domingo, 18 de setembro de 2016 | Autor:

Em 25 anos de viagens à Índia, estudei com vários Preceptores hindus como o Dr. Yôgêndra (em Mumbai), Dr. Gharote (em Lonavala), Swámis Krishnánanda, Nádabrahmánanda, Turyánanda (em Rishikêsh), Muktánanda (em Ganêshpurí) e outros, considerados os últimos grandes mestres daquele país. Krishnánanda, por exemplo, orientou-me por mais de vinte anos. Foi um excelente Mestre. Soube não deixar que a sua linhagem Vêdánta-Brahmacharya interferisse com a a minha. Chegou a me conseguir um professor de Sámkhya que me dava aulas dessa filosofia dentro do Sivánanda Ashram.
Mas a nenhum deles posso reconhecer como o Meu Mestre. Isso confundiu um pouco os cri-críticos de plantão e induziu-os ao erro de supor que eu fosse um autodidata, o que não é fato. Embora alguns professores tenham sempre declarado com indisfarçável orgulho que eram autodidatas, esse não é o meu caso. Considero que nesta área, o autodidatismo não é nada louvável. É apenas uma questão de ego. Como dizia Mário Quintana, “autodidata é um ignorante por conta própria”.
No entanto, antes de ter estudado com aqueles renomados mentores, quando bem jovem, andei à procura de alguém para ser meu Mestre físico, de carne-e-osso. Ninguém aceitou, uns por honestidade ao avaliar sua própria limitação, outros disfarçando isso com falsa modéstia. O fato é que professor algum julgou-se apto a levar-me adiante do ponto onde eu já estava.
Muito antes de descobrir o verdadeiro Preceptor gastei muita sola e muito latim (e sânscrito!) na procura. Finalmente desisti de encontrá-lo entre meus conterrâneos e comecei a buscá-lo nos indianos que vinham dar conferências no nosso país. Mas decepcionava-me seguidamente, pois eles não pareciam ter mais conhecimento do que os compatriotas. Em suas palestras não acrescentavam nada e por vezes deixavam muito a dever aos nossos. Só iludiam mais a opinião pública por apresentarem-se com trajes exóticos e dirigirem-se ao público em inglês. Até que, certo dia, um deles pareceu possuir realmente algum grau mais avançado e pôs termo a essa fatigante peregrinação. Foi o Swámi Bhaskaránanda, que esteve no Brasil em 1962. Aos dezoito anos de idade, tive a oportunidade de estar com ele e expor minha expectativa. Ele esclareceu:
– Seu Mestre ainda não sou eu, nem é nenhum dos da sua terra. Ele é maior do que todos nós juntos e tem muito mais a lhe transmitir do que o mero conhecimento intelectual. Não se preocupe em achá-lo. Ele é que vai achar você, mas só no momento certo, quando estiver mais amadurecido e puder entender.
A partir daí, fiquei tranquilo e parei de buscar. Ao invés disso, passei a investir todo o meu tempo no aprimoramento necessário para me colocar à altura de um tão grandioso Preceptor. Forçosamente tive que ler pencas de livros, fazer muitos cursos e conhecer inúmeros mentores. Nesse crisol alquímico, vinham coisas boas, coisas ruins e muitas fraudes.
Entre várias experiências positivas, uma é especialmente digna de nota. Foi o meu relacionamento com um professor que, deixou claro, não poderia ser meu Mestre, mas propôs-se com muita honestidade a me preparar a fim de tornar-me apto a contatá-lo.

youtube.com/watch?v=RHlmfXA9kQI

domingo, 13 de junho de 2010 | Autor:

Estou postando outra vez este texto porque acho que alguns instrutores não o leram na postagem anterior que foi publicada em maio.

“Quando mudamos um paradigma, volta tudo a zero.” Conhece esta frase? Claro que conhece. Ela é um dos estribilhos do nosso curso sobre paradigmas.

Portanto, é natural que durante os primeiros tempos em que queiramos adotar outro paradigma tenhamos que aprender uma ou outra lição.

Antigamente, nossos festivais levavam o rótulo de Yôga. Chegando a Frankfurt [nome fictício para não expor o nome da cidade ou do país] para o nosso Fest-Yôga, no primeiro dia dei três entrevistas.

