quinta-feira, 30 de abril de 2009 | Autor:

Em qualquer parte do mundo, as pessoas dizem que os franceses são grosseiros. No entanto, tirando os motoristas de táxi, todos sempre foram muito gentis comigo ao longo de 34 anos de viagens a Paris. E os motoristas de táxi eram paquistaneses, africanos, chineses e de outras nacionalidades. 

Todos dizem que os parisienses não aceitam falar inglês, porém a minha experiência é oposta a essa fama. Sempre que falo com eles em francês sofrível, respondem-me espontaneamente em inglês, para me ajudar.

Nice tem fama de ser uma cidade de idosos aposentados, mas só vi gente jovem lá.

Os paulistas são acusados injustamente de não querer dar informação quando alguém pergunta como chegar a determinado lugar. Vivo em São Paulo desde 1983 e minha observação pessoal é a de que explicam tanto que é preciso interrompê-los para dizer que “obrigado, já entendi”. Certa vez, um motorista saiu do seu caminho para conduzir seu veículo na frente do meu a um lugar distante, a fim de me levar a um destino que eu não conseguia compreender como chegar lá!

Na Europa (na França, na Espanha e mesmo em Portugal) está decidido que os brasileiros não podem ser louros e de olhos claros como a Fernanda ou o Gabriel. Em Portugal, Fernanda entra em uma loja falando português e o empregado responde em inglês! Mesmo escutando o brasileirês ele não admite que ela esteja falando essa língua… Inclusive no nosso hotel, depois da terceira tentativa de falar português com o garçon lusitano ele parou de insistir no inglês e passou a falar espanhol com a Fée. Na França todos manifestam perplexidade ao conhecer algum brasileiro do Sul do Brasil (de ascendência alemã, austríaca, polonesa, russa, italiana do norte), e expressam que essa pessoa “não tem aparência de brasileiro”.

Portanto, quando disserem que uma cidade, ou país, ou empresa, ou pessoa é assim ou assado, considere a possibilidade de essa imagem ser falsa, pois, reza o Axioma Número Sete: nada é aquilo que parece ser.

Como complementação a este post, leia o capítulo A história oficial, no livro Quando é Preciso Ser Forte. Você vai ficar perplexo, indignado com o Homo stultus e vai dar muita risada.

quarta-feira, 25 de março de 2009 | Autor:

As escolas que estiverem interessadas em adquirir o DVD com o documentário sobre as viagens do Arthur Veríssimo à Índia já podem encaminhar suas solicitações ao Yôga Office.

Os alunos e outras pessoas físicas interessadas poderão adquirir seus exemplares diretamente nas escolas filiadas à União Nacional de Yôga, pois o Yôga Office só efetua fornecimento para pessoas jurídicas.

Estou certo de que todos vão gostar e matar muitas curiosidades sobre esse país magnífico, que tem mais de 5000 anos de história e que foi o berço do Yôga Pré-Clássico.

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terça-feira, 24 de março de 2009 | Autor:

Lembro-me de uma linda manhã de sol, em que os campos floridos ondulavam com a brisa fresca. Eu devia ter uns quatro anos de idade e minha mãe me ensinava como caminhar na trilha de terra evitando pisar sobre as folhas secas para não ferir alguma serpente que estivesse dormindo e não percebesse nossa aproximação, dizia ela. Segundo minha mãe, a serpente não era má e não me morderia por mal e sim por medo de mim, que era um animal muito maior do que ela.

Mamãe me ensinava também a perceber o ruído particular que cada animal, ave ou inseto fazia ao se deslocar ou ao espreitar. De fato, depois que passei a prestar atenção, podia perfeitamente separar o ruído do vento na vegetação, do chamado de um inseto quase imperceptível, e do leve bater de asas de uma ave de rapina voando baixo para caçar um roedor desavisado. Um dia ela me disse:

– Shhh! Ouça.

Mas não ouvi nada. Então, ela apontou com o dedo médio, como era costume entre nosso povo. Olhei e nada vi. Mas comecei a perceber um leve ruído como se fosse uma lixa passando de leve sobre o chão arenoso.

– Não se mova para não assustá-la!

Em poucos instantes, vimos uma majestosa naja amarronzada de uns dois metros de comprimento saindo de trás do capinzal. Por tudo o que minha mãe me ensinou, posso dizer que lhe devo a vida várias vezes.

