quarta-feira, 18 de abril de 2012 | Autor:

 

Herois do mar, nobre povo,

Nação valente, imortal,

Levantai hoje de novo

O esplendor de Portugal!

Assim é. Estou cá e estou lá. Enquanto escrevo estes posts sou powerizado pelo magnífico som do CD de áudio Os Lusíadas, do shakta ZéPaulo, autor do nosso Hino. Sonzaço, de uma grandiosidade digna de Camões. Sinceramente e sem exagero algum, se não soubesse que é de gente nossa, só ouvindo, eu apostaria que era trilha sonora de uma superprodução de Hollywood. Tenho pena que um gênio como o ZéPaulo ainda não tenha sido descoberto. Tenho pena de nossa editora ainda não dispor de mais recursos para podermos editar tudo o que merece e precisa ser editado. Tenho pena de não vivermos no centro do Império Romano onde todas estas obras contariam com a visibilidade e com o reconhecimento que merecem.

Procurem, companheiros da Nossa Cultura, escutar e ter para si esta obra que me infunde força e poder, mas ao mesmo tempo lágrimas aos olhos, de uma emoção inexplicável que turva as palavras que escrevo. Refiro-me neste momento à faixa 4, intitulada Vasco da Gama. Sinto-me arrebatar pelos mares desconhecidos, com a bravura indômita daqueles herois que fizeram de nós, brasileiros, o que hoje somos. E, apesar de constituírem a Pátria-Mãe do nosso Brasil, recebem-nos com a simplicidade e com o carinho que em nenhuma outra parte encontramos; com a paciência pelas nossas indelicadezas involuntárias que só um avô concederia aos seus netinhos mal-educados.

Minha alma agradecida se curva perante a estatura do artista ZéPaulo que me conduziu a esta viagem pelo tempo dos nossos ancestrais, mergulhando meu espírito em pompa, glória e dignificência. É difícil imaginarmos hoje o que era a superpotência mundial que singrava os oceanos e conquistava a Ásia, a África e a América. Escutando o acordes de Os Lusíadas de ZéPaulo, você vai entender a que me refiro e vai se emocionar também.

E obrigado Zélia, por respaldá-lo com o seu amor e apoio. Os artistas precisam muito de compreensão para que possam criar as obras que nos curvarão os joelhos pelos séculos vindouros.

Zelia Couto e Santos

Só para relembrar o blog dos Lusíadas é:

http://zepaulo.bloguedemusica.com/

SwáSthya!

quinta-feira, 8 de março de 2012 | Autor:


Extraído do livro “Yôga, Mitos e Verdades”, 1992.

Ele existe, sim! E, por incrível que pareça, é mesmo a maioria. Alguns dos exemplos anteriores é que são as exceções. Felizmente!

O discípulo ideal é simpático, gosta de colaborar, compreende nossas razões e tem satisfação em cumprir todas as determinações.

Leu todos os textos com uma disposição positiva, compreendeu e não comete erros, pois considera tudo tão simples, claro e óbvio, que ele não entende a confusão que alguns fazem.

Ao ler Um Tranco do Mestre procurou pensar bem se alguma daquelas advertências podia servir para ele. E, honestamente, concluiu que não. Mesmo assim, consultou seu Mestre, só para confirmar!

Paga tudo irrepreensivelmente, quantias corretas nas datas certas. Revalida pontualmente, prepara novos instrutores todos os anos, seus alunos são disciplinados e, pelo olhar deles, percebe-se que gostam da gente.

Comparece a todos os cursos, congressos, festivais, estágios, seminários, convocações. Divulga tudo e traz mais gente, promove cursos e eventos, convida o Mestre para ministrar cursos e nunca deixa a egrégora de fora quando realiza algo.

Não mistura o Método DeRose com nenhuma outra disciplina, arte, ciência ou filosofia. Não participa de cursos apócrifos. Não frequenta instituições concorrentes. Não confraterniza com nossos detratores nem com os dissidentes. É leal, disciplinado, amoroso e ético.

Consulta sempre seu Mestre. Dá sugestões, mas sem críticas nem cobranças. Quer servir e ajudar. Por outro lado, aceita críticas sem se ofender, e até mesmo as pede. Aliás, não se ofende nunca, uma vez que o amor em seu coração pelo Mestre é tanto que não sobra lugar para suscetibilidades.

Pela frente, trata o Mestre com carinho; por trás, defende-o com lealdade. Para este, está tudo certo e perfeito: os cursos, as normas, as revalidações, a supervisão, o Swásthya, o Método DeRose, até mesmo as guinadas do Mestre.

Reencontrá-lo é sempre uma festa, conversar com ele, uma descontração. É uma pessoa que queremos como nosso amigo pessoal.

