domingo, 11 de novembro de 2012 | Autor:

 

 

 

 

 

Onde está a ilusão? Resposta à imagem “Produtos à base de gado”

Publicado em 22 de fevereiro de 2012 em ArtigosNotícias

Por Robson Fernando de Souza, colaboração de Fabiü Buena Onda

Introdução

Há pelo menos dois anos circula na internet, como um viral, uma imagem que lista inúmeros produtos que seriam feitos à base de derivados de origem animal – especificamente derivados bovinos. Seu título é “Produtos à base de gado” e lista 75 tipos de produtos industrializados que possuem, ou possuíam, uma marca com restos de cadáver bovino e/ou leite. E encerra com duas variantes de mensagem ofensiva: “Resumindo: Sua vida é uma ilusão, seu vegetariano chato!/vegan chato do c…!”

A figura se aproveita do pouco senso crítico da maioria das pessoas, as quais não se empenham em confirmar a sua veracidade – até porque poucos aceitariam verificar a origem de tamanha variedade de produtos – e da relativa raridade do costume de se estudar e pesquisar sobre o que a internet mostra – o que dá brecha, inclusive, às tantas lendas virtuais que aparecem todos os anos. E acaba tanto arrebanhando pessoas para o conservadorismo ético, segundo o qual nada adiantaria em ser vegano num mundo dominado pela escravidão animal, como assustando vegetarianos e veganos, que muitas vezes se veem sem argumentos suficientes para rebatê-lo ou mesmo põem em dúvida a própria lógica do seu veg(etari)anismo.

Porém, ele carece tanto de consistência lógica como de honestidade intelectual e respeito à verdade. Porque tanto apela a nada menos que cinco tipos diferentes de falácias como dá a falsa impressão de que todos os produtos da diversidade nele referida carecem de qualquer alternativa vegana.

A origem e as falácias da figura

Convém a todos saber a origem do argumento utilizado pela figura: tudo começou quando, em 2009, um ou mais alfacistas (defensores militantes da continuidade do consumo de produtos de origem animal; o termo surgiu porque muitos deles diziam ou dizem que “alfaces são amigas, não comida”, em clara ironia à frase “Animais são amigos, não comida”) extraíram desta imagem do site do Serviço de Informação da Carne, entidade lobista defensora dos interesses de criadores de gado bovino e de indústrias frigoríficas.

Então criaram essa figura, sabendo que a maioria das pessoas, diante de tamanha diversidade de produtos, aceitaria, sem qualquer questionamento incisivo ou pesquisa verificadora, que a pecuária bovina dominaria a indústria de tal forma que não haveria para onde correr no que tange ao consumo dos 75 itens citados.

O folheto assustou muitas pessoas e continuará assustando por algum tempo, mas não resiste a uma análise cética. Tanto porque, conforme este artigo mostra mais adiante, há alternativas e/ou substitutos de todos os produtos listados como a própria imagem possui erros lógicos comprometedores.

São cinco as falácias existentes na linha de raciocínio transmitida pela figura:

a) Ad hominem: Consiste em ofender explicitamente o interlocutor ou tentar desqualificar seu argumento por alguma suposta característica da pessoa que em nada tem a ver com a consistência e validade da colocação dela. É a falácia mais visível ali, na ofensa final dirigida aos veg(etari)anos.

b) Falácia do espantalho: Faz uma interpretação errada da ideia opositora, atribuindo-lhe equivocada ou maliciosamente argumentos facilmente criticáveis ou refutáveis que na verdade ela não defende. Essa falácia se aplica ao fato da figura tentar imputar ao veg(etari)anismo um falso ponto fraco, que seria a suposta falta de opções para a miríade de produtos industrializados nele citada.

c) Distorção de fato: Como o nome diz, distorce um fato na tentativa de desqualificar determinada ideia, crença ou comportamento. A figura faz a distorção ao transformar o fato de que há ou havia variantes ou marcas dos 75 produtos listados contendo um ou mais ingredientes de origem bovina na falsa colocação de que todas as marcas ou variantes dos produtos referidos contêm algum ingrediente derivado de bovinos.

d) Generalização apressada: Tenta aplicar ao todo uma regra que só se aplica a uma parte. A imagem passa a falsa (e assustadora) impressão de que todas as marcas ou variantes de cada produto possuem ingredientes bovinos, quando na verdade apenas parte delas o contêm – ou mesmo, em alguns casos, não se fabrica mais com ingredientes de origem animal.

e) Non sequitur: Lança argumentos desconexos cuja conclusão não segue a premissa. A linha lógica seguida pela figura é a seguinte:
Premissa: Estes produtos contêm ou continham variantes ou marcas dotados de ingrediente(s) oriundo(s) de certa parte do corpo bovino.
Conclusão: Logo, todas as variantes ou marcas destes produtos contêm ingredientes oriundos de tais partes do corpo bovino.

Porém, conforme este artigo mostra, a conclusão acaba na realidade não seguindo a premissa.

 

Alternativas dos produtos listados na figura: onde está a ilusão?

a) Cérebro

– Creme contra envelhecimento:
Há opções de cremes (como os da Multivegetal), e mesmo as empresas de cosméticos que ainda utilizam ingredientes de origem animal estão cada vez menos utilizando ingredientes provindos de abate, conforme suas respostas a consumidores em SACs. E é possível inclusive retardar ou controlar o envelhecimento da pele com a própria alimentação, com refeições ricas em antioxidantes e também vegetais (em especial frutas) ricos em vitaminas A e C, licopeno e ômega-3 (linhaça), os quais aumentam a produção corporal de colágeno.

– Remédios:
A imagem não diz qual(is) ingrediente(s) é(são) extraído(s) do cérebro bovino. Mas é evidente que nem todo remédio usa derivados do cérebro bovino. Além do mais, em situações mais sérias, os remédios são exceção no boicote vegano, uma vez que seu não uso pode acarretar em sofrimento e até morte. O modo de vida veg(etari)ano não exclui a possibilidade de doenças, mas, quando bem planejado, diminui a probabilidade de ocorrência de diversas doenças, sendo um fator positivo de prevenção.

 

b) Sangue

– Massas:
É difícil encontrar uma massa à base de trigo que contenha um derivado do sangue bovino entre seus ingredientes. Geralmente os ingredientes listados do macarrão básico são: farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico; corantes naturais urucum, betacaroteno e cúrcuma; e estearoil-2-lactil-lactato de cálcio (que, apesar da presença do radical lact-, que lembra leite, não é de origem animal). Alguns poucos incluem ovos na composição, e há as marcas que utilizam outros ingredientes, mas é bastante difícil hoje em dia encontrar aqueles que tenham derivados de sangue.

– Misturas para bolo:
Há opções sem ingredientes de origem animal, como as misturas para bolo da Fleischmann, DaBarra e Regina.

– Corantes:
A imagem não fala quais corantes possuem derivados de sangue. Porém, o único corante que realmente consta em listas de ingredientes de origem animal em sites pró-veganos não é de origem sanguínea, mas sim do inseto cochonilha (corante carmim, presente em alguns produtos rosados ou avermelhados). E há muitas alternativas não animais ao carmim sendo usadas hoje em dia na indústria, como o Vermelho 40, o Vermelho Crepúsculo, o corante de beterraba e a páprica.

