quinta-feira, 20 de maio de 2010 | Autor:

O que é o Método DeRose

O Método DeRose é uma proposta de life style coaching com ênfase em boa qualidade de vida, boas maneiras, boas relações humanas, boa cultura, boa alimentação e boa forma.

Algumas das nossas ferramentas são a reeducação respiratória, a administração do stress, as técnicas orgânicas que melhoram o tônus muscular e a flexibilidade, procedimentos para o aprimoramento da descontração emocional e da concentração mental. Tudo isso, em última instância, visando à expansão da consciência e ao autoconhecimento.

Precisamos esclarecer que o foco do Método não é oferecer benefícios, uma vez que cada um tem suas expectativas pessoais e seria inadequado afirmar que poderia suprir a todas. Os eventuais resultados são apenas consequências de uma filosofia de vida saudável.

Os fundamentos da proposta cultural concebidas pelo Método vem sendo difundidos há mais de cinco décadas.

O Método aponta os mecanismos para se obter uma boa qualidade de vida, objetivo perseguido pela maioria dos profissionais nos dias de hoje. Por meio de reeducação comportamental, uma alimentação saudável, boas relações humanas, boa forma e boas maneiras pode-se conseguir a otimização da vitalidade, produtividade e administração do stress.

Graças ao alcance de sua proposta, o Método DeRose transformou-se em mais do que simplesmente um curso e passou a constituir uma cultura, um estilo de se viver. Seu aspecto fundamental é o alcance do bem-estar pessoal. Para atingir essa meta, diversas ferramentas são utilizadas, entre elas, técnicas respiratórias, técnicas orgânicas que melhoram o tônus muscular e a flexibilidade, além de procedimentos para o aprimoramento da descontração emocional e da concentração mental.

O Método foi desenvolvido e é indicado para adultos jovens em uma faixa etária que vai dos 18 aos 58 anos.

É praticado em várias regiões do Brasil, Argentina, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal e Estados Unidos.

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quarta-feira, 28 de abril de 2010 | Autor:

Comemoramos a inauguração de três novas unidades na Europa: a de Barcelona, do Thiago Massi; a de Londres, do Gustavo Cardoso; e a de Roma, do Carlo Mea. A nova de Barcelona, ainda não conheço. Mas as outras duas, pude constatar que estão situadas em bairros nobres, ruas importantes e são bem bonitas. Segundo fui informado, a de Barcelona também segue o mesmo padrão.

O Gustavo Cardoso e o Carlo Mea estão ambos de parabéns, pois com suas escolas recém-fundadas já contam com diversos instrutores na formação, além dos vários que formaram enquanto não tinham sequer escola e apenas davam aulas em ginásios e empresas.

Também merecem um eloquente louvor porque, sendo novas escolas (cada uma com poucos meses), inscreveram um número expressivo de alunos para os meus cursos, o que demonstra engajamento de instrutores e alunos: cada um, cerca de 60% do número de participantes do curso de Lisboa, sendo que em Lisboa temos várias escolas há 30 anos e dou cursos todos os anos há três décadas.

Lisboa é um doce de cidade, as pessoas são queridas, o hotel é incomparável (você o viu aqui no blog, no post “Minha casa em Lisboa“) e eu adoro meus amigos, instrutores e alunos. Sinto-me imensamente feliz cada vez que lá retorno e reencontro aqueles olhinhos brilhantes, sorrisos francos e abraços apertados. Mas Lisboa precisa reagir. Como lá o trabalho é antigo e está consolidado, sinto que paira uma atmosfera de “zona de conforto” na qual as pessoas não precisam, ou pensam que não precisam, batalhar tanto. Há vinte anos, tínhamos dez por cento do número de escolas que temos hoje em Portugal e apenas 1,2% do número de instrutores. No entanto, os cursos contavam com pelo menos o dobro de participantes. Por outro lado, hoje que temos dez vezes mais escolas e oitenta vezes mais instrutores, a qualidade dos alunos e instrutores em Portugal, reconheçamos, é bem melhor.

Ao Gustavo quero cumprimentar pela excelente organização do curso de Londres e pelo magnífico hotel. Não chega aos pés do hotel de Lisboa, mas Portugal tem uma outra estrutura, muito mais poderosa pela antiguidade. Na minha chegada à escola de Londres, fui brindado com um quinteto de jovens alunos da unidade, interpretando peças clássicas com violinos, violoncelo e clarineta. E tudo fluiu leve e fácil. Para quem não é do país, está em Londres há tão pouco tempo e acabou de inaugurar sua escola, foi uma proeza.

Ao Carlo preciso elogiar veementemente pelo seu empenho em fazer tudo impecavelmente correto. Inauguração bem divulgada, casa cheia. Curso bem divulgado, lotado. Enquanto escrevo, Carlo está dando uma entrevista sobre o Método DeRose na RAI, a mais importante rede de TV da Itália, e a Vivi demonstrando ao vivo. Quanto a nós, estamos sendo tratados como reis. Ou melhor, deveria dizer como condes, pois o Carlo mandou fazer uma pesquisa dos meus antepassados e me presenteou com o brasão da família juntamente com um documento de título de Conde De Rose de um ancestral.

À inauguração e cursos de Londres compareceram colegas nossos de seis países; e aos de Roma compareceram companheiros de sete países.

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terça-feira, 3 de novembro de 2009 | Autor:

Várias pessoas me enviaram este vídeo, o que significa duas coisas:

1) primeiro, que elas não exploraram o nosso blog em tudo o que ele tem de interessante para contribuir com a sua cultura, ilustração, informação e expansão do conhecimento;

2) segundo, significa que muita gente considera este vídeo é bem importante. Assista-o e descubra por quê.

Leilane Lobo

Olá Mestre!

Compartilho com você e com todos que acessam o blog o vídeo que recebi.

Este vídeo mostra a realidade tecnológica em que estamos inseridos, não em avanços, mas em dados de acessos e como os jovens e crianças do século 21 estão inseridos nesta época, que são assustadores! Principalmente com algumas comparações que ele faz.

Chama-se: Did you know?| Você sabia?

httpv://www.youtube.com/watch?v=fU4YlrpXwgA

Beijos,

Instra. Leilane Lobo
Fortaleza-CE

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Oi Mestre,

Quero te desejar um ano novo cheio de alegria e amor.
E também compartilhar este vídeo com você e com a nossa família SwáSthya.
Um companheiro rotaryano que me encaminhou, e me causou reflexões interessantes. Espero que goste.
Bjos

Teresa Milanez – Unidade Asa Norte – Brasília DF

httpv://www.youtube.com/watch?v=fU4YlrpXwgA

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Agora que você já está de posse desses dados fundamentais para avaliar a educação, a formação profissional e o futuro dos nossos jovens, divulgue-os a toda gente, especialmente aos mais interessados no bem-estar, felicidade, segurança e um futuro mais garantido para a moçada: esses são os pais, mães e professores.

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sábado, 12 de setembro de 2009 | Autor:

O grande sonho de todo pai ou mãe é ter a certeza de que seu filho ou filha está em boa companhia e não vai se envolver com drogas, nem sair para a balada conduzido(a) por um amigo alcoolizado na direção de um veículo assassino.

No final de um curso que ministrei no Rio de Janeiro, o jovem Vinicius Machado veio falar comigo e fez uma declaração pública que comoveu os presentes:

– Professor. Quero lhe agradecer, porque você salvou a minha vida.

Respondi que ele também estava salvando a vida de muita gente, pois também era instrutor de SwáSthya. Mas Vini explicou:

– Não. Você salvou mesmo a minha vida. Eu tinha um amigo e costumava sair com ele para a night. A gente enchia a cara e saía por aí. Hoje, depois da aula, eu estou indo ao velório dele. Encheu a cara, bateu com o carro e morreu. Eu podia estar lá, mas estou aqui, vivo. Por isso, digo que você salvou a minha vida.

Declarações como esta emocionam e nos mostram que, mesmo se a Nossa Cultura fosse uma fantasia e se não servisse para mais nada, serviria para afastar nossos jovens das drogas, do álcool e do fumo. Isso, sim, é o que a imprensa precisa divulgar e defender.

Os pais reconhecem isso. Frequentemente perguntam-me como conseguimos que tantos jovens aceitem não usar drogas, nem fumo, nem álcool sem partirmos para a repressão e sem usar doutrinação. A resposta é muito simples. O ser humano é bastante influenciado pelo grupo. Ora, o ambiente do Método DeRose é extremamente alegre e descontraído. Os adeptos são jovens “cara-limpa”, saudáveis, desportistas, acadêmicos, gente bonita, educada, sensível e com corpos sarados. É perfeitamente compreensível que o recém-chegado fique fascinado e adote os bons hábitos desse grupo. Ele vê a moçada bonita, pessoas alegres, felizes e quer participar daquela tribo. Mas para ser aceito pela galera tem que ser cara-limpa.