Passávamos a manhã inteira brincando de furar o solo de terra fofa com o dedo polegar e jogando dentro do orifício umas sementinhas. Depois, passávamos algumas semanas brincando de colocar água e esterco de vaca em torno de cada local plantado. Também devíamos conversar e rir bastante ali por perto. Mamãe dizia que se a sementinha ouvisse nossa conversa e nossos risos ela iria pôr a cabecinha de fora para ver o que se passava. Então, ficávamos dias a fio conversando e contando casos engraçados, esperando ansiosamente que a semente pusesse a cabeça para fora da terra.

Minha mãe tinha razão. Dali a alguns dias, vi, com uma alegria impossível de descrever, o primeiro broto saindo para o sol. E depois outro, e outro.

– Agora – disse-me ela – devemos mostrar às plantinhas que o mundo aqui fora vale a pena. Vamos ficar sempre felizes uns com os outros que é para as plantinhas não voltarem lá para dentro. Também devemos cuidar delas porque, coitadinhas, não podem se deslocar como nós para ir beber água quando tiverem sede, nem para fugir quando alguém for pisar nelas.

Colocamos proteções de bambu à sua volta e todas as manhãs lhes dávamos água, porque era verão e o calor estava muito forte. Havia uns dias em que precisávamos protegê-las do sol e cobríamos uma grande área com um tecido quase transparente e já meio velho, mas que era mantido imaculadamente limpo. Nunca perguntei por que esse tecido era lavado, se ia ficar exposto ao sol e ao vento que, às vezes, levantava nuvens de poeira vermelhenta. Mas, incansavelmente, as mulheres da aldeia, lavavam os metros e metros de tecido, sempre cantando e dando risadas das coisas mais simples.

Certa vez foi por causa de uma rã que saltou para dentro da cesta de vime. Uma das mulheres comentou que a rã estava querendo acasalar e, por esse motivo absolutamente ingênuo, as mulheres deixaram-se rir até o entardecer.

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sexta-feira, 13 de março de 2009 | Autor:

Hoje, dia 13, sexta-feira, às 20 horas, vamos ter uma festa de lançamento do DVD Índia Exótica, que é um documentário muito elucidativo (e divertido também) gravado durante a viagem do jornalista Arthur Veríssimo àquele país.

Veríssimo vai fazer uma palestra descontraída e responder perguntas para satisfazer a curiosidade que a Índia, mais uma vez, está despertando no Brasil – e no mundo inteiro.

Cada pessoa que fala da Índia tem uma versão particular e isso se deve ao fato de que a Índia é muito grande, muito antiga, tem muitas etnias, inúmeras religiões, muitas línguas e incontáveis dialetos. Mesmo que dez viajantes permanecessem na mesma cidade, eles teriam dez percepções diferentes daquela cidade, dependendo do bairro, do grupo cultural com que conviveram, dos lugares que optaram por visitar: templos hindus, sikhs, budistas, jainas, mesquitas, ruínas, museus, escolas de Yôga autênticas ou arapucas para enganar trouxas, mosteiros de Vêdánta, shoppings, emporiums, hotéis desta ou daquela qualidade, lanchonetes para turistas ou restaurantes que os indianos frequentam, passeios de elefante ou de camelo, ursos dançantes, marionetes, bailarinas de Bhárata Natya, shows de música clássica (ragas) tocadas com sitar e tabla, mágicos tradicionais, festas de casamento, festivais religiosos populares. E muito mais do que isto. Como ninguém consegue ver tudo, cada viajante volta com uma visão diferente da Índia. Por isso é importante conhecermos a visão do nosso convidado Arthur Veríssimo e passar uma noite agradável, escutando histórias.

Depois, você poderá levar um exemplar autografado do DVD Índia Exótica para reunir os amigos e mostrar a eles cenas da “real India” e entretê-los com as histórias, sempre fascinantes, que escutará na próxima sexta-feira à noite.

Para animar a festa, teremos demonstrações de coreografias de SwáSthya.

Estou esperando você na Sede Central, à Alameda Jaú, 2000 – quase esquina da Av. Rebouças. Recomendamos deixar o automóvel no estacionamento da Rua da Consolação (bem próximo à Jaú), que fecha às 23 horas. Mas é o suficiente.

Divulgue. Traga os amigos.