Ao ler esta descrição ele se identifica, reconhece o seu valor e fica feliz por saber que nós o valorizamos pelo que ele é.

quinta-feira, 1 de março de 2012 | Autor:

Na verdade, tem. Se alguém declarar que a palavra Yôga (Yoga) não tem acento, peça-lhe para mostrar como se escreve o ô-ki-matra (ô-ki-matra é um termo hindi utilizado atualmente na Índia para sinalizar a sílaba forte). Depois, peça-lhe para indicar onde o ô-ki-matra aparece na palavra Yôga (Yoga) [ele aparece logo depois da letra y]. Em seguida, pergunte-lhe o que significa o termo ô-ki-matra. Ele deverá responder que ô-ki-matra traduz-se como “acento do o”. Então, mais uma vez, provado está que a palavra Yôga (Yoga) tem acento.

O acento no sânscrito transliterado deve aparecer sempre que no original, em alfabeto dêvanágarí, houver uma letra longa. A letra longa, via de regra, é representada por um traço vertical a mais, logo após a sílaba que deve ser alongada. Para indicar isso em alfabeto latino, na convenção que adotamos usa-se acento agudo quando tratar-se dos fonemas a, i, u; ou circunflexo quando for o ou e.

O acento circunflexo na palavra Yôga (Yoga) é tão importante que mesmo em livros publicados em inglês e castelhano, línguas que não possuem o circunflexo, ele é usado para grafar este vocábulo.

Bibliografia para o idioma espanhol:

  • Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.

Bibliografia para o idioma inglês:

  • Pátañjali Aphorisms of Yôga (Yoga), de Srí Purôhit Swámi, Faber and Faber, Londres.
  • Encyclopædia Britannica, no verbete Sanskrit language and literature, volume XIX, edição de 1954.

Bibliografia para o idioma português:

  • Poema do Senhor (Bhagavad Gítá), de Vyasa, Editora Assírio e Alvim, Lisboa.

A convenção que utilizo
para transliteração do sânscrito

Minha convenção para a transliteração do sânscrito é mais lógica e mais prática para o uso na nossa profissão. Portanto, não vou abrir mão de uma convenção melhor só porque existe uma outra, acadêmica, que não nos satisfaz.

Esta não é uma convenção acadêmica. É a convenção que eu adotei. Querer discutir ou comparar a minha convenção com a convenção acadêmica é o mesmo que querer somar elefantes com tangerinas.

A linguagem acadêmica de um advogado (o advoguês) ou de um economista (o economês) pode ser muito boa dentro do círculo acadêmico, mas para uso fora da profissão mostra-se inadequada, incompreensível e, em alguns casos, até caricata.

Da mesma forma, a transliteração acadêmica do sânscrito pode ser muito boa no ambiente acadêmico, mas não fora dele, por exemplo, quando determina usar o ç para escrever a o nome de Shiva (Çiva). Ora, o som do primeiro fonema é levemente chiado. O leitor que não tenha sido informado que para a transliteração acadêmica çi tem o som aproximado de shi, instintivamente pronunciará errado e dirá “ssiva” Na escrita que aprendi na Índia, o sh sugere a pronúncia correta mesmo para leigos em sânscrito. Além do mais, utilizar o ç para escrever o nome de Shiva agride não apenas uma, mas duas regras da nossa língua. Em português, não se usa ç antes de i; e não se aplica ç no início de palavras.

Outro exemplo contundente é quando a transliteração acadêmica impõe grafar Yôga (Yoga)  com i. No curso de sânscrito que tive o privilégio de fazer em 1976 com um ilustre professor da USP – Universidade de São Paulo, um dia perguntei por que eu deveria transliterar “ioga”, se a letra y é diferente da letra i, tem outro formato e outro som, e está claramente indicada na palavra Yôga (Yoga)? Pior: quando eu transliterasse “Layá Ioga”, por que eu deveria respeitar a exatidão ao transliterar o y de Layá, mas deveria não respeitar essa exatidão ao substituir o y de Yôga (Yoga)  por uma letra i?

Meu ex-professor, por quem eu guardo muito carinho e profundo respeito, me esclareceu com toda a paciência. Disse-me que eu estava com a razão, mas que ele, como professor universitário, precisava obedecer à norma acadêmica, caso contrário poderia até perder o emprego. E que norma seria essa? “Termos sânscritos que já tenham sido dicionarizados, um professor universitário precisa transliterar da forma como constarem nos dicionários de português.”

Desculpe, mas isso não está certo. Respeito que os professores acadêmicos precisem se dobrar a essa norma, mas eu não preciso e não o farei. Até porque a palavra Yôga (Yoga)  aparece grafada com y em vários dicionários de português, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa; o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora; a Enciclopédia Verbo; et reliqua, aceitam a grafia de Yôga (Yoga)  com y e no gênero masculino.

