O comportamento ansioso tem ocupado mais espaço no nosso dia a dia, desde o início da primeira quarentena do ano.

Nossa mente, que já é normalmente projetada para o futuro, buscando responder questões aparentemente insolúveis, passou a ser ainda mais pressionada pela necessidade de enxergar num túnel escuro. As incertezas quanto ao que iria e vai acontecer provocou uma enxurrada de pensamentos improdutivos e, até mesmo, tóxicos.

O padrão mais comum de funcionamento da mente, quando estamos realizando atividades de rotina, é se deslocar para o passado, apegada a memórias daquilo que nos parece inacabado, ou se projetar para o futuro, no intuito de prever possíveis ameaças sobre as quais não temos controle.

“Nós, frequentemente, ficamos preocupados, ansiosos e com medo de que alguma coisa possa nos acontecer. Perdemos dias, semanas e anos na dramatização antecipada de que o que tememos se materialize. Enquanto o tempo passa, nos exaurimos pela ansiedade. Eventualmente, vencidos pela fadiga, somos forçados a dizer para o medo e para nós mesmos que aceitamos esse acontecimento e que não vamos mais nos preocupar com ele.” (1)

O que precisamos compreender é que, na maioria dos casos, nosso controle se restringe a como vamos reagir aos acontecimentos e não significa interferir no desenrolar dos fatos ou na ação de outras pessoas.

Então, o que podemos fazer na prática para sair deste piloto automático?

1. Exercitar nossa autopercepção, identificando os gatilhos que geram uma resposta automática de ansiedade,
2. Ressignificar esses gatilhos,
3. Construir visualizações com foco naquilo que você quer que aconteça,
4. Entregar-se a experimentar de maneira integral o momento presente, exercitando mindfulness.

“No momento em que pararmos de reter o que consideramos como coisas “negativas, automaticamente nos livraremos da ansiedade que essas coisas supostamente representam.” (2) 

E, assim, ainda que tenhamos feito planos, aceitaremos que nossa previsão nem sempre será concretizada, e passaremos a reagir aos acontecimentos como eles emergem, com a coragem de viver tudo o que eles proporcionam, sejam oportunidades ou ameaças.

(1) (2) Quem se atreve a ter certeza – a realidade quântica e a filosofia, do Prof. Dr. José Pedro Andreeta e Maria de Lourdes Andreeta