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sábado, 28 de fevereiro de 2009 | Autor:

A História Oficial

 

É difícil obter o triunfo da verdade.
Pasteur

Os historiadores sabem-no bem: não é à toa que história e estória (History & story) têm a mesma origem semântica. Em inglês é etimologicamente muito significativo que a palavra History seja composta de his+story (sua estória, sua versão).

No fundo, é tudo mitologia. Se lhe perguntarem: “qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?”, não responda que ele era cinzento e que branco era seu nome. Na verdade ele era branco mesmo e o nome era Le Vizir. Se ouvir que Ivan, o Terrível era terrível, duvide. Alexandre, o Grande, era pequeno. Rasputin era muito mais santo que demônio. E, afinal, os peles-vermelhas não eram uns selvagens desalmados como se quis fazer crer durante séculos.

A História sempre foi torcida por quem a escreveu. Qual terá sido a verdadeira história da revolução russa ou da revolução francesa? Comunistas comiam criancinhas? Os químicos da idade média eram mesmo bruxos emissários do diabo? Joana d’Arc era o que diziam os ingleses (uma bruxa francesa), o que diziam os franceses (uma santa) ou ainda o que diria Freud (uma portadora de psicose obsessiva com alucinações)? Não faria diferença: ela seria queimada de qualquer maneira.

Na mesma fogueira são torrados o nome, a reputação e a paz de espírito de todos aqueles que ousam ser mais lúcidos que a massa ignara, ou simplesmente diferentes. O próprio Freud foi impiedosamente perseguido e difamado enquanto vivo. Depois de morto, tornou-se venerado como gênio. Anos depois, outra vez, atacado e injuriado. Pelo jeito esse processo cíclico vai continuar se repetindo.

Galileu foi preso por dizer a verdade, libertado por admitir a mentira. Giordano Bruno, Miguel Servet e outros tantos, não se calaram: foram torturados e queimados vivos em praça pública. O psicanalista Wilhelm Reich saiu da Alemanha nazista e foi para o país da liberdade: lá foi preso por suas ideias libertárias e morreu na prisão.

Quantos passaram à História como loucos e eram iluminados; quantos passaram como iluminados e eram loucos!

A esta altura já acho que honesto é o adjetivo que se aplica a todo aquele que não foi desmascarado. E, em contrapartida, desonesto é o que não conseguiu provar sua inocência, ainda que verdadeira. Ah! Quanta gente honesta você conhece, não é?

Curioso é que embora a lei diga que todos são inocentes até que se prove o contrário, o povo faz o inverso. Ao invés de exigir as provas ao que acusa, exige-as ao acusado! Então, para o populacho ele passa a ser culpado até que se prove a sua inocência. Lembra-se do caso da respeitável Helena Petrovna Blavatsky que já relatei neste livro?

Pensando bem, na Justiça também é assim. Se você for acusado falsamente terá de provar que a acusação é falsa, senão vai preso! Então… e aquela estória de que “ao acusador cabe o ônus da prova”?

Hoje, quando estoura algum escândalo envolvendo personalidades públicas em seus supostos envolvimentos amorosos “provados”, corrupções “documentadas” e outras pilantragens “testemunhadas” penso cá comigo o quão possível é que tenham apenas sido vítimas de complôs para desmoralizá-los e, assim, afastar concorrentes realmente fortes por ser incorruptivelmente honestos.

Mas o que esperar da humanidade se os seus mais ilustres sábios têm nos dado mostras de sandice desde a antiguidade até os nossos dias? É o próprio Camille Flammarion quem nos conta estas:

“Assistia eu, certo dia, a uma sessão da Academia de Ciências, dia esse de hilariante recordação, em que o físico Du Moncel apresentou o fonógrafo de Edson à douta assembléia. Feita a apresentação, pôs-se o aparelho docilmente a recitar a frase registrada em seu respectivo cilindro. Viu-se, então, um acadêmico de idade madura, saturado mesmo das tradições de sua cultura clássica, nobremente revoltar-se contra a audácia do inovador, precipitar-se sobre o representante de Edson e agarrá-lo pelo pescoço, gritando:

– ‘Miserável! Nós não seremos ludibriados por um ventríloquo.’

“Senhor Bouillaud chamava-se esse membro do Instituto. Foi isso a 11 de março de 1878. Mais curioso ainda é que, seis meses após, a 30 de setembro, em uma sessão análoga, sentiu-se ele muito satisfeito em declarar que, após maduro exame, não constatara no caso mais do que simples ventriloquia, pois ‘não se pode admitir que um vil metal possa substituir o nobre aparelho da fonação humana’.

