terça-feira, 7 de julho de 2009 | Autor:

Parabéns pela grande festa de inauguração da nova unidade do Flávio Moreira, a Unidade Paes de Barros, no bairro da Mooca. Ou será Moóca (com acento)? Eu estou apostando na segunda opção. [Perdi a aposta. Bem, não se pode ganhar todas. Ainda bem que apostei comigo mesmo…]

Soube que foi lindo, com centenas de pessoas, coreografias de tirar o fôlego, muita alegria, pessoas importantes e gente bonita (que é uma grata característica do Flávio – que Shiva o preserve assim!).

Precisamos melhorar a colocação do logo do YôgaPress, pois sobre fundo escuro só se lê Press. Foi por causa dessas distrações que terminamos por desistir do logo Uni-Yôga e passamos a solicitar que as unidades não o utilizassem mais (só as Federações, o Conselho e a própria Uni-Yôga).

Veja que equipe mais linda! E compreenda porque me orgulho tanto dos nossos instrutores. Eles são a minha família, que me compreende e me faz feliz!

quinta-feira, 12 de março de 2009 | Autor:

Um dia resolvi procurar os saddhus, sábios eremitas que vivem em cavernas, nas montanhas geladas dos Himálayas. Para ter mais certeza de encontrá-los e também por medida de segurança, contratei um guia, Pratap Sing. Era minha primeira viagem àquela região, eu era novinho e ainda não conhecia nada de Índia.

Acordamos cedo e começamos a subir a montanha ao nascer do sol. Uma densa neblina cobria a floresta, mas o guia dava passos seguros morro acima.

– Sir, vou levá-lo para conhecer um grande yôgi, sir!

– Como é o nome dele? – Perguntei. O guia me disse o nome de um conhecido guru, muito famoso no Ocidente. Então, retruquei-lhe que não estava interessado em conhecê-lo e se esse tipo de mestre era o que ele considerava um grande yôgi, podíamos voltar dali mesmo, pois iria dispensar os seus serviços. Ele sorriu e abriu o jogo:

– Sir, o senhor entende mesmo de Yôga. Vamos, então, para o outro lado, sir.

– Mas, se você sabia que esse não é um verdadeiro yôgi, como ia me levar lá?

– Sir, eu ganho uma gratificação para cada turista que encaminhar. Mas vou levá-lo para conhecer saddhus de verdade se me pagar dobrado, sir.

Bem, o fato é que subimos a montanha durante mais de quatro horas. Durante a caminhada surgiram vários saddhus, mas dessa vez o guia cumpriu o trato e seguiu em frente sem se deter em nenhum deles. Eu já estava exausto quando fui surpreendido por uma figura que parecia saída dos contos de fadas. Era um saddhu, realmente, daqueles que não se encontram mais nas aldeias, nem em ocasiões especiais. Uma imagem impressionante. Completamente nu, pele curtida pelo frio e pelo sol, quase negro, todo coberto de cinzas, o que lhe conferia um tom violáceo, semelhante ao da representação da cor da pele de Shiva nas pinturas. Cabelos e barbas completamente brancos e muito longos. Um olhar forte e penetrante, olhos injetados de poder. Recordou-me Bhávajánanda.

Não tive tempo de falar nem fazer nada e ele já estava me dando ordens, passando instruções em língua hindi, num tom marcial, com o guia traduzindo apressadamente. Ensinou-me novos mantras, mudrás, ásanas e meditação. Se eu não acertasse em executar o exercício exatamente como ele queria, o Mestre rugia uma admoestação intraduzível.

Por vezes, o guia tentava falar com o saddhu, mas ele o ignorava. Não respondia e ainda dava-lhe as costas. Falava só comigo, porém, eu não entendia o idioma hindi e precisava do cicerone para traduzir. Apesar desse inconveniente, foi a ocasião em que aprendi o maior volume e a melhor qualidade de técnicas em tão pouco tempo. Foram umas poucas horas de aprendizado, umas sete ou oito, e o guia já estava inquieto, insistindo para irmos embora imediatamente. Depois de uma certa insistência, concordei, muito a contragosto. Levara a vida inteira para encontrar um saddhu de verdade e, no melhor da festa, precisava largar tudo e ir embora! Cheguei a aventar a hipótese de passar a noite lá, mas o guia ficou histérico com a possibilidade. Mais tarde descobri a razão.

Então, agradeci ao saddhu e cumprimentei-o da forma tradicional, fazendo o pronam mudrá, curvando-me até o chão e tocando-lhe os pés. Deixei-lhe minha sacola como pújá. Dentro havia uma manta, um livro meu (Prontuário de SwáSthya Yôga) e alguma comida.

