sexta-feira, 21 de maio de 2010 | Autor:

Respondendo ao Gustavo e a tantos outros que tiveram a mesma dúvida, mas não a expressaram, preferi colocar um post sobre o assunto.

Sim, a palavra Yôga tem acento circunflexo em outras línguas, mesmo naquelas que não possuem o circunflexo, como o espanhol, e até nas que não possuem acento algum, como o inglês. Para documentar isso, escrevi um pequeno livro intitulado Yôga tem acento, no qual reproduzo textos, capas e páginas de rosto de obras em várias línguas e mais a excelente explicação do erudito Barahona que estudou sânscrito na Índia e realizou a melhor tradução da Bhagavad Gítá. Há também um capítulo que desenvolve esse tema, intitulado “A Yoga” ou “o Yôga”?, no meu livro Quando é Preciso Ser Forte. Recomendo sua leitura por parte de quem quiser se aprofundar.

Algumas obras que confirmam a existência do circunflexo na palavra sânscrita Yôga transliterada, são:

Para o espanhol: Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.

Para o inglês: Pátañjali Aphorisms of Yôga, de Sri Purohit Swami, Editora Faber and Faber, London e Boston.

Para o português: Poema do Senhor (Bhagavad Gítá), de Vyasa, Editora Assírio e Alvim, Lisboa.

Além destes livros há muitos outros, assim como dicionários e enciclopédias que optaram por usar outros acentos, mas que reconhecem a necessidade de sinalizar a crase ao leitor. O mesmo ocorre com o ÔM. Vários livros e dicionários fazem-no constar com acento.

A grafia com Y no português está dicionarizada desde antes dessa letra ser reabilitada pela nova ortografia. Consta do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa. Consta do Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora. E consta da Enciclopédia Verbo, de Lisboa.

Quanto aos que defendem que deve-se grafar “ioga”, devo lembrar que o mundo inteiro escreve com Y. Só o Brasil (e alguns segmentos em Portugal) escrevem-no com a letra I, o que constitui um constrangimento em Congressos Internacionais e uma verdadeira declaração de ignorância perante os Mestres da Índia. Certa vez, em um evento internacional, certo “professor” brasileiro presenteou Van Lysebeth com seu livro, em cujo título estava escrito “ioga”. O celebrado Mestre europeu não fez por menos. Comentou em alto e bom tom para que todos escutassem: “Meu caro senhor. Você não sabe nem escrever a palavra Yôga, como se atreve a publicar um livro sobre o tema?” Foi um vexame para o autor e um constrangimento para os brasileiros presentes ao episódio. Se os protagonistas de uma semelhante incultura fôssem os russos, ou estadunidenses, ou franceses, ou ingleses (que fizeram coisa similar ao suprimir o acento), o resto do mundo acataria respeitosamente. Os ingleses, por exemplo, ao não colocar o acento devido, foram imitados pelo mundo todo. Por que? Bem, ninguém sabia se tinha acento ou não tinha. Os primeiros a transliterar o sânscrito, em 1805, foram os britânicos. E eles contavam com um argumento culturalmente muito persuasivo: possuíam a mais poderosa Armada do planeta!… Mas tratando-se de um latinoamericano a cometer uma falha análoga, o preconceito cultural só poderia induzir a reações como a do ilustre Presidente da Federação Belga.

O que me deixa mais perplexo é que alguns dicionários declaravam que a palavra Yoga devia ser escrita com I porque o Y não existia na nossa língua, mas aceitavam serenamente grafar outros vocábulos com Y, como é o caso do Dicionário Aurélio que tenho em minha biblioteca e que acata subservientemente as palavras baby, play-boy, playground, office-boy, cow-boy, sexy, bye-bye, milady, railway e muitas outras preservando a escrita original com Y (aliás, eu gostaria de saber para que queremos o termo railway! Não utilizamos estrada de ferro?).

Pior ainda foi a truculência do Dicionário Houaiss, ao declarar que Yoga tem de ser escrito ioga, porque o Y não existia no português. E, ao mesmo tempo, na letra Y faz constar: yacht (iate), yachting (iatismo), yanomami [do tupi-guarani], yen [do japonês], yeti [do nepalês], yom kipur [do hebraico], yama, yantra, yoni [do sânscrito], todos com Y, mas Yôga, não. Isso é uma arbitrariedade inadmissível!