Portanto, na verdade, quem consegue isso é o ambiente saudável, é a boa companhia, são os demais jovens com quem o recém-chegado vai conviver. Esse é o segredo do nosso sucesso com a juventude.

E as raves! Você já imaginou uma rave sem fumo, sem álcool e sem drogas? Nossa garotada vira a noite se divertindo, dançando, na maior alegria e numa disposição inacreditável, sem uma gota de álcool (nem cerveja), sem fumo (nem natural) e sem drogas (nem as legalizadas). Quando as raves não são nossas, quando o nosso pessoal vai a alguma outra, nossa turma é a mais animada, tão mais animada que os outros ficam nos assediando para pedir um pouco do que nós tomamos! E não adianta dizer que foi água mineral. Invariavelmente escutamos:

– Pô, cara. Divide aí, vai. Eu sei que você tá com algum barato.

E achamos muita graça, pois não precisamos disso e temos muito mais energia.

Fica-nos a sensação de confiança que recebemos dos pais e mães, e o sentimento de responsabilidade com que devemos corresponder àquele privilégio. Felizmente, cada vez mais pais e mães compreendem e apoiam seus filhos para que sigam a profissão que tiverem escolhido, ainda que seja a de músico, artista ou instrutor de Yôga!

Bruno Sousa

Mestre, nunca te contei isso, mas aquela história que você cita às vezes sobre um instrutor que teve a vida salva por conhecer a Nossa Cultura – já que seu melhor amigo faleceu num acidente por estar bêbado – é potencialmente verdadeira para mim, e imagino que para muitos outros colegas. Um grande amigo meu faleceu há cerca de 3 anos, num acidente na Marginal Pinheiros, pois ele e o motorista do carro em que estava estavam bêbados, a caminho da balada. É possível que eu estivesse no carro também, se não tivesse entrado em contato com esse mundo incrível que é a Nossa Cultura. Naquele dia, fui dormir cedo, para praticar de manhã. Assim, meu muito obrigado, em meu nome e em nome de todos os jovens a quem você mostrou o grande barato que é levar uma vida saudável. Aprender isso no convívio com as incríveis pessoas que fazem parte desta nossa família, pelo exemplo que elas me proporcionaram e proporcionam, foi e é um grande prazer. Poder ensinar isso a outras pessoas é um privilégio, e por isso também te agradeço.

Beijos, com muito afeto.

Bruno
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009 | Autor:

Entrevista realizada com o jornalista António Mateus

transcrita por Alexandre Montagna e simultaneamente por Renata Coura e Maicon, com a colaboração de Caio, 
Priscila Ramos, Raffa Loffredo, Taline Mendes, Rômulo 
Justa, Alessandra Filipini (e faltou alguém, por favor, avise-me.)

A sua cultura promove um indivíduo mais lúcido, mais consciente, mais interventivo na sociedade. É isso?

A proposta é esta. A proposta é que através de um conjunto de técnicas e um conjunto de conceitos nós possamos levar uma pessoa comum a um estado de consciência expandida. Agora se isso vai ser obtido ou não, vai depender de uma quantidade de fatores. Entre eles, a própria genética do indivíduo. E, da parte controlável, a dedicação, o investimento de tempo na prática dessa filosofia. E também o ambiente onde a pessoa vive. Porque vai depender muito da bagagem cultural que ela traz, da profissão que ela exerce, da idade com a qual ela começou. Então é uma constelação de fatores.

É possível esculpir um indivíduo diferente, mais interventivo na sociedade?

Cada indivíduo é uma realidade diferente. Então, as próprias técnicas, por exemplo, de oxigenação cerebral, vão reagir diferentemente de um indivíduo para o outro.

Mas o senhor tem uma intenção, tem um destino que quer cumprir no esculpir desse indivíduo?

Sim. A meta que nós queremos alcançar é conceder a essa pessoa um estado de hiperconsciência, um estado de megalucidez. Que, na verdade, é a direção na qual a humanidade esta caminhando.

Quando as sociedades dos nossos dias não têm um perfil nem de indivíduo nem de sociedade em si, a sua cultura pode ser a proposta que falta. Esse indivíduo, obviamente diferente, mais lúcido, mais consciente, que impacto real é que ele tem na sociedade? Em que ele pode fazer a diferença?

Quando a pessoa tem mais lucidez, a primeira coisa que ocorre é que ela vai exercer melhor o seu trabalho, a sua posição na família, o seu engajamento em qualquer ideal, seja ele político, humanitário, filantrópico, artístico, seja lá qual for. E, além do mais, ele se sente integrado. Porque quando o indivíduo ainda não tem uma consciência plena, ele acha que o mundo se divide entre eu e os outros. No momento em que a consciência se expande, ele percebe que não existe essa coisa de eu e os outros. Somos todos uma só coisa, estamos todos interligados, não apenas dentro da espécie humana, mas entre todas as espécies e com o próprio planeta, com o próprio cosmos. E esse estado de consciência expandida é alcançável. Mas, normalmente, quando a pessoa menciona a sua pretensão, a sua intenção de conseguir tal estado de consciência, uma outra pessoa que não imagine o que é isso, que não tenha lido a respeito, que não tenha estudado, que não tenha se esclarecido, pode supor um ideal inalcançável, pode supor uma fantasia. Acontece que muita gente já logrou esse estado de consciência. Então é realidade.

Esse estado de hiperconsciência, de lucidez, traduz-se em quê no dia-a-dia?

No dia-a-dia, traduz-se em uma participação objetiva, que nós chamamos de ação efetiva. Porque muita gente tem iniciativas, mas poucas têm acabativas. Então, uma das coisas que uma consciência maior, que uma lucidez maior, nos concede, é perceber que não adianta apenas o discurso, não basta a intenção, é preciso levar a cabo. É necessário ter a iniciativa, a acabativa, o resultado final, para a vida deste indivíduo, para a sua família, para os seus amigos, para os seus desamigos, para toda a sociedade, para a responsabilidade social, para responsabilidade ambiental, ou seja, ele vai expandido o seu campo de atuação, ele deixa de ser um indigente, ele deixa de ser um indivíduo que não é ouvido, que não tem voz, nem voto. Ele passa a ser uma pessoa que atua e que modifica o mundo em que vive. E como essa pessoa, em geral, é uma pessoa que tem nobres ideais, ao modificar o mundo em que vive, modifica-o para melhor.

Como é que a sua cultura faz isso sobre o indivíduo? Que instrumentos, que ferramentas é que dispõe para fazer isso?

A Nossa Cultura. Eu chamo de “Nossa Cultura” com N maiúsculo e C maiúsculo, porque é um conjunto de conceitos, é uma filosofia, é um sistema de vida. Essa Nossa Filosofia, essa Nossa Cultura, propõe isso através de uma reeducação comportamental progressiva e espontânea. Não somos a favor de doutrinação, portanto, doutrinação está excluído. Não somos também a favor de repressão. Sem doutrinação e sem repressão, o melhor caminho é o exemplo. É a convivência. É o que nós chamamos de egrégora. É conviver com o poder gregário, de um grupo que já está dedicado a esses ideais. E, a partir daí, os conceitos são incorporados com muito mais facilidade. E as técnicas, isso aí já é uma questão de dedicação individual, de praticar, de executar tais técnicas.

Pode-se comparar esse tipo de intervenção como quem afina uma orquestra? Vamos reunir os violinos, as flautas, e pô-los todos a prestarem um comportamento numa mesma direção?

Certamente que é. Nós vamos criar uma sincronia entre todos os elementos que nos constituem um ser humano. Não apenas corpo e mente, mas corpo, energia (bioenergia), emocional, a mente, o intuicional. Enfim todos os elementos que vão funcionar, como você muito bem exemplificou, como uma orquestra. E depois, nós vamos extrapolar para além do indivíduo, que é o ideal. Não ficar dentro do seu pequeno mundinho, do seu universo pessoal. Então, extrapolando, essa orquestra passa a ser também a orquestra da família, a orquestra do trabalho que ele executa, a orquestra da sua arte, de todos os elementos, pessoas, indivíduos, circunstâncias, daquele ambiente. E quando você vai ampliando seu campo de atuação, você chega a considerar que o mundo é muito pequeno, porque você alcança as pessoas, através de veículos diversos. Outrora, era através da escrita, era através de livros, antes deles, os pergaminhos. E hoje, nós conseguimos atingir as pessoas por veículos eletrônicos, nós conseguimos estar num momento escrevendo no nosso computador e ao mesmo tempo sendo lidos, sendo acessados, por pessoas em todo planeta e brevemente até fora dele.

