Falar ou escrever com erros é uma das maiores demonstrações de que o indivíduo em questão não recebeu uma boa educação.
Tenho acompanhado o fenômeno da evolução da nossa língua durante estas últimas décadas com perplexidade e apreensão. Muito em breve não estaremos mais falando português e sim algum dialeto esdrúxulo. Até quando poderemos declarar, com orgulho, que falamos uma língua vagamente aparentada com a de Camões, a melhor língua literária do mundo?
Para quem fala bem o português, uma palavra errada, uma dicção viciosa, uma concordância mal feita por parte do interlocutor são coisas que causam má impressão. Se quem fala é um instrutor, mais grave ainda, pois precisa expressar-se de forma compreensível por tratar-se de pessoa que vai à frente do público para instruí-lo!
Ademais, somos especializados em público de nível superior. Já imaginou o desconforto que causaria a um cliente culto ter que aprender algo de um profissional que não sabe nem falar corretamente a própria língua?
Eu mesmo já abandonei cursos de informática, de anatomia e de outras disciplinas porque era insuportável receber em minha mente os sucessivos insultos à cultura perpetrados pelos semi-analfabetos que pretendiam receber o meu dinheiro para ensinar-me alguma daquelas matérias.
Os erros que se seguem denotam origens humildes e são sinalizadores de pouca cultura, mesmo se quem os aplicar for portador de diploma universitário, como vem ocorrendo cada vez com maior frequência.
Não diga:
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Diga:
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Um desse, um daquele.
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Um desses, um daqueles.
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Um óculos, meu óculos.
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Uns óculos, meus óculos.
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Quer que eu faço?
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Quer que eu faça?
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Quer que eu vou?
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Quer que eu vá?
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Como é que você chama?
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Como é que você se chama?
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Que nem.
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Como.
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Eu vou vim.
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Eu virei, eu venho.
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Se você ver.
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Se você vir.
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Se você manter.
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Se você mantiver.
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Se você compor.
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Se você compuser.
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Antes de ontem.
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Anteontem.
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Duzentas gramas.
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Duzentos gramas.
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Dou aula de terças e quintas.
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Dou aulas às terças e quintas.
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Ele falou assim que não vai poder.
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Ele falou que não vai poder.
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Ele falou assim: “não vou poder”.
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Se caso ele não puder.
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Se ele não puder.
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Caso ele não possa.
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Provavelmente ele não possa.
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Provavelmente ele não vai poder.
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É provável que ele não possa.
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Por causa que…
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Porque…
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Estou meia cansada.
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Estou meio cansada.
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Já são uma hora.
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Já é uma hora.
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Já é meio dia e meio.
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Já é meio dia e meia.
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Faço assim, igual: quando sair eu aviso.
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Faço assim: quando sair eu aviso.
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Igual: sábado eu falei corretamente.
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Por exemplo: sábado eu falei…
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Igual ontem, igual eu.
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Como ontem, como eu.
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Subzídio. (Com som de z.)
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Subsídio. (Com som de s.)
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Môlho de chaves.
(Só se puser as chaves de molho).
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Mólho de chaves (sem acento).
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Deitar de costa.
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Deitar de costas.
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Eu truce.
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Eu trouxe.
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Entre 4 a 6 dias.
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Entre 4 e 6 dias.
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Trabalho tanto como ele.
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Trabalho tanto quanto ele.
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Muitas das vezes.
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Muitas vezes.
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Oras bolas.
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Ora bolas.
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Fulano é píssico.
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(Alucinação idiomática).
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Os guarani.
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Os guaranis.
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O filme ganhou oito oscar.
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O filme ganhou oito oscars.
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Comprei uma Mercedes.
(Só se você comprou uma mulher)
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Comprei um Mercedes.
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Metereológico.
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Meteorológico.
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Com nós.
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Conosco.
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Própio.
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Próprio.
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Poblema, pobrema.
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Problema.
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Adevogado.
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Advogado.
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Largatixa, largato, iorgute.
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Lagartixa, lagarto, iogurte.
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Foi uma situação onde…
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Foi uma situação na qual…
(onde, só lugar físico.)
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Você acha que só quem fala assim não foi alfabetizado? Então, preste atenção quando seus amigos falarem. Vai identificar muitas destas gralhas no falar da maior parte deles. A partir daí, por autocrítica, considere a possibilidade de você, que é amigo daquelas pessoas, estar cometendo escorregadelas similares. E passe a prestar atenção à sua locução.
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P.S. – Aos colegas de Portugal, peço que corrijam os seus monitorados e equipes quanto aos erros mais comuns em suas cidades. O mesmo com relação aos demais países.
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