Para quem defende o aleijão “ioga”, mas é de tradição judaica, pergunto: consideraria correto escrever “iom quipur”? Ou isso seria uma violentação cultural, etimológica e ideológica?

____________________

Querido Grande Mestre,

Deixo mais uma referência para a língua portuguesa:

Marques, Paulo, Caminho de Luz, Planeta Editora, Maio de 2005, Lisboa.

Este autor escreve “yôga”.

Um grande abraço.

João Camacho

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009 | Autor:

“Se não está escrito em inglês, não é ciência.”

Por trás da arrogância desta frase, existe uma realidade global. Por isso, os 200 gurus indianos não tomaram conhecimento do Tratado de Yôga e penaram para compilar apenas 600 ásanas, quando poderiam ter contado com um incremento considerável ao seu trabalho, se voltassem suas lunetas para outras culturas.

O reconhecimento do Império Romano

Durante o Império Romano ocorria um fenomeno de aculturação que persiste até os nossos dias. Se uma colônia, por exemplo, a Gália, quisesse comprar cultura, não cogitaria em adquiri-la da Lusitânia ou da Helvétia. Não a importaria do seu vizinho mais próximo, um produto às vezes melhor, a um custo mais razoável. Fazia questão de importar de Roma, o centro do império. Então, muitas vezes as colônias levavam seu produto para Roma, traduziam-no em latim e a partir de então as demais colônias o aceitavam! Quantas conquistas científicas e tecnológicas foram perdidas apenas por não estar escritas em latim! Conhecemos o Direito Romano, mas como era o Direito Etrusco? Conhecemos a Medicina Romana que atendia os legionários e os gladiadores, mas como era a Medicina Minóica?

Aqui no subcontinente brasileiro presenciei o mesmo fenômeno em diversas ocasiões. Quando eu ministrava um curso em Porto Alegre, minhas turmas chegavam a 160 alunos vindos de Caxias do Sul, Cruz Alta, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Canela, Livramento, Uruguaiana e muitas outras cidades do exuberante interior gaúcho. Todos aceitavam de bom grado ir fazer um curso na capital. Mas quando o mesmo professor dava o mesmo curso em qualquer uma dessas cidades, o quorum era bem mais modesto, pois incrivelmente os interessados das cidades vizinhas não aceitavam fazer um curso em uma cidade de interior. Viajavam muito mais para fazer o curso em Porto Alegre, mas não se encaixava no seu paradigma viajar para participar do evento em uma cidade mais próxima.

Isso nos faz pensar. Praticamente tudo o que no Ocidente conhecemos e incorporamos no nosso passado, está restrito à cultura greco-romana. O direito que utilizamos é o Direito Romano, a língua morta de referência é o latim e “o mundo todo” a que nos referimos quando dizemos que Napoleão conquistou o mundo, é o mundo romano. Até a cultura grega, chegou a nós através dos romanos, que colonizaram e anexaram a Grécia ao seu Império. O Cristianismo chegou a nós através do Império Romano que estava lá em Jerusalém quando tudo aconteceu e, progressivamente, absorveu suas propostas. Tudo o que era incorporado ou aceito pelo Império Romano passava a “existir” e teria direito a ser perenizado. O que ficasse restrito a outras culturas estava destinado à desconhecença por parte do restante da civilização e seria condenado ao ostracismo pela História. Quantas descobertas cruciais para a Humanidade ocorridas entre os babilônicos, sumérios, drávidas, etruscos, hititas estão simplesmente perdidas, apenas porque não foram escritas em latim!

Atualmente, restringimo-nos aos registros em inglês. O que conhecemos do Egito ou da Índia, é porque foi escrito ou traduzido originalmente para o inglês. Só conhecemos o Kama Sútra porque o inglês Richard Burton o traduziu para a sua língua. Só conhecemos os Tantras porque o magistrado britânico Sir John Woodroffe os traduziu para o inglês. A Bhagavad Gítá, traduzida em 1784 por Charles Wilkins, é um dos muitos textos que vieram a se tornar mais populares na própria Índia depois que foram passados para o idioma britânico. Assim ocorreu com todas as demais escrituras hindus vertidas para o inglês: os Vêdas, as Upanishads, o Yôga Sútra, etc.

