Recebi este comentário do instrutor José Afonso, de Paris, e quero compartilhá-lo com você:
José Afonso
http://www.espaceenergie.fr | [email protected]
Mestre,
Envio um texto que recebi de uma amiga que exemplifica bem a importância da “etiqueta” que precisamos associar ao “luxo” que é praticar o Método DeRose:
Abraço com saudade!
José Afonso
“O tipo desce na estação de metro vestindo jeans, t-shirt e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora rush matinal.
Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos transeuntes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a ‘bagatela’ de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de glamour.
Somente uma mulher reconheceu a música…”
O vídeo da apresentação no metro está no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw
Oi, Zé. Obrigado, obrigado mesmo, por essa contribuição. Não sei por que, mas estou com os olhos marejados de lágrimas. Será que é por lástima solidária por aqueles que já ouvi tantas vezes tocando seus violinos no metrô de Paris, verdadeiros artistas, e ninguém ligava a mínima, deixando-os lá com fome e frio? Será que é por me identificar com essa situação, por haver mostrado ao mundo um trabalho sério e excelente, mas ter sido ignorado e até destratado por não ter tido dinheiro para portar boas roupas ou para ter amigos influentes durante quase toda a minha vida? Não sei. Mas sei que este texto e este vídeo precisam ser conhecidos por todos. E esperemos que compreendam. Que compreendam duas coisas.
1) Primeiro, o que está já mencionado, que precisamos valorizar as pessoas pelo que elas são e não pelo que aparentam. Que precisamos ter menos preconceito e discriminar menos as pessoas por ser jovens ou por ser humildes. Que precisamos dar uma chance aos que se esforçam tanto por um grama de reconhecimento, por uma oportunidade na vida.
2) E que compreendam o quanto é preciso valorizar algo a que nós brasileiros raramente conferimos o devido valor: a importância do protocolo, do cerimonial e do rito. Isso inclui a “embalagem” adequada para sermos aceitos, pois você jamais encontrará um conteúdo bom em uma embalagem ordinária ou de mau-gosto. O contrário sim, para ludibriar. Mas um bom produto está sempre em uma boa roupagem. E não é só o envoltório. É o rapport. É o ritual. É o protocolo.
É muito difícil explicar isto em palavras. É preciso ter passado pela experiência, sucessivas vezes, sucessivas exclusões, sucessivas execrações, para um dia, quiçá, lá pelos sessenta anos, perceber o que tudo isso significa. Mas seria tão bom se eu pudesse ajudar você a perceber isso mais cedo!
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