Começamos a descer a montanha e logo compreendi o motivo da preocupação. Nas outras quatro horas que durou a descida, danou a esfriar e, no final da caminhada, começou a escurecer. Segundo o guia, se escurecesse conosco na floresta, nem mesmo ele conseguiria encontrar o caminho de volta e morreríamos devido ao frio. Numa viagem posterior à Índia, descobri que aquela região inóspita ainda tinha elefantes selvagens os quais atacavam quem se aventurasse por seus domínios, além de tigres e serpentes para viajante nenhum botar defeito. Como é que o saddhu conseguia sobreviver lá? E pela aparência já devia ter muitos anos de idade vividos, quem sabe, ali mesmo.

Nessa noite fez tanto frio que tive de acordar algumas vezes no meio da madrugada para praticar bhastriká, um respiratório que eleva a temperatura do corpo, e, só assim, consegui dormir de novo. Aí pensei: estou cá em baixo onde a temperatura é mais amena, estou dentro de um alojamento fechado, numa cama, com roupas de lã e cobertores. Como é que sobrevive aquele velho saddhu lá em cima, onde é muito mais gelado, sem roupas, dormindo no chão, dentro de uma caverna de pedra úmida, que não tem nem portas para evitar o vento gélido?

No dia seguinte partimos mais cedo, antes de amanhecer, para dispormos de mais tempo com o Mestre. Pensei que fosse encontrar um picolé de saddhu, mas qual nada. Logo que chegamos, ele, super energético, começou novamente a dar ordens e instruções. Achei interessante o fato de que ele havia me ensinado certos ásanas no dia anterior e insistido para que os executasse de uma determinada maneira. Neste segundo dia, ensinara ásanas (pronuncie “ássanas”) novos e revisara os do dia anterior, só que queria que eu os fizesse de outra forma. E no terceiro dia ia querer de uma outra maneira. Talvez fosse para me tirar a imagem estereotipada de que só há uma forma estanque de executar e mostrar-me que diversas variações podem estar igualmente corretas. Ou, possivelmente, seria sua intenção produzir um resultado evolutivo, diferente a cada dia.

Mandou-me sentar à sua frente e repetir os mantras que fazia. Quando não vocalizava exatamente igual, ele rosnava alguma coisa em hindi, cuja tradução era perfeitamente dispensável. Depois fez o mesmo com a meditação. Assim que me dispersava, ele grunhia, como se estivesse vendo o que se passava dentro da minha cabeça.

Novamente o guia começou a ficar nervoso, só que desta vez atendi logo. Deixei um pújá, despedi-me da forma convencional e descemos o mais rápido que conseguimos.

O terceiro dia foi o melhor de todos. Dava para sentir a energia no ar. Percebi que estava entrosado. O Mestre não rugiu nem rosnou nenhuma vez. Em dado instante, enquanto eu executava um ásana, ele me passou o kripá, um toque que transmite a força e confere ao iniciado o poder de, por sua vez, transmiti-la aos seus discípulos.

Após o kripá, o próprio saddhu considerou encerrada a aula e, pelo visto, o curso. Mandou-nos embora como quem já tinha feito o que devia e entrou na caverna.

Na manhã seguinte, subimos outra vez, só que não encontramos mais o Mestre. Não estava na caverna nem nas imediações. Esperamos até tarde. Ele não voltou. Assim, compreendemos que havia considerado completa a iniciação que me conferiu nos três dias. Descemos e não subimos mais.

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segunda-feira, 9 de março de 2009 | Autor:

Codificar:  reunir numa só obra textos, documentos, extratos oriundos de diversas fontes; coligir, compilar. (Dicionário Houaiss)

 

Imagine que você ganhou como herança um armário muito antigo (no nosso caso, de cinco mil anos). De tanto admirá-lo, limpá-lo, mexer e remexer nele, acabou encontrando um painel que parecia esconder alguma coisa dentro. Depois de muito tempo, trabalho e esforço para não danificar essa preciosidade, finalmente você consegue abrir. Era uma gaveta esquecida e, por isso mesmo, lacrada pelo tempo. Lá dentro você contempla extasiado um tesouro arqueológico: ferramentas, pergaminhos, sinetes, esculturas! Uma inestimável contribuição cultural!

As ferramentas ainda funcionam, pois os utensílios antigos eram muito fortes, construídos com arte e feitos para durar. Os pergaminhos estão legíveis e contêm ensinamentos importantes sobre a origem e a utilização das ferramentas e dos sinetes, bem como sobre o significado histórico das esculturas. Tudo está intacto sim, mas tremendamente desarrumado, embaralhado e com a poeira dos séculos. Então, você apenas limpa cuidadosamente e arruma a gaveta. Pergaminhos aqui, ferramentas acolá, sinetes à esquerda, esculturas à direita. Depois você fecha de novo a gaveta, agora sempre disponível e organizada.

