domingo, 28 de agosto de 2016 | Autor:

Depois de meio século ensinando essa matéria, cheguei à surpreendente conclusão de que o Yôga não funciona.

SEM REEDUCAÇÃO COMPORTAMENTAL, NÃO FUNCIONA

Para funcionar, o Yôga, precisa que você adote os conceitos de reeducação comportamental. Sem um bom relacionamento humano e sem um bom relacionamento afetivo, sem mudar sua atitude, sua alimentação, sem eliminar o uso do fumo, do álcool e das drogas, ele não funciona.

Não funciona porque o praticante não consegue alcançar o samádhi se continuar sendo um hominídeo comum, sem mudar o seu comportamento. Você acharia possível alguém conseguir a evolução interior se continuasse emocionalizado, mal-educado, desentendendo-se com outras pessoas, brigando com os colegas de trabalho, com os amigos, com a esposa, com os empregados? Alguém que fosse maledicente, grosseiro, desonesto, mentiroso? Claro que não!

Obter flexibilidade, tônus muscular, melhorar o rendimento nos esportes, nos estudos e no trabalho, superlativar a vitalidade e tudo o mais que nós já sabemos, são apenas efeitos colaterais positivos da prática.

Como está explicado no capítulo Efeitos da etapa inicial do SwáSthya Yôga, esses resultados são meras consequências, migalhas que caem da mesa e não a meta em si.

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi. Ou seja, ele pode ser qualquer coisa, mas precisa ser estritamente prático, porque o darshana em questão não tem teoria. E tem que ter a proposta de conduzir à meta do Yôga, o samádhi.

Ora, esse estado de megalucidez denominado samádhi não pode ser conquistado por alguém que não consiga sequer ser equilibrado emocionalmente, alguém que se desentenda com o colega ou com o cônjuge, alguém que fale mal de um praticante ou instrutor por ele ser de outra linha da mesma filosofia. Não pode ser alcançado por alguém que na aula faz meditação e põe as mãos “em prece” com cara de santo arrependido e, quando termina a aula, briga com o empregado, porteiro, motorista, amigo, desamigo, conhecido, desconhecido, namorado, ex-namorado, cliente, fornecedor etc.

sábado, 6 de agosto de 2016 | Autor:

Consta que Santos Dumont fora internado num hospício porque seus compatriotas brasileiros o consideravam louco. Imagine, falar sobre seus devaneios de querer voar! Imagine, querer carregar no pulso um relógio. Afinal, todos sabem que o lugar de relógio é no bolso do colete. Mas ele inventou o relógio de pulso que toda a Humanidade usa até hoje… no pulso!

Existe toda uma barreira cultural praticamente intransponível às idéias que surgem fora das fronteiras dos países que fazem parte do clube. Eles não reconhecem o fato histórico de que o primeiro a conseguir o vôo de um aeroplano mais pesado que o ar foi o brasileiro Alberto Santos Dumont e insistem na balela de que foram os irmãos Wright.

Somente os brasileiros e os franceses reconhecem que o primeiro a conseguir o vôo de um aeroplano mais pesado que o ar foi o brasileiro Santos Dumont, embora os estado-unidenses, para ficar com os louros históricos, insistam na lenda de que foram os irmãos Wright. Filmes da época provam que o aparelho deles não venceu a força da gravidade, não decolou, mas foi catapultado por um mecanismo de disparo e depois planou com o auxílio de um motor. Na verdade, planou como uma pedra, pois teria “voado” quarenta e poucos metros, menos que o comprimento da classe econômica de um Boeing 747!

Mesmo assim, seu “vôo histórico” ter-se-ia realizado sem testemunhas, sem a imprensa, sem a presença de autoridades, ao contrário de Santos Dumont que realizou seu grande feito com testemunhas, jornalistas e autoridades. Depois que ele voou com o mais pesado que o ar, os irmãos Wright afirmaram que já haviam feito isso antes, na sua fazenda, sem testemunhas. Nunca, no mundo científico, aceitou-se tamanho absurdo.

Em 2004, para comemorar os 100 anos da data que os irmãos Wright declararam ter voado, cientistas nos Estados Unidos reconstruíram o aeroplano Wright com tecnologia do século XXI, baseados no projeto original. E… suprema humilhação! Nem com a tecnologia do Terceiro Milênio a geringonça conseguiu voar! Pior: o fiasco foi documentado e levado ao ar em todo o mundo pela Discovery Channel e reprisado várias vezes.