– Tintas (e tinturas):
A imagem não especifica o que da tinta é de origem sanguínea, nem a origem elementar dos supostos ingredientes sanguíneos – se do plasma, das hemácias, dos leucócitos ou das plaquetas –, nem quais tipos de tinta o contêm. O ingrediente das tintas e tinturas que pode conter derivado sanguíneo é o fixador, mas existem fixadores de origem vegetal, como a resina acrílica, que é usada por marcas como a Suvinil. E no caso das tinturas, em especial no caso daquelas de cabelo, há alternativas como Phytocolor.

– Adesivos:
Conforme as páginas que falam de produtos de origem animal, como o blog da Superinteressante, os adesivos em questão são colas, e não, como passa pela imaginação do leitor da imagem, figurinhas colantes e etiquetas.Há colas sintéticas que atendem a indústrias que usam esse tipo de substância adesiva e também ao consumidor final. Assim, embora seja necessário recorrer aos SACs sobre se cada pasta adesiva é ou não sintética, não são todas as empresas que usam derivados de origem animal.

– Minerais:
Informação vaga demais. Não diz o que são esses minerais nem onde são usados. Por isso não dá para pôr em mente que “minerais usam ingredientes de origem animal”.

– Remédios:
A imagem dá a entender que todos os remédios usam excipientes ou princípios ativos originados do sangue bovino. Mas, como é de se imaginar, é absurdo pensar que todo remédio, ou a maioria deles, usa tais ingredientes, dada a diversidade de medicamentos existente no mercado. E o caso dos remédios é excepcional para os veganos, visto que em casos de doenças fortes não podem ser boicotados, sob pena de sofrimento e até morte.

– Material de pesquisas laboratoriais:
Não diz quais materiais (Produtos químicos? Recipientes de vidro? Materiais metálicos?) seriam esses. Não dá para inferir dessa imagem que “todo material de pesquisas laboratoriais tem ingredientes vindos do sangue bovino”, a informação é vaga demais.

 

c) Cascos e chifres

– Adesivos:
Vide b) Sangue.

– Plásticos:
A informação é duvidosa, visto que provavelmente se baseia no fato de que os primeiros materiais plásticos sintéticos eram produzidos de fato a partir de cascos, chifres e marfim de animais – mas tais ingredientes foram superados com o tempo, conforme a página 46 do livro “Plásticos: características, usos, produção e impactos ambientais”, publicado por Tania Piatti e Reinaldo Rodrigues por meio da UFAL.

– Alimentos para animais de estimação:
Este é um dos poucos produtos de que há real dificuldade de se encontrar alternativas veganas. Porém a imagem se engana, uma vez que muitas marcas de ração usam farinha de ossos, e não de cascos e chifres, mas ele não inclui rações para pets entre os produtos contendo derivados de ossos. Para os cães, a única alternativa de ração atualmente no mercado é a FriDog Vegetariana. Quanto aos gatos, há uma movimentação de veganos querendo trazer opções de ração com complementos sintéticos, para o Brasil. A Amí, pelo menos até alguns anos atrás, era cogitada como a maior candidata a ser a primeira empresa de rações veganas a instalar filial ou importadora no Brasil. Mas é possível importar rações veganas para gatos, para quem tem poder aquisitivo suficiente, entrando em contato com a Amí.

– Alimento para plantas/fertilizantes:
Nem todo fertilizante é produzido com resíduos de matadouros ou esterco. Há alternativas vegetais para jardinagem e agricultura, incluindo folhas, frutas e flores – que irão se decompor e se converter em material orgânico ao dispor das plantas vivas – e serapilheira. Além de adubos exclusivamente minerais.

– Filme fotográfico:
Está cada vez mais caindo em desuso, com a adesão crescente dos cinemas ao uso de projetores digitais e à própria consolidação das câmeras digitais e celulares com câmera. Hoje quase não se usa mais câmeras analógicas, e as digitais já possuem um bom preço. E mesmo celulares básicos hoje em dia tiram fotos.

– Shampoos e condicionadores:
Há alternativas veganas muito conhecidas. Uma das mais notórias, até também por dispor em suas embalagens que não são testados em animais nem possuem ingredientes de origem animal, é a Phytoervas. Para alguns tipos de cabelo, há inclusive a opção de simplesmente passar sabonete vegetal (como Phebo, Granado e Phytoervas) no cabelo para ensaboá-lo. Isso sem contar em várias receitas caseiras divulgadas pela internet, alternativas mais ecológicas.

– Placas de esmeril (lixas de unha):
O ingrediente que levava a substância à base de cascos e chifres era o aglutinante, a cola que fixa a superfície áspera e torna coesos os seus grãos. Porém, esse aglutinante de origem animal vem sendo substituído por cola PVA (acetato de polivinila), obtida a partir da polimerização do acetato de vinila, que por sua vez se origina pela reação química entre dois ingredientes de origem não animal, o etileno e o ácido acético ou etanoico. O que significa que hoje nem toda lixa de unha à base de esmeril usa cola de origem animal, o que, no entanto, ainda faz os veganos terem que consultar SACs para saber se usam PVA ou cola animal.

– Laminações:
Como usam adesivos (colas) para unir duas ou mais folhas de papel e/ou cartão, repete-se aqui a informação já dada antes. Conforme as páginas que falam de produtos de origem animal, como o blog da Superinteressante, os adesivos em questão são colas, e não, como passa pela imaginação do leitor da imagem, figurinhas colantes e etiquetas. Há colas sintéticas que atendem a indústrias que usam esse tipo de substância adesiva e também ao consumidor final. Assim, embora seja necessário recorrer aos SACs sobre se cada pasta adesiva é ou não sintética, não são todas as empresas que usam derivados de origem animal.

– Papéis de parede:
A mesma coisa das laminações: usa colas para aderência, portanto vale a informação já dada sobre adesivos.

– Compensados (chapas de madeira):
Idem, visto que compensados também podem vir com chapas coladas umas às outras.

 

d) Órgãos

– Cordas de instrumentos:
Há alternativas feitas à base de nylon, aço, carbono ou sintéticas com revestimento em metais – como alumínio, ouro e prata. Uma empresa que vende cordas do tipo é a Andamentto.

– Cordas de raquetes:
Há alternativas sintéticas, como cordas de poliéster e híbrido de copolímero, poliéster e teflon.

– Hormônios, enzimas, vitaminas e outros materiais médicos:

Há alternativas sintéticas no mercado, que podem ser obtidas à livre escolha do vegano. Porém, o problema para os veganos aparece quando tais produtos são fornecidos no hospital, onde a possibilidade de escolha é reduzida.

 

e) Leite

– Adesivos:
Vide b) Sangue.

– Plásticos:
Apenas alguns plásticos são produzidos a partir da caseína, como botões, cabos de segurar guarda-chuvas e punhos de talheres. Porém, mesmo para esses casos, há alternativas, como o polipropileno. Um exemplo de empresa que fabrica botões plásticos à base de polipropileno e sem caseína é a Jomar (consultada via SAC), sediada em São Paulo. Também há alternativas de polipropileno para cabos de guarda-chuva e cabos de talheres, assim como para outros produtos.

– Cosméticos:
Há alternativas cada vez mais numerosas, que não usam leite nem suas proteínas na composição. Como são muitas, dependendo do tipo de cosmético, e é fácil encontrá-las na internet e mesmo nas lojas, não é necessário listá-las aqui.