O que foi que você tirou da gaveta? O que acrescentou? Nada. Você apenas organizou, sistematizou, codificou.

Pois foi apenas isso que fizemos. O armário é o Yôga Antigo, cuja herança nos foi deixada pelos Mestres ancestrais. A gaveta é um comprimento de onda peculiar no inconsciente coletivo. As ferramentas são as técnicas do Yôga. Os pergaminhos são os ensinamentos dos Mestres do passado, que nós jamais teríamos a petulância de querer alterar. Isto foi a sistematização do SwáSthya Yôga.

Por ter sido honesta e cuidadosa em não modificar, não adaptar, nem ocidentalizar coisa alguma, nossa codificação foi muito bem aceita pela maioria dos estudiosos. Hoje, esse método sistematizado no Brasil existe em todos os Continentes. Se alguém não o conhecer pelo nome de SwáSthya Yôga, conhecerá seguramente pelo nome erudito e antigo: Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga.

Seu nome já denota as origens ancestrais uma vez que a linhagem mais antiga (pré-clássica, pré-ariana) era de fundamentação Tantra e Sámkhya. Compare estas informações com o quadro da Cronologia Histórica publicado originalmente no meu livro Yôga Sútra de Pátañjali, editado sob a chancela da Universidade de Yôga.

 

Cronologia Histórica do Yôga

Divisão

Yôga Antigo

Yôga Moderno

Tendência

Sámkhya

Vêdánta

Período

Yôga Pré-Clássico

Yôga Clássico

Yôga Medieval

Yôga Contemporâneo

Época

Mais de 5000 anos

séc. III a.C.

séc. VIII d.C.

séc. XI d.C.

Século XX

Mestre

Shiva

Pátañjali

Shankara

Gôrakshanatha

Rámakrishna e Aurobindo

Literatura

Upanishad

Yôga Sútra

Vivêka Chudamani

Hatha Yôga

Vários livros

Fase

Proto-Histórica

Histórica

Fonte

Shruti

Smriti

Povo

Drávida

Árya

Linha

Tantra

Brahmácharya

 

 

Belgrano estudiando

¨All truth passes through three stages. First, it is ridiculed. Second, it is violently opposed. Third, it is accepted as being self-evident.¨

Arthur Schopenhauer. German philosopher (1788 – 1860)

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sábado, 7 de fevereiro de 2009 | Autor:
Curso de leitura

Se você é apenas um curioso que quer saber um pouco sobre muitas coisas e muito sobre coisa nenhuma, leia tudo o que quiser. Mas se tiver se identificado com a proposta deste tipo de Yôga, se ele representa para si um caminho suficientemente completo, que lhe satisfaça plenamente a ponto de não querer mais ficar buscando aqui e ali, então estas instruções são para você.

Ler tudo o que lhe caia às mãos só por tratar-se supostamente de Yôga ou de outra filosofia, arte ou “ciência” que você presume correlata, é um comportamento imaturo, fútil e dispersivo.

Primeiramente, a maior parte dos livros sobre Yôga e similares que se encontram comercializados é nociva. Sua leitura mais prejudica que ajuda. É melhor não saber do que pensar que sabe!

Depois, mesmo que encontrasse várias boas obras e vários bons Mestres – bem, aí seria mesmo um fenômeno de sorte – ainda assim, a dispersão de se envolver com mais de uma metodologia, comprometeria os eventuais resultados positivos que poderia colher caso se concentrasse numa só via.

Tenha foco

Imagine uma pessoa que quisesse achar água e ficasse dispersando tempo e trabalho a cavar vários poços ao mesmo tempo ao invés de se concentrar num só. A cada buraquinho recém começado, interrompesse para ir cavar outro e depois voltasse para o primeiro; trocasse de novo para experimentar um terceiro e assim sucessivamente. Após perder muito tempo e desperdiçar muito trabalho, provavelmente abandonaria todas as tentativas, desanimado, declarando que definitivamente não adianta cavar, pois supõe que nenhum deles dará água. Contudo, é provável que todos dessem água (de diferentes qualidades e com diferentes profundidades), desde que o inconstante tivesse se concentrado num só poço.

Vivêkánanda referia-se a esse tipo de gente na parábola do homem que, chegando a uma árvore frutífera, dera uma mordida em cada fruta para ver se havia alguma que lhe agradasse mais, ao invés de pegar uma para saciar sua fome.

Em suma, desaconselhamos veementemente a intoxicação de teoria. Não faça misturança. Adote uma linha de conduta séria e inteligente. Um planejamento para o estudo orientado numa direção definida, como quem sabe o que quer e jamais eclética sob pretexto algum.

São considerados praticantes de primeira classe os que se dedicam exclusivamente ao Yôga e, dentro deste, a uma só modalidade sem mesclá-la com nenhuma outra. O mesmo se diga dos instrutores. E, desses, com muito mais razão.