A primeira, quando eu disse que não queria falar de Yôga, correu bem, pois a entrevistadora era jovem e logo compreendeu tudo. O veículo era uma revista de cultura e arte, o que ajudou bastante.

A segunda entrevista foi para o jornal Diário de Economia. Pedi que não fosse uma entrevista sobe Yôga, mas o argumento da entrevistadora era bem coerente: “Vocês divulgaram um evento de yoga”. Depois de discorrer durante cerca de uma hora sobre a Nossa Cultura, na qual eu disse mais ou menos as mesmas coisas que constam no vídeo da entrevista de Portugal, a entrevistadora me revelou: “Como o assunto é yoga, esta matéria é para o suplemento feminino.” Esse foi o primeiro choque. Então, se quero discorrer sobre uma filosofia, não pode ser para homens? Não entendo esse preconceito. No entanto, pior foi o que veio depois: “Não sei como vou escrever isto. Minhas leitoras não vão compreender nada.” Pensei cá comigo: se fosse um homem a declarar tal coisa, seria tachado de machista-leninista. Ainda insisti que as mulheres a quem nos dirigimos são em sua maioria pessoas de nível superior, empresárias, políticas, intelectuais, artistas… Mas não fiquei esperançoso.

A terceira entrevista foi o tiro de misericórdia. Muito educado, o entrevistador perguntou respeitosamente: “O senhor se considera um guru, uma pessoa especial, um escolhido?” Dei risada, descontraí o clima, respondi que somos profissionais, que atualmente só se usa tal termo em expressões como O guru da economia, e coisas assim, mas não utilizamos esse vocábulo na nossa profissão. Então, veio a próxima pergunta: “O seu contato com Deus…”  Mas, como é possível que se vá entrevistar alguém sem ter-se informado previamente sobre o trabalho e a obra dessa pessoa? O responsável pelo mal-estar? A culpa não é do entrevistador. Repito que ele foi muito respeitoso e até querido. A culpa foi do rótulo yoga. Não é ióga? Então!? Todo o mundo sabe o que é a ióga, ora!

Conclusão: não podemos mais utilizar a palavra mágica que faz com que as pessoas reajam de maneira estranha. Nem mesmo nos nossos festivais. Ainda bem que agora trabalhamos com o Método DeRose que, inclusive, é mais abrangente.

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Olá Mestre!

Hoje fui apresentar o nosso trabalho em uma empresa. Nesta apresentação, em nenhum momento falei a palavra mágica, no texto também não constava a palavra e sim Método DeRose.

Na verdade eu nem precisei falar nada, quando a pessoa viu a logo do Nosso Método, disse: “Ah, DeRose. DeRose eu quero!” Fiquei muito feliz e queria compartilhar isso com você.

Tenha um ótimo dia.

Beijocas.

Fernanda Rengel
Joinville – SC

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Bom dia, Mestrão.

É incrível a associação que as pessoas fazem com essa tal palavra e coisas estapafúrdias. Ganhamos muito com o upgrade para Método DeRose, inclusive nas ações em empresas, colégios etc.

Nas organizações em que desde o início excluí a palavrinha mágica e abordei com o atual paradigma, o trabalho foi muito mais produtivo. Além do que, as pessoas ficam mais receptivas, abertas à nova experiência e sem o peso dos estereótipos e clichês.

Abração e até semana que vem aqui em Floripa!

Caio Melo
Unidade Kobrasol – Florianópolis/SC

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terça-feira, 27 de abril de 2010 | Autor:

Gurusêvins

Gurusêvins (masc.) e gurusêvinís (fem.) são os obreiros da nobreza interior, os arquitetos da raça humana.

Há no mundo um pequeno número de pessoas muito especiais que se realizam ajudando os outros e construindo coisas positivas. Essas pessoas são paladinos da dedicação. São seres de luz, cuja satisfação reside em espargir felicidade em torno de si e em deixar um rastro de boas obras por onde passam. Tais paladinos costumam estar sempre disponíveis e até mesmo oferecer-se para realizar, anonimamente, trabalhos de suma importância, sem esperar nenhuma recompensa nem remuneração. Sua gratificação é saber que o trabalho foi realizado satisfatoriamente.

Enquanto a maior parte destroi, esses poucos Herois da Humanidade constroem e fazem-no com a força de milhares, pois, mesmo sob o assédio destruidor da maioria, a Espécie Humana progride graças aos que se doam.