– Remédios:
Novamente retorna-se à grande diversidade de medicamentos existentes no mercado. É possível deduzir que apenas alguns possuem ingredientes derivados do leite em sua composição excipiente ou ativa.

 

f) Esterco

– Fertilizantes, nitrogênio e fósforo:
Recapitule-se a descrição dos alimentos para plantas mencionados no item c) Cascos e chifres. Nem todo fertilizante é produzido com restos de matadouro ou esterco. Há alternativas vegetais para jardinagem e agricultura, incluindo folhas, frutas e flores – que irão se decompor e se converter em material orgânico ao dispor das plantas vivas – e serapilheira. Além de adubos exclusivamente minerais – de onde se extrai também o nitrogênio e o fósforo para uso agrícola, ornamental ou em jardins.

 

g) Gordura

– Chicletes:
O ingrediente derivado de gordura é a glicerina, que compõe a goma-base. Porém, existem no Brasil marcas que não usam glicerina animal, como as balas Trident e o chicle Buzzy (a Riclan, fabricante da Buzzy, nega usar ingredientes de origem animal na maioria das marcas).

– Velas:
É cada vez mais difícil encontrar gordura animal entre os ingredientes de vela. Hoje em dia são facilmente encontradas no mercado velas que usam apenas cera de parafina, derivada de petróleo. Já há inclusive velas de emulsão vegetal – à base de soja, arroz, palma ou girassol.

– Detergentes:
Há alternativa vegana no mercado: a Ypê. Também existem alternativas caseiras divulgadas pela internet.

– Amaciantes:
A Ypê (consultada via SAC) também é uma alternativa para amaciantes veganos. E é possível fazer amaciante artesanal, comprando-se glicerina vegetal para incluir na composição.

– Desodorantes:
Há muitas alternativas sem glicerina, como a Nivea (desde que não contenha lanolina ou quitosan), o Herbíssimo e, no Nordeste, o Leite Floral. Muitas pessoas também usam o líquido Leite de Rosas tradicional como desodorante. Como opção de desodorante roll-on sem glicerina, há diversas marcas da Avon, mas essa empresa deixou de ser recomendada desde que se soube que ela realiza testes em animais em países como a China.

– Cremes de barbear:
Também são compostos de glicerina – e alguns contêm lanolina. Nada impede que as empresas utilizem glicerina vegetal. Uma ótima alternativa é ensaboar a pele a ser barbeada com sabonete de glicerina vegetal, como Phebo ou Granado. É possível usar também aparelhos de barbear elétricos, eles não requerem a aplicação prévia de creme.

– Perfumes:
Há muitas alternativas industriais sem derivados de origem animal, como os da L’acqua de Fiori e da Contém 1g. Isso sem contar nos milhares de perfumes artesanais extraídos de flores.

– Alimentos para animais de estimação:
Vide c) Cascos e chifres.

– Cremes e loções:
Algumas marcas de cremes e loções contêm glicerina animal. Mas uma variedade cada vez maior de empresas vem utilizando glicerina vegetal ou mesmo não usando mais a substância. Dependendo da função do creme ou loção, é relativamente fácil encontrar opções veganas no mercado.

– Giz de cera:
Está cada vez mais difícil de encontrar gizes de cera com gordura animal. Hoje utiliza-se muito mais o óleo da cera de parafina no lugar.

– Tintas:
Algumas empresas, como a Acrilex e a Gato Preto, ambas de tintas artísticas, não usam ingredientes de origem animal. Há também alternativas para tintas de outras categorias (de pintar paredes, metais, madeiras, tecidos etc.), destacando-se as tintas minerais naturais da Ecocasa.

– Óleos e lubrificantes:
Há opções de óleos lubrificantes, inclusive em forma de graxa, que contêm compostos de gordura vegetal – conforme descrito aqui –, mas nesse caso é exigida dos veganos a consulta aos SACs e rótulos.

– Biodiesel:
O biodiesel também pode e é feito sem usar animais, porém as monoculturas para produção da alta demanda por combustível acabam com a diversidade da fauna. Um dos poucos produtos que realmente dão dor de cabeça aos veganos, visto que é usado em ônibus no transporte coletivo. E, aliás, mesmo seu eventual uso em carros é desencorajado por razões socioambientais.

– Plásticos:
Nesse caso, plásticos como as sacolas comuns – o que não inclui muitas sacolas biodegradáveis – usam gordura animal para diminuir o efeito estático do material. Mas, como nem todo supermercado, mercearia e mercado usam sacos plásticos biodegradáveis, há três alternativas para se lidar com esses locais: ecobags, carrinhos de feira – que não demandam embrulhar os produtos comprados no supermercado – e sacolas biodegradáveis compradas em quantidade pelo próprio consumidor. Para produtos plásticos além das sacolas comuns, estão se multiplicando os plásticos biodegradáveis, que não contêm gordura animal.

– Impermeabilizantes:
Há opções que não utilizam ingredientes de origem animal, como alguns da Impergeo – e, fácil de deduzir, de outras empresas. O vegano pode consultar cada uma delas – inclusive via SAC – para perguntar sobre impermeabilizantes livres de restos de animais.

– Cimento:
Muitas marcas de cimento não contam com gordura animal, conforme lemos aqui.

– Giz:
O giz é basicamente feito de gipsita, água, corante (no caso do giz colorido) e, em muitas marcas, plastificante. Provavelmente algumas marcas utilizam gordura animal como ingrediente do plastificante. Há marcas sem plastificante, bom para uso não escolar – mas é necessário verificar rótulos ao comprar. Além disso, o giz como ferramenta de trabalho constante está sendo cada vez menos usado – nas escolas, já são raras aquelas que não usam lápis-pilotos e quadros-brancos.

– Explosivos:
Esta categoria de produtos virtualmente não é utilizada por consumidores comuns. Geralmente apenas empresas e o governo são interessados em utilizar explosivos. E mesmo assim é um único explosivo específico que utiliza derivado de glicerina animal: a nitroglicerina, ingrediente principal da dinamite. Pólvora, TNT e C4 não contam com ingredientes de origem animal.

– Fogos de artifício: 
Contêm ácido esteárico
, que pode ser de origem animal ou vegetal, mas veganos tendem hoje a não usá-los mais, visto que vem se expandindo a conscientização em torno das consequências do seu uso para pássaros e animais domésticos – cães têm muito medo de fogos, e podem se desesperar a ponto de fugir de casa ou mesmo sofrer ataque cardíaco, e pássaros podem ser mortos na explosão aérea dos fogos.

– Palitos de fósforo:
O misterioso aglutinante que consta entre os ingredientes do palito de fósforo é um derivado de gordura animal. Mas há alternativas, pelo menos na produção de alimentos: o acendedor elétrico dos fogões modernos, bastões produtores de faísca e isqueiros. Há churrasqueiras elétricas para o caso de “sojascos” (churrascos com ingredientes vegetais, como bolinhos de soja, arroz ou glúten; tofu e vegetais in natura).

– Fertilizantes:
Vide c) Cascos e chifres.

– Anticongelantes:
Há anticongelantes que não contêm gordura animal: dependendo do produto, utiliza-se metanol, etilenoglicol ou propilenoglicol.