Muito interessante é observar que mesmo naquela época recuada na qual esta escritura hindu foi elaborada (mais ou menos no século sexto antes de Cristo), o texto da Gítá declara solenemente:

  1. que o Yôga (Yoga)  Antigo fora recebido por revelação pelos, assim chamados, “videntes reais”;
  2. que, após muito tempo, o Yôga (Yoga)  “proclamado antigamente” havia sido perdido. Imagine que no século VI a.C. ele já era considerado antigo e, mais, já havia sido perdido!

A que Yôga (Yoga)  o texto ancestral se referia? Obviamente, o Yôga (Yoga)  Pré-Clássico, pré-vêdico, pré-ariano, dravídico, que fora perdido com a ocupação ariana. Sabe-se que sua fundamentação era matriarcal e não-mística. Com a arianização, tornou-se patriarcal e, depois, mística. Logo, a estrutura original e antiga havia sido perdida, já nos tempos da elaboração da Bhagavad Gítá.

Palavra é mantra:
pronuncie corretamente com ô fechado

Pronunciar Yôga (Yoga)  (com ô fechado) é tão pedante
quanto pronunciar problema, para quem habitualmente diz “pobrema”.

Pronunciar um mantra erradamente pode desencadear forças desconhecidas com efeitos imprevisíveis. Recordemos o caso daquele professor de “yóga” do Rio de Janeiro (Vayuánanda, aliás, Carlos Ovídio Trota) que ensinava o bíjá mantra errado para o chakra do coração usava pam no lugar de yam e morreu de ataque cardíaco. Uma coincidência, certamente!

Se o mantra que designa esta filosofia de poder, saúde, amor e união, pronuncia-se Yôga (Yoga) , com ô fechado, quem pronunciar erradamente “a yóga”, com ó aberto, não conseguirá entrar em sintonia com o seu clichê arquivado no inconsciente coletivo ou registro akáshiko. Por isso, tais pessoas que pronunciam “a yóga” não conseguem poder, saúde, amor nem união, mas fraqueza, enfermidade, intolerância e desunião.

Quando os Mestres ancestrais determinaram o som mântrico Yôga (Yoga) , com ô fechado, para designar a nossa filosofia, eles sabiam muito bem o que estavam fazendo e a ninguém mais cabe a arrogância de achar que pode adulterar impunemente o nome do Yôga (Yoga) .

Muito da força que os mantras possuem deve-se ao conhecimento dos Mestres que souberam elaborá-lo numa alquimia de vibrações. Mas outro tanto do seu poder é adquirido com o passar dos séculos, cujo tempo impregna-o cada vez mais profundamente no inconsciente coletivo da humanidade. E, ainda, um outro tanto é gerado pela multiplicação quantitativa de pessoas que usam e veneram tais mantras, imantando-os com o poder dos seus próprios inconscientes individuais, prána, mente e ānima. No caso da palavra Yôga (Yoga) , com ô fechado, temos todos esses três fatores:

a) foi criado pelos Mestres ancestrais;

b) tem milhares de anos de antiguidade;

c) vem sendo utilizado e venerado por milhões de pessoas em cada geração, há milênios.

Tudo isso, porém, só se aplica à pronúncia correta do mantra Yôga (Yoga)  com ô fechado. Depois destas explicações, você ainda acha justificável o argumento evasivo de que “estamos no Brasil e aqui se fala a yóga“? Além do mais, essa premissa é falsa: no nosso país pronuncia-se o Yôga (Yoga) , sim senhor, numa percentagem bem elevada, especialmente entre os que mais entendem do assunto. E por estarmos no Brasil, acaso pronunciamos “Vachínguitom” o nome da capital dos Estados Unidos?

Não se trata de uma simples filigrana sem valor. Trata-se de um detalhe da mais alta importância, que utilizamos para separar o joio do trigo. Uma pessoa que entenda do assunto pronunciará o Yôga (Yoga) , enquanto que um ensinante sem boa formação pronunciará “a yóga“.

Por isso, quando alguém diz que está fazendo “yóga“, é exatamente isso o que está fazendo. Noutras palavras, não está praticando aquela filosofia que na antiguidade recebeu o nome de Yôga (Yoga)  e assim tem sido chamada durante milênios, no mundo inteiro.

Quem diz que faz ou ensina “yóga“, está se referindo a uma outra modalidade totalmente distinta, que teve origem no século vinte, aqui mesmo no Brasil. A “yóga” tem outra finalidade. Não pode ser confundida com o Yôga (Yoga) .

Ainda há aqueles que argumentam:

Yôga (Yoga) , yóga, tanto faz; com acento, sem acento, não faz diferença.