Os livros indicados no Curso de Leitura são alguns dos melhores e não são muitos. Se você já os tiver lido todos, mais vale relê-los várias vezes do que entregar-se a aventuras literárias que, certamente, comprometerão o seu bom encaminhamento.


Orientação ao leitor de Yôga

Busca, fora dos livros, dentro de ti.
DeRose

Há diversos tipos de literatura de Yôga. Vou descrever alguns para que você possa ter ideia do que está adquirindo ao comprar um livro sobre a matéria.

1.Os mais confiáveis são os livros escritos por yôgis que vivenciaram experiências e relatam os meios para obter bons resultados.

2.Em segundo lugar, vêm os que estão aquém da iniciação prática e teorizam a mais não poder com o fim de tentar compreender o que os primeiros ensinam. Este tipo de literatura é identificada facilmente uma vez que seus autores costumam usar frases tais como: “os yôgis dizem…” ou “segundo os yôgis…”, porquanto reconhecem que eles mesmos não sabem e tampouco são yôgis.

3.Depois, surgem os que simplesmente repetem aquilo que disseram os primeiros e os segundos, elaborando uma literatura de terceira, totalmente desnecessária, dispensável e meramente plagiada. Também é facílimo identificar esses livros já que seus autores abusam de frases de terceiros, acompanhadas de “conforme diz Fulano”, “segundo Sicrano”, “na opinião de Beltrano”, etc.

4.Não podem faltar os que publicam livros popularescos, para consumo e pseudo-informação dos leigos. Leigos, antes de lê-los. Depois, passam a ser desinformados e iludidos. Passam a repetir disparates. Geralmente os títulos são algo como: “cure a sua doença com a yóga” ou “yóga em 10 lições“. Claro que pode haver exceções. Recordemos sempre: “Todas as generalizações são perniciosas, inclusive esta.”

5.Há, ainda, os livros que misturam tudo o que é oriental e fazem uma salada de Índia, Tibet, Nepal, Egito, China e Japão, baralhando Hinduísmo, Budismo, Taoísmo, Xintoísmo, Sufismo, Xamanismo, Zen e o que mais o autor tiver lido. É que os ocidentais sucumbem ingenuamente à síndrome da ilusão de perspectiva, segundo a qual “Oriente” é um lugar muito distante, lá onde as paralelas se encontram. Então, julgam que todas as filosofias orientais conduzem ao mesmo lugar. Além disso, o escritor ocidental acha que constitui demonstração de cultura encontrar pontos de convergência entre as múltiplas correntes. Com isso, o leitor adquire um livro de Yôga, porque queria Yôga, e acaba levando para casa uma série de outras coisas que não queria e só servem para encher as páginas que o conhecimento limitado do autor ia deixar em branco, caso se ativesse ao assunto proposto. Há um livro que pretende dissertar sobre mudrás do Hinduísmo e, inadvertidamente, a obra passa a miscelanear mudrás de outros sistemas e países. Tal procedimento induz o estudante ao erro de introduzir mudrás alienígenas numa prática ortodoxa de Yôga, achando que está agindo corretamente. Estou farto de corrigir alunos de Yôga que sentam-se para meditar e põem as mãos em mudrá do Zen! Isso é uma gafe equivalente a executar um katí de Kung-Fu numa aula de Karatê ou sair dançando tango numa aula de ballet clássico. Eu mesmo, quando jovem, utilizava mantras em hebraico, da Cabala, nas práticas de Yôga, pois os livros que lia induziam a isso e ninguém me advertiu em contrário, como estou fazendo agora. Misturar, além de não ser procedimento sério, pode produzir consequências imprevisíveis. Em tempo: o Yôga mais antigo é de raízes Tantra e Sámkhya, portanto, essas três filosofias possuem compatibilidade de origem.

6.No entanto, os livros mais perigosos são os que visam à doutrinação do leitor para alguma outra ideologia e usam como chamariz o nome do Yôga, já que este tem um respeitável fã clube. O interessado compra o livro e leva gato por lebre. Se houver 5% de Yôga em todo o volume, é muito. O resto costuma ser catequese a favor de alguma seita exótica. O Yôga mais antigo – pré-clássico e clássico – era Sámkhya (naturalista). Portanto, o Yôga mais autêntico é dessa corrente. Na Idade Média apareceu um Yôga moderno, de linha Vêdánta (espiritualista). Como saber se o livro de Yôga é de tendência Sámkhya, mais antiga, ou Vêdánta, mais moderna? Aqui vão algumas dicas para o leitor que tem poucas noções das duas filosofias citadas.

a) Os livros que mencionam mais vezes o termo Púrusha e poucas (ou nenhuma) o termo Atmam, para designar o Self, costumam ser de tendência Sámkhya.

