quarta-feira, 3 de outubro de 2012 | Autor:

 

No final de 2010, nosso instrutor de Roma, Carlo Mea, veio ao Brasil para participar de um estágio de aperfeiçoamento na Sede Central, em São Paulo. Nessa ocasião, pedi a ele que vendesse sua moto. Discípulo impecável, acatou minha recomendação e disse que venderia. Não deu tempo. Logo que retornou a Roma, uma noite foi colhido por um motorista que avançou o sinal. Destroçou a moto, esmagou a perna direita e causou um traumatismo craniano, além de outros ferimentos. Depois, fugiu, deixando o motociclista estendido lá no chão para morrer. Sorte do Carlo que passou um outro motorista e prestou auxílio, chamando socorro.

Carlo foi operado e o cirurgião informou que os ossos da sua perna foram esmagados como um pedaço de giz sob uma martelada. Não iria mais andar. Dar aulas das técnicas corporais do Método DeRose, nem pensar! Se sobrevivesse já seria milagroso. Havia comprometimento neurológico e cerebral, além do ortopédico.

Carlo sofreu muito, inclusive porque em vários países da Europa os médicos não dão morfina para aliviar as dores dos pacientes. Não sei qual a desculpa para essa desumanidade, mas conheço vários casos, em vários países, com o mesmo procedimento. E haja dor! Espero nunca me acidentar nem ter que passar por cirurgia na Europa. Viva o Brasil e viva São Paulo!

Em julho de 2011, Carlo me escreveu:

“Queria contar-lhe a boa notícia que fiz recentemente um controlo à cabeça que resultou que (finalmente) estou a 100% e assegurou que não houve nenhum tipo de sequelas a nível neurológico ou cerebral. Das pernas ainda não recuperei completamente mas os médicos já me disseram que a minha recuperação foi um milagre pois foi muito além daquilo que eles consideravam que fosse possível. Devo isto às mentalizações que a egrégora fez por mim e ao nosso Método que me proporcionou uma estrutura muito forte e uma determinação capaz de superar o impossível. Agradeço-lhe mais uma vez, do fundo do coração, ter estado ao meu lado nos momentos difíceis e me ter dado uma profissão maravilhosa. A cada ano que passa sinto um privilégio maior de estar nesta egrégora e de ser instrutor do Método DeRose. Um grande abraço do seu eterno discípulo de Roma. Carlo.”

Depois de várias cirurgias na perna e na cabeça, o cirurgião comemorou o fato de que Carlo sobrevivera, mas reiterou que não mais andaria e, muito menos, voltaria a demonstrar coreografias do Método DeRose. Quando, finalmente, recebeu alta do hospital e teve autorização para voltar à casa, precisaria ficar na cama por um bom tempo. Depois cadeira de rodas. Tempos depois, contrariando as previsões científicas do cirurgião, andou. Primeiro com muletas. Mas tarde, com bengala. Depois sem apoio.

Bem, isso já era milagre suficiente. Mas não ficou por aí. Carlo começou a movimentar a articulação do joelho em uma amplitude maior do que o cientificamente possível. Seu fisioterapeuta informou ao cirurgião. Resposta do médico: “É impossível.” O fisioterapeuta redarguiu: “Estou lhe dizendo que eu vi. Eu testemunhei o movimento.” Resposta super inteligente do cientíifico doutor: “Estou lhe dizendo que é impossível. Eu o operei e sei que não é possível.” Bem, o movimento foi feito. E repetido. E aumentado.

Carlo andou, voltou a praticar, a dar aulas e a fazer demonstrações de coreografias do Método DeRose. Veja o que ele está fazendo hoje:

 

 

 

 

 

 

 

 

“Caro Maestro, como me tinha pedido, envio-lhe algumas das minhas fotos recentes (2012) de ásana em Roma. Se quiser tenho muitas mais além destas, ou posso enviar-lhe também em definição mais alta.
Um grande abraço!”

 

Quero sim, Carlo. Pode enviá-las todas, em alta, para que eu aproveite algumas delas em livros. Beijos do seu amigo DeRose.

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010 | Autor:

Desde 1980, quando eu próprio tive moto, venho alertando para o perigo de usar esse tipo de veículo. Vi a morte de perto várias vezes e só não morri porque me desfiz da moto antes que ocorresse a tragédia. A vez mais patética em que quase morri foi um dia em que vinha transitando em velocidade de cruzeiro e senti uma ferroada lancinante no meio das costas. O susto e a dor quase me fizeram perder o controle da moto e ir contra os outros veículos que vinham em sentido oposto. Somadas as velocidades da minha moto e do outro automóvel, teria sido um choque de  quase duzentos quilômetros por hora. Não sobraria nada do DeRose para contar a história do Yôga Pré-Clássico. Nenhum dos livros mais importantes teria sido escrito. Você não estaria praticando o Método. Nenhum dos instrutores atuais teria se formado. Encostei a moto às pressas, tirei o capacete, tirei as luvas, tirei a jaqueta de couro, tirei a camisa e a Eliane Lobato, que vinha no carro atrás de mim, foi ver o que tinha ocorrido. Uma vespa havia entrado por baixo da “armadura” e foi me picar logo na parte mais inacessível. Eu teria partido para o Oriente Eterno pela razão mais estúpida.

Fiquei com a moto por um ano no Rio de Janeiro e um ano em São Paulo. Inevitavelmente, fiz amizade com vários outros amantes das duas rodas. Quase toda semana, recebia a notícia de que outro motociclista conhecido havia morrido. Cada vez que comigo ocorria um quase, eu parava para repensar as vantagens e desvantagens da moto. Até que um dia fui fazer umas fotos para ilustrar a reportagem de uma revista. Chegando ao estúdio de capacete debaixo do braço, o fotógrafo me perguntou: “Você é motociclista? Deixe eu te mostrar umas fotos.” E passou a me mostrar as imagens de um grupo que saíra para um passeio de moto do qual o fotógrafo participara. “Veja este casal. Não são lindos os dois?” Realmente, eram dois espécimens de se admirar. “Veja agora esta foto.” Lá estavam os dois estendidos no asfalto, ensanguentados, mortos. Com capacete e tudo.

Nesse dia, parei. Desde então, tenho alertado a todos a respeito da insanidade que é andar em um veículo cujo parachoque é o condutor. Mas não tenho sido escutado, porque o apelo da moto sobre a mente humana é muito sedutor. Agora é norma para os instrutores. Moto está repudiada pelo Método, categoricamente, definitivamente.