vamos discutir aqui se esses sinais são espíritos, estímulos do inconsciente ou ondas “hertzianas” emitidas por outrem. Seja lá o que for, isso não tem nada a ver com o Yôga.

O sentido dextrógiro dos chakras gera força centrífuga, portanto de irradiação. Dessa forma, favorece os fenômenos de paranormalidade que têm mais afinidade com o Yôga. Nele, tornamo-nos um polo irradiador de energia, refratário a fenômenos mediúnicos. Praticando Yôga, jamais seremos permeados, penetrados ou vulnerabilizados por meio algum. Isso nos preserva blindados contra qualquer tipo de comprimento de onda adverso, seja ele emitido pela natureza (forças radiestésicas) ou por outras pessoas (inveja, mentalizações, maldições, magia, vudu, macumba etc.).

É muito importante que isso fique compreendido para que o praticante de Yôga não se sinta inferiorizado exatamente pela qualidade que lhe proporciona proteção. Os espiritualistas são muito sensíveis, às vezes em excesso, e comentam que estão sentindo, vendo ou ouvindo isto e aquilo. Ora, o yôgin não sofre desse tipo de sensibilidade hiperestésica. A sensibilidade do adepto do Yôga manifesta-se de forma diferente. No entanto, se ele for desavisado, é capaz de pensar que o outro está mais desenvolvido, o que não é verdade. Pode estar é mais desequilibrado ao ficar, em qualquer circunstância, captando vibrações à revelia, que não lhe serão úteis, até muito pelo contrário. Vamos exemplificar.

Imagine que você tem um amigo espiritualista, cujos chakras manifestem movimento anti-horário. Vocês dois vão a uma casa noturna, um bar ou uma danceteria, para buscar alguém. Ao sair, aquele seu amigo declara: “Não posso ir a lugares com esse tipo de vibração… Estou passando mal. Não sentiu?”

Você que pratica Yôga não sentiu nada, pois tem os chakras girando para a direita e, portanto, está protegido. Coisa ruim você não capta. Aí, pode achar que o outro é o mais evoluído, contudo ocorre justamente o contrário.

Vejamos mais um exemplo. Você e seu amigo vão visitar alguém em cuja residência há uma senhora idosa e enferma. Quando vocês saem, ele comenta: “Não gosto de ir a locais que têm pessoas doentes. Eu sou muito sensível e pego a vibração de sofrimento do local. Preciso ir para casa tomar um banho de descarga, com sal grosso e arruda. Você não está sentindo nada?” Se já leu este livro ou fez o curso em vídeo[2], você não se deixará influenciar pela sugestão nas entrelinhas de que seja menos evoluído que o seu amigo.

Você lhe dirá, com a maior naturalidade: “Que nada. Eu pratico SwáSthya[3], tenho muita energia, saúde para dar e vender. Fiquei lá conversando com a velhinha e ela me contou casos maravilhosos da juventude. Diverti-me muito com ela e ela comigo.”

Porém, enquanto vocês dois se retiram, os parentes da senhora enferma comentam: “Já perceberam que quando vem aqui aquele moço que faz Yôga a vovó até melhora?”. Você não nota, mas, por onde anda, vai irradiando força, poder e energia; vai espargindo saúde, vitalidade, bem-estar e felicidade a todos com quantos trava contato. Esse é o efeito dos chakras estimulados pelo SwáSthya, girando em sentido dakshinavártêna.

Como saber qual é o sentido horário

Parece simples. Sentido horário (dakshinavártêna) é o sentido dos ponteiros do relógio. Até aqui, todo o mundo entendeu. O problema é que algumas pessoas interpretam que esse movimento deve ser mentalizado, tomando-se como ponto de observação o lado de dentro do corpo, mas não é assim. O movimento dos chakras é observado por quem nos olha, da mesma forma como observamos o relógio pelo mostrador e não pelo fundo.

Em sala de aula, quando peço que os alunos me mostrem, com um movimento giratório do polegar sobre o ájña chakra, para que lado devem estimular o movimento desse padma, invariavelmente uma parte da turma faz o movimento inverso! Esse engano é tão comum que, neste ponto, você deve interromper a leitura, buscar um relógio analógico que tenha ponteiro de segundos, colocá-lo diante do intercílio e olhar no espelho. O sentido em que estiver girando esse ponteiro é a direção para a qual você deverá estimular os centros de força, mediante os métodos 4 e 8 que serão mencionados no subtítulo a seguir.

Vários meios para desenvolver os chakras

Os chakras podem ser estimulados por vários recursos externos ou por um meio interno. Os ocidentais preferem os artifícios externos. A tradição milenar hindu aprecia a forma interna.

As formas externas ou artificiais são:

1. percussão;

2. fricção;

3. massageamento;

4. passe magnético[4];

5. calor;

6. mantra;

7. concentração;

8. mentalização.

Observe que mesmo a mentalização é considerada como um recurso externo ou artificial.

O meio interno é apenas um: despertar a energia ígnea da kundaliní. Ela atua como ligar a ignição de um motor, o qual coloca em movimento as rodas do veículo.

No SwáSthya Yôga, admitimos utilizar as formas externas, desde que também esteja sendo realizado um trabalho em profundidade que é o despertamento progressivo da energia interna chamada kundaliní.