– Isoladores:
O óleo mineral é o isolador elétrico que usa gordura, podendo ela ser de origem animal. Mas há alternativas de isolantes líquidos que não usam gordura: askarel, óleos de silicone, parafina (pastoso), pasta de silicone e resina Kopal.

– Linóleo:
Provavelmente foi incluído na lista porque continha gordura animal antigamente. Mas hoje o linóleo conta com óleo de linhaça, não mais com gordura animal, como o ingrediente gorduroso.

– Borracha:
Provavelmente foi incluída na lista pelos pneus, que são borracha vulcanizada e contêm ácido esteárico, que pode ou não ter origem na gordura animal. Mas há opção vegana no mercado: a Michelin usa ácido esteárico de origem vegetal.

– Tecidos:
Desonestamente a imagem não afirma quais tecidos. Os tecidos mais comuns – que inclui virtualmente todos aqueles usados pelos veganos – não contam com gordura entre seus ingredientes, visto que são compostos apenas por fibras naturais (algodão, sisal etc.) ou sintéticas (poliéster, poliamida etc.).

– Remédios:
Poucos contam com gordura animal no excipiente. E, como já dito antes no item A, em casos extremos veganos não podem boicotar remédios.

 

h) Pele

– Gelatinas:
Veganos consomem apenas gelatinas 100% vegetais ou algais, como o ágar-ágar. O sagu também é uma alternativa similar, feito de fécula de mandioca.

– Aromatizantes:
Há na internet inúmeras listas com ingredientes de origem animal mostrando quais aromatizantes a serem evitados. Não é problema nenhum para veganos.

– Papéis-de-parede:
Provavelmente se refere a papéis-de-parede feitos com couro. Mas há inúmeras alternativas ao couro, muitas delas de papel, em se tratando desse tipo de produto.

– Adesivos:
Vide b) Sangue.

– Remédios:
Apenas os remédios de cápsula contam com colágeno, oriundo de gelatina animal – alternativas com cápsulas vegetais podem ser encomendadas em farmácias de manipulação. E, como já dito antes, em casos extremos veganos não podem boicotar remédios.

– Doces e confeitos:
Não faltam doces veganos no Brasil e no mundo. E os confeitos provavelmente foram incluídos pela presença de colágeno em algumas marcas. Mas não são todos os confeitos que possuem colágeno na composição.

 

i) Pelo

– Filtros de ar:
Já há um tempo, não são mais utilizados pelos de animais nos filtros de ar modernos. Também os condicionadores de ar de hoje usam filtros com chapas e telas de alumínio e de nylon.

– Pincéis:
Apenas alguns poucos pincéis possuem pelos bovinos, geralmente extraídos das orelhas dos bois e vacas. Existe uma boa diversidade de alternativas de cerdas sintéticas no mercado, como na Tigre Pincéis.

– Feltro:
É evitado pelos veganos, que usam outros tecidos para todos os fins a que o feltro serve.

– Isoladores:
Provavelmente foram incluídos pela existência de isoladores elétricos feitos com feltro. Há inúmeras opções de isoladores sem nada de origem animal, como já foi citado em relação aos isoladores líquidos.

– Gesso: 
Apenas antigamente
 eram usados pelos de animais para deixar a massa do gesso mais consistente.

– Tecidos:
A mesma coisa do feltro. Veganos usam tecidos vegetais ou sintéticos.

 

h) Ossos

– Açúcar refinado:
Já é bastante evitado entre os veganos por causa de seus propalados maus efeitos à saúde, e hoje em dia no processo de fabricação é utilizada cal no lugar do carvão de ossos pela maioria das empresas.

– Carvão:
Entrou na lista provavelmente por causa da existência do carvão de ossos. Como alternativas há o carvão mineral e o vegetal.

– Fertilizantes:
Vide c) Cascos e chifres.

– Vidro:
Antigamente obtinha-se o óxido de cálcio que compõe os vidros a partir de ossos de animais. Hoje esse mineralé obtido do calcário.

 

Considerações finais

Com tudo o que foi mostrado – tanto as falácias como as alternativas ou substitutos dos produtos listados – podemos ver que a vida dos vegetarianos e veganos não é uma ilusão, ao contrário da crença comum dos conservadores de que haveria enormes dificuldades na obtenção de produtos industrializados sem ingredientes de origem animal e isso faria o veganismo não ter sentido.

Mesmo que em algum desses produtos realmente não houvesse saída para os veganos, não lhes haveria problema. Porque, como estão crescendo cada vez mais em números e, em sua grande parte, fazem militância pela preferência das indústrias pela produção de alternativas livres de restos ou secreções de animais, já se caracterizam como uma força a demandar uma postura de não compactuação com a escravidão animal intrínseca à pecuária, organizando boicotes, formando demanda de mercado e, dependendo do caso, criando alternativas extraindustriais.

E há também outra questão: é ingenuidade acreditar que, por não existirem pessoas 100% veganas, as pessoas não poderiam ser nem mesmo 1% veganas.

 

Afinal de contas, onde está a ilusão?

A imagem abaixo mostra os pesados custos da pecuária, que são camuflados por pessoas como os autores da figura “Produtos à base de gado”, os quais, por sua vez, insistem em não aceitar essa realidade e se refugiar na ilusão de que não haveria nada de ruim em consumir animais.

Imagem e levantamento de dados por Fabiü Buena Onda, Rodrigo da Silva Guerra e Helena Vitalina Selbach. Clique para vê-la em tamanho completo

Fonte: Consciencia.blog.br

domingo, 4 de novembro de 2012 | Autor:

Certo dia, um comprador viu a placa na porta de uma loja: “Vendem-se cravos”. Como estava pre­cisando de uns condimentos, entrou. Pediu ao proprietário:

– Quero duzentos gramas de cravos, por favor.

Ao que o lojista respondeu:

– Desculpe, cavalheiro. Não trabalhamos com esse produto.

Para não perder a viagem, o freguês tentou adquirir outra especiaria:

– Então, dê-me duzentos gramas de orégano.

O vendedor informou:

– Sinto muito, meu senhor. Não trabalhamos com temperos.

O consumidor, indignado, contrapôs:

– Mas o senhor colocou um luminoso lá fora dizendo que vende cravos!

E o dono da loja, sem perder a elegância, esclareceu:

– Exatamente. Vendemos cravos, os nobres instrumentos renascentistas, predecessores dos pia­nos. Acho que não é o que o senhor está procurando.

Essa história acontecia todos os dias nas escolas credenciadas pelo nosso Método. Muitos candi­datos pensavam tratar-se de academia, ou de terapia, ou de alguma outra amenidade. No entanto, o que nós oferecemos é uma Cultura, uma proposta de reeducação comportamental, um estilo de vida.

Por isso, em todas as nossas escolas, em diversos países da Europa, os diretores optaram por utilizar somente Método DeRose e revelam-se bem satisfeitos.

Hoje, nas escolas que utilizam o letreiro Método DeRose, ninguém mais entra equivocado procu­rando por cravos da Índia. Não ocorre mais o constrangimento de termos de esclarecer que não trabalhamos com aquilo que o interessado veio buscar. No Brasil, as escolas que passarem pelo crivo do controle de qualidade começarão a rece­ber outorga de certificação para adotar o Método.
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sábado, 27 de outubro de 2012 | Autor:
Texto enviado pela Vanessa De Rose: 

 

O PROFESSOR DO BILL GATES

Esta estória é meio lenda meio fato, mas merece ser contada como se fosse real.