No início do século XX, havia um Mestre chamado Ramana Maharishi, que vivia em Arunachala, Tiruvanamalai, a uns 200 quilômetros ao Sul de Madrás. Nunca ninguém ouvira falar dele, embora fosse um grande sábio. E teria passado pela terra em brancas nuvens, sem que jamais a história registrasse sua existência ou o valor do seu ensinamento, se um anglo-saxão, Paul Brunton, não tivesse, um dia, visitado seu ashram e escrito sobre ele.

Esse é o caso do curare, que os índios brasileiros durante milênios usavam para pescar e que na segunda metade do século XX foi descoberto pela literatura em inglês, passando a ser adotado no mundo todo como anestésico nas grandes cirurgias.

Esse também é o caso dos bacteriófagos que os soviéticos vinham utilizando há quase um século no lugar dos antibióticos, com muito mais eficiência e menos inconvenientes, mas ninguém tomava conhecimento pelo fato de a literatura não estar escrita em inglês (“se não está escrito em inglês, não é ciência.”)!

Tivemos um filósofo brasileiro, falecido na década de 80, que era um verdadeiro gênio. Seu nome, Huberto Rohden. Quando jovem ele esteve na Alemanha e, na época, escreveu um livro de filosofia em alemão impecável. Enviou a obra a um editor que a aceitou incontinenti. Mandou chamar o autor para firmar contrato de edição. No entanto, quando Rohden abriu a boca o editor percebeu tratar-se de brasileiro e voltou atrás, recusando-se a editar o livro. “De brasileiros nós não compramos cultura. Compramos só café”, disse o preconceituoso editor.

Por todos estes fatos, devemos valorizar o trabalho que a Universidade de Yôga está realizando pelo mundo afora. A Uni-Yôga é a única instituição cultural brasileira (agora também argentina e portuguesa) que exporta know-how cultural e profissional para o resto do planeta. Ainda encontramos entraves linguísticos e outros, mas estamos derrubando fragorosamente todas as barreiras e seguimos crescendo para mostrar ao mundo a linda filosofia que temos para compartilhar.

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sábado, 7 de fevereiro de 2009 | Autor:
Curso de leitura

Se você é apenas um curioso que quer saber um pouco sobre muitas coisas e muito sobre coisa nenhuma, leia tudo o que quiser. Mas se tiver se identificado com a proposta deste tipo de Yôga, se ele representa para si um caminho suficientemente completo, que lhe satisfaça plenamente a ponto de não querer mais ficar buscando aqui e ali, então estas instruções são para você.

Ler tudo o que lhe caia às mãos só por tratar-se supostamente de Yôga ou de outra filosofia, arte ou “ciência” que você presume correlata, é um comportamento imaturo, fútil e dispersivo.

Primeiramente, a maior parte dos livros sobre Yôga e similares que se encontram comercializados é nociva. Sua leitura mais prejudica que ajuda. É melhor não saber do que pensar que sabe!

Depois, mesmo que encontrasse várias boas obras e vários bons Mestres – bem, aí seria mesmo um fenômeno de sorte – ainda assim, a dispersão de se envolver com mais de uma metodologia, comprometeria os eventuais resultados positivos que poderia colher caso se concentrasse numa só via.

Tenha foco

Imagine uma pessoa que quisesse achar água e ficasse dispersando tempo e trabalho a cavar vários poços ao mesmo tempo ao invés de se concentrar num só. A cada buraquinho recém começado, interrompesse para ir cavar outro e depois voltasse para o primeiro; trocasse de novo para experimentar um terceiro e assim sucessivamente. Após perder muito tempo e desperdiçar muito trabalho, provavelmente abandonaria todas as tentativas, desanimado, declarando que definitivamente não adianta cavar, pois supõe que nenhum deles dará água. Contudo, é provável que todos dessem água (de diferentes qualidades e com diferentes profundidades), desde que o inconstante tivesse se concentrado num só poço.

Vivêkánanda referia-se a esse tipo de gente na parábola do homem que, chegando a uma árvore frutífera, dera uma mordida em cada fruta para ver se havia alguma que lhe agradasse mais, ao invés de pegar uma para saciar sua fome.

Em suma, desaconselhamos veementemente a intoxicação de teoria. Não faça misturança. Adote uma linha de conduta séria e inteligente. Um planejamento para o estudo orientado numa direção definida, como quem sabe o que quer e jamais eclética sob pretexto algum.