De mentiras históricas a História oficial está cheia. Outro fato semelhante foi o da invenção da máquina de escrever, cuja idéia genial está sendo usada até hoje no teclado dos computadores. Quem a inventou foi o padre paraibano Francisco João de Azevedo Júnior. Em 1861 a máquina já estava na Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco. No entanto, em 1867 Christopher Latham Sholes passou à História como seu inventor.

youtu.be/aLGpOhiR_9U

sábado, 2 de julho de 2016 | Autor:

Logo que inaugurei minha acanhada salinha de 30 metros quadrados, senti o gosto amargo das primeiras decepções. Eu achava que todos quantos praticavam Yôga eram pessoas especiais, de boa índole. Descobri que não era bem assim.
Alguns começaram a declarar que haviam sido meus professores. Eu deveria ter endossado a aldrabice deles. Hoje, vejo que isso não teria me custado nada… Mas vá dizer isso a um pós-adolescente! Fiquei indignado e neguei a farofada. Foi um grande erro. Se eu dissesse que sim, que era verdade, que tudo o que sabia eu devia a cada um daqueles que se declaravam meus mestres, eles talvez tivessem ficado satisfeitos em seus orgulhos e tivessem me deixado em paz. Na minha imaturidade, eu não sabia que um pouco de humildade faria uma diferença tão grande neste samba-enredo…
Com a experiência de vida que tenho hoje, eu teria ido agradecer a cada um deles pelos conhecimentos adquiridos. Hoje, eu o faria com um sorriso complacente na alma, sabendo que estaria apenas acariciando seus egos. Mas na época isso para mim era apenas compactuar com as lorotas daqueles que nunca haviam me ensinado absolutamente nada, sabiam menos que eu e que até me consultavam com alguma frequência! Outros, eu nem sequer conhecia! Ao invés de divulgar isso, quiçá eu devesse tê-los visitado para conhecê-los e quem sabe devesse chamá-los de mestres, só por respeito à sua idade…
Por outro lado, talvez nada disso tivesse surtido resultado algum, pois quando as pessoas são invejosas e odeiam gratuitamente, por mais que você tente agradar, nada adianta.
A partir de 1964 passei a receber notícias cada vez mais agressivas dos professores da época. Todos tinham mais de 50 e eu apenas 20 anos. Todos conheciam pessoas influentes e já tinham traquejo na lida com as relações humanas. Frequentavam reuniões sociais, tomavam seu vinhozinho com políticos, magistrados e militares. Eu, ao contrário, vivia recluso, só meditando, lendo, praticando e ensinando Yôga. Não cativei nenhuma amizade importante que pudesse me defender. Achava isso tão fútil, tão hipócrita! Mas não podia avaliar as consequências dessa minha omissão.
Quando começaram a mover as primeiras campanhas de descrédito contra mim, só havia quem atacasse, não havia quem defendesse. E, como quem se dizia arquiopositor, naquela época, era um coronel, ninguém se atrevia a ir contra ele em plena ditadura militar que então vicejava por estas bandas. Enquanto que ir contra mim era muito cômodo. Eu era jovem, pobre e desapadrinhado. Desencadeou-se uma onda de boatos infundados e contraditórios entre si, que as pessoas geravam de bom grado para cair nas boas graças do dito militar. Depois, foi o efeito bola-de-neve. Pelos anos subsequentes tornaram-me um jovem anatematizado.

Assista mais sobre o assunto, ou acompanhe pelo podcast (também disponível no iTunes, clique aqui para acessar)

youtu.be/RHlmfXA9kQI

domingo, 26 de junho de 2016 | Autor:

Depois de meio século ensinando essa matéria, cheguei à surpreendente conclusão de que o Yôga não funciona.