Quando Bill Gates estudava em Harvard, ele tinha um professor de matemática fantástico e muito exigente. Tanto isso é verdade que Bill Gates se classificou em 18º lugar num teste nacional de matemática. Esse professor dava uma prova final dificílima e poucos alunos conseguiam acertar todas as questões.

“Se alguém conseguir acertar completamente esta prova, eu renunciarei ao meu cargo de Professor de matemática e trabalharei para ele”, dizia o professor no início da prova, com total seriedade.

Em inglês esta frase soa bem mais forte, tipo “eu serei seu subordinado para sempre”, uma forma simpática de dizer que se aceita a derrota e que finalmente se encontrou alguém superior.

Bill Gates foi o aluno que mais próximo chegou de encontrar todas as soluções, tendo errado uma questão, somente no finalzinho da dedução.

Passados vinte anos, se alguém for para Boston poderá encontrar o tal professor batendo a cabeça na parede de Harvard Square, balbuciando : “Por que eu fui tão rígido? Por que que eu fui tão rígido?’’

Tivesse sido menos rigoroso, o agora anônimo professor seria hoje, provavelmente, o segundo homem mais rico do mundo.

O interessante dessa estória é o fato de que alunos de Harvard ouvem de seus professores o seguinte conselho: “Se um dia você encontrar alguém, um colega ou um subordinado, mais competente que você, faça dele o seu chefe, e suba na vida com ele”.

No Brasil, um colega de trabalho que comece a despontar é imediatamente tachado de picareta, enganador e puxa-saco. Em vez de fazê-lo chefe, começa um lento e certeiro boicote ao talento. Nossa mania de boicotar chefes lembra a mentalidade do “Se hay gobierno soy contra”. Nestas condições, equipes dificilmente conseguem ser formadas no Brasil, e temos um excesso de prima-donas, donos da verdade sem nenhuma equipe para colocar as idéias em prática.

Se não aprendermos a escolher os nossos chefes imediatos, como iremos escolher deputados, governadores e presidentes da República ?

Milhares de jovens acreditam ingenuamente que, apesar de ter cabulado a maioria das aulas, quando adultos contratarão pessoas inteligentes que suprirão o que não aprenderem. Ledo engano, pessoas inteligentes são as primeiras a procurar parceiros competentes para trabalhar.

Melhor do que procurar as melhores empresas para trabalhar é procurar os melhores chefes e trocar de emprego quantas vezes seu chefe trocar o dele. Como fizeram as dezenas de programadores que decidiram trabalhar para a Microsoft, na época em que ela era dirigida por um fedelho de 19 anos e totalmente desconhecido.

Achar um bom chefe não é fácil. Temos muito mais informações sobre empresas do que sobre pessoas com capacidade de liderança.

Mas, na próxima vez que encontrar um amigo para saber se o emprego dele paga bem, pergunte quem são os bons chefes e líderes da empresa em que ele trabalha,

É muito melhor promover um subordinado a seu chefe se ele for claramente mais competente do que você, do que ficar atravancando a carreira dele e a sua.

Subordinar-se a um chefe competente não é sinal de submissão nem de servilismo, mas uma das melhores coisas que você poderá fazer para sua carreira. Embora ser o número 1 de uma organização seja o sonho de muitos jovens, a realidade é que 95% de sua carreira será desenrolada como o número 2 de algum cargo.

A pior decisão na vida do professor de Bill Gates foi a de não seguir o seu próprio conselho. Portanto fique de olho nos seus colegas de trabalho e faculdade que parecem ser brilhantes e tente trabalhar com eles no futuro. Eles poderão ser o caminho para o seu sucesso.

STEPHEN KANITZ
http://www.kanitz.com/veja/bill_gates.asp
Revista Veja, Editora Abril, edição 1552, nº 25, 24 de junho de 1998, página 21

quarta-feira, 24 de outubro de 2012 | Autor:
Olá Mestre! Olá pessoal!

Bruno, legal a imagem e o que você escreveu sobre ela =)

Vim compartilhar com todos um documentário chamado “A Educação Proibida”. Encontrei no http://luisalbertowarat.blogspot.com.br/que é um grupo formado por professores que buscam a sensibilidade, qualidade de vida e melhor convivência.

Aqui está o link http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=-1Y9OqSJKCc#!

Algumas falas chamaram atenção:

“Se você busca resultados diferentes, não faça sempre as mesmas coisas”.

“Para descobrir a lâmpada, o criador errou mil vezes. Perguntaram a ele como se sentia sobre isso e ele respondeu: – Eu não errei mil vezes, a lâmpada é que precisa de mil passos para ficar pronta”.

“Toda vivência humana acontece em conversas e é nesse espaço que se cria a realidade em que vivemos”.

“A pressão social, as extensas jornadas laborais, a necessidade de não nos sentirmos excluídos, nos obriga dia-a-dia a tomar decisões sem perguntar-nos realmente se são lógicas ou coerentes para nós, sem pensar como nos sentimos”.

Um abraço,
Fernanda Bizzotto.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012 | Autor:

 

 

 

A teoria da “Síndrome da Felicidade” baseia-se no fato de que o ser humano é um animal em transição evolutiva e que, nos seus milhões de anos de evolução, somente há uns míseros dez mil anos começou a construir aquilo que viria a ser a civilização. E só nos últimos séculos, sentiu o gosto amargo das restrições impostas como tributo dessa aventura.

Como animais, temos nossos instintos de luta, os quais compreendem dispositivos de incentivo e recompensa pela sensação emocional e mesmo fisiológica de satisfação cada vez que vencemos, quer pela luta, quer pela fuga (a fuga também é uma forma de vitória, já que o animal conseguiu vencer na corrida ou na estratégia de fuga; e seu predador foi derrotado, uma vez que não o conseguiu alcançar).

Numa situação de perigo, o instinto ordena lutar ou fugir. Quando acatamos essa necessidade psico-orgânica, o resultado na maior parte das vezes, é a saúde e a satisfação que se instala no estágio posterior.

Se não é possível fugir nem lutar, desencadeiam-se estados de stress que conduzem a um leque de distúrbios fisiológicos diversos. Isto tudo já foi exaustivamente estudado em laboratório e divulgado noutras obras.

O que introduzimos na teoria da Síndrome da Felicidade é a descoberta de um fenômeno quase inverso ao que foi descrito e que os pesquisadores ainda não situaram a contento. Trata-se daquela circunstância mais ou menos duradoura na qual não há necessidade de lutar nem de fugir porque está tudo bem. Bem demais, por tempo demais.

Isso geralmente acontece com maior incidência nos países de grande segurança social e numa proporção assustadora nas famílias mais abastadas.

O dispositivo de premiação com a sensação de vitória, sua consequente euforia e auto-valorização por ter vencido na luta ou na fuga, tal dispositivo em algumas pessoas não é acionado com a frequência necessária. Como consequência o animal sente falta – afinal é um mecanismo que existe para ser usado, mas não o está sendo – e, então, ele cai em depressão.