São considerados praticantes de primeira classe os que se dedicam exclusivamente ao Yôga e, dentro deste, a uma só modalidade sem mesclá-la com nenhuma outra. O mesmo se diga dos instrutores. E, desses, com muito mais razão.

Os livros indicados no Curso de Leitura são alguns dos melhores e não são muitos. Se você já os tiver lido todos, mais vale relê-los várias vezes do que entregar-se a aventuras literárias que, certamente, comprometerão o seu bom encaminhamento.


Orientação ao leitor de Yôga

Busca, fora dos livros, dentro de ti.
DeRose

Há diversos tipos de literatura de Yôga. Vou descrever alguns para que você possa ter ideia do que está adquirindo ao comprar um livro sobre a matéria.

1.Os mais confiáveis são os livros escritos por yôgis que vivenciaram experiências e relatam os meios para obter bons resultados.

2.Em segundo lugar, vêm os que estão aquém da iniciação prática e teorizam a mais não poder com o fim de tentar compreender o que os primeiros ensinam. Este tipo de literatura é identificada facilmente uma vez que seus autores costumam usar frases tais como: “os yôgis dizem…” ou “segundo os yôgis…”, porquanto reconhecem que eles mesmos não sabem e tampouco são yôgis.

3.Depois, surgem os que simplesmente repetem aquilo que disseram os primeiros e os segundos, elaborando uma literatura de terceira, totalmente desnecessária, dispensável e meramente plagiada. Também é facílimo identificar esses livros já que seus autores abusam de frases de terceiros, acompanhadas de “conforme diz Fulano”, “segundo Sicrano”, “na opinião de Beltrano”, etc.

4.Não podem faltar os que publicam livros popularescos, para consumo e pseudo-informação dos leigos. Leigos, antes de lê-los. Depois, passam a ser desinformados e iludidos. Passam a repetir disparates. Geralmente os títulos são algo como: “cure a sua doença com a yóga” ou “yóga em 10 lições“. Claro que pode haver exceções. Recordemos sempre: “Todas as generalizações são perniciosas, inclusive esta.”

5.Há, ainda, os livros que misturam tudo o que é oriental e fazem uma salada de Índia, Tibet, Nepal, Egito, China e Japão, baralhando Hinduísmo, Budismo, Taoísmo, Xintoísmo, Sufismo, Xamanismo, Zen e o que mais o autor tiver lido. É que os ocidentais sucumbem ingenuamente à síndrome da ilusão de perspectiva, segundo a qual “Oriente” é um lugar muito distante, lá onde as paralelas se encontram. Então, julgam que todas as filosofias orientais conduzem ao mesmo lugar. Além disso, o escritor ocidental acha que constitui demonstração de cultura encontrar pontos de convergência entre as múltiplas correntes. Com isso, o leitor adquire um livro de Yôga, porque queria Yôga, e acaba levando para casa uma série de outras coisas que não queria e só servem para encher as páginas que o conhecimento limitado do autor ia deixar em branco, caso se ativesse ao assunto proposto. Há um livro que pretende dissertar sobre mudrás do Hinduísmo e, inadvertidamente, a obra passa a miscelanear mudrás de outros sistemas e países. Tal procedimento induz o estudante ao erro de introduzir mudrás alienígenas numa prática ortodoxa de Yôga, achando que está agindo corretamente. Estou farto de corrigir alunos de Yôga que sentam-se para meditar e põem as mãos em mudrá do Zen! Isso é uma gafe equivalente a executar um katí de Kung-Fu numa aula de Karatê ou sair dançando tango numa aula de ballet clássico. Eu mesmo, quando jovem, utilizava mantras em hebraico, da Cabala, nas práticas de Yôga, pois os livros que lia induziam a isso e ninguém me advertiu em contrário, como estou fazendo agora. Misturar, além de não ser procedimento sério, pode produzir consequências imprevisíveis. Em tempo: o Yôga mais antigo é de raízes Tantra e Sámkhya, portanto, essas três filosofias possuem compatibilidade de origem.