Fora os recursos voluntários acima mencionados, a estimulação de chakras também pode ocorrer por acidente ou por programação genética numa determinada época da vida. Assim, o possuidor de paranormalidades não é forçosamente mais espiritualizado do que os demais. Pode até ser menos evoluído interiormente, mas ter desenvolvido os fenômenos por meio de treinamento de técnicas, ocorrência de acidente ou programação de DNA.

A ótica hindu e a interpretação ocidental

A estrutura dos chakras divide-se em três partes:

a)      a raiz ou ponto de inserção no eixo central (nádí sushumná);

b)      o caule que leva a energia da kundaliní até o respectivo chakra;

c)      e as flores (lótus), que estão situadas acima da superfície da pele.

Estas últimas são as únicas que os livros mais populares divulgam como sendo “os chakras”!

Nota sobre a ilustração da esquerda

O nosso leitor deve perceber as seguintes distinções entre a ilustração que adotamos e outras porventura semelhantes, mas não iguais: na nossa, o múládhára chakra é voltado para trás, porque essa é a sua posição real; também não representamos os nervos que partem da medula como em desenhos de outros autores e sim mostramos as nádís que partem da flor dos chakras e vão se multifurcando para vascularizar todo o organismo. Observe que na frente as flores dos chakras manipura e swádhistána ficam em posições trocadas.

Pelo fato de gostarem de desenvolver chakras, mas não desejarem mexer com a kundaliní, os ocidentais[5] costumam representar ilustrativamente os chakras deslocados, mais para a direita ou para a esquerda, mais para cima ou para baixo, conforme a localização das “flores”, a porção exterior. Constituem representações apenas dos vórtices dos chakras, cujo desenvolvimento pode originar fenômenos paranormais, mas não produzem evolução interior.

Seria o equivalente a comprar um carro, colocá-lo sobre cavaletes e girar as rodas, uma por uma, com as mãos. As rodas estariam girando, contudo, isso não serviria de nada, pois não podemos utilizar esse veículo se não ligarmos a ignição do motor. Uma estimulação de chakras sem a ignição da kundaliní, aplicando apenas recursos externos ou artificiais, seria comparável ao malabarismo de circo que consiste em colocar sete pratos girando na extremidade de varetas e ficar correndo de um para o outro a fim de mantê-los em movimento. Isso ocorre porque os ocidentais têm medo da kundaliní e preferem trabalhar os chakras, mas não mexer com o poder interno.

As representações gráficas utilizadas pelos hindus para estudar a estrutura da kundaliní e seus sete chakras principais geralmente consistem em dispô-los em linha reta sobre a nádí sushumná, porque aos Mestres indianos interessa mais o trabalho de ativação dos chakras em profundidade, mediante o despertamento da serpente ígnea para a evolução interior, ou seja, ligando a ignição do motor, a partir do que todas as rodas vão girar.[6]

As representações gráficas utilizadas pelos hindus para estudar a estrutura da kundaliní e seus sete chakras principais geralmente consistem em dispô-los em linha reta sobre a nádí sushumná



[1] Para quem deseja começar uma prática bem orientada, completa e balanceada, recomendamos o CD Prática Básica, que ensina pormenorizadamente uma quantidade de técnicas de SwáSthya Yôga, as quais podem ser acompanhadas mesmo por um iniciante.

[3] Swá significa seu próprio. Também embute o sentido de bem ou bom. Sthya transmite a ideia de estabilidade (“sthira sukham ásanam”). Por isso, um dos significados de SwáSthya é auto-suficiência (self-dependence), ou seja, dependência de si próprio, estabilidade em si mesmo; e outro significado é bem-estar (sound state).

[4] Isto não tem nenhuma relação com os passes espíritas. No caso citado neste capítulo, o passe magnético consiste em apontar o polegar para o chakra e girá-lo no sentido desejado, estimulando, dessa forma, o vórtice do chakra.

[5] Por ocidentais designo aqui a cultura judaico-cristã, pois, embora tenha se originado no Oriente Médio, floresceu na Europa e Américas.

[6] Chakras, kundaliní e poderes paranormais faz parte de uma coleção de 40 cursos gravados em vídeo/DVD que podem ser adquiridos na Universidade de Yôga. Recomendamos que os estudantes reúnam os amigos para dividir custos e compartilhar as aulas. Chamamos a isso Grupo de Estudos. Para conhecer o conteúdo dos vídeos consulte o livro Programa do Curso Básico. Nesse livro há também instruções sobre como conduzir um Grupo de Estudos. Se quiser acessar gratuitamente na internet um resumo dessas aulas, basta entrar no site www.uni-yoga.org.

domingo, 11 de março de 2012 | Autor:

Prána, a energia vital

Prána é o nome genérico que se dá a qualquer forma de energia manifestada biologicamente. Logo, calor e eletricidade são formas de prána, desde que manifestadas por um ser vivo. Após os mantras e as palmas que os acompanham ocorre uma intensa irradiação de prána pelas palmas das mãos e podemos aplicá-las sobre um chakra que queiramos desenvolver, sobre uma articulação que desejemos melhorar ou sobre um órgão que precise de algum reforço de vitalidade ou regeneração.