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Oi Mestre
Este sábado foi realizada a comemoração do aniverśario de 9 anos da Unidade Joinville / SC e o lançamento do livro “SwáSthya Yôga em dupla” do professor Gustavo Marson. Prabéns pra ele!!

Unidade+Joinville

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quinta-feira, 12 de março de 2009 | Autor:

Um dia resolvi procurar os saddhus, sábios eremitas que vivem em cavernas, nas montanhas geladas dos Himálayas. Para ter mais certeza de encontrá-los e também por medida de segurança, contratei um guia, Pratap Sing. Era minha primeira viagem àquela região, eu era novinho e ainda não conhecia nada de Índia.

Acordamos cedo e começamos a subir a montanha ao nascer do sol. Uma densa neblina cobria a floresta, mas o guia dava passos seguros morro acima.

– Sir, vou levá-lo para conhecer um grande yôgi, sir!

– Como é o nome dele? – Perguntei. O guia me disse o nome de um conhecido guru, muito famoso no Ocidente. Então, retruquei-lhe que não estava interessado em conhecê-lo e se esse tipo de mestre era o que ele considerava um grande yôgi, podíamos voltar dali mesmo, pois iria dispensar os seus serviços. Ele sorriu e abriu o jogo:

– Sir, o senhor entende mesmo de Yôga. Vamos, então, para o outro lado, sir.

– Mas, se você sabia que esse não é um verdadeiro yôgi, como ia me levar lá?

– Sir, eu ganho uma gratificação para cada turista que encaminhar. Mas vou levá-lo para conhecer saddhus de verdade se me pagar dobrado, sir.

Bem, o fato é que subimos a montanha durante mais de quatro horas. Durante a caminhada surgiram vários saddhus, mas dessa vez o guia cumpriu o trato e seguiu em frente sem se deter em nenhum deles. Eu já estava exausto quando fui surpreendido por uma figura que parecia saída dos contos de fadas. Era um saddhu, realmente, daqueles que não se encontram mais nas aldeias, nem em ocasiões especiais. Uma imagem impressionante. Completamente nu, pele curtida pelo frio e pelo sol, quase negro, todo coberto de cinzas, o que lhe conferia um tom violáceo, semelhante ao da representação da cor da pele de Shiva nas pinturas. Cabelos e barbas completamente brancos e muito longos. Um olhar forte e penetrante, olhos injetados de poder. Recordou-me Bhávajánanda.

Não tive tempo de falar nem fazer nada e ele já estava me dando ordens, passando instruções em língua hindi, num tom marcial, com o guia traduzindo apressadamente. Ensinou-me novos mantras, mudrás, ásanas e meditação. Se eu não acertasse em executar o exercício exatamente como ele queria, o Mestre rugia uma admoestação intraduzível.

Por vezes, o guia tentava falar com o saddhu, mas ele o ignorava. Não respondia e ainda dava-lhe as costas. Falava só comigo, porém, eu não entendia o idioma hindi e precisava do cicerone para traduzir. Apesar desse inconveniente, foi a ocasião em que aprendi o maior volume e a melhor qualidade de técnicas em tão pouco tempo. Foram umas poucas horas de aprendizado, umas sete ou oito, e o guia já estava inquieto, insistindo para irmos embora imediatamente. Depois de uma certa insistência, concordei, muito a contragosto. Levara a vida inteira para encontrar um saddhu de verdade e, no melhor da festa, precisava largar tudo e ir embora! Cheguei a aventar a hipótese de passar a noite lá, mas o guia ficou histérico com a possibilidade. Mais tarde descobri a razão.

Então, agradeci ao saddhu e cumprimentei-o da forma tradicional, fazendo o pronam mudrá, curvando-me até o chão e tocando-lhe os pés. Deixei-lhe minha sacola como pújá. Dentro havia uma manta, um livro meu (Prontuário de SwáSthya Yôga) e alguma comida.

Começamos a descer a montanha e logo compreendi o motivo da preocupação. Nas outras quatro horas que durou a descida, danou a esfriar e, no final da caminhada, começou a escurecer. Segundo o guia, se escurecesse conosco na floresta, nem mesmo ele conseguiria encontrar o caminho de volta e morreríamos devido ao frio. Numa viagem posterior à Índia, descobri que aquela região inóspita ainda tinha elefantes selvagens os quais atacavam quem se aventurasse por seus domínios, além de tigres e serpentes para viajante nenhum botar defeito. Como é que o saddhu conseguia sobreviver lá? E pela aparência já devia ter muitos anos de idade vividos, quem sabe, ali mesmo.