b) Ao contrário, os que citam muitas vezes o vocábulo Atmam e poucas (ou nenhuma) a palavra Púrusha, são quase sempre de linha Vêdánta ou, eventualmente, alguma outra sob sua influência.

c) Já os que usam indiscriminadamente os dois termos, não são de linha nenhuma. Nem sabem que existem linhagens e que é filosoficamente impossível você não se definir por uma única. Questionados a respeito, afirmam com orgulho fiasquento: “não sou de nenhuma linha específica – sou de todas“! Esses são certamente autores ocidentais (ou, em alguns casos, orientais sem iniciação). Não tiveram um bom Mestre. Se tiveram, não entenderam nada do que lhes foi ensinado.

Bibliografia indicada para estudo e documentação

Antes de se ter algum tipo de relação profissional com livros,
não se descobre quão ruim é a maioria deles.
George Orwell

Resista heroicamente à tentação de ler qualquer coisa, só por tratar-se de Yôga ou de alguma matéria supostamente semelhante. Repito: melhor é reler várias vezes um bom livro do que ler vários livros novos que possam ser nocivos. E, convenhamos, com uma bibliografia tão boa e extensa, você não tem necessidade de sair gastando o seu tempo e dinheiro com livros que poderão prejudicar não apenas a sua cultura, mas também a sua saúde mental. Consulte o capítulo sobre Egrégora.

Procure ler primeiramente as obras abaixo, mais ou menos nesta ordem, dependendo da disponibilidade das editoras. Com esta base sólida de boas obras, depois poderá ler qualquer coisa, pois já terá desenvolvido o senso crítico. Note que um bom número dos livros recomendados são de outros autores, de outras linhas de Yôga e até de temas que não tratam de Yôga.


1.DeRose, Tratado de Yôga, Selo Editorial Egrégora (Brasil e Portugal).

2.DeRose, Quando é preciso ser forte, Egrégora (Brasil e Portugal).

3.DeRose, Tudo o que você nunca quis saber sobre Yôga, Uni-Yôga.

4.DeRose, Programa do Curso Básico, Egrégora.

5.DeRose, Método de Boas Maneiras, Egrégora.

6.DeRose, Eu me lembro…, Egrégora.

7.DeRose, Encontro com o Mestre, Egrégora (Brasil) e Kier (Argentina).

8.DeRose, Sútras – máximas de lucidez e êxtase, Nobel.

9.DeRose, Método de Boa Alimentação, Egrégora.

10.DeRose, Origens do Yôga Antigo, Nobel.

11.DeRose, Alternativas de relacionamento afetivo, Egrégora (Brasil) e Afrontamento (Portugal).

12.DeRose, Tantra, a sexualidade sacralizada, Longseller (Argentina).

13.DeRose, Yôga Sútra de Pátañjali, Uni-Yôga.

14.DeRose, Mensagens, Egrégora.

15.DeRose, Karma e dharma – transforme a sua vida, Egrégora.

16.DeRose, Chakras e kundaliní, Egrégora.

17.DeRose, Guia do Instrutor de Yôga, Uni-Yôga (esgotado).

18.DeRose, Prontuário de Yôga Antigo, (edição histórica só para colecionadores).

19.DeRose, A regulamentação dos profissionais de Yôga, Uni-Yôga.

20.De Bona, Rodrigo, A parábola do croissant, edição do autor.

21.Silva, Lucila, Léxico do Yôga Antigo, edição da autora.

22.Barcesat, Yael, Complementação pedagógica, Egrégora.

23.Melo, Ricardo e Caio, O poder do mantra, Edição dos autores.

24.Santos, Sérgio, Yôga, Sámkhya e Tantra, Uni-Yôga.

25.Santos, Sérgio, A força da gratidão, Uni-Yôga/Nobel.

26.Flores, Anahí, Coreografias, edição da autora.

27.Flores, Melina, Técnicas corporais do Yôga Antigo, edição da autora.

28.Marengo, Joris, 50 Aulas práticas de SwáSthya Yôga, futuramente, Nobel.

29.Castro, Rosângela, Gourmet vegetariano, futuramente, Egrégora.

30.Caramella, Edgardo, La dieta del Yôga, Kier, Buenos Aires.

31.Michaël, Tara, O Yôga, Zahar Editores.

32.Time-Life, Índia Antiga, Abril Coleções.

33.Shivánanda, Hatha Yôga, Editorial Kier.

34.Shivánanda, Pránáyáma, Pensamento.

35.Shivánanda, Kundaliní Yôga, Editorial Kier.

36.Shivánanda, Tantra Yôga, Nada Yôga e Kriyá Yôga, Editorial Kier.

37.Shivánanda, Autobiografia, Pensamento.