6.No entanto, os livros mais perigosos são os que visam à doutrinação do leitor para alguma outra ideologia e usam como chamariz o nome do Yôga, já que este tem um respeitável fã clube. O interessado compra o livro e leva gato por lebre. Se houver 5% de Yôga em todo o volume, é muito. O resto costuma ser catequese a favor de alguma seita exótica. O Yôga mais antigo – pré-clássico e clássico – era Sámkhya (naturalista). Portanto, o Yôga mais autêntico é dessa corrente. Na Idade Média apareceu um Yôga moderno, de linha Vêdánta (espiritualista). Como saber se o livro de Yôga é de tendência Sámkhya, mais antiga, ou Vêdánta, mais moderna? Aqui vão algumas dicas para o leitor que tem poucas noções das duas filosofias citadas.

a) Os livros que mencionam mais vezes o termo Púrusha e poucas (ou nenhuma) o termo Atmam, para designar o Self, costumam ser de tendência Sámkhya.

b) Ao contrário, os que citam muitas vezes o vocábulo Atmam e poucas (ou nenhuma) a palavra Púrusha, são quase sempre de linha Vêdánta ou, eventualmente, alguma outra sob sua influência.

c) Já os que usam indiscriminadamente os dois termos, não são de linha nenhuma. Nem sabem que existem linhagens e que é filosoficamente impossível você não se definir por uma única. Questionados a respeito, afirmam com orgulho fiasquento: “não sou de nenhuma linha específica – sou de todas“! Esses são certamente autores ocidentais (ou, em alguns casos, orientais sem iniciação). Não tiveram um bom Mestre. Se tiveram, não entenderam nada do que lhes foi ensinado.

Bibliografia indicada para estudo e documentação

Antes de se ter algum tipo de relação profissional com livros,
não se descobre quão ruim é a maioria deles.
George Orwell

Resista heroicamente à tentação de ler qualquer coisa, só por tratar-se de Yôga ou de alguma matéria supostamente semelhante. Repito: melhor é reler várias vezes um bom livro do que ler vários livros novos que possam ser nocivos. E, convenhamos, com uma bibliografia tão boa e extensa, você não tem necessidade de sair gastando o seu tempo e dinheiro com livros que poderão prejudicar não apenas a sua cultura, mas também a sua saúde mental. Consulte o capítulo sobre Egrégora.

Procure ler primeiramente as obras abaixo, mais ou menos nesta ordem, dependendo da disponibilidade das editoras. Com esta base sólida de boas obras, depois poderá ler qualquer coisa, pois já terá desenvolvido o senso crítico. Note que um bom número dos livros recomendados são de outros autores, de outras linhas de Yôga e até de temas que não tratam de Yôga.


1.DeRose, Tratado de Yôga, Selo Editorial Egrégora (Brasil e Portugal).

2.DeRose, Quando é preciso ser forte, Egrégora (Brasil e Portugal).

3.DeRose, Tudo o que você nunca quis saber sobre Yôga, Uni-Yôga.

4.DeRose, Programa do Curso Básico, Egrégora.

5.DeRose, Método de Boas Maneiras, Egrégora.

6.DeRose, Eu me lembro…, Egrégora.

7.DeRose, Encontro com o Mestre, Egrégora (Brasil) e Kier (Argentina).

8.DeRose, Sútras – máximas de lucidez e êxtase, Nobel.

9.DeRose, Método de Boa Alimentação, Egrégora.

10.DeRose, Origens do Yôga Antigo, Nobel.

11.DeRose, Alternativas de relacionamento afetivo, Egrégora (Brasil) e Afrontamento (Portugal).

12.DeRose, Tantra, a sexualidade sacralizada, Longseller (Argentina).

13.DeRose, Yôga Sútra de Pátañjali, Uni-Yôga.

14.DeRose, Mensagens, Egrégora.

15.DeRose, Karma e dharma – transforme a sua vida, Egrégora.

16.DeRose, Chakras e kundaliní, Egrégora.

17.DeRose, Guia do Instrutor de Yôga, Uni-Yôga (esgotado).

18.DeRose, Prontuário de Yôga Antigo, (edição histórica só para colecionadores).

19.DeRose, A regulamentação dos profissionais de Yôga, Uni-Yôga.

20.De Bona, Rodrigo, A parábola do croissant, edição do autor.

21.Silva, Lucila, Léxico do Yôga Antigo, edição da autora.

22.Barcesat, Yael, Complementação pedagógica, Egrégora.