Se quisermos considerar o lado fisiológico do fenômeno, podemos atribuir a depressão à falta de um hormônio, ainda não descoberto cientificamente, que denominei endoestimulina, e que o organismo pára de segregar se não precisa lutar nem fugir por um período mais ou menos longo, variável de uma pessoa para outra.

O cachorro doméstico entra em depressão, mas não sabe por quê. A dona do cãozinho também não sabe a causa da sua própria depressão, já que o processo é inconsciente, porém, seu cérebro, mais sofisticado do que o do cão, racionaliza, isto é, elabora uma justificativa e atribui sua profunda insatisfação a causas irreais. Não adiantará satisfazer uma suposta carência, imaginariamente responsável pela insatisfação ou depressão: outra surgirá em seguida para lhe ocupar o lugar e permitir a continuidade da falsa justificativa. O exemplo acima poderia ser com pessoas de ambos os sexos e todas as idades, mas, para ocorrer, é preciso que a pessoa seja feliz. Feliz demais, por tempo demais.

Resumindo: se está tudo bem, bem demais, por tempo demais, o indivíduo começa a sentir infelicidade por falta do estímulo de perigo-luta-e-recompensa. Como isso ocorre em nível do inconsciente, a pessoa tenta justificar sua infelicidade, atribuindo-a a coisas que não teriam o mínimo efeito depressivo em alguém que estivesse lutando contra a adversidade.

Exemplos:

  • Na Escandinávia, onde a população conta com uma das melhores estruturas de conforto, paz social, segurança pessoal e estabilidade econômica, é onde se verifica um dos maiores índices de depressão e suicídio no mundo. Durante a guerra do Vietnam, onde as pessoas teriam boas razões para abdicar da vida, o índice de suicídios foi quase nulo.
  • Os países mais civilizados que não teriam motivos para passeatas e agitações populares, pois nada há a reclamar dos seus governos, com alguma frequência realizam as mesmas manifestações, mas agora com outros pretextos, tais como a ecologia, o pacifismo ou a defesa dos direitos humanos na América do Sul.
  • O movimento em defesa dos direitos da mulher surgiu justamente no país onde as mulheres tinham mais direitos e eram mesmo mais poderosas que os homens: os Estados Unidos. Lá, onde tradicionalmente se reconhece a ascendência da esposa, justo lá, foi onde as mulheres reclamaram contra sua falta de liberdade e de igualdade. Já na Itália, Espanha, Portugal, América Latina, Ásia, países muçulmanos e outros onde a mulher poderia ter motivos na época para reclamar, em nenhum deles ela se sentiu tão violentamente prejudicada nos seus direitos quanto nos Estados Unidos.

Assim, sempre que algum aluno ou aluna vinha chorar as mágoas, explicava-lhe nossa teoria da Síndrome da Felicidade e concluía dizendo:

Se você se sente infeliz sem razão, ou o atribui a essas razões tão pequenas, talvez seja porque você é feliz demais e não está conseguindo metabolizar sua felicidade. Algo como indigestão por excesso de felicidade. Pense nisso e pare de reclamar da vida. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012 | Autor:

Que confusão!

 

A confusão gerada pelos livros

Para o leitor iniciante no tema, muitos livros mais fazem confusão do que esclarecem. Esperemos que este não contribua para piorar a babel, mas, ao contrário, possa desfazer essa barafunda.

O motivo dos livros em geral embaraçarem a compreensão é que a maior parte foi escrita por leigos e o panorama não está claro nem para eles próprios que os escreveram. Ao tentar explicar, confundem. Há uma parcela de autores que conhecem o assunto, no entanto, esses pecam por achar que todo o mundo tem algum conhecimento e falam indiscriminadamente de Vêdas, Puránas, Upanishads, Bhagavad Gítá, Yôga Sútra, Mahá Bhárata, com bastante intimidade, atabalhoando tudo, sem esclarecer o que é cada um desses textos e onde se localiza em relação aos demais. O presente capítulo vai organizar essa miscelânea.

 

A confusão gerada pela desinformação

No Ocidente, quando falamos de Yôga, sempre surge alguém com alguma pergunta ou declaração que o associe ao Budismo. Ora, para começar, Budismo é uma religião e o Yôga é filosofia. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para piorar a gafe, na Índia, menos de 1% da população é budista. Finalmente, para desespero de quem faz esse tipo de embrulhada, o Yôga faz parte do Hinduísmo[1], enquanto o Budismo é tecnicamente uma heresia[2] do Hinduísmo!

No entanto, o leitor poderá argumentar que encontrou várias referências em livros, que estabeleciam associações entre Yôga e Budismo. De fato, isso existe. Na maior parte das vezes ocorre pelas razões expostas nos primeiros parágrafos deste capítulo. Ademais, o Hinduísmo é tão antigo, tão vasto e tão multifacetado que poderemos, eventualmente, encontrar situações insólitas e contraditórias. Registre-se, porém, que isso não é a regra: é a exceção.

Existe um Yôga Budista? Sabendo-se que Budismo é uma religião, falar de um Yôga Budista é o mesmo que mencionar um Yôga Católico, um Yôga Islâmico, um Yôga Judaico. Seria algo como afirmar a existência de um Golfe Católico, um Futebol Luterano, um Vôlei Adventista, diferentes dos seus homônimos praticados por outras religiões. Não que o Yôga seja esporte. Poderíamos fazer a mesma comparação com outras áreas. Imagine se seria possível uma Informática Judaica, uma Física Nuclear Evangélica ou uma Engenharia Umbandista, diferentes da Informática, da Física Nuclear ou da Engenharia praticadas por outras religiões!

Contudo, às vezes encontra-se no Ocidente propaganda oferecendo “Yôga Cristão” como se isso fosse alguma especialidade. O que o prestador de serviços quer dizer, nesse caso, é que os cristãos podem praticar suas aulas sem nenhum conflito com a religião, o que, afinal, é verdade. Mas Yôga Cristão não é um ramo de Yôga.

A confusão gerada pelo mercado

Tão incoerente quanto barafundar o Yôga com religiões é misturá-lo com nacionalidades. É comum encontrarmos oferta de Yôga Tibetano, Yôga Egípcio, Yôga Israelense. Ora, Tibet, Egito, Israel são países. “Yôga Tibetano” faz tanto sentido quanto “Yôga Brasileiro”, “Yôga Argentino”, “Yôga Português”. Se existe Yôga no Tibet ele tem que ser identificado pelo seu nome verdadeiro: Rája Yôga, Hatha Yôga, Karma Yôga, Bhakti Yôga etc.

Também ouve-se falar de Yôga Desportivo, Yôga Artístico, Yôga Fitness, Power Yôga e por aí vai. Trata-se de táticas modernas para tentar atingir o consumidor onde ele é mais vulnerável: no apelo da novidade. Yôga Desportivo será Hatha Yôga? Yôga Artístico não será Hatha Yôga também? Power Yôga e Yôga Fitness não serão igualmente Hatha Yôga? Mas, na opinião daqueles, Hatha Yôga está gasto, ultrapassado, démodé. Ninguém mais quer praticar Hatha Yôga no Ocidente. Então, nada melhor que tentar outra denominação.

 

 

 

 

A estrutura do Hinduísmo

 

Vamos localizar o fio da meada

Para desfazer o imbróglio, vamos estudar a estrutura do Hinduísmo. Talvez assim compreendamos que ao expressar nossos pontos de vista, estaremos sendo ortodoxos, sim, mas intolerantes jamais.