Quer dizer que não há diferença entre sábia, sabia e sabiá? Pois as diferenças entre uma pessoa sábia e um sabiá são as mesmas que existem entre o Yôga (Yoga)  e a “yóga“. Não sabia?

Quando pronunciamos corretamente os fonemas abertos ou fechados, isso estabelece distinções de significado. Veja, por exemplo, a frase: “Meu molho (mólho) de chaves caiu dentro do molho (môlho) de tomate.” Imaginou inverter para um “môlho” de chaves e um “mólho” de tomates? As chaves teriam que ser deixadas dentro da panela com água, e os tomates estariam em um feixe. Considere agora este outro exemplo: “Aquela menina travessa quebrou a travessa de comida.” E mais este: “Segure a fôrma desta forma.” Em todas as frases, a pronúncia, fechada em um vocábulo e aberta em outro de grafia idêntica, determina significados totalmente diferentes.

A grafia com Y

Quanto à escrita, o y e o i no sânscrito têm valores fonéticos, semânticos, ortográficos e vibratórios totalmente diferentes. O i é uma letra que não se usa antes de vogais, enquanto que o y é fluido e rápido para se associar harmoniosamente com a vogal seguinte. Tal fenômeno fonético pode ser ilustrado com a palavra eu, em espanhol (yo, que se pronuncia mais ou menos “”; em Buenos Aires “”) e em italiano (io, que se pronuncia “ío”). Mesmo as palavras sânscritas terminadas em i, frequentemente têm-na substituída pelo y se a palavra seguinte iniciar por vogal, a fim de obter fluidez na linguagem. Esse é o caso do termo ádi que, acompanhado da palavra ashtánga, fica ády ashtánga.

Vamos encontrar a palavra “ioga” sem o y no Dicionário Aurélio, com a justificativa de que o y “não existe” no português! Só que no mesmo dicionário constam as palavras baby, play-boy, playground, office-boy, spray, show, water polo, watt, wind surf, W.C., sweepstake, cow-boy, black-tie, black-out, back-ground, slack, sexy, bye-bye, railway, milady e muitas outras, respeitando a grafia original com k, w e y, letras que “não existem”. Por que será? Por que usar dois pesos e duas medidas? (Aliás, eu gostaria de saber para que queremos o termo railway! Não utilizamos estrada de ferro?). Palavras tão corriqueiras quanto baby, playboy etc., deveriam então, com muito mais razão, ter sido aportuguesadas para beibi e pleibói. Por que não o foram e “a ioga”, sim? E o que é que você, leitor, acha disso? Não lhe parece covardia dos linguistas perante seus patrões anglo-saxônicos?

É, no mínimo, curioso que o Dicionário Michaelis da língua portuguesa, registre as palavras yin e yang com y, ao mesmo tempo em que declara que o y não podia ser usado na palavra Yôga (Yoga) , porque “não existia na nossa língua”![1]

Pior: no Dicionário Houaiss encontra-se registrado até yacht (iate), yachting (iatismo), yanomami [do tupi-guarani], yen [do japonês], yeti [do nepalês], yom kippur [do hebraico], yama, yantra, yoni [do sânscrito], todos com y, mas o Yôga (Yoga) , não. Isso é uma arbitrariedade.

O próprio Governo do Brasil nunca admitiu que as letras y, k e w não existissem, pois sempre as colocou nas placas dos automóveis! Em Brasília, desde 1960, existe a Avenida W3 (W de West!!!). E se é o povo que faz a língua, nosso povo jamais aceitou que quilo fosse escrito sem k, como no resto do mundo, assim como recusa-se a acatar que a palavra Yôga (Yoga)  não seja grafada com y, como no país de origem (Índia) e nos países de onde recebemos nossa herança cultural (França, Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra). Basta fazer uma consulta popular para constatar que a vox populi manda grafar Yôga (Yoga)  com y.

Se tivéssemos que nos submeter à truculência do aportuguesamento compulsivo, deveríamos grafar assim o texto abaixo, de acordo com as normas atuais da nossa ortografia, palavras estas citadas pelo Prof. Luiz Antonio Sacconi, autor de vários livros sobre a nossa língua:

Declarar que a palavra ioga deve ser escrita com i por ter sido aportuguesada, está virando eslogã. Mas basta um flexe com uma amostragem de opinião pública para nos dar ideia do absurdo perpetrado. Podemos utilizar o nourrau de um frilâncer e entrar num trole para realizar a enquete. Perguntemos a um ripe, um panque, um estudante, um desportista e um empresário, como é que se escreve a palavra Yôga (Yoga) . Todos dirão que é com y . Isso não é um suipsteique. É muito mais um checape. Se, passado o râxi, você pedir uma píteça igual à que está no autedor, e ela vier sem muçarela e com excesso de quetechupe, não entre em estresse. A vida na jângal de uma megalópole tem que passar mesmo por um runimol de tensões. Por isso é que aconselhamos a prática de algum róbi, tal como jujutso, ioga ou mesmo a leitura de um bom livro cujo copirráite seja de autor confiável e o leiaute da capa sugira uma obra séria. Em último caso, ouvir um longuiplei em equipamento estéreo com uótes suficientes de saída. Se você não possuir tal equipamento, sempre poderá ir a um xópingue comprá-lo ou tentar um lísingue. Caso nada disso dê certo, console-se com um milque xeque e com a leitura de um livro brasileiro sobre o aportuguesamento de palavras estrangeiras. Garanto que você vai rir bastante e será um excelente márquetingue a favor da minha tese que reivindica a manutenção do y na palavra Yôga (Yoga) . (Texto composto seguindo rigorosamente o vocabulário corrigido de acordo com as normas de aportuguesamento vigentes em 1996.)

Se um tal texto não parece adequado, também não o é grafar Yôga (Yoga)  com i, nem colocá-lo no feminino (“a ioga“). Recordemos ainda a norma da língua: “os vocábulos estrangeiros devem ser pronunciados de acordo com seu idioma de origem”. Por isso watt virou uóte e não váte; e rush virou râxi e não rúxi. Demonstrado está que deve-se pronunciar o Yôga (Yoga)  com ô fechado, como na sua origem.

O Yôga (Yoga)  é termo masculino

Quanto ao aportuguesamento da palavra, isto é, passando a grafá-la com i e convertendo-a para o gênero feminino, não podemos ignorar a regra para o uso de estrangeirismos incorporados à nossa língua a qual manda preservar, sempre que possível, a pronúncia e o gênero do idioma de origem. Por exemplo: le chateau, resulta em português o chatô e não a xateáu, e la mousse resulta em português a musse, e não o musse.

Ao mudar o gênero, altera-se o sentido de muitas palavras que passam a significar coisas completamente diferentes. Por exemplo: a moral significa código de princípios e o moral refere-se a um estado de espírito, auto-estima, fibra; meu micro designa um equipamento e minha micro é um tipo de empresa. O mesmo ocorre com a capital e o capital; a papa e o Papa; etc. Portanto, aceitemos que no Brasil o Yôga (Yoga)  tem um significado diferente de “a yoga” ou, pior, “a ioga”.

Além do mais, declarar que Yôga (Yoga)  precisa ser feminino só por terminar com a, é uma desculpa esfarrapada, pois estamos cheios de exemplos de palavras masculinas de origem portuguesa ou incorporadas à nossa língua, e todas terminadas em a[2]. Duvida? Então lá vai:

o idiota, o canalha, o crápula, o pateta, o trouxa, o hipócrita, o careta, o facínora, o nazista, o fascista, o chauvinista, o sofisma, o anátema, o estigma, o tapa, o estratagema, o drama, o grama, o cisma, o crisma, o prisma, o tema, o trema, o samba, o bamba, o dilema, o sistema, o fonema, o esquema, o panorama, o clima, o puma, o profeta, o cosmopolita, o plasma, o mioma, o miasma, o fibroma, o diadema, o sósia, o soma, o telegrama, o telefonema, o cinema, o aroma, o altruísta, o homeopata, o sintoma, o careca, o carioca, o arataca, o capixaba, o caipira, o caiçara, o caipora, o coroa, o cara, o janota, o agiota, o planeta, o jornalista, o poeta, o ciclista, o judôca, o karatêca, o acrobata, o motorista, o atalaia, o sentinela, o pirata, o fantasma, o teorema, o problema… et cætera.

Para reforçar nosso argumento, invocamos o fato de que todos os cursos de formação de instrutores de Yôga (Yoga)  em todas as Universidades Federais, Estaduais e Católicas, onde ele vem sendo realizado desde a década de 70, a grafia adotada foi com y, o gênero foi o masculino e a pronúncia foi a universal, com ô fechado. Por recomendação da Confederação Nacional de Federações de Yôga (Yoga)  do Brasil, a partir de 1990 todos esses cursos passaram a adotar o acento circunflexo.

Adotamos o circunflexo pelo fato de o acento já existir na grafia original em alfabeto dêvanágarí.

No inglês não há acentos. Como foram os ingleses que primeiramente propuseram uma transliteração para o sânscrito, a prática de não acentuar essa língua universalizou-se. Tal limitação do idioma britânico não deve servir de pretexto para que continuemos em erro. Mesmo porque, na própria Inglaterra esse erro está começando a ser corrigido.

