sábado, 8 de setembro de 2012 | Autor:

 “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante. ”
Cadê o rio?

Às margens do Rio Ipiranga, D. Pedro I bradou “Independência ou Morte” e, com isso, tornou o nosso país independente, fundando um império, territorialmente, um dos maiores que a humanidade conheceu.

Onde está o Rio Ipiranga?

Como mostrar às crianças de São Paulo, aos paulistas, aos paulistanos e aos visitantes de outras partes do Brasil onde foi que tudo aconteceu? Como mostrar ao nosso povo o lugar em que o Brasil se tornou independente, se esse local foi destruído pela irresponsabilidade de quem encaixotou e escondeu o Rio Ipiranga debaixo da terra?

É como se nos envergonhássemos, ao invés de nos orgulharmos, daquele local venerável e quiséssemos mantê-lo escondido das vistas de todos.

Enquanto em outros países os locais sagrados da nação são preservados para o louvor das gerações seguintes, nós aceitamos como um rebanho sem voz e sem voto, que nosso maior símbolo de independência seja escondido no subsolo.

Exijamos dos Governos municipal, estadual e federal que invistam em obras para o resgate desse símbolo nacional e de orgulho paulista. Afinal, a capital e sede da corte era o Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo que o Brasil se tornou independente e deixou de ser colônia.

Resgatar nosso Rio Ipiranga pode ser um poderoso incentivo do sentimento pátrio e da consciência de que somos uma Nação Independente, o qual merece respeito e exige o justo reconhecimento.

Essa consciência começa em casa. É preciso que nós Paulistas e Brasileiros, cultivemos a autoestima e o amor-próprio, reverenciando esse local emblemático da nossa existência como Nação Independente.

Assine a petição: “Eu tenho orgulho do Rio Ipiranga.”

http://www.peticoesonline.com/peticao/eu-tenho-orgulho-do-rio-ipiranga/629

São Paulo, 28 de junho de 2012.

DeRose

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012 | Autor:

Chegando ao Brasil de uma viagem ao exterior, encontramos no aeroporto internacional um serzinho pequeno que ia de passante em passante pedindo para ser adotado. Saltando como uma molinha, como se quisesse se aboletar no colo das pessoas, o rabinho abanando intensamente e um olhar suplicante, não havia como ignorá-lo. Quando veio pulando em mim, fiz-lhe carinho e senti receptividade. Dei-lhe comida. Olhei nos seus olhinhos negros e não consegui deixá-lo lá. Fernanda e Vivi apoiaram minha sugestão de levá-lo para casa. Deixamo-lo durante uma semana em uma clínica, em observação, tomando todas as vacinas. Não caberia mais um ente querido de quatro nem de duas patas em nosso apartamento.

Quando fomos buscá-lo no veterinário sua alegria por nos rever era inacreditável. Vivi se apaixonou por ele e adotou-o. Quando perguntam sua raça digo que é street terrier. Mas é bem possível que tenha mesmo algum ascendente com pedigree. Ele tem uma índole ótima, é ultra educado, logo tornou-se vegetariano com prazer e parece estar nos dizendo o tempo todo “Obrigado, obrigado por me darem um larzinho!”. Quando fomos viajar para passar o Ano Novo no Rio, Vivi teve que deixá-lo na casa da treinadora. Ao retornarmos para buscá-lo, soubemos que ele ficou no portão até as onze da noite esperando que sua dona voltasse. Peça à Vivi para colocar aqui uma foto dele e vai constatar como seu olhar é expressivo.

Mais histórias de cachorros? Leia os posts: Jaya, minha weimaraner vegetariana; Pessoinhas de quatro patas; O seu carro tem cheiro de cachorro? Dê-lhe ração vegetariana!; 100 maneiras de melhorar o mundo (1): adote um animal.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011 | Autor:
Enviado por Alê Filippini – Unidade Alphaville / SP

Da inteligência canina – UMBERTO ECO

CRÔNICA

Quando o cão elabora um plano complexo

RESUMO Um fait-divers recentemente publicado na imprensa italiana, sobre um cão que dá prova de sagacidade numa situação de grave perigo para sua dona, suscita reflexões sobre a inteligência dos cachorros, assinalada por autores da Antiguidade clássica, como Plutarco, Plínio e outros.