Primeiramente, para facilitar a compreensão, vamos dividir o estudo do Hinduísmo em dois grupos de Escrituras: Shruti e Smriti.

 

I. Shruti

Shruti é a parte mais antiga, cujas raízes localizam-se há mais de mil anos antes da nossa Era.

Shruti significa “aquilo que é ouvido”. Pode estar se referindo à tradição oral, em que o ensinamento era transmitido de boca a ouvido, ou então ao fato de que essas Escrituras foram recebidas através de revelação, por meio da qual os rishis “ouviram” os textos.

O Shruti é formado pelos quatro Vêdas – Rig Vêda, Sama Vêda, Yajur Vêda e Atharva Vêda. Os Vêdas, por sua vez, compõem-se das divisões denominadas Mantras[3], Brahmanas, Aranyakas e Upanishads. Destas, as Upanishads são as que mais nos interessam por apresentarem as mais arcaicas referências hindus sobre o Yôga.

Upanishadas

Upanishada ou Upanishad significa literalmente sentar-se junto, mas normalmente é traduzido como comentário. É que as Upanishads são os comentários dos Vêdas e, por isso, estão situadas no final deles[4].

As Upanishads servem para fundamentar filosofias como o Vêdánta e o Yôga. Há Upanishads especializadas em diferentes temas, como filosofia, medicina, religião, astronomia etc. Em seu livro Yôgakundaliní Upanishad, Sivánanda declara que existem 108 Upanishads. Em uma das minhas viagens à Índia, encontrei nos Himálayas uma cópia antiga da Rudráksha Upanishad, que explana sobre a semente de Rudráksha (Lágrima de Shiva), à qual atribuem-se propriedades medicinais. Interessamo-nos especialmente pelas, assim chamadas, Yôga Upanishads: Maitrí Up., Yôgatattwa Up., Yôgashára Up., Yôgakundaliní Up., Dhyánabindu Up., Nádabindu Up., Kshurika Up, Kathaka Up. etc., pois tratam do Yôga.

Upanishads (comentários) dos respectivos Vêdas

 

Rig Vêda (10 Upanishads)

Principal Upanishad:

Aitarêya.

Vêdánta Upanishads: 

Atmabôdha, Kaushítakí, Mugdala.

Samnyása Upanishads:

Nirvána.

Yôga Upanishad:

Nádabindu.

Vaishnava Upanishads:

Não há.

Shaiva Upanishads: 

Akshamálá.

Shakta Upanishads:

Tripurá, Bahvrichá, Saubhágyalakshmí.

 

Yajur Vêda (51 Upanishads)

Principais Upanishads:

Katha, Taittiríya, Ísávásya, Brhadáranyaka.

Vêdánta Upanishads:

Akshi, Êkáshara, Garbha, Pránágnihôtra, Swêtásvatara, Sháriraka, Sukarahasya, Skanda, Sarvasára, Adhyátma, Nirálamba, Paingala, Mántrika, Muktika, Subála.

Samnyása Upanishads:

Avádhúta, Katharudra, Brahma, Jábála, Turíyátíta, Paramhamsa, Bhikshuka, Yájnavalkya, Sátyáyaní.

Yôga Upanishad:

Amrtanáda, Amrtabindu, Kshurika, Tejôbindu, Dhyánabindu, Brahmavidyá, Yôgakundaliní, Yôgatattwa, Yôgashikhá, Varáha, Advayatáraka, Trishikhibráhmana, Mandalabráhmana, Hamsa.

Vaishnava Upanishads:

Kalishántarana, Náráyana, Tárasára.

Shaiva Upanishads:

Kálágnirudra, Kaivalya, Dakshinámúrti, Panchabrahma, Rudrahrdaya.

Shakta Upanishads:

Saraswatírahasya.

 

Sáma Vêda (16 Upanishads)

Principais Upanishads:

Kêna, Chándôgya.

Vêdánta Upanishads:

Mahat, Maitráyaní, Vajrasúchí, Sávitrí.

Samnyása Upanishads:

Árunêya, Kundika, Maitrêyí, Samnyása.

Yôga Upanishad:

Jábáladarshana, Yôgachúdámani.

Vaishnava Upanishads:

Avyakta, Vásudêva.

Shaiva Upanishads:

Jábálí, Rudrákshajábála.

Shakta Upanishads:

Não há.

 

Atharva Vêda (31 Upanishads)

Principais Upanishads:

Prasna, Mándúkya, Mundaka.

Vêdánta Upanishads: 

Átmá, Súrya.

Samnyása Upanishads:

Náradaparivrájaka, Parabrahma, Paramhamsaparivrájaka.

Yôga Upanishad:

Páshupatabrahma, Mahávákya, Sándilya.

Vaishnava Upanishads:

Krishna, Gáruda, Gopálatápaní, Tripádvibhútimahánáráyana, Dattátrêya, Nrsimhatápaní, Rámatápaní, Rámarahasya, Hayagríva.

Shaiva Upanishads: 

Atharvashikhá, Athavashira, Ganapati, Brhajjábála, Bhasmajábála, Sarabha.

Shakta Upanishads:

Annapúrna, Tripurátápaní, Dêví, Bhávaná, Sítá.

 


Total por tipo de Upanishad

Principais Upanishads:

 10

Vêdánta Upanishads: 

 24

Samnyása Upanishads:

 17

Yôga Upanishad:

 20

Vaishnava Upanishads:

 14

Shaiva Upanishads: 

 14

Shakta Upanishads:

    9

Total:

108

 

II. Smriti

Smriti é divisão mais nova. A maior parte dos textos deste grupo tem pouco mais de 2000 anos. Smriti significa memória, referindo-se provavelmente às recordações posteriores daquilo que o Shruti ensinara no passado remoto. Fazem parte do Smriti as divisões: Smriti, Itihasas, Puránas, Ágamas e Darshanas.

a) Itihasas

Os Itihasas são os épicos Mahá Bhárata (Grande Índia) e Rámáyana (o Caminho de Ráma ou a Vida de Ráma). Onde fica o Bhagavad Gítá? Ele é um capítulo do Mahá Bhárata. O Mahá Bhárata é a descrição de uma guerra. O Bhagavad Gítá (a Canção do Sublime) é a descrição de uma batalha daquela guerra. Relata fatos reais redigidos de forma poética, com ensinamentos filosóficos e éticos.

b) Puránas

Purána significa antigo, antiguidade. São textos mais acessíveis que permitem ao indiano médio compreender os ensinamentos antigos sob uma redação mais simples. Contêm muitos contos, fábulas e outras formas populares para transmissão do conhecimento. Estes são alguns Puránas:

Shiva Purána, Vishnú Purána, Brahma Purána, Brahmanda Purána, Skanda Purána, Linga Purána, Agni Purána, Naradiya Purána, Padma Purána, Gáruda Purána, Varaha Purána, Bhagavata Purána, Brahmavaivarta Purána, Markandêya Purána, Bhavishyat Purána, Vamana Purána, Kúrma Purána, Matysa Purána etc.

c) Ágamas

Os Ágamas são manuais do culto vêdico, textos que ensinam ao devoto como oficiar o culto pessoal e doméstico às suas divindades eleitas. Podemos também entender os Ágamas como tendências devocionais.