Nessa noite fez tanto frio que tive de acordar algumas vezes no meio da madrugada para praticar bhastriká, um respiratório que eleva a temperatura do corpo, e, só assim, consegui dormir de novo. Aí pensei: estou cá em baixo onde a temperatura é mais amena, estou dentro de um alojamento fechado, numa cama, com roupas de lã e cobertores. Como é que sobrevive aquele velho saddhu lá em cima, onde é muito mais gelado, sem roupas, dormindo no chão, dentro de uma caverna de pedra úmida, que não tem nem portas para evitar o vento gélido?

No dia seguinte partimos mais cedo, antes de amanhecer, para dispormos de mais tempo com o Mestre. Pensei que fosse encontrar um picolé de saddhu, mas qual nada. Logo que chegamos, ele, super energético, começou novamente a dar ordens e instruções. Achei interessante o fato de que ele havia me ensinado certos ásanas no dia anterior e insistido para que os executasse de uma determinada maneira. Neste segundo dia, ensinara ásanas (pronuncie “ássanas”) novos e revisara os do dia anterior, só que queria que eu os fizesse de outra forma. E no terceiro dia ia querer de uma outra maneira. Talvez fosse para me tirar a imagem estereotipada de que só há uma forma estanque de executar e mostrar-me que diversas variações podem estar igualmente corretas. Ou, possivelmente, seria sua intenção produzir um resultado evolutivo, diferente a cada dia.

Mandou-me sentar à sua frente e repetir os mantras que fazia. Quando não vocalizava exatamente igual, ele rosnava alguma coisa em hindi, cuja tradução era perfeitamente dispensável. Depois fez o mesmo com a meditação. Assim que me dispersava, ele grunhia, como se estivesse vendo o que se passava dentro da minha cabeça.

Novamente o guia começou a ficar nervoso, só que desta vez atendi logo. Deixei um pújá, despedi-me da forma convencional e descemos o mais rápido que conseguimos.

O terceiro dia foi o melhor de todos. Dava para sentir a energia no ar. Percebi que estava entrosado. O Mestre não rugiu nem rosnou nenhuma vez. Em dado instante, enquanto eu executava um ásana, ele me passou o kripá, um toque que transmite a força e confere ao iniciado o poder de, por sua vez, transmiti-la aos seus discípulos.

Após o kripá, o próprio saddhu considerou encerrada a aula e, pelo visto, o curso. Mandou-nos embora como quem já tinha feito o que devia e entrou na caverna.

Na manhã seguinte, subimos outra vez, só que não encontramos mais o Mestre. Não estava na caverna nem nas imediações. Esperamos até tarde. Ele não voltou. Assim, compreendemos que havia considerado completa a iniciação que me conferiu nos três dias. Descemos e não subimos mais.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009 | Autor:

“Se não está escrito em inglês, não é ciência.”

Por trás da arrogância desta frase, existe uma realidade global. Por isso, os 200 gurus indianos não tomaram conhecimento do Tratado de Yôga e penaram para compilar apenas 600 ásanas, quando poderiam ter contado com um incremento considerável ao seu trabalho, se voltassem suas lunetas para outras culturas.

O reconhecimento do Império Romano

Durante o Império Romano ocorria um fenomeno de aculturação que persiste até os nossos dias. Se uma colônia, por exemplo, a Gália, quisesse comprar cultura, não cogitaria em adquiri-la da Lusitânia ou da Helvétia. Não a importaria do seu vizinho mais próximo, um produto às vezes melhor, a um custo mais razoável. Fazia questão de importar de Roma, o centro do império. Então, muitas vezes as colônias levavam seu produto para Roma, traduziam-no em latim e a partir de então as demais colônias o aceitavam! Quantas conquistas científicas e tecnológicas foram perdidas apenas por não estar escritas em latim! Conhecemos o Direito Romano, mas como era o Direito Etrusco? Conhecemos a Medicina Romana que atendia os legionários e os gladiadores, mas como era a Medicina Minóica?

