segunda-feira, 12 de março de 2012 | Autor:

A grafia com Y

Quanto à escrita, o y e o i no sânscrito têm valores fonéticos, semânticos, ortográficos e vibratórios totalmente diferentes. O i é uma letra que não se usa antes de vogais, enquanto que o y é fluido e rápido para se associar harmoniosamente com a vogal seguinte. Tal fenômeno fonético pode ser ilustrado com a palavra eu, em espanhol (yo, que se pronuncia mais ou menos “”, em Buenos Aires “”) e em italiano (io, que se pronuncia “ío”). Mesmo as palavras sânscritas terminadas em i, frequentemente têm-na substituída pelo y se a palavra seguinte iniciar por vogal, a fim de obter fluidez na linguagem. Esse é o caso do termo ádi que, acompanhado da palavra ashtánga, fica ády ashtánga.

Vamos encontrar a palavra “ioga” sem o y no Dicionário Aurélio, com a justificativa de que o y “não existia” no português! Só que no mesmo dicionário constam as palavras baby, play-boy, playground, office-boy, spray, show, water polo, watt, wind surf, W.C., sweepstake, cow-boy, black-tie, black-out, back-ground, slack, sexy, bye-bye, railway, milady e muitas outras, respeitando a grafia original com k, w e y, letras que “não existiam”. Por que será? Por que usar dois pesos e duas medidas? (Aliás, eu gostaria de saber para que queremos o termo railway! Não utilizamos estrada de ferro?). Palavras tão corriqueiras quanto baby, playboy etc., deveriam então, com muito mais razão, ter sido aportuguesadas para beibi e pleibói. Por que não o foram e “a ioga”, sim? E o que é que você, leitor, acha disso? Não lhe parece covardia dos linguistas perante seus patrões anglo-saxônicos?

É, no mínimo, curioso que o Dicionário Michaelis da língua portuguesa, registre as palavras yin e yang com y, ao mesmo tempo em que declara que o y não podia ser usado na palavra Yôga, porque “não existe na nossa língua”![1]

Pior: no Dicionário Houaiss encontra-se registrado até yacht (iate), yachting (iatismo), yanomami [do tupi-guarani], yen [do japonês], yeti [do nepalês], yom kippur [do hebraico], yama, yantra, yoni [do sânscrito], todos com y, mas o Yôga, não. Isso é uma arbitrariedade.

O próprio Governo do Brasil nunca admitiu que as letras y, k e w não existissem, pois sempre as colocou nas placas dos automóveis! Em Brasília, desde 1960, existe a Avenida W3 (W de West!!!). E se é o povo que faz a língua, nosso povo jamais aceitou que quilo fosse escrito sem k, como no resto do mundo, assim como recusa-se a acatar que a palavra Yôga não seja grafada com y, como no país de origem (Índia) e nos países de onde recebemos nossa herança cultural (França, Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra). Basta fazer uma consulta popular para constatar que a vox populi manda grafar Yôga com y.

Se tivéssemos que nos submeter à truculência do aportuguesamento compulsivo, deveríamos grafar assim o texto abaixo, de acordo com as normas atuais da nossa ortografia, palavras estas citadas pelo Prof. Luiz Antonio Sacconi, autor de vários livros sobre a nossa língua:

Declarar que a palavra ioga deve ser escrita com i por ter sido aportuguesada, está virando eslogã. Mas basta um flexe com uma amostragem de opinião pública para nos dar ideia do absurdo perpetrado. Podemos utilizar o nourrau de um frilâncer e entrar num trole para realizar a enquete. Perguntemos a um ripe, um panque, um estudante, um desportista e um empresário, como é que se escreve a palavra Yôga. Todos dirão que é com y . Isso não é um suipsteique. É muito mais um checape. Se, passado o râxi, você pedir uma píteça igual à que está no autedor, e ela vier sem muçarela e com excesso de quetechupe, não entre em estresse. A vida na jângal de uma megalópole tem que passar mesmo por um runimol de tensões. Por isso é que aconselhamos a prática de algum róbi, tal como jujutso, ioga ou mesmo a leitura de um bom livro cujo copirráite seja de autor confiável e o leiaute da capa sugira uma obra séria. Em último caso, ouvir um longuiplei em equipamento estéreo com uótes suficientes de saída. Se você não possuir tal equipamento, sempre poderá ir a um xópingue comprá-lo ou tentar um lísingue. Caso nada disso dê certo, console-se com um milque xeque e com a leitura de um livro brasileiro sobre o aportuguesamento de palavras estrangeiras. Garanto que você vai rir bastante e será um excelente márquetingue a favor da minha tese que reivindica a manutenção do y na palavra Yôga. (Texto composto seguindo rigorosamente o vocabulário corrigido de acordo com as normas de aportuguesamento vigentes em 1996.)