23.Melo, Ricardo e Caio, O poder do mantra, Edição dos autores.

24.Santos, Sérgio, Yôga, Sámkhya e Tantra, Uni-Yôga.

25.Santos, Sérgio, A força da gratidão, Uni-Yôga/Nobel.

26.Flores, Anahí, Coreografias, edição da autora.

27.Flores, Melina, Técnicas corporais do Yôga Antigo, edição da autora.

28.Marengo, Joris, 50 Aulas práticas de SwáSthya Yôga, futuramente, Nobel.

29.Castro, Rosângela, Gourmet vegetariano, futuramente, Egrégora.

30.Caramella, Edgardo, La dieta del Yôga, Kier, Buenos Aires.

31.Michaël, Tara, O Yôga, Zahar Editores.

32.Time-Life, Índia Antiga, Abril Coleções.

33.Shivánanda, Hatha Yôga, Editorial Kier.

34.Shivánanda, Pránáyáma, Pensamento.

35.Shivánanda, Kundaliní Yôga, Editorial Kier.

36.Shivánanda, Tantra Yôga, Nada Yôga e Kriyá Yôga, Editorial Kier.

37.Shivánanda, Autobiografia, Pensamento.

38.Shivánanda, Japa Yôga, Edição do Shivánanda Ashram.

39.Bernard, Theos, El Camino Práctico del Yôga.

40.Eliade, Mircea, Pátañjali y el Yôga, Editora Paidós.

41.Eliade, Mircea, Yôga, imortalidade e liberdade, Editora Palas Athena.

42.Purôhit Swámi, Aphorisms of Yôga, Faber & Faber (Londres e Boston).

43.Kastberger, F., Léxico de Filosofía Hindú, Editorial Kier.

44.Van Lysebeth, André, Tantra, o Culto da Feminilidade, Summus Editorial.

45.Blay, Antonio, Tantra Yôga, Iberia

46.Woodroffe, Sir John, Principios del Tantra, Editorial Kier.

47.Woodroffe, Sir John, Shaktí y Shakta, Editorial Kier.

48.Avalon, Arthur, El Poder Serpentino, EditorialKier.

49.Monier-Williams, Sanskrit-English Dictionary, Oriental Publishers.

50.Feuerstein, Georg, A tradição do Yôga, Pensamento[1].



 

[1] Este é o único livro de Yôga de autor estrangeiro, de outra linha de Yôga, que cita um autor brasileiro, no caso, o Mestre DeRose.

 

 

 

Bibliografia Discriminada

Esta bibliografia é independente da que consta nas páginas anteriores, que recomendam o estudo de 50 livros de vários autores e de diversos tipos de Yôga a fim de incrementar a cultura geral. Esta Bibliografia Discriminada serve para fundamentar uma boa parte da estrutura do nosso trabalho em aspectos pontuais.

Livro Conhecer Melhor a Índia de C. N. S. Raghavan, Publicações D. Quixote:

Pág.

12 –

origens do Tantrismo entre os drávidas, no período pré-clássico;

12 –

Shiva, personagem pré-ariano;

15 –

as Upanishads foram originalmente textos de transmissão oral;

15 –

as castas eram inicialmente discriminação racial entre os de raça ariana (louros) e os drávidas (morenos);

24 –

confirmação da conclusão acima;

19 –

a frase: “para que serve o fervor doentio…” do Rig Vêda, sugere uma tem­dência muito mais Sámkhya e muito menos Vêdánta; (aliás, o Rig Vêda, ci­tado como escritura religiosa, contém uma declaração explícita das inten­ções arianas: “O arco arruina o prazer do inimigo. Com o arco conquis­ta­re­mos todos os cantos do mundo.”)

25 –

menciona um surto de “ateísmo dravídico”, o que mais uma vez confirma que a tendência dravídica não era Vêdánta e, portanto, o Yôga original não era espiritualista.

Livro Yôga e Consciência, de Renato Henriques, da Editora Rigel:

Pág.