“Quando Lavoisier procedeu à análise do ar e descobriu que o mesmo se compõe principalmente de dois gases, o oxigênio e o azoto, esta descoberta desconcertou mais de um espírito positivo e equilibrado.

“Um membro da Academia de Ciências, o químico Baumé (inventor do aerômetro), acreditando firmemente nos quatro elementos da ciência antiga, escrevia doutoralmente:

– ‘Os elementos ou princípios dos corpos têm sido reconhecidos e confirmados pelos físicos de todos os séculos e de todas as nações. Não é presumível que esses elementos, considerados como tais durante um lapso de dois mil anos, sejam postos, em nossos dias, em um número de substâncias compostas, e que se possa dar como certos tais processos para decompor a água e o ar e tais raciocínios absurdos, para não dizer coisa pior, com que se pretende negar a existência do fogo ou da terra.’

“O próprio Lavoisier não está indene da mesma acusação contra os que supõem tudo descoberto, pois ele dirigiu um sábio relatório à Academia para demonstrar que não podem cair pedras do céu. Ora, a queda de aerólitos, a propósito da qual ele escreveu esse relatório oficial, tinha sido observada em todos os seus detalhes: tinha-se visto e ouvido o bólido explodir, bem como o aerólito cair, tendo sido levantado do chão ainda ardente, para ser em seguida submetido ao exame da Academia. E esta Academia declarou, pelo órgão do seu relator, que a coisa era inacreditável e inadmissível. Assinalemos também que há milhares de anos caem pedras do céu diante de centenas de testemunhas, que tem sido apanhado grande número dessas pedras, tendo sido conservadas diversas nas igrejas, nos museus, nas coleções. Mas faltava ainda, no fim do século, um homem independente para afirmar que de fato caem essas pedras do céu: tal homem foi Chladui.

“Na época da criação dos trens de ferro, houve engenheiros que demonstraram que esses trens não caminhariam e que as rodas das locomotivas rodariam sempre sobre o mesmo lugar. Na Baviera, o Colégio Real de Medicina, consultado, declarou que as estradas de ferro causariam, se fossem construídas, os mais graves danos à saúde pública, já que um movimento assim tão rápido, provocaria abalos cerebrais nos viajantes e vertigens no público exterior. Em consequência, recomendou o encerramento das linhas entre duas cercas de madeira à altura dos vagões.”

Todo este extenso texto foi retirado do livro O Desconhecido e os Problemas Psíquicos, editado no Rio de Janeiro no ano de 1954.

O leitor poderá argumentar que o texto de Flammarion se refere a uma época pretérita e que hoje não é mais assim. Deploro a ingenuidade de quem pensar dessa forma. O texto foi justamente escolhido por referir-se a atitudes absurdamente ridículas aos nossos olhos de hoje, para que possamos ter uma ideia de como serão tachadas mais tarde as que estamos cometendo agora.

Helena Petrovna Blavatsky, uma sensitiva com dons paranormais, foi quem fundou a Sociedade Teosófica. Sofreu tão pavorosas perseguições e difamações, que fez publicar o seguinte anúncio no jornal New York World, em 6 de maio de 1877:

“Desde o primeiro mês de minha chegada a Nova Iorque comecei, por motivos misteriosos, mas, talvez inteligíveis, a provocar ódio entre aqueles que pretendiam ser dos meus melhores amigos e manter comigo boas relações.

Informações aleivosas, insinuações vis e indiretas pouco elegantes choveram sobre mim.

Mantive silêncio por mais de dois anos, embora a menor das ofensas que me lançaram fosse calculada para excitar a repugnância de alguém com o meu temperamento.

Consegui livrar-me de um número regular desses varejistas de difamações, mas, achando que estava atualmente sofrendo na estima de amigos cuja boa opinião me é valiosa, adotei uma política de auto-exclusão.

Por dois anos, meu mundo esteve restrito ao apartamento que ocupo, e dezessete horas por dia, em média, estive sentada à secretária, tendo os livros e manuscritos por únicos companheiros.

Sou uma velha e sinto necessidade de ar fresco como qualquer pessoa, mas minha aversão por esse mundo, caluniador e mentiroso, que se acha fora das fronteiras dos países incivilizados e pagãos foi tal que, em sete meses, creio ter saído de casa apenas três vezes.

