Certa vez, chegando ao Brasil de uma viagem ao exterior, encontramos, no aeroporto internacional, um serzinho pequeno que ia de passante em passante, pedindo para ser adotado. Saltava como uma molinha, como se quisesse se aboletar no colo das pessoas, o rabinho abanando incessantemente e um olhar suplicante; não havia como ignorá-lo. Quando veio pulando em mim, fiz-lhe carinho e senti receptividade. Dei-lhe comida. Olhei nos seus olhinhos negros e não consegui deixá-lo lá.
Não caberia mais um ente querido de quatro (nem mesmo de duas) patas no nosso apartamento. Ainda assim, trouxemo-lo conosco. Deixamo-lo durante alguns dias numa clínica, em observação, tomando todas as vacinas. Quando fomos buscá-lo no veterinário, sua alegria por nos rever era inacreditável. Minha amiga Virgínia se apaixonou por ele e adotou-o.
Quando perguntam sua raça, digo que é street terrier. Mas é bem possível que tenha mesmo algum ascendente com pedigree. Ele tem uma índole ótima, é ultra-educado, logo tornou-se vegetariano com prazer e parece estar nos dizendo o tempo todo “Obrigado, obrigado por me darem um larzinho!”. Quando fomos viajar para passar o Ano Novo no Rio, Vivi teve que deixá-lo na casa da treinadora. Ao retornarmos para buscá-lo, soubemos que ele ficou sentado diante do portão até as onze da noite esperando que sua “mãe” humana voltasse.
youtu.be/bFMeVwMf4FM