Se um tal texto não parece adequado, também não o é grafar Yôga com i, nem colocá-lo no feminino (“a ioga“). Recordemos ainda a norma da língua: “os vocábulos estrangeiros devem ser pronunciados de acordo com seu idioma de origem”. Por isso watt virou uóte e não váte; e rush virou râxi e não rúxi. Demonstrado está que deve-se pronunciar o Yôga com ô fechado, como na sua origem.



[1] Com o novo acordo ortográfico, o y foi reintegrado à nossa língua. Quer apostar como vão conseguir uma desculpa para que o Yôga continue desfigurado, escrito com i ?

 

quinta-feira, 19 de maio de 2011 | Autor:

Se você tem como nos proporcionar esse sêvá, vai contribuir decisivamente para a difusão do Método em todo o mundo. Mas é preciso que o tradutor seja nativo da Inglaterra ou dos Estados Unidos e que compreenda a língua portuguesa bastante bem. Em hipótese alguma pode ser de outra nacionalidade, ainda que tenha sido educado naqueles países ou que traduza muito bem. É requisito, ainda, que o tradutor possua um vocabulário no inglês que corresponda ao patamar linguístico utilizado em português.

Eu me proponho a auxiliar em tudo o que puder, já que este autor ainda está vivo e conhece o idioma inglês – mas, obviamente, não o suficiente para realizar uma tradução com o nível de impecabilidade que se faz necessário.

Desde já, agradecemos, todos nós, instrutores e alunos do UK, USA e de todo o mundo.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 | Autor:

Nossa língua é o que possuímos de mais precioso. A capacidade de transmitir com absoluta precisão, com perfeita acuidade, os pensamentos e sentimentos de uma pessoa a outra, o poder de perpetuar o conhecimento ao longo das gerações. A arte de combinar sons em uma perfeita equação melódica que torna o texto uma escultura sonora, vibrante, capaz de conduzir um leitor às lágrimas ou às gargalhadas, capaz de levar uma pessoa a dar sua vida por um ideal.

No entanto, alguns fenômenos estão ocorrendo na Terra de Santa Cruz. Lá, por omissão dos linguistas e das autoridades, foi institucionalizado por certos veículos de circulação nacional que não devemos mais respeitar a concordância dos plurais. “É para obter identificação com o povo.” – justificam-se os responsáveis. Veja o caso da tradução dos textos em que no original conste “eleven Oscars” e inevitavelmente o tradutor brasileiro traduz “onze Oscar”. Assim também fazem com os sobrenomes. O mais chocante foi o filme intitulado “Did You Hear About the Morgans?” e traduzido “Cadê os Morgan?” Por que não respeitam o óbvio plural? Que o povão fale mal, paciência, não se pode fazer nada. Mas que tradutores e órgãos de Imprensa tenham por norma ignorar os plurais é algo incompreensível.

Afinal, encontrei um aliado que execra a ortografia portuguesa sem ípsilon:
“Aquelle movimento hieratico da nossa clara lingua majestosa, aquelle exprimir das idéas nas palavras inevitaveis, correr de agua porque ha declive, aquelle assombro vocalico em que os sons são cores ideaes – tudo isso me toldou de instincto como uma grande emoção politica. [ … ]
Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. [ … ] Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, [ … ] a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.” Fernando Pessoa.