Mas, nenhum retiro é seguro bastante contra os caluniadores anônimos que se valem do serviço postal. Cartas inúmeras foram recebidas por amigos leais, contendo as calúnias mais imundas contra a minha pessoa.

Por várias vezes fui acusada de alcoólatra, embusteira, espiã russa, espiã anti-russa, de não ser russa, de aventureira francesa, de ter estado em cárceres destinados a ladrões, de ter assassinado sete maridos, de bigamia, etc. Outras coisas poderiam ser mencionadas, mas a decência não permite.

Desafio qualquer pessoa em toda a América a vir provar uma só das imputações contra minha honra. Convido qualquer pessoa de posse de tais provas a publicá-las nos jornais, sob sua assinatura.”

 

 

 Bem, tudo isso está aqui apenas para registro. Foram coisas que, evidentemente, marcaram-me bastante no passado e devem ter influenciado o norteamento de toda a obra. No entanto, há muitos anos superei quaisquer perplexidades, reivindicações ou indignações. Talvez graças ao amadurecimento proporcionado pela idade e pelas vivências, talvez com a contribuição do sucesso e da aceitação das pessoas… É difícil determinar o motivo real da satisfação de alguém.

Apesar de ainda haver reflexos das campanhas desencadeadas pelo Yeti e seus prosélitos, para tristeza e decepção deles, elas não conseguem mais nos prejudicar.

Atualmente, guardamos um sentimento no coração: uma profunda gratidão por tudo e por todos, pelo que nos ensinaram e pelo estímulo do desafio.

 

Já sofri demasiadamente a incompreensão e o isolamento a que se é relegado quando se tenta dizer aquilo que os homens não compreendem.

Carl Gustav Jung

 

Dai-me seis linhas escritas pelo homem mais honrado
e eu conseguirei motivos para levá-lo à forca.

 

Cardeal Richelieu

 

 

 

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sábado, 28 de fevereiro de 2009 | Autor:

Existe toda uma barreira cultural praticamente intransponível às idéias que surgem fora das fronteiras dos países que fazem parte do clube. Eles não reconhecem, por exemplo, o fato histórico de que o primeiro a conseguir o vôo de um aeroplano mais pesado que o ar foi o brasileiro Santos Dumont, e insistem na balela de que foram os irmãos Wright, para ficar com os louros históricos.

Filmes da época provam que o aparelho deles não venceu a força da gravidade, não decolou, mas foi catapultado por uma geringonça e depois planou com o auxílio de um motor. Mesmo assim, seu “vôo histórico” realizou-se sem testemunhas, sem a imprensa, sem a presença de autoridades.

Santos Dumont, ao contrário, realizou seu grande feito com testemunhas, jornalistas e autoridades. Depois que ele voou com o mais pesado que o ar, os irmãos Wright afirmaram que já haviam feito isso antes, na sua fazenda, sem testemunhas. Nunca, no mundo científico, aceitou-se tamanha incongruência.

Em 2004, para comemorar os 100 anos da data que os irmãos Wright declararam ter voado, cientistas nos Estados Unidos reconstruíram o aeroplano Wright com tecnologia do século XXI, baseados no projeto original. E… chocante constatação! Nem com a tecnologia do Terceiro Milênio a geringonça conseguiu voar! Pior: o fiasco foi documentado e levado ao ar em todo o mundo pela Discovery Channel e reprisado várias vezes.

De mentiras históricas a História oficial está cheia. Outro fato semelhante foi o da invenção da máquina de escrever, cuja idéia genial está sendo usada até hoje no teclado dos computadores. Quem a inventou foi o padre paraibano Francisco João de Azevedo Júnior. Em 1861 a máquina de escrever do padre brasileiro já estava na Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco. No entanto, em 1867, Christopher Latham Sholes passou à História como seu inventor.

Evandro Ribeiro
[email protected] | 187.3.62.91

Bom dia Mestre!

Isso se repete com o relógio de pulso, que os suiços alegam que Louis Cartier tenha inventado. Porém, este apenas manufaturou uma encomenda feita pela amigo Alberto Santos Dumont que usava um relógio preso ao pulso por um lenço enquanto realizava “os primeiros” voos na história.