SEM REEDUCAÇÃO COMPORTAMENTAL, NÃO FUNCIONA

Para funcionar, o Yôga, precisa que você adote os conceitos de reeducação comportamental. Sem um bom relacionamento humano e sem um bom relacionamento afetivo, sem mudar sua atitude, sua alimentação, sem eliminar o uso do fumo, do álcool e das drogas, ele não funciona.
Não funciona porque o praticante não consegue alcançar o samádhi se continuar sendo um hominídeo comum, sem mudar o seu comportamento. Você acharia possível alguém conseguir a evolução interior se continuasse emocionalizado, mal-educado, desentendendo-se com outras pessoas, brigando com os colegas de trabalho, com os amigos, com a esposa, com os empregados? Alguém que fosse maledicente, grosseiro, desonesto, mentiroso? Claro que não!
Obter flexibilidade, tônus muscular, melhorar o rendimento nos esportes, nos estudos e no trabalho, superlativar a vitalidade e tudo o mais que nós já sabemos, são apenas efeitos colaterais positivos da prática.
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi. Ou seja, ele pode ser qualquer coisa, mas precisa ser estritamente prático, porque não tem teoria. E tem que ter a proposta de conduzir à meta do Yôga, o samádhi.
Ora, esse estado de megalucidez denominado samádhi não pode ser conquistado por alguém que não consiga sequer ser equilibrado emocionalmente, alguém que se desentenda com o colega ou com o cônjuge, alguém que fale mal de um praticante ou instrutor por ele ser de outra linha da mesma filosofia. Não pode ser alcançado por alguém que na aula faz meditação e põe as mãos “em prece” com cara de santo arrependido e, quando termina a aula, briga com o empregado, porteiro, motorista, amigo, desamigo, conhecido, desconhecido, namorado, ex-namorado, cliente, fornecedor etc.
Noutras palavras, cheguei à amarga conclusão de que sem aplicar os conceitos comportamentais de reeducação, o Yôga não funciona porque não leva à sua meta, que é o samádhi.
Eu já havia concluído isso há muito tempo, tanto que tinha publicado nos meus livros, desde a década de 1990, insistentes apelos a que todos participassem das atividades culturais como meio para compartilhar, pela convivência, um código comportamental e de valores. Mas os praticantes e instrutores daquela época não queriam saber. Estavam sofrendo paralisia de paradigma, pois entraram nas nossas escolas pelo canal da palavra Yôga e achavam que essa coisa deveria consistir apenas em uns contorcionismos exóticos e uns relaxamentos. Achavam que não tinha nada que interferir com o comportamento.
Então, por uma sincronicidade, floresceu, oficialmente, na França, o DeROSE Method. A partir de então, como era outro produto cultural, as pessoas não só aderiram às atividades sociais como também manifestaram sua alegria por elas existirem nas nossas escolas. Como assim, outro produto? Não mudamos apenas o nome e continuamos ensinando a mesma coisa? Não! DeROSE Method é outra coisa!

Assista sobre o assunto no vídeo abaixo, ou acompanhe o áudio via podcast.

youtu.be/CDBvoXHiYK8

domingo, 19 de junho de 2016 | Autor:

Cruzei meu Rubicão. Hoje, já não atuo mais na área profissional de Yôga. Atualmente trabalho com o DeROSE Method. Será que o Método é Yôga com outro nome? Não. DeROSE Method é outra coisa. Vou demonstrar o que acabo de dizer.

Por definição, “Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi”. Ora, o DeROSE Method transcendeu o “estritamente prático”. No momento em que os conceitos de reeducação com- portamental ocupam mais de 80% do tempo do praticante durante o seu dia, restam menos de 20% para a prática regular convencional. Logo, o Método não é estritamente prático. Consequentemente, não é Yôga.

Não abandonei o Yôga. Ele está preservado intacto como parte do Método. Mas o segmento profissional em que nos inserimos já não é mais restrito a essa filosofia, nem está mais sujeito aos estereótipos que lhe foram impostos pela opinião pública ocidental.

Ao nosso acervo acrescentamos um formidável patrimônio de conceitos comportamentais aplicáveis ao mundo real do praticante: à sua profissão, à sua faculdade, ao seu esporte, à sua família, ao seu relacionamento afetivo.

youtu.be/El_0ak2Zq-s

sábado, 23 de fevereiro de 2013 | Autor:

Mas como é na Índia?

 

Eu viajei para a Índia durante 25 anos. Frequentei vários tipos de estabelecimentos, desde as escolas até os mosteiros, dos mais sérios aos que já estavam contaminados pelo consumismo ocidental – e percebi as diferenças. Mas, em todos eles, ocorria um mesmo fenômeno. Os alunos hindus entravam na sala de aula com cara normal e roupa normal, muitas vezes praticando de calça e camisa. Os ocidentais, no entanto, pareciam um bando de alucinados que se destacavam dos hindus por serem os únicos a estar vestidos com “roupa indiana”, isto é, o equivalente àquelas camisas hipercoloridas e cheias de flores que os turistas estrangeiros usam no Brasil por acharem que aqui é assim que o povo se veste. Será que os turistas não percebem que nenhum brasileiro está portando aquelas camisas espalhafatosas, ou que nenhum hindu está vestindo a tal de “roupa indiana” (especialmente as famosas “saias indianas”, que nenhuma indiana veste)?