Sempre que no sânscrito o fonema for longo, já que no português dispomos de acentos para indicar o fenômeno fonético, devemos sinalizar isso, acentuando. Um excelente exemplo é o precedente do termo Judô. Em língua alguma ele tem acento. Nem mesmo em português de Portugal![3] Não obstante, no Brasil, tem. Assim, quando alguém quiser usar como argumento a suposição de que a palavra Yôga (Yoga)  não levaria acento em outras línguas, basta invocar o precedente da palavra Judô. Com a vantagem de que o dêvanágarí, ao contrário do japonês, é alfabeto fonético, logo, o acento é claramente indicado.

Esse acento é tão importante que mesmo em livros publicados em inglês e castelhano, línguas que não possuem o circunflexo, ele é usado na palavra Yôga (Yoga)  (vide Aphorisms of Yôga (Yoga) , de Srí Purôhit Swami, Editora Faber & Faber, de Londres; Léxico de Filosofía Hindú, de F. Kastberger, Editorial Kier, de Buenos Aires; a utilização do acento é ratificada pela Encyclopædia Britannica, no verbete Sanskrit language and literature, volume XIX, pag. 954, edição de 1954.).

Uma gravação ensinando a pronúncia correta

A fim de pôr termo na eterna discussão sobre a pronúncia correta dos vocábulos sânscritos, numa das viagens à Índia entrevistamos os Swámis Vibhodánanda e Turyánanda Saraswatí, em Rishikêsh, e o professor de sânscrito Dr. Muralitha, em Nova Delhi.

A entrevista com o Swámi Turyánanda foi muito interessante, uma vez que ele é natural de Goa, região da Índia que fala português e, assim, a conversação transcorreu de forma bem compreensível. E também pitoresca, pois Turyánandaji, além do sotaque característico e de ser bem idoso, misturava português, inglês, hindi e sânscrito em cada frase que pronunciava. Mesmo assim, não ficou confuso. É uma delícia ouvir o velhinho ficar indignado com a pronúncia “yóga”. Ao perguntar-lhe se isso estava certo, respondeu zangado:

– Yóga, não. Yóga não está certo. Yôga (Yoga) . Yôga (Yoga)  é que está certo.

Quanto ao Dr. Muralitha, este teve a gentileza de ensinar sob a forma de exercício fonético com repetição, todos os termos sânscritos constantes do glossário do nosso livro Tratado de Yôga (Yoga) . Confirmamos, então, que não se diz múdra e sim mudrá; não se diz kundalíni e sim kundaliní; não se diz AUM e sim ÔM, não se diz yóga e sim Yôga (Yoga) ; e muitas outras correções.

Recomendamos veementemente que o leitor escute e estude essa gravação. Se tratar-se de instrutor de Yôga (Yoga) , é aconselhável tê-la sempre à mão para documentar sua opinião e encurtar as discussões quando os indefectíveis sabichões quiserem impor seus disparates habituais.

 



[1] Com o novo acordo ortográfico, o y foi reintegrado à nossa língua. Quer apostar como vão conseguir uma desculpa para que o Yôga (Yoga)  continue desfigurado, escrito com i ?

[2] Algumas destas palavras podem ser usadas nos dois gêneros, pormenor que não invalida a força do exemplo.

[3] A falta do acento na palavra Judô (Judo) faz com que em Portugal seja pronunciada Júdo. Talvez devido a um fenômeno linguístico semelhante, alguns brasileiros pronunciem yóga, pela falta do circunflexo. No entanto, repetimos que o acento circunflexo não é utilizado para fechar a pronúncia e sim para indicar crase de vogais diferentes (a + u = ô).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012 | Autor:

Compartilhe e discuta com os amigos este capítulo do nosso livro Anjos Peludos – Método de educação de cães.

Se apreciar, procure-o nas livrarias e  indique-o a quem gostar de cães.


 É chocante como as pessoas desconhecem o mecanismo da liderança animal! Quase todos os meus amigos me dizem a mesma frase (parece um disquinho):

– Quando fui escolher o cachorro, foi este que me escolheu. Ele veio correndo na minha direção e saltou nos meus braços!

Então, já começou mal. A relação já se iniciou com o cão tomando as decisões. Se ele teve aquela atitude, deve ser um cão alfa dominante. Sua relação com ele provavelmente vai ser de  um medir forças sem trégua.

Quando fomos escolher a Jaya, ela era tão acanhada e tímida que tive receio que fosse autista. No entanto, quando cresceu, no nosso dia-a-dia ela brinca, corre, pula, tem uma energia incrível. Só que quando não queremos mais brincar, ela para na hora. É alegre e dinâmica, mas carinhosa e obediente.