16 –

o nome de Pátañjali aparece corretamente escrito;

21 –

consta aqui que o Yôga Clássico era quase ateu;

56 –

nesta outra, a questão anterior é melhor explicada: o Yôga Sámkhya não é ateu, só não é espiritualista nem místico;

21 –

nessa mesma página, um erro: nem todas as vias do Yôga se baseiam no Yôga Clássico, como por exemplo, o Yôga Pré-Clássico;

28 –

origens do Tantrismo entre os drávidas, no período pré-clássico;

28 –

confirmação da presença do Yôga já entre os drávidas pré-arianos;

29 –

confirmação das origens do Tantrismo entre os drávidas;

29 –

confirmação da presença de Shiva entre os drávidas pré-arianos;

29-

o Yôga é vinculado à tradição shivaísta e não vishnuísta;

35 –

Todos os estudiosos aceitam que Shiva é personagem pré-ariano;

36 –

Shiva é considerado patrono do Tantrismo;

36 –

comprovação de que o Yôga é Sámkhya e não Vêdánta, ao citar o conceito da Prakrití;

40 –

…podemos dizer que o Yôga vishnuísta não é o Yôga antigo;

55 –

a influência Vêdánta (espiritualista) na literatura do Yôga;

55 –

o Yôga Clássico surgiu de uma tradição oral bem mais antiga;

56 –

“não se pode escrever sobre Yôga sem tratar do Sámkhya, tamanhos são os vínculos entre uma escola e outra”;

57 –

citações do Mahá Bhárata e do Bhagavad Gítá, vinculando o Yôga com o Sámkhya, portanto, estabelecendo para o Yôga uma natureza técnica, não espiritualista nem mística;

61 –

o conceito de Púrusha (Sámkhya) já aparece no Rig Vêda X:90 e na Katha Upanishad II:5;

67 –

sendo o Sámkhya muito complexo, encontra-se aqui a declaração de que não precisamos aprofundar-nos no seu estudo, mas é indispensável compreender seus fundamentos.

Livro Manual do Yôga, de Georg Feuerstein, Editora Cultrix:

Pág.

18 –

o Yôga não tem misticismo. Este foi introduzido no Yôga medieval;

19 –

o Yôga não é ciência: é técnica;

20 –

parampará, a transmissão oral;

20 –

as divergências entre escolas: “às vezes não podem nem mesmo reconciliar-se com nenhuma outra”;

21 –

nota de rodapé: “o Sámkhya é o mais próximo do Yôga”;

23 –

a palavra hatha tem o significado literal de força, esforço;

22 –

Hatha Yôga desafortunadamente tornou-se muito popular no Ocidente, de uma forma lamentavelmente distorcida e bizarra;

23 –

uma das particularidades que caracterizam o Hatha é a ênfase no despertamento da kundaliní, ao contrário do que os ensinantes leigos de Hatha no Ocidente costumam afirmar;

24 –

mesmo o Hatha tem restrições quanto a abordagens terapêuticas;

30 –

um estudioso do século XX criou um novo tipo de Yôga, “uma divergência revolucionária em relação aos caminhos já trilhados”;

30 –

o Yôga de Srí Aurobindo inclui o Tantrismo;

31 –

Srí Aurobindo espera que o Yôga cesse de parecer alguma coisa mística e anormal que não tenha relações com os processos comuns da energia terrena;

31 –

ele afirma também que é lícito o uso do sexo, saúde, dinheiro, posição social, poder político, etc.;

31 –

Srí Aurobindo não considera o Hatha necessário;

31 –

Srí Aurobindo tem franca admiração pelo Tantrismo. Ele o chama “um sistema yôgi notável que é, em sua natureza, sintético… um grande e poderoso sistema”;

94 –

nesta página, encontra-se um quadro sinótico que é o que melhor explica a relação de coerência entre o Sámkhya e o Tantra; explica, ainda, a frase atribuída a Shankara, citada por Shivánanda: “Sámkhya e Tantra são uma só coisa.”;

95 –

elementos que caracterizam a linha tântrica: mudrá, pújá, mantra, dhyána, nyása, bhúta shuddhi e visualização. Todos eles encontram-se no SwáSthya Yôga;

96 –

o Hatha é uma ramificação do Tantrismo;

96 –

o Hatha é o sucessor imediato do culto siddha do Tantrismo;

96 –

Gôraksha Natha foi o fundador do Hatha, na idade média;

103-

os Nathas;

104-

o fundador do Hatha é discípulo de Matsyêndra Natha;

104-

Matsyêndra Natha é o criador da Escola Kaula, do Tantrismo Negro;

110-

Rámakrishna era iniciado no Tantrismo (linha branca);

127-

o Sámkhya Clássico de Íshwara Krishna é um sumário métrico do Sasti Tantra.