UMBERTO ECO
tradução MAURÍCIO SANTANA DIAS

UMA SENHORA que estava catando cogumelos com uma amiga é picada por uma vespa, tem um choque anafilático, para de respirar, a amiga telefona para a emergência, mas o socorro demora a chegar porque as duas mulheres estão em um bosque muito cerrado e é difícil localizá-las.
Então Queen, o cachorro (mas imagino que fosse uma cadela) da amiga, em vez de ficar ali, como o instinto recomendaria, ganindo e lambendo a mão da moribunda, parte feito um raio, atravessa o bosque, encontra a equipe de resgate e a conduz até o lugar certo.
Como Danilo Mainardi comenta no “Corriere della Sera” de 21 de agosto, não estamos diante de um simples comportamento instintivo: estamos diante de um comportamento “inteligente”, em que o cão não responde ao comando do instinto (não se afastar do ferido), mas elabora “um plano complexo, que abrange até a coparticipação de outros indivíduos”.

RACIOCÍNIO O caso -e os comentários de Mainardi- evocam uma literatura antiquíssima e vasta sobre as capacidades de raciocínio dos cães. Um dos textos que mais influenciaram essa tradição é a “História Natural” (77 d.C.) de Plínio, que trata da fala dos peixes e dos pássaros e discorre amplamente sobre a inteligência canina, cita um cachorro que reconhecera entre a multidão o assassino de seu dono e, com seus latidos e mordidas, o forçou a confessar o crime, ou ainda o cachorro de um condenado à morte que uivava dolorosamente e, quando um espectador lhe jogou uma comida, ele a levou até a boca do morto; quando o cadáver foi atirado no Tibre, ele também se jogou e nadou, tentando sustentá-lo.
Mas a discussão filosoficamente mais interessante já tinha ocorrido pelo menos três séculos antes, em um debate entre estoicos, acadêmicos e epicuristas. No âmbito da discussão estoica desponta um argumento atribuído a Crisipo, que será retomado e popularizado quase cinco séculos depois por Sexto Empírico.
Sexto considerava que os cães fossem capazes de raciocínio lógico, e a prova disso era que um cão, após chegar a um trívio e reconhecer pelo faro que a presa não tinha seguido por duas das estradas, imediatamente envereda pela terceira sem nem farejar. Com efeito, o cão teria formulado de algum modo o seguinte raciocínio: “A presa seguiu por esta estrada, ou por essa, ou por aquela; ora, a estrada não é esta nem essa; então só pode ser aquela” (o que seria um exemplo de raciocínio conhecido como “quinto indemonstrável”).
Além disso, Sexto lembrava que os cães possuem um “logos” porque sabem arrancar espinhos do corpo e limpar as feridas, porque mantêm imóvel a pata doente e identificam as plantas que podem aliviar a dor.
Quanto a uma linguagem animal, é verdade que não compreendemos os sons emitidos por eles, mas tampouco entendemos os sons emitidos por bárbaros, os quais no entanto falam; e os cães certamente emitem sons diversos em situações diferentes.
PLUTARCO Poderíamos continuar citando o “De Sollertia Animalium” (sobre a astúcia dos animais), de Plutarco, no qual se diz que, de fato, a racionalidade animal é imperfeita se comparada à humana, mas que essas diferenças também ocorrem entre seres humanos; e em outro diálogo, “Bruta Animalia Ratione Uti” (os animais usam a razão), a quem contestasse que seria demasiado atribuir a razão a seres que não têm uma noção inata da divindade, Plutarco responderia recordando que entre os seres humanos também existem os ateus.
Em “A Natureza dos Animais”, de Eliano, além dos argumentos já vistos, são citados exemplos de cães que se apaixonam por seres humanos. No “De Abstinentia” (da abstinência), de Porfírio, os argumentos em favor da inteligência animal servem para sustentar uma tese “vegetariana”. Todos esses temas serão retomados de várias maneiras na era moderna, até nossos dias.
Mas paremos por aqui: ainda que não se consiga definir bem a inteligência canina, deveríamos ser mais sensíveis a esse mistério. E, se for muito difícil virar vegetariano, pelo menos que donos menos inteligentes que eles não abandonem seus cães nas estradas.

[ Reply ]

Muito bom, Filippini. Muito bom, mesmo!