Ah! E ainda tem o cupuaçu que quase foi patenteado pelo Japão…

Daqui há alguns anos o Soccer virá primeiro do que o Foot Ball e o Pelé será natural de alguma cidadezinha do Alabama…

Abraço

Regina Wiese Zarling
http://yogabatel.blogspot.com | [email protected] | 189.115.84.92

O mesmo ocorre com o relógio de pulso que foi inventado por Santos Dumont. Esse mesmo Santos Dumont que conhecemos como o pai da aviação. Entretanto, se perguntarmos para europeus ( não vale o pessoal do SwáSthya), estadunidenses, será que dariam a resposta correta, ou afirmariam ter sido Cartier?

Até o final do século XIX, os homens traziam seus patacões nas algibeiras ou suspensos em correntes nos bolsos dos coletes. Dizer as horas naquela época envolvia um breve mas impressionante ritual: retirar o relógio de seu compartimento, abrir a tampa e só aí anunciar as horas. Santos Dumont, quando se encontrava no ar, encontrou dificuldades de acompanhar o tempo (ele só podia ficar no ar por minutos). Então, portátil, só havia o relógio de bolso. Santos Dumont queria checar seu tempo de vôo em testes de velocidade mais rapidamente do que seria capaz com um relógio de bolso (ele chegou a improvisar um relógio de bolso amarrado ao pulso por um lenço). Santos-Dumont foi amigo de Louis Cartier e encomendou a ele um relógio mais fácil de usar do que o de bolso. Cartier criou em 1904 para Alberto Santos Dummont o relógio de pulso em formato quadrado – o modelo Tank, com pulseira de couro, que o relojoeiro denominou Santos e é reproduzido e vendido até hoje, com sucesso. O preço varia, conforme o modelo, entre US$ 1.600 e 2.500. Os suíços contestam que Cartier tenha sido o inventor do relógio de pulso, alegando que o criaram em 1790 . Santos Dumont inventou o relógio de pulso com a ajuda de uma velha conhecida dos brasileiros, a princesa Isabel. Quando a amiga lhe deu de presente uma medalha de São João Batista, amarrou-a no pulso, já que no pescoço poderia atrapalhá-lo durante os vôos. Aí teve o lampejo: era o lugar ideal para o relógio. Batizado de “modelo Santos”, a novidade chegou ao mercado em 1911. “Infelizmente, aquele primeiro protótipo se perdeu, para o desespero da empresa Cartier”, comenta Henrique Lins Barros.

Fonte:
http://www.uol.com.br/folha/pensata/ult682u14.shtml
http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/ciencia/ciencia5.htm
http://epoca.globo.com/edic/ed021198/socied5.htm acesso em janeiro de 2002
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/06/07/cad028.html
acesso em fevereiro de 2004

Beijos

Caio
[email protected] | 201.0.89.83

Oi Mestre,

Falando em padre tem tambem o Francisco João de Azevedo que inventou a maquina de escrever.
http://www.geocities.com/acadletras/padre.htm

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009 | Autor:

“Se não está escrito em inglês, não é ciência.”

Por trás da arrogância desta frase, existe uma realidade global. Por isso, os 200 gurus indianos não tomaram conhecimento do Tratado de Yôga e penaram para compilar apenas 600 ásanas, quando poderiam ter contado com um incremento considerável ao seu trabalho, se voltassem suas lunetas para outras culturas.

O reconhecimento do Império Romano

Durante o Império Romano ocorria um fenomeno de aculturação que persiste até os nossos dias. Se uma colônia, por exemplo, a Gália, quisesse comprar cultura, não cogitaria em adquiri-la da Lusitânia ou da Helvétia. Não a importaria do seu vizinho mais próximo, um produto às vezes melhor, a um custo mais razoável. Fazia questão de importar de Roma, o centro do império. Então, muitas vezes as colônias levavam seu produto para Roma, traduziam-no em latim e a partir de então as demais colônias o aceitavam! Quantas conquistas científicas e tecnológicas foram perdidas apenas por não estar escritas em latim! Conhecemos o Direito Romano, mas como era o Direito Etrusco? Conhecemos a Medicina Romana que atendia os legionários e os gladiadores, mas como era a Medicina Minóica?