Prána, no sentido genérico, é uma síntese de energia de origem solar e que encontra-se em toda parte: no ar, na água, nos alimentos, nos organismos vivos. Assim, nossas fontes de reabastecimento pránico são o Sol, o ar que respiramos, o ar livre tocando nosso corpo, a água que bebemos, os alimentos que ingerimos. Podemos aumentar ou reduzir a quantidade de prána dos alimentos. O cozimento, por exemplo, reduz o prána[1]. Já a pranificação trocando a água várias vezes de um copo para o outro pode enriquecê-la de energia vital.

O prána pode ser visto e fotografado. Para vê-lo a olho nu, basta dirigir o olhar para o céu azul num dia de sol. Divise o infinito azul do céu. Pouco a pouco, começará a perceber miríades de pontos luminosos, extremamente dinâmicos, que realizam trajetórias curvas e sinuosas, com grande velocidade e brilho. Não confunda isso com fenômenos óticos, os quais também ocorrem, mas não guardam semelhança alguma com a percepção do prána. Quanto a fotografá-lo, a kirliangrafia já vem sendo estudada há quase meio século e conta com um acervo bastante eloquente.

Prána (genérico) divide-se em cinco pránas específicos:

 

prána

– localizado no peito

apána

– localizado no ânus

samána

– localizado na região gástrica

udána

– localizado na garganta

vyána

– localizado no corpo todo

Os mais importantes são prána e apána, pelo fato de terem polaridades opostas. Prána é positivo e apána é negativo. Dessa forma, quando conseguimos fazer com que se encontrem, (por exemplo, levantando apána por meio do múla bandha) os dois polos opostos resultam numa faísca que é o início do despertamento da kundaliní[2].

Além dos pránas, há também o conhecimento dos sub-pránas que exercem funções muito particulares, tais como o piscar dos olhos, o bocejo e outros. Esses sub-pránas denominam-se krikára, kúrma etc.

Ilustração das bifurcações das nádís e a formação dos redemoinhos que são pequenos chakras secundários os quais regulam a energia que será distribuída para os órgãos, plexos e glândulas. Esses chakras secundários são chamados de “pontos” pela acupuntura, pelo shiatsu e pelo do-in.

Podemos influenciar a quantidade de prána que flui pelos respectivos canais, atuando sobre os chakras principais e sobre os secundários. Os principais, na verdade, controlam toda a malha de chakras secundários, regulando-os. No entanto, podemos proceder a uma sintonia fina, estimulando ou sedando os chakras secundários, que são mais ligados às funções dos órgãos físicos. Nisto, a acupuntura, o shiatsu, a mosha e o do-in são muito eficientes.



[1] Consulte o capítulo Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha!.

[2] Sobre a importância de respeitar o gênero feminino do termo kundaliní, daremos mais elementos no sub-título A kundaliní é feminina, no final deste capítulo.

quinta-feira, 1 de março de 2012 | Autor:

Na verdade, tem. Se alguém declarar que a palavra Yôga (Yoga) não tem acento, peça-lhe para mostrar como se escreve o ô-ki-matra (ô-ki-matra é um termo hindi utilizado atualmente na Índia para sinalizar a sílaba forte). Depois, peça-lhe para indicar onde o ô-ki-matra aparece na palavra Yôga (Yoga) [ele aparece logo depois da letra y]. Em seguida, pergunte-lhe o que significa o termo ô-ki-matra. Ele deverá responder que ô-ki-matra traduz-se como “acento do o”. Então, mais uma vez, provado está que a palavra Yôga (Yoga) tem acento.

O acento no sânscrito transliterado deve aparecer sempre que no original, em alfabeto dêvanágarí, houver uma letra longa. A letra longa, via de regra, é representada por um traço vertical a mais, logo após a sílaba que deve ser alongada. Para indicar isso em alfabeto latino, na convenção que adotamos usa-se acento agudo quando tratar-se dos fonemas a, i, u; ou circunflexo quando for o ou e.

O acento circunflexo na palavra Yôga (Yoga) é tão importante que mesmo em livros publicados em inglês e castelhano, línguas que não possuem o circunflexo, ele é usado para grafar este vocábulo.

Bibliografia para o idioma espanhol:

  • Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.

Bibliografia para o idioma inglês:

  • Pátañjali Aphorisms of Yôga (Yoga), de Srí Purôhit Swámi, Faber and Faber, Londres.
  • Encyclopædia Britannica, no verbete Sanskrit language and literature, volume XIX, edição de 1954.

Bibliografia para o idioma português:

  • Poema do Senhor (Bhagavad Gítá), de Vyasa, Editora Assírio e Alvim, Lisboa.

A convenção que utilizo
para transliteração do sânscrito

Minha convenção para a transliteração do sânscrito é mais lógica e mais prática para o uso na nossa profissão. Portanto, não vou abrir mão de uma convenção melhor só porque existe uma outra, acadêmica, que não nos satisfaz.

Esta não é uma convenção acadêmica. É a convenção que eu adotei. Querer discutir ou comparar a minha convenção com a convenção acadêmica é o mesmo que querer somar elefantes com tangerinas.

