sábado, 22 de setembro de 2012 | Autor:

Uma mulher, que acabou de comprar uma xícara de café e cinco biscoitos de chocolate, sentou-se em uma mesa em frente à loja de biscoitos, defronte a um homem desconhecido que estava sentado na mesma mesa. Depois de provar o café, ela tirou um biscoito do pacote.
Assim que ela começou a comer, o homem pegou o pacote e tirou um biscoito. Paralisada de raiva, silêncio e descrença, ela comeu o primeiro biscoito e pensou no que fazer depois.
Será que imaginou o que ela tem certeza que viu? Ele teria coragem de fazer isso novamente?

Finalmente quando a curiosidade passou, ela pegou um segundo biscoito no pacote.
Confiante, o homem também foi e pegou outro biscoito, estampando um enorme sorriso no rosto enquanto comia. Somente a sua certeza de um autocontrole impecável a impediu de protestar contra esse ladrão de biscoitos. Afinal, a arrogância deste homem era extraordinária, e ele não parecia um mendigo, vestido de terno e gravata.
Já que havia apenas um biscoito sobrando, ela engoliu o seu segundo biscoito e novamente foi ao pacote. Mas ele foi mais rápido. Com um sorriso radiante, e ainda nenhuma palavra, ele quebrou ao meio o biscoito que sobrava e ofereceu-lhe a metade. Em total descontentamento, um olhar de indignação começou a se formar, ela então se levantou, pegou sua grande bolsa e foi rapidamente em direção ao carro. No carro ela até deixou escapar uma pequena ofensa de seus lábios, enquanto procurava as chaves na bolsa.
Seus dedos acharam, ao lado das chaves, seu pacote de biscoitos fechado!

Essa mulher sofreu uma mudança abrupta na visão de seu próprio comportamento, como uma extensão ao seu equívoco na situação dos biscoitos. Seu paradígma, neste caso, a levou a uma série de julgamentos errôneos.

Instr. Fretta

Diretor proprietário do Espaço Cultural Fretta

terça-feira, 9 de dezembro de 2008 | Autor:

Muita gente está se solidarizando comigo e muito mais pessoas estão manifestando sua indignação com respeito à coluna da jornalista Ruth Aquino ([email protected]).  Em virtude disso, peço que ao escrever à revista, meus amigos moderem sua revolta e recordem-se de que a elegância, o polimento e a fidalguia são virtudes dos praticantes do nosso método. Eu precisei fazer força para ser um pouco mais contundente na carta que escrevi, por estar sendo assim orientado pelos meus advogados e preciso confiar nos que me assessoram. Mas se você ler meus textos – nos meus livros e aqui no blog – vai perceber que minha linguagem não é aquela. Na verdade, não guardo nenhuma mágoa nem ressentimento pela Ruth, pois tenho vários amigos jornalistas e sei que quando publicam coisas assim não se trata de nada pessoal. Faz parte da profissão. É como a circunstância em que dois advogados se digladiam dentro do tribunal e mais tarde encontram-se cordialmente para tomar um café. Certa vez, em um congresso internacional de Yôga fora do Brasil, tive um debate muito sério com um indiano a respeito de Pátañjali. Vendo que meus argumentos eram serenamente mais fundamentados que os dele, fez caras, falou alto, gesticulou como um celerado. No final de tudo, veio conversar comigo, deu-me um presente e disse: “Não leve a mal, ‘Proféssor‘. Isso tudo é só circo.” Bem, eu não acho que seja tudo só circo, mas me esforço por aceitar que os jargões profissionais e os mis-en-scènes sejam mesmo necessários para o andamento do mundo no seu estágio atual de evolução. Acalento a certeza de que essa jornalista não tem nada contra mim e se a encontrar vou tratá-la com respeito e cortesia, da mesma forma como ela me tratou ao telefone.

Talvez, mais tarde, eu publique aqui a carta que enviei à revista. Não quero publicá-la já para não influenciar a linguagem nem os argumentos dos que pretendem escrever.