Aqui no subcontinente brasileiro presenciei o mesmo fenômeno em diversas ocasiões. Quando eu ministrava um curso em Porto Alegre, minhas turmas chegavam a 160 alunos vindos de Caxias do Sul, Cruz Alta, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Canela, Livramento, Uruguaiana e muitas outras cidades do exuberante interior gaúcho. Todos aceitavam de bom grado ir fazer um curso na capital. Mas quando o mesmo professor dava o mesmo curso em qualquer uma dessas cidades, o quorum era bem mais modesto, pois incrivelmente os interessados das cidades vizinhas não aceitavam fazer um curso em uma cidade de interior. Viajavam muito mais para fazer o curso em Porto Alegre, mas não se encaixava no seu paradigma viajar para participar do evento em uma cidade mais próxima.

Isso nos faz pensar. Praticamente tudo o que no Ocidente conhecemos e incorporamos no nosso passado, está restrito à cultura greco-romana. O direito que utilizamos é o Direito Romano, a língua morta de referência é o latim e “o mundo todo” a que nos referimos quando dizemos que Napoleão conquistou o mundo, é o mundo romano. Até a cultura grega, chegou a nós através dos romanos, que colonizaram e anexaram a Grécia ao seu Império. O Cristianismo chegou a nós através do Império Romano que estava lá em Jerusalém quando tudo aconteceu e, progressivamente, absorveu suas propostas. Tudo o que era incorporado ou aceito pelo Império Romano passava a “existir” e teria direito a ser perenizado. O que ficasse restrito a outras culturas estava destinado à desconhecença por parte do restante da civilização e seria condenado ao ostracismo pela História. Quantas descobertas cruciais para a Humanidade ocorridas entre os babilônicos, sumérios, drávidas, etruscos, hititas estão simplesmente perdidas, apenas porque não foram escritas em latim!

Atualmente, restringimo-nos aos registros em inglês. O que conhecemos do Egito ou da Índia, é porque foi escrito ou traduzido originalmente para o inglês. Só conhecemos o Kama Sútra porque o inglês Richard Burton o traduziu para a sua língua. Só conhecemos os Tantras porque o magistrado britânico Sir John Woodroffe os traduziu para o inglês. A Bhagavad Gítá, traduzida em 1784 por Charles Wilkins, é um dos muitos textos que vieram a se tornar mais populares na própria Índia depois que foram passados para o idioma britânico. Assim ocorreu com todas as demais escrituras hindus vertidas para o inglês: os Vêdas, as Upanishads, o Yôga Sútra, etc.

No início do século XX, havia um Mestre chamado Ramana Maharishi, que vivia em Arunachala, Tiruvanamalai, a uns 200 quilômetros ao Sul de Madrás. Nunca ninguém ouvira falar dele, embora fosse um grande sábio. E teria passado pela terra em brancas nuvens, sem que jamais a história registrasse sua existência ou o valor do seu ensinamento, se um anglo-saxão, Paul Brunton, não tivesse, um dia, visitado seu ashram e escrito sobre ele.

Esse é o caso do curare, que os índios brasileiros durante milênios usavam para pescar e que na segunda metade do século XX foi descoberto pela literatura em inglês, passando a ser adotado no mundo todo como anestésico nas grandes cirurgias.

Esse também é o caso dos bacteriófagos que os soviéticos vinham utilizando há quase um século no lugar dos antibióticos, com muito mais eficiência e menos inconvenientes, mas ninguém tomava conhecimento pelo fato de a literatura não estar escrita em inglês (“se não está escrito em inglês, não é ciência.”)!

Tivemos um filósofo brasileiro, falecido na década de 80, que era um verdadeiro gênio. Seu nome, Huberto Rohden. Quando jovem ele esteve na Alemanha e, na época, escreveu um livro de filosofia em alemão impecável. Enviou a obra a um editor que a aceitou incontinenti. Mandou chamar o autor para firmar contrato de edição. No entanto, quando Rohden abriu a boca o editor percebeu tratar-se de brasileiro e voltou atrás, recusando-se a editar o livro. “De brasileiros nós não compramos cultura. Compramos só café”, disse o preconceituoso editor.

Por todos estes fatos, devemos valorizar o trabalho que a Universidade de Yôga está realizando pelo mundo afora. A Uni-Yôga é a única instituição cultural brasileira (agora também argentina e portuguesa) que exporta know-how cultural e profissional para o resto do planeta. Ainda encontramos entraves linguísticos e outros, mas estamos derrubando fragorosamente todas as barreiras e seguimos crescendo para mostrar ao mundo a linda filosofia que temos para compartilhar.