Livro O Yôga, de Tara Michaël, Zahar Editores:

Pág.

18 –

o Yôga não é terapia;

27 –

o Yôga, desde suas mais remotas formulações, encontra-se indiscutivel­mente ligado a um outro ponto de vista: o Sámkhya;

27 –

Sámkhya e Yôga, os dois mais antigos ensinamentos;

28 –

“Os ignorantes falam do Sámkhya e do Yôga separadamente (como de duas vias diferentes), mas não as pessoas instruídas que, ao se dedicarem a um conhecem igualmente o fruto dos dois.” Bhagavad Gítá.

28 –

muitos param ou perdem-se no caminho do Yôga por não terem compreen­dido suas bases Sámkhyas;

59 –

o suposto ateísmo do Sámkhya mais antigo;

63 –

“Não há conhecimento como o Sámkhya, não há poder como o Yôga.”;

166-

Hatha significa força, violência. É uma via rápida para forçar kundaliní a despertar. Uma via demasiadamente curta, que necessita de um esforço extraordinário para atingir a meta (kundaliní), como que através de um arrombamento (dos granthis);

167-

Hatha Yôga também possui pújá, conquanto bem simplificado.

Livro Autobiografia, de Srí Swámi Shivánanda*, Editora Pensamento:

Pág.

37 –

discípulos egoístas que dizem: “não tenho Mestre, não preciso”;

38 –

“a obrigação do Mestre para com o discípulo é tão somente…”

47 –

“Quando viajo, esgoto toda a minha energia em uma semana.” E como fica a saúde daqueles Mestres brasileiros que viajam sistematicamente há mais de 30 anos, realizando até quatro ou mais viagens por mês, cobrindo distâncias de milhares de quilômetros?

49 –

manasika pújá;

68 –

incentivo para a criação de núcleos de Yôga;

69 –

“dê aulas sobre os chakras”;

69 –

incentivo e aprovação para demonstrações públicas;

73 –

“ensine a milhares”;

49 –

“não faço discípulos”;

83

“não tenho discípulos”. Portanto, aqueles que se declaram seus discípulos são inverídicos em suas declarações;

91 –

ponto de vista do brahmáchárya (linha patriarcal): “as mulheres deveriam renunciar ao mundo”; felizmente a nossa linha é tântrica (matriarcal, mas que não exclui o homem);

95 –

“dinheiro ajuda o sádhaka em seu sádhana e evolução”;

97 –

o kripá;

102-

“o desenvolvimento unilateral não é muito benéfico”;

105-

não omitir o sânscrito;

113-

cuidados com a propriedade: apego?

124-

não admite discussão e exige obediência imediata;

125-

fofocas… até na Índia!

140-

outra opinião da linha brahmáchárya: “afaste-se das mulheres. Não brinque nem se divirta com elas”; viu só, você que ataca a linha tântrica e defende a linha brahmáchárya?

142-

“um desenvolvimento unilateral não o ajudará”. Conclusão: as escolas que se especializam só em meditação, só em mantra, só na parte física ou qualquer outra coisa, são desaconselháveis;

142-

permissão para dançar;

142-

instruções para que se coma açúcar!

* Shivánanda, médico hindu, é um dos mais importantes Mestres de Yôga de linha Vêdánta-brahmáchárya do século XX.


Livros usados:

 

 

 

camila
[email protected] | 201.17.104.118

Muito obrigada Mestre!!!!
Você já entrou no site http://www.estantevirtual.com.br ?
Cheguei a citá-lo na Sede Histórica.
Lá encontramos o acervo dos principais sebos [alfarrabistas] do Brasil e é muito seguro comprar. Já comprei vários livros. Agora vou buscar estes que indica!
Muitos beijos e abraços apertados!


Everton
[email protected] | 201.25.242.64

Dos importados, gosto muito do site http://www.amazon.com , o serviço deles é muito bom, a compra é segura, a entrega demora um pouco pois vem de longe mas vale a pena quando o livro é bom. No site da amazon também tem um serviço de sebos mas que não funciona tão bem quanto o nacional. Então para os livros importados e fora de catálogo, fica REALMENTE difícil.

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