Carl Sagan defende, pelo oposto, um sujeito que é contaminado pela sociedade, que é poluído pela sociedade. A Sua Cultura promove o oposto. Promove um indivíduo ativo, consciente, interventivo.

Eu concordo com ele. A sociedade corrompe o indivíduo. Mas, se o indivíduo tiver o poder de descorromper a sociedade e isso parte da proposta de você realmente perceber que a sociedade tem esse poder, que todo o ambiente cultural em que uma pessoa vive, esse ambiente tem poder sobre. Nós somos produtos, nós somos frutos do ambiente. Somos frutos da cultura em que fomos educados, na qual vivemos. Se tivermos consciência disso, desse poder, do ambiente nos corromper e nos recusarmos a aceitar passivamente essa corrupção, então aí nós invertemos o processo.

Essa contra-corrente do sujeito ativo, e não passivo, entronca naquilo que referi ao princípio, que é a perspectiva do indivíduo mais lúcido, mais consciente. Essa lucidez também tem a ver com o indivíduo aperceber-se de como a influência exterior lhe pode ser danosa, é isso?

Sim. Mas é preciso lembrar que essa proposta, embora revolucionária em termos comportamentais, não é agressiva. Agressiva, no mal sentido. Não é violenta. Ou seja, nós não estamos indo contra o que já está estabelecido, nós não queremos que as pessoas simplesmente mudem e adotem a Nossa Filosofia. A proposta é que alguns indivíduos, que já estão pensando dessa forma, não se sintam um avis rara. Que esses indivíduos sintam que há outros que pensam da mesma forma. E, então, nós podemos nos reunir, comungando de um mesmo ideal e compartilhar as idéias, os conceitos, as práticas, a maneira de viver, a maneira de constituir amizades, constituir relações afetivas, de uma forma que nós chamamos, que nós consideramos, mais civilizada, que é muito mais amorosa, que é muito mais tolerante.

Porque Vossa Cultura não traz só uma proposta interior, do indivíduo, é também na forma como ele se relaciona com os seres humanos a sua volta, com o mundo físico a sua volta. Há uma nova estética e uma nova ética?

Sim, porque o conceito de um interior pressupõe que haja uma dicotomia entre interior e exterior. E a Nossa Cultura não entende o indivíduo, nem o mundo, como uma coisa separada. Um corpo e alma, por exemplo. Um antagonismo entre o espiritual e o natural, o físico, o corporal. Então, nós entendemos que é uma coisa só. Que estando integrados, nos conseguimos realizar muito mais e muito melhor, muito mais bem feito o nosso trabalho.

Quando os governos dos nossos dias pouco ou nada se preocupam com o perfil de indivíduo a definir, com o perfil de sociedade a alcançar, a não ser no plano puramente material, do acerto de contas financeiras, é preciso haver um novo olhar sobre a qualidade do indivíduo. E a sua proposta de Cultura responde exatamente a isso. É um sujeito mais lúcido, mais ativo, e que sabe para onde ele quer caminhar?

Exatamente. E sempre sob a égide da tolerância. Porque, se não for assim, nós estamos correndo o risco de inventar uma religião nova, que não é absolutamente a proposta. É uma proposta educacional, uma proposta cultural, uma proposta de levar o indivíduo a um patamar mais elevado de civilidade, de cultura, de educação, de senso artístico, de sensibilidade, e, como você disse antes, de ética e de etiqueta também. A etiqueta é uma pequena ética. Quer dizer, nós temos a grande ética, e nós temos aquela ética, aquela etiqueta aplicada ao dia-a-dia, no relacionamento dentro de uma sociedade específica, na qual nós temos que nos adaptar. Porque quando nós fazemos uma proposta abrangente como esta, nós temos que considerar que existe uma cultura cristã, mas existe uma cultura hindu, existe uma cultura judaica, existe uma cultura islâmica, e nós não podemos criar uma proposta que se adapte apenas a uma dessas culturas.

Mestre, isso muda completamente a dinâmica do mundo a nossa volta. Que possibilidades é que se abrem?

A possibilidade, eu vejo que é grande. Agora, a realização é sempre lenta, porque a mudança de paradigmas é muito difícil para o ser humano. Nós fomos construídos, nós fomos projetados, de uma forma que, a partir do momento em que aprendemos um determinado conceito, um determinado código de procedimento, depois nós não conseguimos mudar. É muito difícil mudar. Então, quando nós transmitimos esse ensinamento, temos que nos lembrar que é um ensinamento basicamente para um público jovem, adulto jovem. Adulto jovem, que é aquele que está na ativa, que é aquele que está na dinâmica empresarial, política, artística, enfim, em qualquer área. E essa pessoa tem condições ainda de processar uma transmutação na sua maneira de ser.

Martin Luther King legou-nos um sonho que ele tinha – “I have a dream”. O John Lennon pintou com música – “Imagine all the people”. Nelson Mandela trocou a sua liberdade por esse sonho. O visionário DeRose, como é que configura esse sonho?

Eu não sei se diria visionário. Porque o nosso trabalho é muito terra-terra, é muito objetivo, vai diretamente ao indivíduo no mundo em que ele vive. Ou seja, sem subjetividades, sem teorizações, sem suposições. Ideais, sim. Mas dentro de um cuidado muito grande, como eu disse antes, para que esses ideais não se tornem radicais. Radicais, até certo ponto, está bem. Provém de raízes. Nós temos raízes. Radical, até certo ponto. Mas um fanatismo tem que ser evitado. Daí o meu cuidado com a palavra visionário. Mas a intenção é justamente conduzir estes conceitos a que o indivíduo possa aplicá-los realmente. Que não seja apenas uma linda proposta, um lindo discurso, mas que ele realmente chegue lá na sua empresa e faça isso funcionar, modificando a estrutura da empresa, modificando a administração da empresa, tornando cada funcionário, cada colaborador seu, um indivíduo que tem um valor, que tem um potencial, que tem uma criatividade e que é um ser humano. Não no sentido apenas de colocar o funcionário e o empresário como forças oponentes num cabo de guerra, mas colocando todos puxando na mesma direção, que é o progresso individual e, em seguida, o progresso da sociedade.

Quando o senhor imagina, vamos pegar no “Imagine” do John Lennon, quando o senhor sonha um futuro, sonha o quê? Vê o que no fim dessa viagem?

No “Imagine” eu vejo um credo. Porque aquilo que ele propõe é realmente revolucionário. Até me causa espécie que não tenha havido reações mais virulentas contra aquelas propostas, porque aquilo é lindo, mas ao mesmo tempo, ele fala com relação ao indivíduo superar as limitações de pátria, as limitações de fronteiras. Isso obviamente não agrada nada a maior parte da população, dos governantes, dos poderes constituídos. Querer que todos sejamos um só povo, uma única humanidade. E “no religion too”. Também todas as religiões, provavelmente reagiriam de uma forma um tanto quanto reservada. Mas não aconteceu isso. A música é linda e o que nós vemos é que a sua letra é aceita pela população em geral, inclusive pelos governantes, pelos poderes constituídos, pelas religiões em geral. As pessoas gostaram daquilo porque ele soube dizê-lo. E também provavelmente gostaram antes do John Lennon estar mais ativista. Quando ele chegou em Nova York, a coisa ficou mais agressiva.

Mas o senhor quando mobiliza os seus instrutores, a sua família, a sua egrégora DeRose, está a configurar um futuro. Onde é que é o horizonte que configura para esta sua passagem pela vida?

Eu vejo, a curto prazo, pessoas mais felizes e mais saudáveis, com uma qualidade de vida melhor. Porque isto é o que realmente as nossas técnicas proporcionam. Em primeiro lugar, maior qualidade de vida. A médio prazo, eu vejo prosperidade. Porque uma pessoa que tem melhor qualidade de vida, uma pessoa que tem mais tolerância, que sabe lidar com o ser humano, que sabe lidar com seus superiores hierárquicos ou com seus comandados, sabe lidar com seus clientes, com seus fornecedores, sabe lidar com seus amigos e com a sua família, com as suas relações afetivas. Essa pessoa está no controle. Essa pessoa converte-se em um líder. Um líder sereno, carismático dentro do seu ambiente, do seu respectivo ambiente. Então, a médio prazo, isso proporciona estabilidade. Estabilidade na relação afetiva, estabilidade na família, estabilidade no trabalho. A conseqüência é prosperidade. Então, a médio prazo, eu vejo essa nossa família, ou seja, esses nossos praticantes, e isso já tem acontecido, nós já estamos nessa caminhada há meio século, há 49 anos. Ano que vem (2010), 50 anos, portanto, eu vejo, acompanhando o que de fato tem acontecido. As pessoas começam a conquistar a estabilidade, a prosperidade, mais felicidade, maior expectativa de vida.