Há um pequeno truque ao escolher o seu amiguinho: coloque-o no seu colo, de barriga para cima. Se ele aceitar tranquilamente essa posição, provavelmente, é cordato e dócil. Caso não se submeta e fique agitado para se virar, é possível que seja um animal rebelde.

Fora o cuidado de não escolher o cão mais hiperativo, deve-se conhecer bem os espécimens que o canil fornece e checar os ancestrais para que não haja antecedentes de enfermidades genéticas.

Por outro lado, não há nada mais lindo que salvar da morte certa os “focinhos carentes” que estão esperando por adoção nos abrigos. Se ninguém os adotar, serão abatidos sem dó nem piedade. Procure nos sites de adoção e poderá conhecer o seu futuro pet pela foto e pelo perfil que geralmente é descrito.

Lembre-se de que nunca deve separar o filhote da mãe com menos de 45 dias. Eu acho um absurdo separá-lo da mãe com qualquer tempo. Mas, pensando racionalmente, cada casa ficaria com mais de dez cães quando alguma cadelinha desse cria, o que é impraticável. Dessa forma, com dor no coração, preciso aceitar o fato de que a praxe é separar os filhotes em algum momento.

O Dr. Mauro Lantzman nos dá as seguintes dicas sobre as posturas de dominância que permitem identificar filhotes dominantes:

  • Perseguir os outros filhotes na ninhada.
  • Ficar de pé sobre o companheiro de ninhada.
  • Andar em círculos ao redor do companheiro de ninhada.
  • Empurrar com ombro ou coxa.
  • Apoiar as patas da frente no dorso do companheiro.
  • Urinar sobre um outro cão ou pessoa.
  • Rosnar, beliscar, morder.
  • Montar.
  • Ficar acima da pessoa.
  • Pedir carinho colocando a pata sobre a pessoa ou qualquer outro comportamento que desencadeie a resposta do proprietário.
  • Bloquear acesso: passagem de quarto, corredores etc.
  • Guardar comida, brinquedos e não permitir que o dono pegue.
  • Impedir acesso a local de brincar ou ficar.

 

Se não encontrar o livro nas livrarias, poderá pedi-lo para:

Método Distribuidora – tel. (11) 3589-7227.
Office – tel (11) 3064-3949.
Unidade Jardins (11) 3081-9821.

domingo, 12 de fevereiro de 2012 | Autor:

Compartilhe e discuta com os amigos este capítulo do nosso livro Anjos Peludos – Método de educação de cães.

Se apreciar, procure-o nas livrarias e  indique-o a quem gostar de cães.

 

Você é uma pessoa bondosa e de forma alguma cruel. Então, pense bem antes de colocar em sua casa um ser que é todo emoção, que é todo amor.

Muita gente adota um cachorro só para depois jogá-lo na rua na primeira dificuldade econômica, doença, problema para educá-lo ou sob qualquer outro pretexto. Isso é uma desumanidade! Um conhecido meu encontrou um weimaraner na rua. Tinha sido abandonado por seu des-humano por ter ficado doente! Você já imaginou se os seus pais tivessem jogado você fora quando teve as doenças infantis? Todas elas deram trabalho e despesas. Mas você não foi posto na rua.

Em alguns países é comum que na época de férias as ruas se encham de cãezinhos abandonados porque a família quer viajar e não tem com quem deixar o cachorro. Eu mesmo já recolhi dois anjinhos que foram abandonados no aeroporto e eram pessoinhas tão especiais que o fato nos partiu o coração.

Certa vez, chegando ao Brasil de uma viagem ao exterior, encontramos no aeroporto internacional um serzinho pequeno que ia de passante em passante pedindo para ser adotado. Saltando como uma molinha, como se quisesse se aboletar no colo das pessoas, o rabinho abanando intensamente e um olhar suplicante, não havia como ignorá-lo. Quando veio pulando em mim, fiz-lhe carinho e senti receptividade. Dei-lhe comida. Olhei nos seus olhinhos negros e não consegui deixá-lo lá.

Não caberia mais um ente querido de quatro (nem mesmo de duas) patas no nosso apartamento.
 Ainda assim, trouxemo-lo conosco. Deixamo-lo durante alguns dias numa clínica, em observação, tomando todas as vacinas. Quando fomos buscá-lo no veterinário sua alegria por nos rever era inacreditável. Minha amiga Virgínia se apaixonou por ele e adotou-o.

Quando perguntam sua raça digo que é street terrier. Mas é bem possível que tenha mesmo algum ascendente com pedigree. Ele tem uma índole ótima, é ultra educado, logo tornou-se vegetariano com prazer e parece estar nos dizendo o tempo todo “Obrigado, obrigado por me darem um larzinho!”. Quando fomos viajar para passar o Ano Novo no Rio, Vivi teve que deixá-lo na casa da treinadora. Ao retornarmos para buscá-lo, soubemos que ele ficou sentado diante do portão até as onze da noite esperando que sua dona voltasse.