38.Shivánanda, Japa Yôga, Edição do Shivánanda Ashram.

39.Bernard, Theos, El Camino Práctico del Yôga.

40.Eliade, Mircea, Pátañjali y el Yôga, Editora Paidós.

41.Eliade, Mircea, Yôga, imortalidade e liberdade, Editora Palas Athena.

42.Purôhit Swámi, Aphorisms of Yôga, Faber & Faber (Londres e Boston).

43.Kastberger, F., Léxico de Filosofía Hindú, Editorial Kier.

44.Van Lysebeth, André, Tantra, o Culto da Feminilidade, Summus Editorial.

45.Blay, Antonio, Tantra Yôga, Iberia

46.Woodroffe, Sir John, Principios del Tantra, Editorial Kier.

47.Woodroffe, Sir John, Shaktí y Shakta, Editorial Kier.

48.Avalon, Arthur, El Poder Serpentino, EditorialKier.

49.Monier-Williams, Sanskrit-English Dictionary, Oriental Publishers.

50.Feuerstein, Georg, A tradição do Yôga, Pensamento[1].



 

[1] Este é o único livro de Yôga de autor estrangeiro, de outra linha de Yôga, que cita um autor brasileiro, no caso, o Mestre DeRose.

 

 

 

Bibliografia Discriminada

Esta bibliografia é independente da que consta nas páginas anteriores, que recomendam o estudo de 50 livros de vários autores e de diversos tipos de Yôga a fim de incrementar a cultura geral. Esta Bibliografia Discriminada serve para fundamentar uma boa parte da estrutura do nosso trabalho em aspectos pontuais.

Livro Conhecer Melhor a Índia de C. N. S. Raghavan, Publicações D. Quixote:

Pág.

12 –

origens do Tantrismo entre os drávidas, no período pré-clássico;

12 –

Shiva, personagem pré-ariano;

15 –

as Upanishads foram originalmente textos de transmissão oral;

15 –

as castas eram inicialmente discriminação racial entre os de raça ariana (louros) e os drávidas (morenos);

24 –

confirmação da conclusão acima;

19 –

a frase: “para que serve o fervor doentio…” do Rig Vêda, sugere uma tem­dência muito mais Sámkhya e muito menos Vêdánta; (aliás, o Rig Vêda, ci­tado como escritura religiosa, contém uma declaração explícita das inten­ções arianas: “O arco arruina o prazer do inimigo. Com o arco conquis­ta­re­mos todos os cantos do mundo.”)

25 –

menciona um surto de “ateísmo dravídico”, o que mais uma vez confirma que a tendência dravídica não era Vêdánta e, portanto, o Yôga original não era espiritualista.

Livro Yôga e Consciência, de Renato Henriques, da Editora Rigel:

Pág.

16 –

o nome de Pátañjali aparece corretamente escrito;

21 –

consta aqui que o Yôga Clássico era quase ateu;

56 –

nesta outra, a questão anterior é melhor explicada: o Yôga Sámkhya não é ateu, só não é espiritualista nem místico;

21 –

nessa mesma página, um erro: nem todas as vias do Yôga se baseiam no Yôga Clássico, como por exemplo, o Yôga Pré-Clássico;

28 –

origens do Tantrismo entre os drávidas, no período pré-clássico;

28 –

confirmação da presença do Yôga já entre os drávidas pré-arianos;

29 –

confirmação das origens do Tantrismo entre os drávidas;

29 –

confirmação da presença de Shiva entre os drávidas pré-arianos;

29-

o Yôga é vinculado à tradição shivaísta e não vishnuísta;

35 –

Todos os estudiosos aceitam que Shiva é personagem pré-ariano;

36 –

Shiva é considerado patrono do Tantrismo;

36 –

comprovação de que o Yôga é Sámkhya e não Vêdánta, ao citar o conceito da Prakrití;

40 –

…podemos dizer que o Yôga vishnuísta não é o Yôga antigo;

55 –

a influência Vêdánta (espiritualista) na literatura do Yôga;

55 –

o Yôga Clássico surgiu de uma tradição oral bem mais antiga;

56 –

“não se pode escrever sobre Yôga sem tratar do Sámkhya, tamanhos são os vínculos entre uma escola e outra”;

57 –

citações do Mahá Bhárata e do Bhagavad Gítá, vinculando o Yôga com o Sámkhya, portanto, estabelecendo para o Yôga uma natureza técnica, não espiritualista nem mística;

61 –

o conceito de Púrusha (Sámkhya) já aparece no Rig Vêda X:90 e na Katha Upanishad II:5;

67 –

sendo o Sámkhya muito complexo, encontra-se aqui a declaração de que não precisamos aprofundar-nos no seu estudo, mas é indispensável compreender seus fundamentos.