Essa expectativa de vida, conferida, inclusive, pelos bons hábitos que são propostos. Porque essa Nossa Filosofia ensina a não utilizar drogas, a não utilizar álcool, não utilizar fumo. E buscar hábitos saudáveis. Isto, muito longe de tornar a vida sem graça, torna a vida muito mais interessante, porque aumentando a sua lucidez, se você não está sob influência de droga alguma, inclusive o álcool é uma droga, droga legal, mas é droga, é o mais poderoso dos psicotrópicos. Então se você não esta sob o julgo de nenhuma dessas substâncias tóxicas, que interferem com a consciência, essa pessoa tem mais felicidade, mais lucidez, ela percebe o mundo de uma outra maneira e, consequentemente, o mundo e a vida ficam muito mais divertidos. Essa pessoa fica mais feliz de fato. E, a longo prazo, a proposta é aquele estado de consciência expandida que nos conduzirá ao autoconhecimento.

Esse é o objetivo a nível individual?

No âmbito individual o autoconhecimento. E, se um dia, a humanidade conseguir, toda a humanidade, chegar a esse estado, nós vamos ter uma humanidade muito diferente da que temos hoje, porque hoje nós partimos para soluções drásticas. Nós sempre observamos que, em um mesmo momento, N nações estão em conflitos armados. Então se nós conseguíssemos que, pelo menos, senão toda a humanidade, pelo menos, aqueles que têm o poder de decisão, aqueles que podem criar leis, aqueles que podem declarar guerras, se todos esses estivessem em um estado de consciência melhor, mais expandido, essa hiperconsciência, nós teríamos um mundo muito mais harmonioso. Porque hoje, nós vemos que, muitas vezes, em muitos países, o governante não quer o bem-estar e a evolução do povo. Até porque, se o povo ficar mais lúcido, é capaz de tirá-lo do poder. Então, nós estamos num momento que, considerando o nosso ideal, que é para o futuro, nos não estamos em um momento bom, e a demonstração disso justamente são esses conflitos que nos observamos em várias regiões do globo. Mas se, passo a passo, gradualmente, sem nenhuma intenção de converter pessoa alguma, mas se, aos poucos, isso der certo, no sentido de uma expansão para a população em geral, eu acredito que realmente nós vamos ter, num futuro, um mundo muito diferente. Hoje já está diferente se nós pensarmos, se nós compararmos a qualidade de vida e o nível de consciência, não apenas de cultura, não apenas de informação, não apenas de ilustração, mas o nível de consciência mesmo da maior parte da população comparada com 200 anos, 500 anos atrás, 800 anos atrás, nós estamos numa curva ascendente.

O senhor regride aos alicerces do nosso existir no (livro) “Eu me lembro”, como quem ganha balanço em recuo para um salto. Esse salto leva-nos para onde?

Bem, em primeiro lugar, essa volta às origens vai nos levar a uma época em que, uma civilização, esse (livro) “Eu me lembro” é um conto, é uma ficção, mas que é ambientada num local, num período, numa civilização em que, até onde nos consta, pela história, pela arqueologia, essa civilização, esse povo, vivia em harmonia. O povo tinha qualidade de vida, o cidadão era respeitado. Não se encontraram construções faraônicas para o monarca, nem para o clero, mas encontraram-se casas muito confortáveis para a população. Nós estamos falando de um período proto-histórico. Um período que está imediatamente antes do surgimento dos registros históricos. E os historiadores recorreram, muitas vezes à arqueologia, para poder montar um pouco da história daquele povo. Essa época, imagine, são 5000 anos atrás, são 3000 antes de Cristo. E nessa época, nessa civilização, chamada civilização do Vale do Indo, já havia cidades extremamente bem urbanizadas, saneadas, havia as casas do povo, casas com dois andares, e mais, com átrio para ventilação interna, com a casa de banho dentro da casa, com água corrente. Mas isto, 3000 antes de Cristo, é qualquer coisa de inacreditável. Os próprios arqueólogos quando encontraram, recearam comunicar aquilo às academias de ciências, porque iam ser tidos por mentirosos. Então aquilo foi sendo comunicado muito aos poucos. Foram convidando outros arqueólogos, de outros países, a que fossem lá constatar. Porque era realmente uma civilização excepcional para a época e até comparada com algumas regiões hoje, do nosso planeta. Então, você imagina que, aquela ambientação na qual essa história, esse conto, essa ficção (o livro Eu me lembro…), se baseia, é a de um povo feliz, é de um povo saudável, é de um povo estável, é de um povo próspero, dentro dos limites do período histórico. E recuando para essas origens, são, diríamos muito próximo das origens da civilização mesma, nós aprendemos alguma coisa com eles. Coisa que foi perdida depois. Com a introdução da civilização patriarcal, aquela que era matriarcal, essa original, vamos considerar, inclusive, fazer aqui um parêntesis, as sociedades primitivas, não-guerreiras, todas elas tenderam ao matriarcalismo e as sociedades patriarcais, todas foram guerreiras. Então, só isso já estabelece parâmetros, para que nós saibamos que a sociedade patriarcal, ela precisa da guerra. Até porque, a própria estrutura patriarcal, a estrutura do macho, do homem é baseada em testosterona e isso é um perigo. Testosterona devia ser posto nas bombas que jogam na cabeça dos inimigos, porque isto é muito explosivo. Agora, a sociedade matriarcal, ela já privilegia a mãe, privilegia o carinho, privilegia o ventre, privilegia o seio, já é uma outra forma de ver o mundo, uma outra forma de administrar a família, uma outra forma de administrar o Estado. E, sem guerras, esse povo obviamente consegue dedicar seu tempo e os seus recursos econômicos, à arte, por exemplo. À dança, à pintura, à escultura. E sem repressão, porque a sociedade matriarcal, em geral, não é repressora. A sociedade patriarcal, em geral, é. Então, sem repressão, imagine para onde vão esses impulsos artísticos e culturais desse povo.

No “Eu me lembro”, o senhor recua há um passado onírico e depois transporta-nos por uma realidade mais palpável, onde aspectos tangíveis, como os instrumentos de escrita, a própria linguagem, já são mensuráveis. É quase como se fosse uma visão antropológica. Como o senhor não dá um ponto sem nó, quer nos levar para onde com esse transporte?

Aquilo ali é uma fantasia, porque nesse livro, “Eu me lembro”, o autor, que sou eu, eu conto sobre memórias de um passado, mas esse passado não é nada espiritual, é uma história. Então, levando o leitor até aquela realidade cultural, até aquela civilização, até aquela maneira de ser, eu estou propondo, estou sugerindo até mesmo um debate do indivíduo com ele mesmo, a respeito da validade daquela maneira de se relacionar com os filhos, com os pais, com os amigos, com os inimigos, com o relacionamento afetivo, com a pessoa que a gente ama. Então, talvez aquilo ali possa fazer uma contribuição. Agora, onde está a fronteira entre a fantasia, a ficção, o mito, e a realidade, isso eu deixo para que o leitor descubra.

No entanto, a segunda parte do livro, já tem um cariz quase antropológico, já não é uma ficção pura?

É. É baseada em fatos reais, porque a ficção a que eu me refiro é a historia, aquela coisa toda. Agora, o máximo possível de elementos palpáveis, de elementos reais, elementos históricos, eu utilizei para dar o alicerce, a fundamentação daquilo lá. Eu estou vendo a possibilidade de que a pessoa, primeiro seja conquistada pelo coração, porque o início do livro é muito doce, muito meigo, depois ele é romântico, e depois ele é, digamos, mais filosófico. Ele perde um pouco aquela doçura. Porque é a historia de uma pessoa que cresce. Primeiro é criança, então tem uma visão mais romântica do mundo. Depois torna-se adulto, naquela época adulto era 15 anos de idade, era a idade em que já estava apto a reproduzir, constituir família. E depois já estava um senhor de 30 anos de idade. Então aí ele já vê o mundo de uma maneira mais consistente, de uma maneira mais cuidadosa, mais prudente. E eu tento transmitir ali um pouco da Nossa Filosofia. Um pouco, porque o livro é fininho. É um dos menores livros que eu escrevi.