Durante a aula de Yôga, os hindus preservam a fisionomia de pessoas perfeitamente normais, sorriem, interagem com os colegas e com o instrutor, às vezes até fazem gracejos. Os ocidentais, pelo contrário, mantêm-se muito taciturnos, com cara de santo cristão e, às vezes, babam um pouco.

Frequentemente os instrutores que levei em minhas viagens, para conhecer o verdadeiro Yôga da Índia, observaram:

– DeRose, você já percebeu que os ocidentais ficam com cara de malucos quando entram numa sala de Yôga e que os hindus são como nós do SwáSthya e preservam a cara normal?

Pois é. Aí está o x da questão. O ocidental vai à Índia, olha, mas não vê. Ouve, mas não escuta. Tanto que volta falando “ióga”, embora todos lá pronunciem Yôga, com ô fechado. É uma questão de paradigma. O ocidental enfurnou no bestunto que Yôga deveria ser de uma determinada forma. Depois ele viaja para a Índia e não consegue perceber que lá é diferente do clima cristianizado, naturéba, ortoréxico e alternativoide que grassa no Ocidente.

Uma das fantasias é que na Índia – e nas escolas de Yôga desse país – só se coma pão integral, arroz integral, açúcar mascavo e outros modismos ocidentais. Só que não é assim. Nas escolas de Yôga come-se muito bem, desfruta-se uma comida deliciosa, bem temperada e, fora isso, normal. Certa vez, uma pessoa que estava no nosso grupo pediu arroz integral ao garçom do restaurante em Nova Delhi. O empregado trouxe arroz branco. A brasileira mandou voltar e instruiu-o com mais ênfase:

– Olha, meu filho, eu quero arroz integral, compreendeu? Arroz in-te-gral!

O coitado voltou com outra porção de arroz branco. Percebendo que não agradara, explicou:

– Mas o arroz está inteirinho. Eu mesmo ajudei o cozinheiro a catar só os grãos que não estavam quebrados.

Hoje já há alguns estabelecimentos com opções integrais para atender a turistas, assim como já existem escolas de Yôga para satisfazer os devaneios dos que pagam bem para que lhes vendam o que eles querem comprar, ou seja, aquilo que o ocidental pensa que o Yôga é. “Eppur, non è!”

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 | Autor:


Nunca perca contato visual com a sua bagagem. Há mais de trinta anos eu viajo sistematicamente para países próximos e distantes, das Américas, Europa e Ásia. Jamais me furtaram coisa alguma.

Nos aeroportos existem quadrilhas especializadas em roubar as malas que são despachadas. A maioria trabalha do lado de dentro. Em viagens diretas, eles têm que trabalhar rápido para sumir com a mala ou para abri-la, mas eles têm experiência. Por outro lado, nas viagens com escala, em que você tem que descer de um avião e embarcar noutro – e suas malas também – eles trabalham mais sossegadamente. Primeiro, porque dispõem de mais tempo. Depois, porque você nunca poderia afirmar com certeza em que aeroporto ocorreu o furto.

Sempre que viajo acompanhado presencio os amigos despachando tudo, pelo ilusório conforto de embarcar com as mãos abanando. Várias vezes testemunhei o resultado: chegando ao destino, a bagagem roubada ou extraviada, meus amigos não tinham nem uma muda de roupa. Nada!

Mas não é só a mala despachada que vira fumaça. Basta olhar para o lado e adeus bagagem. Levando grupos de amigos para a Índia, percebi porque as pessoas são furtadas. A maioria se virava de costas para a bagagem para falar com alguém, olhar alguma coisa que lhes chamara a atenção ou para responder a algum espertinho contratado para desviar suas vistas da mala. Felizmente, eu estava por perto para evitar que o distraído ficasse sem a equipagem.

O truque é nunca perder contato visual com a sua mala. Mas melhor mesmo é jamais perder contato físico. Tem que fazer check-in? Ponha o pé em cima da mala. Vai tomar um lanche no bar ou pagar algo no caixa? Pé em cima da mala. Vai esperar o próximo vôo, sentado mais ou menos confortavelmente, num marasmo que pode dar sono? Recoste-se sobre a mochila, enrosque a alça da bolsa no seu braço, apoie-se na mala de tal jeito que se alguém a mover você caia.

Nos restaurantes, tanto em viagem quanto na sua cidade, mantenha a bolsa não apenas à vista, mas presa da melhor forma possível no encosto. Se alguém tentar levá-la embora, a cadeira vai junto.

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