Livro Manual do Yôga, de Georg Feuerstein, Editora Cultrix:

Pág.

18 –

o Yôga não tem misticismo. Este foi introduzido no Yôga medieval;

19 –

o Yôga não é ciência: é técnica;

20 –

parampará, a transmissão oral;

20 –

as divergências entre escolas: “às vezes não podem nem mesmo reconciliar-se com nenhuma outra”;

21 –

nota de rodapé: “o Sámkhya é o mais próximo do Yôga”;

23 –

a palavra hatha tem o significado literal de força, esforço;

22 –

Hatha Yôga desafortunadamente tornou-se muito popular no Ocidente, de uma forma lamentavelmente distorcida e bizarra;

23 –

uma das particularidades que caracterizam o Hatha é a ênfase no despertamento da kundaliní, ao contrário do que os ensinantes leigos de Hatha no Ocidente costumam afirmar;

24 –

mesmo o Hatha tem restrições quanto a abordagens terapêuticas;

30 –

um estudioso do século XX criou um novo tipo de Yôga, “uma divergência revolucionária em relação aos caminhos já trilhados”;

30 –

o Yôga de Srí Aurobindo inclui o Tantrismo;

31 –

Srí Aurobindo espera que o Yôga cesse de parecer alguma coisa mística e anormal que não tenha relações com os processos comuns da energia terrena;

31 –

ele afirma também que é lícito o uso do sexo, saúde, dinheiro, posição social, poder político, etc.;

31 –

Srí Aurobindo não considera o Hatha necessário;

31 –

Srí Aurobindo tem franca admiração pelo Tantrismo. Ele o chama “um sistema yôgi notável que é, em sua natureza, sintético… um grande e poderoso sistema”;

94 –

nesta página, encontra-se um quadro sinótico que é o que melhor explica a relação de coerência entre o Sámkhya e o Tantra; explica, ainda, a frase atribuída a Shankara, citada por Shivánanda: “Sámkhya e Tantra são uma só coisa.”;

95 –

elementos que caracterizam a linha tântrica: mudrá, pújá, mantra, dhyána, nyása, bhúta shuddhi e visualização. Todos eles encontram-se no SwáSthya Yôga;

96 –

o Hatha é uma ramificação do Tantrismo;

96 –

o Hatha é o sucessor imediato do culto siddha do Tantrismo;

96 –

Gôraksha Natha foi o fundador do Hatha, na idade média;

103-

os Nathas;

104-

o fundador do Hatha é discípulo de Matsyêndra Natha;

104-

Matsyêndra Natha é o criador da Escola Kaula, do Tantrismo Negro;

110-

Rámakrishna era iniciado no Tantrismo (linha branca);

127-

o Sámkhya Clássico de Íshwara Krishna é um sumário métrico do Sasti Tantra.

Livro O Yôga, de Tara Michaël, Zahar Editores:

Pág.

18 –

o Yôga não é terapia;

27 –

o Yôga, desde suas mais remotas formulações, encontra-se indiscutivel­mente ligado a um outro ponto de vista: o Sámkhya;

27 –

Sámkhya e Yôga, os dois mais antigos ensinamentos;

28 –

“Os ignorantes falam do Sámkhya e do Yôga separadamente (como de duas vias diferentes), mas não as pessoas instruídas que, ao se dedicarem a um conhecem igualmente o fruto dos dois.” Bhagavad Gítá.

28 –

muitos param ou perdem-se no caminho do Yôga por não terem compreen­dido suas bases Sámkhyas;

59 –

o suposto ateísmo do Sámkhya mais antigo;

63 –

“Não há conhecimento como o Sámkhya, não há poder como o Yôga.”;

166-

Hatha significa força, violência. É uma via rápida para forçar kundaliní a despertar. Uma via demasiadamente curta, que necessita de um esforço extraordinário para atingir a meta (kundaliní), como que através de um arrombamento (dos granthis);

167-

Hatha Yôga também possui pújá, conquanto bem simplificado.

Livro Autobiografia, de Srí Swámi Shivánanda*, Editora Pensamento:

Pág.

37 –

discípulos egoístas que dizem: “não tenho Mestre, não preciso”;

38 –

“a obrigação do Mestre para com o discípulo é tão somente…”

47 –

“Quando viajo, esgoto toda a minha energia em uma semana.” E como fica a saúde daqueles Mestres brasileiros que viajam sistematicamente há mais de 30 anos, realizando até quatro ou mais viagens por mês, cobrindo distâncias de milhares de quilômetros?