Pode ser menor em espessura, mas é também para nós, os leigos, que olhamos para essa Cultura, eu senti pessoalmente, que era o elemento mais provocativo, porque há varias leituras a fazer por trás.

Sim, inclusive uma leitura subversiva, no bom sentido. Uma leitura que subverte os maus hábitos e que subverte a estrutura da nossa sociedade. Não na intenção de demolir nada, mas no sentido da pessoa parar e pensar – afinal essa maneira de ser parece mais interessante! Quem sabe nós podemos adotá-la? Vamos experimentar, vamos usar isso na família, vamos usar isso com os nossos amigos.

Quando o senhor, por exemplo, promove, em um dos sútras, dos seus sútras, defender a liberdade como primeiro pilar da nossa existência e quando ela choca com a disciplina primar sempre pela liberdade.

Esse sútra bate bem nessa tecla, ele é bem categórico, veemente, com relação a isso, que a liberdade é o nosso bem mais precioso.

Mestre, no entanto, pela oposição, nós precisamos ter uma disciplina interior e existencial para defender os valores. Onde é que as duas fronteiras se cruzam?

E a continuação desse sútra, desse pensamento, é quando ele diz que se a disciplina violentar a liberdade, opte pela liberdade. Então, como é que nós vamos temperar essas duas forças, essas duas propostas? É que, a disciplina é fundamental, mas, se a disciplina deste grupo especifico, qualquer grupo que seja, um grupo político, um grupo de esporte, um clube de futebol, não importa o quê, se este grupo tem normas e estas normas, estas regras, esta disciplina me violenta, eu tenho que valorizar a liberdade, eu tenho que colocar a liberdade em primeiro lugar. Fazendo o que? Brigando contra? Não, me afastando. Não serviu para mim. Esta empresa, este colégio, este liceu, esta faculdade, este clube, não serve, porque estas normas me violentam. Então eu saio e vou procurar a minha turma. Se nós fizermos isso, ao invés de querer bater de frente, vamos conseguir ter uma vida muito melhor. E é claro que eu respeito quem pensa o contrário, porque há a opinião de que nos precisamos lutar contra. Está bem. É um outro grupo. São os dois grupos.

O senhor, por exemplo, defende a disciplina, o rigor, a farda, o vestir da camisola (da camiseta, como se diz no Brasil), e esse coletivo pressupõe uma secundarização do indivíduo. É correto isso?

Não. Isto pressupõe que isto tudo que você disse é verdade, mas não pode violentar o indivíduo. Não pode violentar a liberdade dele e tem que estar bem assentado sobre a tolerância. Se nós conseguirmos esse amálgama, que é alquímico, se nós conseguirmos isso, encontramos o equilíbrio ali do fio da navalha. Porque realmente é um equilíbrio sobre um caminho muito estreito. Uma brisa faz com que você caia para o lado, para o extremismo da intolerância, da disciplina que tem que ser cumprida a todo custo, ou para o outro lado, da tolerância excessiva, da complacência, da magnanimidade, no mal sentido. Então é o caminho mesmo do centro, é o caminho do meio que é muito estreito.

Sua Cultura trabalha, por outro lado, sobre os extremos. Nós devemos trabalhar sobre aquilo que são as nossas dificuldades, os pontos menos bons, ou os pontos que são mais positivos?

Não sei se eu colocaria dessa forma. Porque colocando assim nós, de uma certa forma, cristianizamos um pouco essa coisa do bem e do mal. E a nossa proposta é a de que tenhamos sempre a consciência de que bem e mal são sempre relativos. Você esta fazendo errado. Mas errado em relação a que? Com relação a que momento? Richelieu disse certa vez que ser ou não ser um traidor é uma questão de datas. Então é um pouco isso, do certo e do errado. Em que sociedade, em que religião isto é certo ou isto é errado? Você entra numa igreja católica e tira o chapéu em sinal de respeito. Aí você entra numa sinagoga e coloca-o, em sinal de respeito. Eu me lembro de que uma vez nós fomos visitar um templo sikh, na Índia, e eles pediram para cobrirmos a cabeça. Até a câmera que eles mesmos usavam para gravar o ritual, a câmera era coberta em sinal de respeito, era coberta com um tecido branco. Então tudo é convenção. E nós temos que estar conscientes disso cada vez que nos deixarmos seduzir, ou enfim, escorregar um pouco para o lado da cultura que nós recebemos que é a do bem e do mal. “Este é o seu lado mal”. “Isto foi um erro cometido”. Calma, não é bem assim. É melhor colocar: isto talvez não tenha sido conveniente, neste momento, ou neste grupo. Mas não que seja mal, ou que seja errado. E outro sútra diz que mal é o nome que se da à semente do bem. Porque tudo o que você passou na vida de “mau”, você pode observar que, em seguida, ou já, ou logo depois, produziu um fruto muito bom.

Realizando a lucidez do cidadão consciente, o indivíduo lúcido, na viagem para o estado de hiperlucidez, nem que seja no patamar, esse sujeito tem que ter uma visão para onde é que caminha. Como quem vai fazer uma corrida de fundo, ele tem que saber, para se auto-motivar, para onde é que ele caminha. A Sua Cultura, como é que o impregna desse sentido objetivo?

Nós procuramos ver como se fosse uma viagem linda que você está fazendo de comboio e que sabe que aquilo vai a um determinado ponto. Vai a um determinado destino. Mas você olha a paisagem linda do lado de fora, você conversa com um amigo do lado de dentro, você vai até o vagão refeitório, restaurante, delicia-se com uma comidinha, recosta, dorme um pouquinho. Você usufrui. Você desfruta do prazer da viagem. E, assim, chega mais rápido. E se o indivíduo ficar só pensando: eu tenho que chegar; o meu destino, o meu destino, o meu destino. A viagem fica desagradável e parece mais longa. Então, com relação a nossa meta, a recomendação é: não se preocupe com a meta. Vamos usufruir da comunidade, das pessoas. As pessoas que, em geral, seguem este sistema, são pessoas interessantes, são pessoas bonitas, por dentro e por fora, são pessoas educadas, são pessoas sensíveis, são pessoas que tem assunto para conversar com qualquer pessoa.

No entanto, Mestre, quando nós vemos, por exemplo, uma sociedade conservadora, que vamos imaginar, por exemplo, defende que a mulher deve ter um papel na sociedade, que deve viver para o marido, para os filhos, para as aparências, o estado de lucidez permite a ela derrubar essa fronteira. A sociedade conservadora não hostiliza imediatamente essa lucidez?

Não, porque nós não criticamos essa postura tradicional em muitas sociedades hoje vigentes no mundo. E como a Nossa Filosofia, ela não tem intenção de catequizar, não é uma coisa que queira se expandir e, enfim, tomar simpatizantes de outros sistemas filosóficos, muito menos religiosos, então a reação nunca foi negativa, nunca houve uma oposição, uma resistência.

Mas pode haver a nível das células familiares. Por exemplo, se eu desconheço determinada luz, sinto-me perdido no meu corredor, no meu túnel de sombra e, de repente, aparece uma luz no fundo desse corredor, que pode ser, suponhamos, a Sua Proposta, e eu, de repente, passo a caminhar com outro alento nessa direção. E se o túnel de sombra é criado pela estrutura conservadora que a sociedade foi montando a minha volta, eu torno-me rebelde. Pelo menos caminho numa direção oposta. Essa cisão não cria anticorpos?

Normalmente ocorre o seguinte. Quando num casal, numa estrutura familiar, um dos dois, só um, adota esta filosofia, é como se só um dos dois adotasse um partido político, contrário ao do outro cônjuge, ou um time contrário ao time do outro cônjuge. E pode gerar um momento de dificuldade de comunicação. Então o que nós recomendamos é o seguinte: se você evoluiu, se você adotou uma filosofia que tem uma pretensão a uma evolução maior, uma civilidade maior e tudo, uma lucidez maior, quem está errado é você. Porque os dois se casaram dentro de uma determinada visão que um tinha do outro, e cada um gostava do outro como ele era. Criou-se uma regra, criaram-se regras neste jogo, e você mudou as regras do jogo, no meio do jogo. Quem está errado não é o cônjuge, que está reagindo mal, quem está errado é você. Então você tem que ter mais paciência com o outro, tem que ter mais tolerância, tem que tentar içá-lo sem forçá-lo a isso. Talvez pelo exemplo, talvez pela sua forma de agir, mostrando que hoje você é uma pessoa muito melhor pra ele ou pra ela.

