POR QUE SOU OBRIGADO A MENCIONAR TÍTULOS E HONRARIAS
Sinto-me constrangido todas as vezes em que sou forçado a repetir as referências a títulos e graus recebidos. No entanto, qualquer pessoa que conheça a história do nosso trabalho, compreende a razão desse procedimento. Se você não sabe o motivo, leia o texto abaixo, que faz parte da biografia “Quando é Preciso Ser Forte”:
UM ABISMO ENTRE VAIDADE E CONTINGÊNCIA
Estou ciente de que muita gente no nosso meio precisa se pavonear por uma questão de vaidade pessoal. Gostaria que o prezado amigo compreendesse qual é a minha posição perante títulos e condecorações.
Durante cinquenta anos, trabalhei com Yôga. Foram cinquenta anos pugnando pelo reconhecimento e respeito à nossa profissão. Luta inglória, uma vez que do outro lado está a mídia internacional divulgando sistematicamente uma imagem distorcida e fantasiosa sobre o tema.
Desde 1978, tentei a regulamentação da nossa profissão. A de peão de boiadeiro foi regulamentada, mas a nossa foi rejeitada. Desde 1970 vários colegas tentaram fundar uma faculdade de Yôga. Nenhum deles conseguiu que o MEC aprovasse seus projetos. Nesse meio tempo, foram aprovadas faculdades de cabeleireiro e de mais uma porção de profissões humildes. Conclusão: por não ser levada a sério pela Imprensa, nossa profissão, apesar de ser uma filosofia e exigir muito estudo, é situada preconceituosamente abaixo da de cabeleireiro e da de peão de boiadeiro, embora estes sejam respeitáveis ofícios.
O próprio Rotary, em seu Credo Rotário, declara: “reconhecer o mérito de toda ocupação útil, não fazendo distinções entre profissões, desde que legalmente reconhecidas.” A nossa não era legalmente reconhecida, logo, mesmo o Rotary não reconheceria o valor da profissão com a qual eu ajudei a tanta gente durante mais de meio século de magistério, proporcionando saúde, incentivando os bons costumes e preservando as famílias unidas.
Temos profissionais extremamente cultos, sérios e que ocupam posições destacadas na sociedade. Não obstante, se eu for apresentado como Mestre de Yôga, o que se passa imediatamente pela sua cabeça é que eu trabalhe com relaxamento, com algo zen (sic), algo místico ou com terapia. Ou, quem sabe, com alguma amenidade supostamente boa para celulite. Na sequência, alguém me pergunta se eu fico de cabeça para baixo ou qual é o meu nome verdadeiro. Disparates aviltantes!
Por isso, meu amigo, por uma contingência da profissão, no nosso caso é determinante que contemos com o beneplácito da sociedade na forma de títulos e condecorações. Eles não são incorporados como artifício para insuflação do ego desta persona e sim para implementar reconhecimento à nossa nobre profissão por parte dos poderes constituídos: Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Forças Armadas, PM, ONU, OAB, API, entidades culturais, filantrópicas, heráldicas e nobiliárquicas.
Dessa forma, esperamos que os pais dos nossos alunos concedam a eles mais apoio e compreensão quando seus filhos lhes comuniquem que desejam formar-se conosco e seguir a nossa carreira. Uma carreira que tem mantido dezenas de milhares de jovens longe das drogas, do álcool e do fumo. Se para nada mais servisse a nossa filosofia, somente por isto já seria justificável o respaldo da sociedade brasileira e da Imprensa, bem como o apoio dos pais.