Aqui no subcontinente brasileiro presenciei o mesmo fenômeno em diversas ocasiões. Quando eu ministrava um curso em Porto Alegre, minhas turmas chegavam a 160 alunos vindos de Caxias do Sul, Cruz Alta, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Canela, Livramento, Uruguaiana e muitas outras cidades do exuberante interior gaúcho. Todos aceitavam de bom grado ir fazer um curso na capital. Mas quando o mesmo professor dava o mesmo curso em qualquer uma dessas cidades, o quorum era bem mais modesto, pois incrivelmente os interessados das cidades vizinhas não aceitavam fazer um curso em uma cidade de interior. Viajavam muito mais para fazer o curso em Porto Alegre, mas não se encaixava no seu paradigma viajar para participar do evento em uma cidade mais próxima.

Isso nos faz pensar. Praticamente tudo o que no Ocidente conhecemos e incorporamos no nosso passado, está restrito à cultura greco-romana. O direito que utilizamos é o Direito Romano, a língua morta de referência é o latim e “o mundo todo” a que nos referimos quando dizemos que Napoleão conquistou o mundo, é o mundo romano. Até a cultura grega, chegou a nós através dos romanos, que colonizaram e anexaram a Grécia ao seu Império. O Cristianismo chegou a nós através do Império Romano que estava lá em Jerusalém quando tudo aconteceu e, progressivamente, absorveu suas propostas. Tudo o que era incorporado ou aceito pelo Império Romano passava a “existir” e teria direito a ser perenizado. O que ficasse restrito a outras culturas estava destinado à desconhecença por parte do restante da civilização e seria condenado ao ostracismo pela História. Quantas descobertas cruciais para a Humanidade ocorridas entre os babilônicos, sumérios, drávidas, etruscos, hititas estão simplesmente perdidas, apenas porque não foram escritas em latim!

Atualmente, restringimo-nos aos registros em inglês. O que conhecemos do Egito ou da Índia, é porque foi escrito ou traduzido originalmente para o inglês. Só conhecemos o Kama Sútra porque o inglês Richard Burton o traduziu para a sua língua. Só conhecemos os Tantras porque o magistrado britânico Sir John Woodroffe os traduziu para o inglês. A Bhagavad Gítá, traduzida em 1784 por Charles Wilkins, é um dos muitos textos que vieram a se tornar mais populares na própria Índia depois que foram passados para o idioma britânico. Assim ocorreu com todas as demais escrituras hindus vertidas para o inglês: os Vêdas, as Upanishads, o Yôga Sútra, etc.

No início do século XX, havia um Mestre chamado Ramana Maharishi, que vivia em Arunachala, Tiruvanamalai, a uns 200 quilômetros ao Sul de Madrás. Nunca ninguém ouvira falar dele, embora fosse um grande sábio. E teria passado pela terra em brancas nuvens, sem que jamais a história registrasse sua existência ou o valor do seu ensinamento, se um anglo-saxão, Paul Brunton, não tivesse, um dia, visitado seu ashram e escrito sobre ele.

Esse é o caso do curare, que os índios brasileiros durante milênios usavam para pescar e que na segunda metade do século XX foi descoberto pela literatura em inglês, passando a ser adotado no mundo todo como anestésico nas grandes cirurgias.

Esse também é o caso dos bacteriófagos que os soviéticos vinham utilizando há quase um século no lugar dos antibióticos, com muito mais eficiência e menos inconvenientes, mas ninguém tomava conhecimento pelo fato de a literatura não estar escrita em inglês (“se não está escrito em inglês, não é ciência.”)!

Tivemos um filósofo brasileiro, falecido na década de 80, que era um verdadeiro gênio. Seu nome, Huberto Rohden. Quando jovem ele esteve na Alemanha e, na época, escreveu um livro de filosofia em alemão impecável. Enviou a obra a um editor que a aceitou incontinenti. Mandou chamar o autor para firmar contrato de edição. No entanto, quando Rohden abriu a boca o editor percebeu tratar-se de brasileiro e voltou atrás, recusando-se a editar o livro. “De brasileiros nós não compramos cultura. Compramos só café”, disse o preconceituoso editor.

Por todos estes fatos, devemos valorizar o trabalho que a Universidade de Yôga está realizando pelo mundo afora. A Uni-Yôga é a única instituição cultural brasileira (agora também argentina e portuguesa) que exporta know-how cultural e profissional para o resto do planeta. Ainda encontramos entraves linguísticos e outros, mas estamos derrubando fragorosamente todas as barreiras e seguimos crescendo para mostrar ao mundo a linda filosofia que temos para compartilhar.

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