E se a outra pessoa preferir viver em outro tipo de referências. Por exemplo, quiser viver para as aparências, e não para o conteúdo do bolo?

Tem sido raro. Normalmente, se houver esse processo que eu mencionei, de tolerância, de paciência e de sedução, cativando a outra pessoa ao invés de cobrando dela uma postura, pelo que nós temos observado nestes anos, nestas décadas, é que, no geral, o cônjuge acompanha. Porque ele gosta do que ele está vendo. Seja marido, seja mulher, nota que o outro melhorou. Melhorou como pai ou mãe, melhorou como marido ou esposa, melhorou como amante, melhorou como companheiro, como amigo. Então, em geral, ele acaba vindo junto.

No (livro) “Encontro com o Mestre”, o pós-imberbe DeRose encontra-se com o DeRose já maduro, já Mestre, já consciente. O que é que o Mestre já consciente diria hoje ao DeRose pós-imberbe? Seria a mesma coisa que disse no livro?

Iria dar o mesmo desencontro do que eu expus no livro, porque ali era o autor com 58 anos, conversando com o mesmo aos 18. Foi assim, também, mais um conto, mais uma ficção, em que o DeRose de 18 anos aparece na vida do DeRose de 58. E ele então discorda, ele discute, ele debate. Ele diz: mas não pode ser assim; eu não concordo com isso; isto não pode ser. E o diálogo entre os dois, entre o jovem idealista de 18 e o homem vivido de 58, aquilo ali pretende dar ao leitor um equilíbrio entre as duas opiniões, porque muitos dos nossos leitores têm 18 e 20 e 25 e 30, e muitos dos nossos leitores têm 58 e 60 e 70 e 80. Então são dois universos completamente diferentes, e o livro procura casar esses dois universos, mostrando que ambos estão corretos, e que é muito uma questão de ótica.

Os dois equilibram-se? São uma mesma coisa? São dois olhares sobre a mesma coisa? Ou um é uma evolução sobre o outro?

Eu diria que, na verdade, os dois têm seus preconceitos, seus pré-conceitos. Ambos discriminam e ambos procuram não discriminar. Ambos tentam não ter preconceitos e aí, este mais velho aprende com o mais novo, e o mais novo aprende com o mais velho. A idéia básica desse livro é essa.

Nós tendemos a acrescentarmos na diferença. Normalmente as pessoas lidam muito mal com o que lhes é diferente, defendem-se, rejeitam, oprimem, suprimem, em vez de somarem-se na diferença.

É. E essas diferenças são muito importantes. Porque, imagine o seguinte: se todos os meus amigos só me fizessem elogios, eu estaria cercado por bajuladores, como alguns monarcas no passado. O que eu vou aprender com isso? Eu vou estar errando e todos vão estar dizendo que eu estou acertando. Não vão me ajudar em nada. Mas o meu crítico, os críticos de plantão, eu ainda nem cheguei a errar e eles já estão me apontando o dedo. Então, quem está me ajudando mais? Quem está me ajudando mais é aquele que se considera inimigo, mas que na verdade, é mais amigo do que os meus amigos, porque ele me mostra o lado sombrio que eu estou cometendo ou estou prestes a cometer. Ele aponta o erro e eu posso corrigir esse erro. Eu sempre comparo o amigo e o inimigo a uma árvore, em que as raízes, que estão nas trevas, que crescem pra baixo, são os inimigos, porque estão nas sombras, mas sem os quais a árvore não fica em pé. A árvore precisa das raízes, e os inimigos são as raízes. E os amigos são as flores, são os frutos lindos, maravilhosos, mas sem as raízes, não existiriam.

O senhor, neste “Tratado de Yôga”, que acabou de ser lançado em Lisboa dá logo o exemplo até na dedicatória do livro, porque ele dedica não só a pessoas que o senhor admira pela luz, mas também por uma pessoa em particular, que o obrigou… Pode nos falar um pouco disso?

Pessoas que às vezes, por implicância, até por não conhecer bem o outro lado, a outra verdade, atacam, difamam, agridem, injuriam, excluem. Então, o que acontece: você pode se considerar um perseguido, você pode se considerar uma pessoa infeliz, pode ficar ressentido. Ou você pode perceber, numa visão de grande angular, que aquilo ali foi extremamente importante e você pode ser grato àquela pessoa, mas com sinceridade. Não adianta ser grato com hipocrisia. “Não, sou muito agradecido aos meus inimigos”, mas aqui dentro… não é. Então, não. Tem que ser uma coisa, obviamente, tem que ser uma coisa autêntica. E ali é muito sincero. Se aquele senhor não tivesse desencadeado toda aquela implicância, que ainda ocorre hoje, e não tivesse gerado todo um fã clube dele contra o nosso trabalho, hoje o nosso trabalho seria imperceptível. O cristianismo só ficou conhecido porque foi perseguido, senão teria sido uma pequena seita judaica ou essênica, que teria desaparecido logo depois. Mas a perseguição deu visibilidade e, a partir daí, pessoas que concordavam com aquele ponto de vista, fizeram com que se estruturasse e se eternizasse.

Isso não é o que nós entendemos ou que a Sua Cultura descreve como ahimsá? Não é o trocar o fel por mel, é algo muito mais profundo?

Eu acho que é mais profundo. Agora, nesse conceito, do ahimsá, que é a não agressão proposta por Gandhi. Ahimsá, nós aplicamos não exatamente da forma como Jesus propôs, que era oferecer a outra face, não é exatamente assim, mas é de uma outra maneira. Por exemplo, quando uma pessoa tem uma atitude agressiva. Nós precisamos ter consciência. Se você tiver maturidade e auto-estima, você tem condições de compreender que aquela pessoa está sendo agressiva porque ela tem medo. Uma pessoa é agressiva quando teme.

Se aqui entrar a minha cachorrinha, a Jaya, que é a minha weimaraner vegetariana, abanando o rabinho, nós vamos dizer: “que bonitinha, vem cá, deixa eu fazer um carinhozinho.” Mas, se entrar aqui, rosnando, mostrando os dentes, você logo diz: “tira esse bicho daqui senão eu dou uma pedrada nele.” Porque você ficou agressivo? Ficou agressivo porque sentiu medo. E assim é em todas as situações. Se você prestar atenção, analisar com imparcialidade, você vai notar que, todos os momentos em que uma pessoa ficou agressiva é porque ela sentiu medo, ela se sentiu ameaçada, ela entrou em defensiva.

Então alguém foi agressivo com você, você pode, ou ter uma reação imatura, que é assim: você foi agressivo comigo, devolvo-lhe a agressividade. Ou você pode ter uma reação ponderada, uma reação da pessoa que tem auto-estima e que tem maturidade. Você foi agressivo comigo, eu tenho que compreender que você se sentiu agredido por mim, mas eu não tive a intenção de agredi-lo; você se sentiu ameaçado por mim, mas eu não tive a intenção de ameaçá-lo; você talvez tenha tido um péssimo dia; você talvez tenha um péssimo casamento; não sei, talvez você tenha dificuldades, problemas na sua vida. E eu vou devolver mais agressividade? Isso não vai me ajudar. Não vai ajudar a nossa relação. Se for uma relação de negócios, se for uma relação de amizade, não importa o que. Devolver agressividade é tentar combater o ódio com mais ódio. Tentar combater fogo com gasolina. Então isso não ajuda.

Eu gostei muito da sua frase que é devolver fel com mel. É interessante, porque é mais ou menos isso. De fato, é mais ou menos. Porque se a pessoa agrediu e você lhe dá um sorriso, um sorriso sincero, porque a pessoa percebe no seu olhar, na sua expressão facial, o cinismo é detectável, instintivamente, por qualquer pessoa. Se você realmente lhe ofereceu um semblante descontraído, um sorriso sincero, aquela agressividade se reduz. Mas se reduz drasticamente.

Eu me lembro de uma situação em que houve encontro de duas linhas filosóficas de nomes quase idênticos, mas que são antagônicas, e até por isso mesmo são antagônicas, porque quanto mais semelhantes são, mais elas têm dessintonias. Então, nesse encontro, entre as duas filosofias, uma senhora, professora da outra linha veio caminhando na minha direção, com o dedo em riste e disse: “DeRose, você isso, você aquilo!” E começou a me insultar em altos brados, com a intenção mesmo de que todos escutassem. E todos pararam no evento, no congresso, para ver qual seria a minha reação. Afinal será que tudo isso que ele diz, afinal é mentira? Como será que ele vai reagir? Ele vai dizer umas boas a essa senhora? Vai gritar com ela? Talvez agredi-la? Vai virar-lhe as costas e sair andando como um mal educado? Ou vai ficar parado ouvindo, deixando que ela agrida, fale,fale, fale, insulte, insulte, insulte? Qual será a reação?