A linguagem acadêmica de um advogado (o advoguês) ou de um economista (o economês) pode ser muito boa dentro do círculo acadêmico, mas para uso fora da profissão mostra-se inadequada, incompreensível e, em alguns casos, até caricata.

Da mesma forma, a transliteração acadêmica do sânscrito pode ser muito boa no ambiente acadêmico, mas não fora dele, por exemplo, quando determina usar o ç para escrever a o nome de Shiva (Çiva). Ora, o som do primeiro fonema é levemente chiado. O leitor que não tenha sido informado que para a transliteração acadêmica çi tem o som aproximado de shi, instintivamente pronunciará errado e dirá “ssiva” Na escrita que aprendi na Índia, o sh sugere a pronúncia correta mesmo para leigos em sânscrito. Além do mais, utilizar o ç para escrever o nome de Shiva agride não apenas uma, mas duas regras da nossa língua. Em português, não se usa ç antes de i; e não se aplica ç no início de palavras.

Outro exemplo contundente é quando a transliteração acadêmica impõe grafar Yôga (Yoga)  com i. No curso de sânscrito que tive o privilégio de fazer em 1976 com um ilustre professor da USP – Universidade de São Paulo, um dia perguntei por que eu deveria transliterar “ioga”, se a letra y é diferente da letra i, tem outro formato e outro som, e está claramente indicada na palavra Yôga (Yoga)? Pior: quando eu transliterasse “Layá Ioga”, por que eu deveria respeitar a exatidão ao transliterar o y de Layá, mas deveria não respeitar essa exatidão ao substituir o y de Yôga (Yoga)  por uma letra i?

Meu ex-professor, por quem eu guardo muito carinho e profundo respeito, me esclareceu com toda a paciência. Disse-me que eu estava com a razão, mas que ele, como professor universitário, precisava obedecer à norma acadêmica, caso contrário poderia até perder o emprego. E que norma seria essa? “Termos sânscritos que já tenham sido dicionarizados, um professor universitário precisa transliterar da forma como constarem nos dicionários de português.”

Desculpe, mas isso não está certo. Respeito que os professores acadêmicos precisem se dobrar a essa norma, mas eu não preciso e não o farei. Até porque a palavra Yôga (Yoga)  aparece grafada com y em vários dicionários de português, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa; o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora; a Enciclopédia Verbo; et reliqua, aceitam a grafia de Yôga (Yoga)  com y e no gênero masculino.

Muito interessante é observar que mesmo naquela época recuada na qual esta escritura hindu foi elaborada (mais ou menos no século sexto antes de Cristo), o texto da Gítá declara solenemente:

  1. que o Yôga (Yoga)  Antigo fora recebido por revelação pelos, assim chamados, “videntes reais”;
  2. que, após muito tempo, o Yôga (Yoga)  “proclamado antigamente” havia sido perdido. Imagine que no século VI a.C. ele já era considerado antigo e, mais, já havia sido perdido!

A que Yôga (Yoga)  o texto ancestral se referia? Obviamente, o Yôga (Yoga)  Pré-Clássico, pré-vêdico, pré-ariano, dravídico, que fora perdido com a ocupação ariana. Sabe-se que sua fundamentação era matriarcal e não-mística. Com a arianização, tornou-se patriarcal e, depois, mística. Logo, a estrutura original e antiga havia sido perdida, já nos tempos da elaboração da Bhagavad Gítá.

Palavra é mantra:
pronuncie corretamente com ô fechado

Pronunciar Yôga (Yoga)  (com ô fechado) é tão pedante
quanto pronunciar problema, para quem habitualmente diz “pobrema”.

Pronunciar um mantra erradamente pode desencadear forças desconhecidas com efeitos imprevisíveis. Recordemos o caso daquele professor de “yóga” do Rio de Janeiro (Vayuánanda, aliás, Carlos Ovídio Trota) que ensinava o bíjá mantra errado para o chakra do coração usava pam no lugar de yam e morreu de ataque cardíaco. Uma coincidência, certamente!

Se o mantra que designa esta filosofia de poder, saúde, amor e união, pronuncia-se Yôga (Yoga) , com ô fechado, quem pronunciar erradamente “a yóga”, com ó aberto, não conseguirá entrar em sintonia com o seu clichê arquivado no inconsciente coletivo ou registro akáshiko. Por isso, tais pessoas que pronunciam “a yóga” não conseguem poder, saúde, amor nem união, mas fraqueza, enfermidade, intolerância e desunião.

Quando os Mestres ancestrais determinaram o som mântrico Yôga (Yoga) , com ô fechado, para designar a nossa filosofia, eles sabiam muito bem o que estavam fazendo e a ninguém mais cabe a arrogância de achar que pode adulterar impunemente o nome do Yôga (Yoga) .

Muito da força que os mantras possuem deve-se ao conhecimento dos Mestres que souberam elaborá-lo numa alquimia de vibrações. Mas outro tanto do seu poder é adquirido com o passar dos séculos, cujo tempo impregna-o cada vez mais profundamente no inconsciente coletivo da humanidade. E, ainda, um outro tanto é gerado pela multiplicação quantitativa de pessoas que usam e veneram tais mantras, imantando-os com o poder dos seus próprios inconscientes individuais, prána, mente e ānima. No caso da palavra Yôga (Yoga) , com ô fechado, temos todos esses três fatores:

a) foi criado pelos Mestres ancestrais;

b) tem milhares de anos de antiguidade;

c) vem sendo utilizado e venerado por milhões de pessoas em cada geração, há milênios.