 

Se não encontrar o livro nas livrarias, poderá pedi-lo para:

Método Distribuidora – tel. (11) 3589-7227.
Office – tel (11) 3064-3949.
Unidade Jardins (11) 3081-9821.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 | Autor:

Enviado por Tamara Queiroz:

A biografia de Jobs é fascinante.

Foi tenso e especial as últimas semanas aqui, na editora, antes e depois do falecimento dele.

Mestre,

Vi esse vídeo de um gatinho e um golfinho acarinhando um ao outro e lembrei muito de você.

Soltei muitas exclamações: “Own!”.

http://tvig.ig.com.br/variedades/mundo+animal/gato+brinca+com+golfinhos-8a49802632f3ab5b0133135d966208d2.html

B-joletas minhas

domingo, 6 de novembro de 2011 | Autor:

Texto escrito por Bruno Mazetto:

Como identificar um Mestre?

Neste caminho que percorremos, travamos contato com todo tipo de gente.

Há os que nos fazem bem. Há os que nos fazem rir e os que nos fazem chorar. Alguns passam muito tempo a nosso lado, outros se vão como um cometa, deixando apenas alguns resquícios de poeira sinalizando sua passagem. Há pessoas que não escolhemos, e que mesmo assim amamos, sem o peso da obrigação. Certas pessoas sempre têm o dom de dar bons conselhos, e nos esclarecem dúvidas, nos dão novas ideias. Há também os que constroem junto conosco castelos de sonhos perfumados, que dividem horas de prazer e nos dão força nos momentos mais difíceis.

Mas há alguém que diz exatamente o que trazemos no coração. Que dá respaldo para aquilo que já sentíamos, já acreditávamos, para que possam brotar nossos sonhos. Este nos orienta para que não voltemos a encobrir aquilo que já sabíamos, às vezes lá no fundo, que é verdade… a nossa verdade.

É assim que se encontra um Mestre. Com o coração. Com uma alegria transbordante de ter achado um holofote para jogar luz naquele canto da casa de que tanto gostamos, e que as vezes fica esquecido.

É até possível explicar racionalmente o porquê dessa escolha, pois existe mesmo um respaldo lógico, um trilhar específico de idéias que também nos levaria a concordar e identificar-nos com as palavras deste educador. No entanto o que nos faz querer estar mais próximos e compartilhar momentos vem da simples e leve sensação de que aquela forma de olhar o mundo nos fará bem. Nenhuma explicação se faria necessária se déssemos mais atenção a isto.

Mas os pupilos não são assim tão fáceis de lidar. Por vezes relutamos em aceitar algo que já deveria ser tão nítido. E este educador, seguindo seus próprios dizeres, pacientemente se dispõe a dizer o óbvio e repetir três vezes… ou um pouco mais, se necessário.

Quando eu estava mais envolvido no estudo da psicanálise me deparei com um tal Dr. Freud, que classificou a atividade do ensino, ou educação, como uma das atividades impossíveis. Esta idéia me soou como uma bomba. Mas como então o aprendizado acontece? E sabemos que de alguma forma ele acontece.. Bem, naquele núcleo chamávamos esse processo de transmissão. É uma partilha, uma atividade conjunta, que só acontece na relação entre as pessoas, é quase uma contaminação que acontece quando se expõe com sinceridade aquilo que foi vivenciado.

DeRose faz isto. Contamina-nos com seu entusiasmo inesgotável. Com seu visão de ética em grande angular. O ensino… aquela atividade comumente repetitiva, cansativa e muitas vezes impossível, até ocorre, mas, para além disso, o Mestre provoca. Provoca o aprendizado, como o faz um bom professor. Provoca a sede por mais conhecimento, como fazem as crianças e aqueles que não deixaram de sê-las. Provoca o alinhamento ético, como é esperado de um supervisor. E provoca o aprimoramento pessoal, a eclosão de tudo que nos habitava antes em estado latente, e que agora aflora e não pode mais ser ignorado, nem por quem porta este poder, nem por quem estiver a volta.

Como se não bastasse isso tudo, há ainda o carinho, o sorriso, o abraço, o olhar firme e brilhante que parece atiçar mais a nossa vontade de sermos melhores, de nos lapidarmos e tornarmo-nos mais ainda uma cópia fiel de si mesmo, do “Si Mesmo” que fica encoberto pelos medos do ego.

E tem mais a gratidão pelo legado de conhecimento resgatado, pelas amizades que só foram possíveis pelo ideal deste homem compartilhado com tanta gente.

Por estas e outras coisas das quais não me lembro ou que talvez eu nem saiba:

Obrigado, Mestre DeRose.