Na outra extremidade, encontra-se o inominável, o inacreditável, um outro universo paralelo em que os cidadãos não têm a mínima noção da própria língua. Todos já conhecem mas vale a pena assistir outra vez. Procure no Google “As árveres somos nozes” (digite extamente desta forma).

sexta-feira, 11 de setembro de 2009 | Autor:

Entre outros posts (escritos em português e em espanhol) que discorrem sobre a linguagem, o colega Will também escreveu um intitulado Esclarecendo o Método DeRose. Vale a pena conferir:

 

willmoritz

Mestre,

Tenho um blog sobre linguística, aprendizado de idiomas, tradução e temas relacionados no qual tenho publicado uma série de posts breves com aspectos comparativos entre o português e o espanhol e dicas para luso e hispanofalantes.

O intuito desde o princípio tem sido ajudar meus colegas da egrégora argentina em suas leituras em língua portuguesa, mas os posts são úteis também no sentido inverso. Para o futuro a ideia é publicar um curso básico e progressivo de leitura em português.

O endereço é: http://www.blogtraducto.wordpress.com

Ενα μεγάλο αγκάλιασμα! /Éna megálo agáliasma/
Un gran abrazo!

Will

Obrigado pela força, Will. DeRose.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009 | Autor:

Priscila Ramos – Alphaville, SP

Envio o link de um guia prático da nova ortografia da língua portuguesa a vocês. Estou procurando me adaptar (e me desapegar do português antigo!) e achei muito útil.
Aí vai o endereço e uma prévia…

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?typePag=novaortografia&languageText=

Guia Prático da NOVA ORTOGRAFIA

Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser:
A B C D E F G H I J
K L M N O P Q R S
T U V W X Y Z

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era Como fica
agüentar aguentar
argüir arguir
bilíngüe bilíngue
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
eqüestre equestre
freqüente frequente
lingüeta lingueta
lingüiça linguiça
qüinqüênio quinquênio
sagüi sagui
seqüência sequência
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica
alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
apóia (verbo apoiar) apoia
apóio (verbo apoiar) apoio
asteróide asteroide
bóia boia
celulóide celuloide
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
debilóide debiloide
epopéia epopeia
estóico estoico
estréia estreia
estréio (verbo estrear) estreio
geléia geleia
heróico heroico
idéia ideia
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
paranóia paranoia
paranóico paranoico
platéia plateia
tramóia tramoia

Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

 

Thomaz Fortes

Um amigo me enviou um game da reforma ortográfica.

Uma maneira bacana de aprender!

http://fmu.br/game/home.asp

Um grande abraço Mestrão!

Thomaz Fortes
Porto Alegre

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sexta-feira, 10 de abril de 2009 | Autor:

Fernanda, DeRose, Rosana, Nina, Vivi, Gabs, Flávio, Gisele, De Nardi, André (o honesto!), Heloiza, Borges e mais uma porção de gente boa, fomos todos participar de um curso de gramática e Novo Acordo Ortográfico, das 9 às 19 horas. Este curso precede o outro que será de redação.

Fiquei bem orgulhoso pelo interesse da galera em aprender a escrever e a falar melhor. Se até eu, escritor calejado, fui fazer o curso, todos deveriam se interessar e buscar seu aprimoramento no uso da norma culta da nossa língua. Era um domingo, mas ninguém quis saber de “dia-de-descanso”, coisa de quem não pretende ser vencedor. Qual dia de descanso qual nada! No dia anterior eles já haviam participado de um curso de filosofia comigo na Sede Central. Mas ninguém fez corpo mole. Domingo estavam todos lá. 

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 | Autor:

Sei que os comentários enviados aos blogs em geral (pelo menos aqui no Brasil) não manifestam muita preocupação com a ortografia, acentuação, pontuação, gramática etc. No entanto, peço que neste nosso blog façamos diferente. Que todos os visitantes fiquem impressionados com o nível cultural e de exigência dos nossos colaboradores que deixam aqui informações preciosas.

Tenho a convicção de que 90% dos erros que encontro não são devidos ao desconhecimento da nossa língua e sim à pressa ao digitar e enviar o comentário. Eu mesmo cometo uns equívocos cruciais e depois entro outra vez para corrigi-los.  Mas estou me policiando e releio mais de uma vez antes de postar.

Assim, fica o meu apelo e Camões agradece, abraçado a Rui Barbosa e a outros vultos da nossa língua.

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