E aí, que reação eu teria tido? Imagine lá. Tempo para pensar.

Pronto. A reação foi: agarrei a velinha, abracei a velhinha, e quando eu soltei, ela já não tinha mais agressão nenhuma, não tinha insulto nenhum pra dizer. Quando eu soltei, ela olhou para mim e disse: “Ai DeRose, você hein?” Pronto, tirou o fel com o mel do abraço, sem dar a outra face, sem ficar simplesmente, passivamente, escutando as agressões dela, e sem devolver as agressões que, afinal, não ajudaria nada a minha relação com ela, não ajudaria nada minha imagem com os outros que estavam assistindo. E também não me ajudaria comigo mesmo, porque naquela noite eu não teria dormido tão bem.

Isso pressupõe o tal indivíduo que a Sua Cultura, o Método DeRose, pretende esculpir, do tal indivíduo lúcido, que se apercebe de uma forma como quem vê um filme o que está a acontecer a sua volta, e reage de uma forma atuante, consciente e lúcida, e não de uma forma primária.

Exatamente. Vamos trazer isso para a realidade de um casal, de um casamento, enfim, qualquer relacionamento afetivo. Num casal, ambos sabem exatamente qual é a fisionomia, qual é o tom de voz e qual é a frase que irrita o outro. Sabem perfeitamente, pois vivem juntos. Estão tão próximos. E num conflito, de casal, se este disse aquela palavra ou fez aquela cara, o outro sabe exatamente qual é a fisionomia, qual é o tom de voz e qual é a palavra que vai agradá-lo, que vai atenuar aquela situação. Mas por que não diz? Porque eu não vou me dobrar, não vou ceder, senão o outro pisa em mim.

Aí depende da sua atitude, ao dar essa palavra, interromper o conflito conjugal que vai surgir ali e depois estabelecer limites. E se essa relação pode ser mantida, ela vai ser mantida com respeito, com consideração, com carinho, com companheirismo. Se não puder ser mantida, é uma pena. Porque toda relação que se rompe tem um custo emocional muito caro, um custo sobre a saúde muito alto. Mas, paciência. Há um momento mágico em que as relações precisam mesmo terminar, porque aí terminam como amigos. E se ultrapassar o momento mágico, e as pessoas insistirem que tem que permanecer juntas, aí talvez na hora em que romperem, rompam como inimigos, com ressentimentos.

Então, às vezes é apenas a questão de hoje eu cedo e amanhã essa outra pessoa vai ceder. Porque há uma reciprocidade natural dos seres humanos, quando você tem uma atitude cavalheiresca, uma atitude fidalga com relação a uma pessoa, mesmo que íntima, mesmo que seja um irmão, mesmo que seja um cônjuge, a tendência é que a outra pessoa reaja de uma forma semelhante numa circunstância imediata ou futura. Uma vez, eu estava sendo conduzido num veículo, o meu amigo estava conduzindo e conduzia muito mal. E fez uma conversão péssima e o outro motorista quase bateu no carro dele, botou a cabeça para fora e já ia dizer uns impropérios. E esse meu amigo abriu um sorriso para ele, como quem diz: desculpe, eu errei. Mas com um sorriso, muito simpático. O outro motorista botou a cabeça para dentro e disse: vai, meu filho, vai! E não deu briga. O que evitou a briga? Foi só um sorriso.

A importância do indivíduo mais consciente, mais lúcido, mais atuante a todos os níveis. É isso que a Sua Cultura quer a relançar dentro da sociedade?

Precisamente. Porque a tendência é colocar um rótulo nessa Cultura, e eu prefiro chamar de Nossa Cultura ou Nosso Sistema, Nossa Filosofia, evitando colocar rotulo; o Nosso Método, evitando o rótulo. Por quê? Porque na hora em que as pessoas colocam rótulos, elas engessam a coisa. E aí começam todas as intolerâncias, até com relação a quem está fora. E uma das confusões que eu procuro corrigir, uma das visões distorcidas, é que a pessoa pratique o Método dentro da sala de aula na qual ela aprende o Método. Só que ali é para aprender, não é para praticar. Não é para pôr em pratica. Por exemplo, se dentro de uma sala de classe, nós ensinamos a respirar corretamente, na hora em que a pessoa sai por aquela porta e vai embora, ela não há de sair respirando errado. Então não adiantou nada. Então, ela aprendeu a respirar certo aqui dentro, agora ela sai respirando certo e vai caminhando respirando certo até o seu carro, senta-se e vai conduzindo o carro, respirando corretamente. Chega no seu escritório e vai trabalhar, ou chega no seu ginásio e vai fazer esporte, respirando corretamente. Vai respirar corretamente, de forma mais produtiva, sempre, porque foi isso que ele aprendeu aqui. Eu usei respiração, podia usar qualquer outra técnica para exemplificar. Esse conjunto de técnicas e conceitos que ele aprende na nossa instituição, ele sai e deve aplicar, como você disse, em todas as situações da vida. Como nós tentamos explicar, tentamos expor. Que ele vai transmitir isso, ele vai irradiar isso, para toda a sociedade, porque ele vai irradiar pra família, ele vai irradiar para os amigos, ele vai irradiar para os seus colegas de trabalho. Então aquilo vai criando ondas de choque e, aquilo ali vai contagiando de uma forma positiva, todas as pessoas que travam contato com o nosso praticante.

Se o Carl Sagan dizia que a sociedade corrompe o indivíduo, esse efeito impregnador também pode funcionar, e deve, e o senhor pretende que funcione em sentido contrário?

Nós sabemos que funciona de lá pra cá. Façamos funcionar então, também, daqui pra lá.

Se o senhor escrevesse agora não o “Eu me lembro”, mas o “Eu sonho”, que sonho é que se escreveria?

Na verdade, do “Eu me lembro” eu não conseguiria acrescentar mais nada, porque aquele livro me saiu numa arrancada só. Às sete da noite eu comecei a escrever. Às sete da manhã, eu disse: vou descansar um pouquinho. E pronto, estava terminado. Não consegui acrescentar nem uma linha.

E o “Eu sonho”, o que é que tinha lá dentro?

Ali, não sei. Ali tem muita coisa! Tem muita coisa!

Podemos pegar-lhe por uma ponta, por um pé?

Que eu espero um dia poder expressar.

Mas vê com certeza. Nós sonhamos que os nossos filhos cresçam num mundo numa determinada direção. E nós configuramos qual é essa direção. O senhor não “hipotecou”, não investiu 50 anos de investigação, em procura de saberes, sem sentir dentro de si onde é que queria chegar? Onde é que quer chegar?

Eu gostaria de chegar a um ponto em que as pessoas, minimamente, escutassem o que nos temos a dizer. Que nos permitissem falar. Que não nos amordaçassem. Porque o grande problema que eu tenho sentido, é que nós temos coisas muito boas para dizer, não propondo um debate, mas propondo uma reflexão. O que ocorre é que os que não gostam do sistema, ou pensam que não gostam, não escutaram. Eles não conversaram comigo, não conversaram conosco, não conheceram a nossa gente, não leram nossos livros. Então, essa mordaça, eu gostaria, o meu sonho seria poder arrancar essa mordaça.

Eu me sinto sob aquela punição antiga, punição eclesiástica, do silêncio obsequioso. “Disse o que não devia, não falará mais.” E realmente eu sinto muito isso. Não querem que eu fale. Mas você observa que o que eu falo não é polêmico. Não considero polêmico, porque nós não estamos polemizando, nós não estamos discordando dos outros. Não é agressivo, acho que não é, não tenho intenção de que seja. Não quero agredir ninguém. E a proposta é boa, a proposta é uma juventude saudável. Nós trabalhamos essencialmente com adultos jovens. Portanto, produzir uma juventude saudável, juventude longe das drogas, do álcool e do fumo, se mais nada prestasse, pelo menos isso seria uma contribuição a ser reconhecida, que o nosso trabalho já esta há meio século proporcionando à sociedade.

Para nós que de fora visitamos a Sua Cultura, vamos fazer um exercício de flash. A sua visão ou a sua missão aponta pra onde? Onde é que é o horizonte que configura para esta sua passagem pela vida?