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 | Autor:

Link enviado pelo colega João Camacho, de Portugal:

Índia cria arquivo de posições de Yôga para evitar pirataria

Andrea Wellbaum, da BBC Brasil em Londres

Um grupo de cerca de 200 gurus e cientistas da Índia se reuniu para identificar todas as antigas posições de Yôga – os ásanas – para prevenir a pirataria.

A medida, que tem o apoio do governo indiano, é uma resposta à concessão de dezenas de patentes nos Estados Unidos a professores de Yôga que alegam ter sido os criadores de determinados ásanas e que podem estar se beneficiando indevidamente de um conhecimento indiano milenar.

“Patentes de posições de Yôga e marcas registradas sobre instrumentos de Yôga têm se tornado excessivas no Ocidente. Até agora, identificamos 130 patentes relacionadas ao Yôga concedidas nos Estados Unidos”, afirmou à BBC Brasil o Dr V.P. Gupta, que criou um arquivo digital do conhecimento indiano, a Traditional Knowledge Digital Library (TKDL).

O livro mais antigo que está sendo documentado deve ser o Yôga Sútra, de Pátañjali, segundo Gupta.

Até agora, cerca de 600 ásanas já foram documentados e espera-se que até o fim do ano sejam registrados pelo menos 1500.

Indústria bilionária

Uma vez identificadas, elas serão incluídas na TKDL e reconhecidas como propriedade pública da Índia.

“Nosso objetivo não é patentear as posições de Yôga, já que o conhecimento que já é de domínio público não pode ser patenteado. Como os livros de Yôga foram escritos em 2500 a.C., ninguém pode patentear ou registrar o Yôga”, explicou Gupta. [Aqui nós detectamos uma tradução errada. Se o livro mais antigo que estão estudando é o Yôga Sútra, conforme consta alguns parágrafos acima, a data é estimada em cerca de 300 a 400 a.C. Embora o ensinamento do Yôga seja de mais de 5000 anos, não foram encontrados textos datados de 2500 a.C.]

A medida tem como objetivo, segundo Gupta, reduzir os casos de apropriação indébita das informações, “o que deve evitar os procedimentos custosos de invalidação de patentes concedidas indevidamente”, disse Gupta.

Estima-se que o Yôga virou um negócio de US$ 225 bilhões (cerca de R$ 526 bilhões) no Ocidente. Cerca de 16,5 milhões de americanos praticam Yôga e gastam cerca de US$ 3 milhões (cerca de R$ 7 milhões) por ano em aulas.

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domingo, 25 de maio de 2008 | Autor:

UMA ODE CONTRA OS FALSOS ESTEREÓTIPOS 

 

O que é o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)

 

O Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) é uma filosofia. Todos os dicionários classificam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como filosofia. Todas as enciclopédias classificam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como filosofia. Nenhum dicionário ou enciclopédia se refere ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como terapia. Nenhum considera o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como educação física.

O problema é que a mídia internacional pontificou que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) deve ser o que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) não é. E a opinião pública foi atrás no equívoco sobre o que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) deve ser. O mais grave é que o leigo se arroga o direito de entender mais do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) do que um professor formado nessa disciplina.

Assim, quando declaramos que praticamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que ensinamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), sempre passaremos pelo dissabor de sermos confundidos com algum maluquete naturéba; ou, pior, com algum “guru” espertalhão ou curandeiro que queira iludir a terceiros com o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), supostamente, alguma espécie de seita ou de religião (!).

A que se devem as interpretações desatinadas a respeito do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? À medida que nossa cultura geral se amplia, vamos percebendo que as pessoas alimentam ideias alucinadas sobre quase todas as coisas. Por que não as nutririam com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? Podemos ver em filmes de Hollywood um oficial alemão da Segunda Grande Guerra conversando com outro alemão em inglês!  Ah! Mas tudo bem: eles falavam inglês com sotaque alemão! Vemos mulheres indígenas bonitas, com sobrancelhas feitas e maquiagem da moda da época em que o filme foi feito. Com uma ingenuidade dessas você acha que conseguiriam entender o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?