Tudo isso, porém, só se aplica à pronúncia correta do mantra Yôga (Yoga)  com ô fechado. Depois destas explicações, você ainda acha justificável o argumento evasivo de que “estamos no Brasil e aqui se fala a yóga“? Além do mais, essa premissa é falsa: no nosso país pronuncia-se o Yôga (Yoga) , sim senhor, numa percentagem bem elevada, especialmente entre os que mais entendem do assunto. E por estarmos no Brasil, acaso pronunciamos “Vachínguitom” o nome da capital dos Estados Unidos?

Não se trata de uma simples filigrana sem valor. Trata-se de um detalhe da mais alta importância, que utilizamos para separar o joio do trigo. Uma pessoa que entenda do assunto pronunciará o Yôga (Yoga) , enquanto que um ensinante sem boa formação pronunciará “a yóga“.

Por isso, quando alguém diz que está fazendo “yóga“, é exatamente isso o que está fazendo. Noutras palavras, não está praticando aquela filosofia que na antiguidade recebeu o nome de Yôga (Yoga)  e assim tem sido chamada durante milênios, no mundo inteiro.

Quem diz que faz ou ensina “yóga“, está se referindo a uma outra modalidade totalmente distinta, que teve origem no século vinte, aqui mesmo no Brasil. A “yóga” tem outra finalidade. Não pode ser confundida com o Yôga (Yoga) .

Ainda há aqueles que argumentam:

Yôga (Yoga) , yóga, tanto faz; com acento, sem acento, não faz diferença.

Quer dizer que não há diferença entre sábia, sabia e sabiá? Pois as diferenças entre uma pessoa sábia e um sabiá são as mesmas que existem entre o Yôga (Yoga)  e a “yóga“. Não sabia?

Quando pronunciamos corretamente os fonemas abertos ou fechados, isso estabelece distinções de significado. Veja, por exemplo, a frase: “Meu molho (mólho) de chaves caiu dentro do molho (môlho) de tomate.” Imaginou inverter para um “môlho” de chaves e um “mólho” de tomates? As chaves teriam que ser deixadas dentro da panela com água, e os tomates estariam em um feixe. Considere agora este outro exemplo: “Aquela menina travessa quebrou a travessa de comida.” E mais este: “Segure a fôrma desta forma.” Em todas as frases, a pronúncia, fechada em um vocábulo e aberta em outro de grafia idêntica, determina significados totalmente diferentes.

A grafia com Y

Quanto à escrita, o y e o i no sânscrito têm valores fonéticos, semânticos, ortográficos e vibratórios totalmente diferentes. O i é uma letra que não se usa antes de vogais, enquanto que o y é fluido e rápido para se associar harmoniosamente com a vogal seguinte. Tal fenômeno fonético pode ser ilustrado com a palavra eu, em espanhol (yo, que se pronuncia mais ou menos “”; em Buenos Aires “”) e em italiano (io, que se pronuncia “ío”). Mesmo as palavras sânscritas terminadas em i, frequentemente têm-na substituída pelo y se a palavra seguinte iniciar por vogal, a fim de obter fluidez na linguagem. Esse é o caso do termo ádi que, acompanhado da palavra ashtánga, fica ády ashtánga.

Vamos encontrar a palavra “ioga” sem o y no Dicionário Aurélio, com a justificativa de que o y “não existe” no português! Só que no mesmo dicionário constam as palavras baby, play-boy, playground, office-boy, spray, show, water polo, watt, wind surf, W.C., sweepstake, cow-boy, black-tie, black-out, back-ground, slack, sexy, bye-bye, railway, milady e muitas outras, respeitando a grafia original com k, w e y, letras que “não existem”. Por que será? Por que usar dois pesos e duas medidas? (Aliás, eu gostaria de saber para que queremos o termo railway! Não utilizamos estrada de ferro?). Palavras tão corriqueiras quanto baby, playboy etc., deveriam então, com muito mais razão, ter sido aportuguesadas para beibi e pleibói. Por que não o foram e “a ioga”, sim? E o que é que você, leitor, acha disso? Não lhe parece covardia dos linguistas perante seus patrões anglo-saxônicos?

É, no mínimo, curioso que o Dicionário Michaelis da língua portuguesa, registre as palavras yin e yang com y, ao mesmo tempo em que declara que o y não podia ser usado na palavra Yôga (Yoga) , porque “não existia na nossa língua”![1]

Pior: no Dicionário Houaiss encontra-se registrado até yacht (iate), yachting (iatismo), yanomami [do tupi-guarani], yen [do japonês], yeti [do nepalês], yom kippur [do hebraico], yama, yantra, yoni [do sânscrito], todos com y, mas o Yôga (Yoga) , não. Isso é uma arbitrariedade.