49 –

manasika pújá;

68 –

incentivo para a criação de núcleos de Yôga;

69 –

“dê aulas sobre os chakras”;

69 –

incentivo e aprovação para demonstrações públicas;

73 –

“ensine a milhares”;

49 –

“não faço discípulos”;

83

“não tenho discípulos”. Portanto, aqueles que se declaram seus discípulos são inverídicos em suas declarações;

91 –

ponto de vista do brahmáchárya (linha patriarcal): “as mulheres deveriam renunciar ao mundo”; felizmente a nossa linha é tântrica (matriarcal, mas que não exclui o homem);

95 –

“dinheiro ajuda o sádhaka em seu sádhana e evolução”;

97 –

o kripá;

102-

“o desenvolvimento unilateral não é muito benéfico”;

105-

não omitir o sânscrito;

113-

cuidados com a propriedade: apego?

124-

não admite discussão e exige obediência imediata;

125-

fofocas… até na Índia!

140-

outra opinião da linha brahmáchárya: “afaste-se das mulheres. Não brinque nem se divirta com elas”; viu só, você que ataca a linha tântrica e defende a linha brahmáchárya?

142-

“um desenvolvimento unilateral não o ajudará”. Conclusão: as escolas que se especializam só em meditação, só em mantra, só na parte física ou qualquer outra coisa, são desaconselháveis;

142-

permissão para dançar;

142-

instruções para que se coma açúcar!

* Shivánanda, médico hindu, é um dos mais importantes Mestres de Yôga de linha Vêdánta-brahmáchárya do século XX.


Livros usados:

 

 

 

camila
[email protected] | 201.17.104.118

Muito obrigada Mestre!!!!
Você já entrou no site http://www.estantevirtual.com.br ?
Cheguei a citá-lo na Sede Histórica.
Lá encontramos o acervo dos principais sebos [alfarrabistas] do Brasil e é muito seguro comprar. Já comprei vários livros. Agora vou buscar estes que indica!
Muitos beijos e abraços apertados!


Everton
[email protected] | 201.25.242.64

Dos importados, gosto muito do site http://www.amazon.com , o serviço deles é muito bom, a compra é segura, a entrega demora um pouco pois vem de longe mas vale a pena quando o livro é bom. No site da amazon também tem um serviço de sebos mas que não funciona tão bem quanto o nacional. Então para os livros importados e fora de catálogo, fica REALMENTE difícil.

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domingo, 18 de janeiro de 2009 | Autor:

Não conseguiu alugar o imóvel porque era para Yôga

Segundo chegou ao nosso conhecimento, o colega Carlo Mea, de Roma, estava bem feliz por haver encontrado a casa ideal, no bairro certo, na rua perfeita. Mas, na hora em que o proprietário soube que era para Yôga, recusou-se a alugar o imóvel, talvez pensando tratar-se de alguma seita.

Imagine se o aluguel pleiteado fosse para a empresa:

Roma – Método De Rose (ou Carlo Mea – Método De Rose), cuja atividade fosse treinamento de profissionais para qualidade de vida! O proprietário recusaria?

Isto reforça a tese de que, se por um lado existe um enorme fã-clube que gosta da palavra Yôga, por outro lado esse estereótipo também nos impõe imagens estigmatizadas que nos associam a coisas e pessoas com as quais não temos nenhuma relação.

Obviamente, trata-se de Método De Rose de SwáSthya Yôga e o nosso trabalho interno continuará como tem sido feito. Também não é nosso intuito enganar ninguém, tanto que na recepção da escola há livros, CDs e outros produtos em que a palavra Yôga aparece claramente. A intenção é a de, simplesmente, evitar que confundam o nosso trabalho com aquilo que a opinião pública pensa que o Yôga é. Eppur non è.

Por isso, releiamos a parábola Vendem-se cravos, utilizemos, sempre que possível, referências ao Método DeRose, à Nossa Cultura, à Nossa Filosofia e economizemos o rótulo estereotipante de Yôga. Não que Método DeRose não seja também um rótulo, mas, pelo menos, isso é o que realmente fazemos e não seremos confundidos com outra coisa que nós não somos e não fazemos.

Isso é definitivo? Definitivo, nem a morte. Como já dizia Shiva,“Tudo muda o tempo todo no mundo.”

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009 | Autor:

– Como vai você?

– Vou trishulando e kalidando.

Este tipo de cumprimento e respectiva resposta dos praticantes de SwáSthya é apenas um bem-humorado gracejo que não precisa significar coisa alguma. Mas, se quisermos “traduzir”, poderemos entender que o instrutor e até mesmo o aluno desta modalidade está sempre trishulando, isto é, corrigindo os equívocos, cortando-os com o trishúla de Shiva e, por outro lado, incensando com Kálí-Danda, para analgesiar e cicatrizar, com a alma leve e o coração cor-de-rosa. É como se fosse dar um tapinha com uma mão e fazer um carinho com a outra. Se o tapas é necessário (tapinha não é o diminutivo do niyama sânscrito tapas?), o carinho é duas vezes mais importante. Leia mais »