Basta mencionar a palavra mágica (o Yôga, a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e o interlocutor já nos pergunta automaticamente, incontrolavelmente: “Quais são os benefícios do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?” Mas como assim “Quais são os benefícios do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?” Alguém pergunta quais são os benefícios da filosofia de Sócrates, de Platão, de Aristóteles ou de Kant? Então, por que perguntam isso com relação à filosofia que leva o nome de Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? Percebe que é irracional?

Contudo, é claro que a culpa não é da pessoa que formula tão insensata questão. A responsabilidade da barafunda mental que assola o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) poderia ser atribuída à Imprensa. Acontece que ela é mais vítima do que algoz nessa crassa trapalhada, já que os jornalistas também são parte da opinião pública e estão igualmente sujeitos a sofrer paralisias paradigmáticas com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).

A raiz da baralhada é que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) pertence a uma outra cultura muito diferente da nossa, com outros valores e outros parâmetros. Quando o ocidental assesta o olhar para o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), inevitavelmente filtra esse Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) pelas suas lentes cristãs. O resultado do que ele enxerga é desastroso. O que ele vê é uma caricatura do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga). Na verdade, além de cristianizar o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), o ocidental também o embaralha com budismo, lamaísmo, tai-chi, macrobiótica e o que mais lhe passar pela cabeça que seja oriental ou apenas esquisito.

Agora temos também o modismo de estereotipar o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) com o “natural”. Recebi um entrevistador que veio gravar uma matéria para a televisão. Gracejei com ele e disse-lhe que já estava a postos para fazermos a matéria sobre contabilidade. Ele entrou na brincadeira e respondeu sem titubear: “Desde que seja contabilidade natural.” (!) Como assim? Isso não faz o mínimo sentido.  …  Ah! Entendi! Já que somos do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), devemos ser naturébas. Então, se vamos falar sobre contabilidade, deve ser contabilidade “natural”. Ha-ha-ha! Entendi…

E ponha preconceito nisso.

Creio que nunca mais vamos poder declarar que praticamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que ensinamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) sem gerar um mal-entendido. Na verdade, quando conhecemos alguém em algum evento e a pessoa diz que pratica o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) já vou logo mudando de assunto para evitar conflito. É que o termo sânscrito masculino Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) significa união, porém, paradoxalmente, desune as pessoas que estudam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que praticam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).

Será que no mundo inteiro reina essa confusão com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? No que concerne à interpretação do conteúdo e à classificação, em todo o Ocidente, o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) é uma alucinação kafkiana. Mas nós, brasileiros e portugueses, não podíamos deixar barato e fizemos melhor. Passamos a enriquecer o desatino complicando também o gênero da palavra (o que no inglês, por exemplo, não ocorre) e querendo grafar com i, sem o y, o que não ocorre no inglês, nem no francês, nem no alemão, nem no espanhol, nem no italiano… só para complicar a nossa vida! Pronto: agora o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) passa a ter uma barafunda a mais. Uma, não! Duas.  Antes que eu possa discorrer sobre o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), preciso investir uma hora ou mais da aula ou da palestra para demonstrar que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) escreve-se com y, que é vocábulo masculino, que a pronúncia é com ô fechado, que leva acento no seu original em alfabeto dêvanágarí…

Quando termino de proporcionar estes esclarecimentos prévios sobre o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), acabou o tempo e as pessoas terão que se contentar em ir para casa mais confusas do que quando chegaram e sem que eu tenha podido dissertar sobre o conteúdo em si, o qual deveria ter sido o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e não sobre a grafia, o gênero e a pronúncia da palavra Yôga (o Yôga, a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)!

Assim, se o estimado leitor ainda não compreendeu qual é o objetivo de mencionarmos tantas vezes o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) neste pretensioso artigo, sugiro que se sente em posição de Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e faça uma boa e profunda meditação budista. Ou macrobiótica? Ah! Tanto faz, vem tudo do mesmo lugar, aquele tal de Oriente.

Assinado: DeRose

Professor de o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)

Deus me livre! Que confusão! Vamos combinar assim: não me qualifique mais como
professor de o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).
Para todos os efeitos, sou consultor em qualidade de vida e administração de relações humanas
para adultos jovens e saudáveis.

 

Post scriptum: se eu soubesse que iria ser assim, não sei, não, se em 1960 eu teria optado por me tornar instrutor do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).