O próprio Governo do Brasil nunca admitiu que as letras y, k e w não existissem, pois sempre as colocou nas placas dos automóveis! Em Brasília, desde 1960, existe a Avenida W3 (W de West!!!). E se é o povo que faz a língua, nosso povo jamais aceitou que quilo fosse escrito sem k, como no resto do mundo, assim como recusa-se a acatar que a palavra Yôga (Yoga)  não seja grafada com y, como no país de origem (Índia) e nos países de onde recebemos nossa herança cultural (França, Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra). Basta fazer uma consulta popular para constatar que a vox populi manda grafar Yôga (Yoga)  com y.

Se tivéssemos que nos submeter à truculência do aportuguesamento compulsivo, deveríamos grafar assim o texto abaixo, de acordo com as normas atuais da nossa ortografia, palavras estas citadas pelo Prof. Luiz Antonio Sacconi, autor de vários livros sobre a nossa língua:

Declarar que a palavra ioga deve ser escrita com i por ter sido aportuguesada, está virando eslogã. Mas basta um flexe com uma amostragem de opinião pública para nos dar ideia do absurdo perpetrado. Podemos utilizar o nourrau de um frilâncer e entrar num trole para realizar a enquete. Perguntemos a um ripe, um panque, um estudante, um desportista e um empresário, como é que se escreve a palavra Yôga (Yoga) . Todos dirão que é com y . Isso não é um suipsteique. É muito mais um checape. Se, passado o râxi, você pedir uma píteça igual à que está no autedor, e ela vier sem muçarela e com excesso de quetechupe, não entre em estresse. A vida na jângal de uma megalópole tem que passar mesmo por um runimol de tensões. Por isso é que aconselhamos a prática de algum róbi, tal como jujutso, ioga ou mesmo a leitura de um bom livro cujo copirráite seja de autor confiável e o leiaute da capa sugira uma obra séria. Em último caso, ouvir um longuiplei em equipamento estéreo com uótes suficientes de saída. Se você não possuir tal equipamento, sempre poderá ir a um xópingue comprá-lo ou tentar um lísingue. Caso nada disso dê certo, console-se com um milque xeque e com a leitura de um livro brasileiro sobre o aportuguesamento de palavras estrangeiras. Garanto que você vai rir bastante e será um excelente márquetingue a favor da minha tese que reivindica a manutenção do y na palavra Yôga (Yoga) . (Texto composto seguindo rigorosamente o vocabulário corrigido de acordo com as normas de aportuguesamento vigentes em 1996.)

Se um tal texto não parece adequado, também não o é grafar Yôga (Yoga)  com i, nem colocá-lo no feminino (“a ioga“). Recordemos ainda a norma da língua: “os vocábulos estrangeiros devem ser pronunciados de acordo com seu idioma de origem”. Por isso watt virou uóte e não váte; e rush virou râxi e não rúxi. Demonstrado está que deve-se pronunciar o Yôga (Yoga)  com ô fechado, como na sua origem.

O Yôga (Yoga)  é termo masculino

Quanto ao aportuguesamento da palavra, isto é, passando a grafá-la com i e convertendo-a para o gênero feminino, não podemos ignorar a regra para o uso de estrangeirismos incorporados à nossa língua a qual manda preservar, sempre que possível, a pronúncia e o gênero do idioma de origem. Por exemplo: le chateau, resulta em português o chatô e não a xateáu, e la mousse resulta em português a musse, e não o musse.

Ao mudar o gênero, altera-se o sentido de muitas palavras que passam a significar coisas completamente diferentes. Por exemplo: a moral significa código de princípios e o moral refere-se a um estado de espírito, auto-estima, fibra; meu micro designa um equipamento e minha micro é um tipo de empresa. O mesmo ocorre com a capital e o capital; a papa e o Papa; etc. Portanto, aceitemos que no Brasil o Yôga (Yoga)  tem um significado diferente de “a yoga” ou, pior, “a ioga”.

Além do mais, declarar que Yôga (Yoga)  precisa ser feminino só por terminar com a, é uma desculpa esfarrapada, pois estamos cheios de exemplos de palavras masculinas de origem portuguesa ou incorporadas à nossa língua, e todas terminadas em a[2]. Duvida? Então lá vai:

o idiota, o canalha, o crápula, o pateta, o trouxa, o hipócrita, o careta, o facínora, o nazista, o fascista, o chauvinista, o sofisma, o anátema, o estigma, o tapa, o estratagema, o drama, o grama, o cisma, o crisma, o prisma, o tema, o trema, o samba, o bamba, o dilema, o sistema, o fonema, o esquema, o panorama, o clima, o puma, o profeta, o cosmopolita, o plasma, o mioma, o miasma, o fibroma, o diadema, o sósia, o soma, o telegrama, o telefonema, o cinema, o aroma, o altruísta, o homeopata, o sintoma, o careca, o carioca, o arataca, o capixaba, o caipira, o caiçara, o caipora, o coroa, o cara, o janota, o agiota, o planeta, o jornalista, o poeta, o ciclista, o judôca, o karatêca, o acrobata, o motorista, o atalaia, o sentinela, o pirata, o fantasma, o teorema, o problema… et cætera.