Certa vez, estávamos diante do Gandhi Memorial, em Delhi, e um distinto senhor, muito solícito como em geral os indianos são, explicou-nos que, segundo alguns estudiosos, contam-se 330 milhões de deuses no Hinduísmo. Ainda que esse número seja bastante exagerado, não teríamos espaço nem justificativa para descrever aqui centenas de tendências devocionais. Portanto, vamos ater-nos às três principais, aquelas que abarcam a maciça maioria da população. São elas:

1- Shaiva (Shivaísmo)

Consta que Shiva foi um bailarino que viveu na civilização Harappiana ou Dravídica. Atribui-se a Shiva a criação do Yôga. Shiva tem mais de mil nomes e aspectos. Natarája é o Shiva bailarino. Shankar é o Shiva saddhu, meditante. Rudra é o Shiva irado. Pashupati é o Shiva senhor dos animais. Representa o Aspecto Renovador do Absoluto. Talvez por isso seja o patrono do Yôga, arte de renovação biológica e mental por excelência.

2- Vaishna (Vishnuísmo)

Vishnú é o Aspecto Conservador do Absoluto. É o equivalente ao Espírito Santo do Cristianismo. Vishnú se manifesta no mundo através de seus Avatares, que são as encarnações divinas. O Hinduísmo é tão tolerante que reconhece Buddha como um Avatar de Vishnú, apesar de Siddharta ter renegado o Hinduísmo! Krishna foi outra dessas encarnações. O Krishnaísmo constitui uma seita do Vishnuísmo. Assim, os Harê Krishnas pertencem a este Ágama.

3- Shakta (Shaktismo)

Shaktismo é o herdeiro do Tantrismo. Digamos que seja uma interpretação tântrica do Hinduísmo, ou uma forma aceita pela sociedade ariana (hindu) de praticar os preceitos tântricos. Shakta é o adorador da Shaktí. Shaktí significa energia e designa a mulher que, além de ser parceira, é cultuada como deusa viva.

Notemos que das três tendências devocionais mais expressivas da Índia (Shaiva, Vaishna e Shakta), duas delas (Shaiva e Shakta) estão alicerçadas na cultura pré-ariana, pré-vêdica.

d) Darshanas

Darshana significa ponto de vista. O Hinduísmo compreende seis darshanas, ou seja, seis pontos de vista segundo os quais ele pode ser professado. Independentemente das religiões e seitas, o Hinduísmo possui uma profusão de filosofias. Estas seis detêm o status do reconhecimento formal e acadêmico. Agrupam-se duas a duas, em função de suas afinidades.

Primeiro par:

1-Yôga

2- Sámkhya;

Segundo par:

3- Vêdánta

4- Purva Mimansa;

Terceiro par:

5- Nyáya

6-Vaishêshika.

Podemos constatar que o Yôga é casado com o Sámkhya e não com o Vêdánta, como muitos livros e instrutores insistem em ensinar.

Neste livro tratamos de Yôga. Comentamos um pouco sobre Sámkhya, já que o Yôga tem mais afinidade com o Sámkhya. Costumo ensinar aos meus futuros instrutores de Yôga: nosso foco deve ser o Yôga, portanto, invista 99% do seu tempo nele. Nosso Yôga é de raízes Sámkhyas, então, dedique 0,9% do seu tempo nele. A literatura moderna de Yôga é muito influenciada pelo Vêdánta, logo, aplique 0,1% do seu tempo para ter uma noção deste último.

Não estudaremos Mimansa, Nyáya, nem Vaishêshika, porquanto entendemos que o Yôga tem uma relação mais tênue com esses outros três darshanas.

Agora que compreendemos a estrutura do Hinduísmo, recordemo-nos de que o Yôga surgiu séculos antes do advento do Shruti, numa civilização que foi extinta justamente quando os arianos ocuparam o seu território. O Vêdismo, que depois foi denominado Brahmanismo, e, finalmente, Hinduísmo, contém muitos elementos da cultura dravídica, mas diversos autores costumam ignorar isso.



[1] Vale a pena esclarecer que refiro-me ao Hi/nduísmo como uma cultura e não como uma religião. É como o Cristianismo. O Cristianismo também é uma cultura que contém várias religiões e seitas.

[2] Ocorre uma diferença crucial entre o conceito de heresia do Cristianismo e o do Hinduísmo. No Cristianismo, através da História, o herege é perseguido, torturado e morto. A simples pecha de herege já embute um sentido pejorativo. Entretanto, no Hinduísmo o conceito de heresia é entendido no sentido universal: heresia é quando uma religião ou seita discorda e se afasta da doutrina-mãe, que constitui tronco principal. O Budismo teve suas origens no Hinduísmo e consiste numa contestação a ele, portanto, é uma heresia em relação ao Hinduísmo. Acontece que o Hinduísmo concede uma tolerância incomensurável às divergências e as absorve quase todas, fazendo-as constituir correntes do próprio Hinduísmo. No caso do Budismo as divergências eram muito relevantes e não foi possível absorvê-lo. Por outro lado, numa demonstração chocante de tolerância, o templo hindu Lakshmí-Narayan (Birla Temple) de Delhi, possui uma alameda que conduz a um templo budista, construído ao lado pelo mesmo mecenas, o Sr. Birla. Os devotos visitam o santuário hindu e, muitas vezes, estendem sua visita ao templo budista – e vice-versa.

[3] Em qualquer idioma moderno (excetuando-se o alemão), a palavra mantra transliterada, como qualquer outra do sânscrito, deve ser escrita com inicial minúscula, a menos que se trate de nome próprio. Aqui Mantras refere-se às Escrituras que contêm hinos. Não se trata dos mantras que utilizamos no Yôga.

[4] Daí deriva o nome da filosofia Vêdánta, termo que significa literalmente o final dos Vêdas, já que o Vêdánta é baseado nas Upanishads.

domingo, 14 de outubro de 2012 | Autor:

Vocabulário para marujos brasileiros de primeira viagem:

sortie = sorte

maison = mesão

bureau = burro

burreau de poste = burro amarrado no poste

gateau = gato grande

petit gateau = um pequeno grande gato (como o “pequeno grande homem” e o “little big horn”)

montre = monstro

lunette = luneta

Hôtel de Ville = Hotel da Vila

tablette = tablete, pastilha

à demain = a duas mãos

crier = criar

papillon = papelão

quarte = quarto

morceau = morcego

mairie = maria

sedan = seda grande

ombre = ombro

s’assoir = se assoar, assoar o nariz

roquette = raquete (de tênis, de ping-pong etc.)

calotte = calote, dar o calote

satin = Satan, o Demo.

de rien = para rir

macarron = macarrão

macarronade = macarronada

merengue = um tipo de dança

en suite = no quarto com banheiro

propre = próprio

veste = veste, roupa

attendre = atender

cou =  uma parte da anatomia humana

gengibre dans ton cou = gengibre no seu pescoço

esperer = esperar, aguardar

depuis = depois

tirez = tirar

monter = montar

femme de ménage = mulher que faz ménage à trois

chochotte = chochota

livre = livre, liberto

chat = chato

rien = rio

bijou = bijouteria

embrasser = abraçar

baiser = beijar

fenêtre = frenética