Eu tenho conhecido gente muito interessante, realmente exemplos de seres humanos. Pessoas com quem eu tenho o privilégio de conviver. Algumas há mais de 30 anos, outras há mais de 20 anos, outras que eu estou conhecendo agora, como é o seu caso, e que pra mim constitui um privilégio. Essa profissão nossa, esse nosso ideal, nos permite isso: conhecer pessoas. Nós não somos head hunters, nós somos heart hunters.

Obrigado!

Thiago

Entrevista sensacional!!!!

Como gravar a entrevista com o Educador DeRose, em Portugal, em mídia de CD-Rom (que permite reprodução em aparelho DVD).

Olá Mestre,
Segue o passo a passo para gravar a entrevista em CD-Rom no formato de vídeo para reprodução na maioria dos aparelhos de DVD:

1° Fazer o download da entrevista (salvar em um local que você lembre no computador);

2° Abrir o programa Nero;(utilizei a versão 4 : Nero vision 4 (Essentials SE)

3° Clicar na aba CD;

4° Selecione o ícone foto e vídeo;

5° E na sequência, criar CD de vídeo;

6° Abrirá uma janela chamada Meu CD de Vídeo, nela clique no botão adicionar e escolha o arquivo da entrevista. (Importante: caso não visualize o arquivo, escolha a pasta onde foi salva a entrevista e na parte inferior em Tipos de arquivo, altere para Todos os arquivos (*.*). Dessa forma a entrevista aparecerá para escolha);

7° Insira a mídia de CD-Rom para gravação.

8º. Pronto. Agora você pode promover uma atividade cultural ou deixar a entrevista rodando na sala de espera . Pode fazer uma cópia para todos seus alunos, amigos e familiares.

Se houver alguma dúvida, me coloco a disposição. [Contatá-lo pelo nosso blog.]

That’s all!

Um abraço a todos.

Thiago Ferreira
Instrutor do Método DeRose
Unidade Tatuapé – São Paulo

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009 | Autor:

grupo_c_civico_metodo_derose

Equipe de instrutores da Unidade Centro Cívico.

Em pé: Camilla Miranda, Guilherme Nunes, Valéria Vidal, Marcelo Osiecki, Cibele Léger, Julio Simões, Juliana Vieira, Daniel Maoski, Luciane Ogata e Márcio Michelotto.

Sentados: Leonardo Poli, Ricardo Poli e Arthur Costi.

Foto de Rodolpho Pajuaba.

[É preciso apoiar esta juventude saudável que ensina outros jovens a viver longe do fumo, do álcool e das drogas. É preciso respeitar o trabalho sério e honesto que os profissionais da Nossa Cultura desempenham em prol da sociedade, da família, da responsabilidade social e da responsabilidade ambiental. DeRose.]
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009 | Autor:

UMA ODE CONTRA OS FALSOS ESTEREÓTIPOS 

 

O que é o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)

 

O Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) é uma filosofia. Todos os dicionários classificam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como filosofia. Todas as enciclopédias classificam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como filosofia. Nenhum dicionário ou enciclopédia se refere ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como terapia. Nenhum considera o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) como educação física.

O problema é que a mídia internacional pontificou que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) deve ser o que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) não é. E a opinião pública foi atrás no equívoco sobre o que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) deve ser. O mais grave é que o leigo se arroga o direito de entender mais do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) do que um professor formado nessa disciplina.

Assim, quando declaramos que praticamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que ensinamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), sempre passaremos pelo dissabor de sermos confundidos com algum maluquete naturéba; ou, pior, com algum “guru” espertalhão ou curandeiro que queira iludir a terceiros com o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), supostamente, alguma espécie de seita ou de religião (!).

A que se devem as interpretações desatinadas a respeito do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? À medida que nossa cultura geral se amplia, vamos percebendo que as pessoas alimentam ideias alucinadas sobre quase todas as coisas. Por que não as nutririam com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? Podemos ver em filmes de Hollywood um oficial alemão da Segunda Grande Guerra conversando com outro alemão em inglês!  Ah! Mas tudo bem: eles falavam inglês com sotaque alemão! Vemos mulheres indígenas bonitas, com sobrancelhas feitas e maquiagem da moda da época em que o filme foi feito. Com uma ingenuidade dessas você acha que conseguiriam entender o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?

Basta mencionar a palavra mágica (o Yôga, a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e o interlocutor já nos pergunta automaticamente, incontrolavelmente: “Quais são os benefícios do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?” Mas como assim “Quais são os benefícios do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)?” Alguém pergunta quais são os benefícios da filosofia de Sócrates, de Platão, de Aristóteles ou de Kant? Então, por que perguntam isso com relação à filosofia que leva o nome de Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? Percebe que é irracional?

Contudo, é claro que a culpa não é da pessoa que formula tão insensata questão. A responsabilidade da barafunda mental que assola o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) poderia ser atribuída à Imprensa. Acontece que ela é mais vítima do que algoz nessa crassa trapalhada, já que os jornalistas também são parte da opinião pública e estão igualmente sujeitos a sofrer paralisias paradigmáticas com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).

A raiz da baralhada é que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) pertence a uma outra cultura muito diferente da nossa, com outros valores e outros parâmetros. Quando o ocidental assesta o olhar para o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), inevitavelmente filtra esse Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) pelas suas lentes cristãs. O resultado do que ele enxerga é desastroso. O que ele vê é uma caricatura do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga). Na verdade, além de cristianizar o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), o ocidental também o embaralha com budismo, lamaísmo, tai-chi, macrobiótica e o que mais lhe passar pela cabeça que seja oriental ou apenas esquisito.

Agora temos também o modismo de estereotipar o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) com o “natural”. Recebi um entrevistador que veio gravar uma matéria para a televisão. Gracejei com ele e disse-lhe que já estava a postos para fazermos a matéria sobre contabilidade. Ele entrou na brincadeira e respondeu sem titubear: “Desde que seja contabilidade natural.” (!) Como assim? Isso não faz o mínimo sentido.  …  Ah! Entendi! Já que somos do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), devemos ser naturébas. Então, se vamos falar sobre contabilidade, deve ser contabilidade “natural”. Ha-ha-ha! Entendi…

E ponha preconceito nisso.

Creio que nunca mais vamos poder declarar que praticamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que ensinamos o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) sem gerar um mal-entendido. Na verdade, quando conhecemos alguém em algum evento e a pessoa diz que pratica o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) já vou logo mudando de assunto para evitar conflito. É que o termo sânscrito masculino Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) significa união, porém, paradoxalmente, desune as pessoas que estudam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) ou que praticam o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).

Será que no mundo inteiro reina essa confusão com relação ao Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)? No que concerne à interpretação do conteúdo e à classificação, em todo o Ocidente, o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) é uma alucinação kafkiana. Mas nós, brasileiros e portugueses, não podíamos deixar barato e fizemos melhor. Passamos a enriquecer o desatino complicando também o gênero da palavra (o que no inglês, por exemplo, não ocorre) e querendo grafar com i, sem o y, o que não ocorre no inglês, nem no francês, nem no alemão, nem no espanhol, nem no italiano… só para complicar a nossa vida! Pronto: agora o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) passa a ter uma barafunda a mais. Uma, não! Duas.  Antes que eu possa discorrer sobre o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), preciso investir uma hora ou mais da aula ou da palestra para demonstrar que o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) escreve-se com y, que é vocábulo masculino, que a pronúncia é com ô fechado, que leva acento no seu original em alfabeto dêvanágarí…

Quando termino de proporcionar estes esclarecimentos prévios sobre o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga), acabou o tempo e as pessoas terão que se contentar em ir para casa mais confusas do que quando chegaram e sem que eu tenha podido dissertar sobre o conteúdo em si, o qual deveria ter sido o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e não sobre a grafia, o gênero e a pronúncia da palavra Yôga (o Yôga, a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)!

Assim, se o estimado leitor ainda não compreendeu qual é o objetivo de mencionarmos tantas vezes o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) neste pretencioso artigo, sugiro que se sente em posição de Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga) e faça uma boa e profunda meditação budista. Ou macrobiótica? Ah! Tanto faz, vem tudo do mesmo lugar, aquele tal de Oriente.

Assinado: DeRose

Professor de o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga)

Deus me livre! Que confusão! Vamos combinar assim: não me qualifique mais como
professor de o Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).
Para todos os efeitos, sou consultor em qualidade de vida e administração de relações humanas
para adultos jovens e saudáveis.

 

Post scriptum: se eu soubesse que iria ser assim, não sei, não, se em 1960 eu teria optado por me tornar instrutor do Yôga (a Yôga, a Yóga, o Yóga, o Yoga, a Yoga, o ioga, a ioga).