Para reforçar nosso argumento, invocamos o fato de que todos os cursos de formação de instrutores de Yôga (Yoga)  em todas as Universidades Federais, Estaduais e Católicas, onde ele vem sendo realizado desde a década de 70, a grafia adotada foi com y, o gênero foi o masculino e a pronúncia foi a universal, com ô fechado. Por recomendação da Confederação Nacional de Federações de Yôga (Yoga)  do Brasil, a partir de 1990 todos esses cursos passaram a adotar o acento circunflexo.

Adotamos o circunflexo pelo fato de o acento já existir na grafia original em alfabeto dêvanágarí.

No inglês não há acentos. Como foram os ingleses que primeiramente propuseram uma transliteração para o sânscrito, a prática de não acentuar essa língua universalizou-se. Tal limitação do idioma britânico não deve servir de pretexto para que continuemos em erro. Mesmo porque, na própria Inglaterra esse erro está começando a ser corrigido.

Sempre que no sânscrito o fonema for longo, já que no português dispomos de acentos para indicar o fenômeno fonético, devemos sinalizar isso, acentuando. Um excelente exemplo é o precedente do termo Judô. Em língua alguma ele tem acento. Nem mesmo em português de Portugal![3] Não obstante, no Brasil, tem. Assim, quando alguém quiser usar como argumento a suposição de que a palavra Yôga (Yoga)  não levaria acento em outras línguas, basta invocar o precedente da palavra Judô. Com a vantagem de que o dêvanágarí, ao contrário do japonês, é alfabeto fonético, logo, o acento é claramente indicado.

Esse acento é tão importante que mesmo em livros publicados em inglês e castelhano, línguas que não possuem o circunflexo, ele é usado na palavra Yôga (Yoga)  (vide Aphorisms of Yôga (Yoga) , de Srí Purôhit Swami, Editora Faber & Faber, de Londres; Léxico de Filosofía Hindú, de F. Kastberger, Editorial Kier, de Buenos Aires; a utilização do acento é ratificada pela Encyclopædia Britannica, no verbete Sanskrit language and literature, volume XIX, pag. 954, edição de 1954.).

Uma gravação ensinando a pronúncia correta

A fim de pôr termo na eterna discussão sobre a pronúncia correta dos vocábulos sânscritos, numa das viagens à Índia entrevistamos os Swámis Vibhodánanda e Turyánanda Saraswatí, em Rishikêsh, e o professor de sânscrito Dr. Muralitha, em Nova Delhi.

A entrevista com o Swámi Turyánanda foi muito interessante, uma vez que ele é natural de Goa, região da Índia que fala português e, assim, a conversação transcorreu de forma bem compreensível. E também pitoresca, pois Turyánandaji, além do sotaque característico e de ser bem idoso, misturava português, inglês, hindi e sânscrito em cada frase que pronunciava. Mesmo assim, não ficou confuso. É uma delícia ouvir o velhinho ficar indignado com a pronúncia “yóga”. Ao perguntar-lhe se isso estava certo, respondeu zangado:

– Yóga, não. Yóga não está certo. Yôga (Yoga) . Yôga (Yoga)  é que está certo.

Quanto ao Dr. Muralitha, este teve a gentileza de ensinar sob a forma de exercício fonético com repetição, todos os termos sânscritos constantes do glossário do nosso livro Tratado de Yôga (Yoga) . Confirmamos, então, que não se diz múdra e sim mudrá; não se diz kundalíni e sim kundaliní; não se diz AUM e sim ÔM, não se diz yóga e sim Yôga (Yoga) ; e muitas outras correções.

Recomendamos veementemente que o leitor escute e estude essa gravação. Se tratar-se de instrutor de Yôga (Yoga) , é aconselhável tê-la sempre à mão para documentar sua opinião e encurtar as discussões quando os indefectíveis sabichões quiserem impor seus disparates habituais.

 



[1] Com o novo acordo ortográfico, o y foi reintegrado à nossa língua. Quer apostar como vão conseguir uma desculpa para que o Yôga (Yoga)  continue desfigurado, escrito com i ?

[2] Algumas destas palavras podem ser usadas nos dois gêneros, pormenor que não invalida a força do exemplo.

[3] A falta do acento na palavra Judô (Judo) faz com que em Portugal seja pronunciada Júdo. Talvez devido a um fenômeno linguístico semelhante, alguns brasileiros pronunciem yóga, pela falta do circunflexo. No entanto, repetimos que o acento circunflexo não é utilizado para fechar a pronúncia e sim para indicar crase de vogais diferentes (a + u = ô).

sábado, 25 de fevereiro de 2012 | Autor:

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Se apreciar, procure-o nas livrarias e  indique-o a quem gostar de Yôga.


Nada nasce já clássico

Não há nada de novo, a não ser o que foi esquecido.
Rose Bertin

Em nossos estudos e mais de 20 anos de viagens à Índia detectamos um erro gravíssimo cometido pela maior parte dos autores de livros e pela maioria dos professores. Declaram eles com frequência que o mais antigo é o Yôga Clássico, do qual ter-se-iam originado todos os demais. É muito fácil provar que estão sofrendo de cegueira paradigmática. Para começo de conversa, nada nasce já clássico. A música não surgiu como música clássica. Primeiro nasceu a música primitiva que foi origem de todas as outras até que, muito tempo depois, apareceu a música clássica. A dança é outro exemplo eloquente. Primeiro surgiu a dança primitiva que deu origem a todas as outras modalidades e precisou consumir milhares de anos até chegar a um tipo chamado dança clássica. Nada nasce já clássico. E assim foi com a nossa tradição ancestral. Inicialmente, nasceu o Yôga Primitivo, Pré-Clássico, pré-ariano, pré-vêdico, proto-histórico. Ele precisou se transformar durante milhares de anos para chegar a ser considerado Clássico. Provado está que o Yôga Clássico não é o mais antigo, consequentemente, não nasceram dele todos os demais – o Pré-Clássico, por exemplo, não nasceu dele.

Além dessa demonstração, nas escavações em diversos sítios arqueológicos foram encontradas evidências de posições de Yôga muito anteriores ao período clássico; e textos que precederam essa época já citavam o Yôga, como é o caso das Upanishadas e da Bhagavad Gítá (muito anteriores ao Yôga Clássico).

É interessante porque, ao mesmo tempo em que todos os autores afirmam que o Yôga tem mais de 5000 anos de existência, a maioria declara que o mais antigo é o Clássico, o qual foi surgir apenas no século terceiro antes da Era Cristã, criando uma lacuna de 3000 anos, o que constitui incoerência, no mínimo, em termos de matemática!

Mas como doutos escritores e Mestres honestos puderam cometer um erro tão primário?

Acontece que a Índia foi ocupada pelos áryas, cujas últimas vagas de ocupação ocorreram a cerca de 1500 a.C. Isso foi o golpe de misericórdia na Civilização do Vale do Indo, de etnia dravídica. Conforme registraram muitos historiadores, os áryas eram na época um povo nômade guerreiro sub-bárbaro. Precisou evoluir mil e quinhentos anos para ascender à categoria de bárbaro durante o Império Romano. A Índia foi o único país que, depois de haver conquistado a arte da arquitetura, após a ocupação ariana passou séculos sem arquitetura alguma, pois seus dominadores sabiam destruir, mas não sabiam construir, já que eram nômades e viviam em tendas de peles de animais.

Como sempre, “ai dos vencidos”. Os arianos aclamaram-se raça superior (isto lembra-nos algum evento mais recente envolvendo os mesmos arianos?) promoveram uma “limpeza étnica” e destruíram todas as evidências da civilização anterior. Essa eliminação de evidências foi tão eficiente que ninguém na Índia e no mundo inteiro sabia da existência da Civilização do Vale do Indo, até o final do século XIX, quando o arqueólogo inglês Alexander Cunningham decidiu investigar umas ruínas em 1873. Por isso, as Escrituras hindus ignoram o Yôga Primitivo e começam a História no meio do caminho, quando esse nobre sistema já havia sido arianizado.

Tudo o que fosse dravídico era considerado inferior, assim como o fizeram nossos antepassados europeus ao dizimar os aborígenes das Américas e usurpar suas terras. O que era da cultura indígena passou a ser considerado selvagem, inferior, primitivo, indigno e, até mesmo, pecaminoso e sacrílego. Faz pouco menos de quinhentos anos que a cultura européia destruiu as Civilizações Pré-Colombianas e já quase não há vestígio das línguas (a maioria foi extinta), assim como da sua medicina, das suas crenças e da sua engenharia que construiu Machu Picchu, as pirâmides da América Latina, os templos e as fortalezas, cortando a rocha com tanta perfeição sem o conhecimento do ferro e movendo-as sem o conhecimento da roda.

Da mesma forma, na Índia, após 3500 anos da ocupação ariana, não restara vestígio algum da extinta Civilização Dravídica. O Yôga mais antigo? “Só podia ser ariano!” Descoberto o erro histórico há mais de cem anos, já era hora de os autores de livros sobre o assunto pararem de simplesmente repetir o que outros escreveram antes dessa descoberta e admitirem que existira, sim, um Yôga arcaico, Pré-Clássico, pré-vêdico, pré-ariano, que era muito mais completo, mais forte e mais autêntico, justamente por ser o original.

Se não encontrar o livro nas livrarias, poderá pedi-lo para:

Método Distribuidora – tel. (11) 3589-7227.
Office – tel (11) 3064-3949.
Unidade Jardins (11) 3081-9821.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012 | Autor:

Olá Mestre!

Luiz Kobuti Ferreira, um amigo próximo, e sua equipe estão desenvolvendo uma pesquisa para o Instituto e Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Eles procuram por voluntários.

É uma pesquisa para entender o impacto que idade causa na memória e funcionamento cerebral das pessoas. Os hábitos saudáveis de Nossa Egrégora fazem com que muitos de nossos alunos e instrutores se enquadrem no perfil que eles buscam. Por isso, divulgar a procura por voluntários em nossas escolas e blogs poderia facilitar essa pesquisa tão importante para o conhecimento científico de nosso país.

Os pesquisadores procuram por por pessoas descomplicadas, quem não fumem, nem tenham problemas com bebidas alcóolicas, ou drogas. Na imagem em pdf que mando em anexo, existem mais algumas restrições aos voluntários e o contato para participar da pesquisa.

Um grande abraço!

Marcos

File: DivulgacaoPesquisaCerebro.pdf